Prezadas leitoras, caros leitores —
Dentro de exatos sete dias, salvo alguma grande reviravolta, entram em vigor as tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre todos os produtos vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos. Trata-se, provavelmente, do pior momento nos 201 anos de relações entre os dois países, o que não significa que elas tenham sido sempre harmônicas.
Na Edição de Sábado, exclusiva para assinantes premium, Leonardo Pimentel nos leva a três situações em que Brasil e EUA se estranharam, nas décadas de 1970, 1990 e 2010.
Não é só isso. Yan Boechat mostra como o roubo de cabos responsável pela pane no semáforo da sua esquina está relacionado à demanda mundial por cobre. E Guilherme Werneck entrevista Isaac Karabtchevsky e Felipe Prazeres, maestros da Petrobras Sinfônica, que está completando 50 anos.
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Os editores.
EUA querem acesso a minerais estratégicos do Brasil

Além da impunidade de Jair Bolsonaro e da ausência de regras para as big techs, os Estados Unidos estão interessados nas reservas brasileiras de terras raras e outros minerais críticos para a transição energética. Em reunião com empresários brasileiros do setor de mineração, o encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, afirmou que os EUA têm interesse no potencial de exploração desses minerais no país. Escobar também disse que seu país acompanha atentamente a elaboração da Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, sob a responsabilidade do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silva. Embora Escobar não tenha condicionado explicitamente o interesse americano nos minerais estratégicos à retirada das tarifas, empresários brasileiros entenderam que o tema pode ser relevante para a retomada das negociações. (Globo)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu e afirmou que “ninguém põe a mão” nos minerais estratégicos brasileiros. “Temos todos os minerais ricos que vocês querem proteger. Este país é do povo brasileiro”, disse o presidente, em discurso durante um evento no Vale do Jequitinhonha, novo polo de produção de lítio no país. (g1)
Já o vice-presidente Geraldo Alckmin manteve conversas reservadas com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, nos últimos dias, em uma primeira sinalização de que o governo americano pode estar disposto a negociar o tarifaço imposto por Donald Trump. Segundo Alckmin, foi a primeira vez que o diálogo saiu do “perde-perde” e passou para um cenário de “ganha-ganha”. De acordo com o vice-presidente, os dois discutiram a ampliação das relações comerciais e a possibilidade de um acordo de bitributação entre Brasil e EUA. No entanto, Alckmin evitou comentar se as reservas brasileiras de terras raras foram incluídas na conversa. (Estadão)
Enquanto o acordo não chega, o Brasil se prepara para a entrada em vigor do tarifaço americano. Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe técnica do governo já finalizou o plano de contingência para lidar com os impactos das tarifas. Haddad não revelou detalhes sobre o conteúdo do plano, mas disse que a decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Folha)
Duas pesquisas divulgadas na quinta-feira pelo Ipespe confirmam o efeito positivo do tarifaço sobre a imagem do governo brasileiro. Entre maio e julho, a aprovação de Lula subiu de 40% para 43%, e a reprovação caiu de 54% para 51%, além da margem de erro de 2 pontos. Já a ação dos EUA é reprovada por 61% e aprovada por 35%, com a aprovação concentrada (81%) entre os entrevistados que se declaram de direita. (Meio)
O general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro, confessou ter sido o autor do plano que pretendia assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Batizado de operação “Punhal Verde e Amarelo”, o plano previa que soldados das forças especiais do Exército, conhecidos como “Kids Pretos”, executassem a missão. A Polícia Federal descobriu que alguns agentes chegaram a ir a campo decididos a executar a operação, que acabou sendo abortada. (CNN Brasil)
Mário Fernandes fez a confissão em depoimento ao STF nesta quinta-feira. O general confirmou que imprimiu o plano, mas afirmou que fez isso apenas por costume pessoal, já que não gosta de ler textos em telas. De acordo com ele, após ser impresso, o plano não foi compartilhado com ninguém. Fernandes disse que destruiu a impressão sem mostrá-la a ninguém e classificou sua elaboração como “pensamentos digitalizados”. (g1)
