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A investigação da Polícia Federal que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e 36 aliados teve como um dos principais eixos condutores os depoimentos de Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, respectivamente. Na avaliação da PF, as revelações dos dois colocaram Bolsonaro no centro da trama golpista. Após a derrota nas urnas, o então presidente convocou reuniões no Palácio da Alvorada com a presença dos comandantes das Forças Armadas e de Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa. Segundo o inquérito, Bolsonaro apresentou um documento que previa as hipóteses para instaurar Estado de defesa ou de sítio e para dar início a uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A minuta golpista seria o primeiro passo para impedir a posse de Lula, segundo a investigação.

Freire Gomes relatou que foram apresentadas a ele duas versões da minuta do golpe pelo próprio ex-presidente e por Nogueira, avisando que aquilo tinha que ser implementado. Bolsonaro também teria chamado reservadamente no Alvorada o general Estevam Theophilo, chefe do Comando das Operações Terrestres, para mostrar o “firme propósito de implementar o que estava escrito”. O general disse que foi à reunião no palácio a mando de Freire Gomes, que não confirmou essa informação e disse que a ordem não partiu dele. O tenente-brigadeiro Baptista Junior também disse que viu as duas versões da minuta do golpe e afirmou que, se não fosse a recusa do comandante do Exército, o golpe provavelmente teria ocorrido. Ainda de acordo com o depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, Bolsonaro teria sido alertado por Freire Gomes que, se continuasse com a tentativa de golpe de Estado, teria que ser preso por ele.

Esse é o terceiro indiciamento de Bolsonaro em investigações realizadas pela PF. Ele também foi indiciado nas apurações envolvendo fraude em cartões de vacinação contra Covid-19 e a venda de joias recebidas de nações estrangeiras como presente ao Brasil. (Globo)