A investigação da Polícia Federal apontou que ao menos três cópias do plano foram impressas no Palácio do Planalto e que, logo em seguida, Mário Fernandes teria ido para o Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República. O general confirmou que usou uma impressora em seu gabinete, mas negou ter compartilhado as cópias com qualquer pessoa. “Eu acredito que não seja o único funcionário público que faça isso eventualmente. Imprimi porque estava ali”, disse ele. (Estadão)
Enquanto no campo econômico aparecem os primeiros sinais de distensão nas relações entre Estados Unidos e Brasil, na esfera política as tensões só fazem crescer. Na quinta-feira, o subsecretário de Donald Trump, Darren Beattie, fez críticas duras ao ministro do STF Alexandre de Moraes, o principal alvo dos americanos neste momento. Em uma publicação no X, o antigo Twitter, Beattie disse que Moraes é o “coração pulsante do complexo de perseguição e censura a Jair Bolsonaro”. A publicação foi traduzida para o português e republicada pela Embaixada americana no Brasil. (Globo)
A publicação de Beattie veio após o ministro Alexandre de Moraes descartar a prisão de Jair Bolsonaro, mas lembrar ao ex-presidente que, se ele descumprir a medida cautelar mais uma vez, será encarcerado. Moraes aceitou a alegação da defesa de Bolsonaro de que ele não sabia que não poderia dar entrevistas e de que o ex-presidente está respeitando as restrições impostas pelo STF. (Metrópoles)
Comitiva aos EUA tentará reabrir diálogo
Marcelo Martinez
Acossado pelas revelações de seu envolvimento com Jeffrey Epstein, bilionário que foi condenado por pedofilia e se matou na prisão em 2019, Donald Trump partiu para uma manobra diversionista. O Departamento de Justiça (DoJ) anunciou a abertura de uma investigação por traição contra o ex-presidente Barack Obama por uso de supostos dados falsos indicando que a Rússia influenciou a primeira eleição de Trump, em 2016. A investigação foi anunciada um dia depois de o Wall Street Journal revelar que o próprio DoJ alertou o presidente em maio que seu nome era citado nas investigações sobre Epstein. Os apoiadores de Trump cobram a divulgação desses documentos. (Guardian)
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira que seu país vai reconhecer o Estado da Palestina em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU. Será o primeiro país do G7 a fazê-lo. Em publicação no X, Macron pediu um imediato cessar-fogo na faixa de Gaza, a entrada de ajuda humanitária e a desmilitarização do Hamas. Segundo o Unicef, as mortes de crianças por desnutrição no território palestino subiram 54% desde maio. O governo israelense criticou duramente a iniciativa do presidente francês. (CNN)
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Viver
O Brasil teve 44.127 mortes violentas intencionais em 2024, uma redução de 5% em relação ao ano anterior, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Esta é a menor marca da série histórica, que começou em 2011. O índice é resultado da soma de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e letalidade policial. Apesar da diminuição de 3% nos números absolutos, as mortes provocadas por policiais militares e civis representam uma média de 17 por dia, totalizando 6.243 ao longo do ano passado, a maioria homens, negros e com idades entre 18 e 24 anos. (Folha)
Também houve queda em todos os tipos de roubos no ano passado, atingindo o menor patamar desde o início da série histórica, mas os estelionatos bateram recorde no mesmo período. A pesquisa revela que o Brasil teve quatro golpes por minuto no último ano. Nos últimos seis anos, os estelionatos cresceram 408%, passando de 426.799 para 2.166.552. Enquanto isso, os roubos em geral caíram pela metade, de 1.506.151 em 2018 para 745.333 em 2024. (g1)
O levantamento mostra que ainda existem falhas no sistema de proteção às mulheres, com descumprimento de 18,3% das Medidas Protetivas de Urgência (MPUs) no ano passado, ou 101.656 casos. O que ajuda a explicar em parte o maior número de feminicídios registrados em 2024 desde o início da tipificação do crime, em 2015. Ao todo, foram 1.492 vítimas, uma média de quatro mortes por dia e aumento de 0,7% ante 2023. Maior marca também para os estupros e estupros de vulnerável, cometidos contra uma pessoa a cada seis minutos, 76,8% deles contra menores de 14 anos. (CNN Brasil)
Meio em vídeo. Mais de 500 mil mulheres tiveram medidas protetivas concedidas em 2024, mas quase 20% dos casos foram descumpridos, e 1.492 vítimas de feminicídio foram registradas — o maior número desde 2015. Os dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que leis como a Maria da Penha são ferramentas de proteção, e não um “privilégio” masculino. A análise é de Mariliz Pereira Jorge no De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)
O telescópio Hubble e o Observatório de Raios-X Chandra, da Nasa, identificaram um novo possível exemplo de uma classe rara de buracos negros. Chamado HLX-1, o astro parece residir em um aglomerado estelar compacto nos arredores da galáxia NGC 6099, localizada a cerca de 450 milhões de anos-luz de distância, na constelação de Hércules. Diferentemente dos outros buracos negros, que podem ser menores ou supermassivos, este parece ser de massa intermediária, pesando algumas centenas de vezes a massa do nosso Sol. (Nasa)
Cultura
Com uma homenagem a Vinicius de Moraes, o Vinícius Bar reabre em Ipanema neste fim de semana trazendo um show de Maria Creuza, enquanto o gênio da percussão Naná Vasconcelos é reverenciado na Caixa Cultural do Rio. Mas também tem a peça Finlândia, de Pascal Ramber, com direção de Pedro Granato no Teatro Municipal Domingos de Oliveira. Em São Paulo, tem mais uma edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE) no Centro Cultural Fiesp com 93 artistas de 30 países. E a Cisne Negro Cia de Dança estreia no Teatro Sérgio Cardoso um espetáculo inspirado em Itamar Assumpção. Leia todas as sugestões no site do Meio.
Conhecido por um dos maiores sucessos instrumentais de pop-jazz de todos os tempos com Feels So Good (Spotify), na década de 1970, o músico de jazz Chuck Mangione, morreu na terça-feira, aos 84 anos, mas a informação só foi divulgada nesta quinta. O trompetista ganhou dois dos 14 Grammys que disputou, em uma carreira que abrangeu 30 álbuns. Ele também era famoso por interpretar a si mesmo na série animada O Rei do Pedaço como um famoso vendedor do fictício Mega Lo Mart. (Variety)
Meio em vídeo. No Pedro+Cora, Pedro Doria e Cora Rónai celebram a vida de Preta Gil, que nos deixou no último domingo. Uma mulher fora dos padrões da sociedade, que usou a internet para se aproximar de seu público e lutar pelas suas causas. Assista. (YouTube)
Cotidiano Digital
Dados da Pnad Contínua do IBGE apontam que 168 milhões de pessoas com pelo menos 10 anos utilizaram a internet em 2024 no Brasil, o equivalente a 89,1% da população. O acesso por idosos a partir de 60 anos deu um salto nos últimos cinco anos, com 11 milhões de usuários a mais, passando de 44,8% em 2019 para 69,4% no ano passado. O crescimento entre os idosos está ligado à facilidade de uso da tecnologia e por sua presença cada vez maior no cotidiano, especialmente para comunicação e serviços. Apesar do avanço, este grupo também é maioria entre os 20 milhões de brasileiros que não acessaram a internet em 2024, com 66% afirmando não saber usar a tecnologia. (g1)
A Apple disponibilizou os primeiros betas públicos para suas próximas grandes atualizações do iOS. A partir desta quinta-feira, os usuários do iPhone poderão testar o iOS 26, que deverá ser lançado oficialmente até o final do ano. Para experimentar a nova versão, é preciso se registrar no site da companhia, antes de ter acesso ao teste. Além do novo visual, chamado Liquid Glass, uma das novidades do novo sistema é a atualização do app Telefone, que poderá atender chamadas pelo Mac. A Apple também lançou versões beta para outros dispositivos, como iPad e computadores Mac. (CNBC)
Após o lançamento do Kindle Colorsoft no ano passado, a Amazon lançou nesta quinta-feira uma versão mais barata do e-reader, com uma memória menor e sem luz frontal de ajuste automático ou carregamento sem fio. Com 32 Gb, a versão Signature Edition é vendida no Brasil por R$ 1.484, enquanto o lançamento de 16 Gb sai por R$ 1.349. O Kindle Colorsoft oferece uma tela colorida para uma experiência melhorada ao ler quadrinhos e outras graphic novels. Uma versão Kids também está disponível, com diversos recursos para ajudar as crianças a praticar a leitura e conectividade Bluetooth para ouvir audiolivros. (TechCrunch)
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