Israel se levanta contra Netanyahu

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Centenas de milhares de israelenses entraram em greve e tomaram as ruas em todo o país neste domingo para protestar contra o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a condução da guerra em Gaza e exigir um acordo que traga de volta os reféns ainda em poder do Hamas. “Traga todos para casa! Parem a guerra!”, gritava a vasta multidão, que convergiu para a chamada Praça dos Reféns, em Tel Aviv. O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, que convocou o protesto, estimou que cerca de 500 mil pessoas aderiram à manifestação em Tel Aviv, número não confirmado pela polícia. Os protestos aconteceram mais de uma semana depois de o gabinete de segurança de Israel ter aprovado planos para ocupar a Cidade de Gaza, 22 meses após o início de uma guerra que criou uma grave crise humanitária no território palestino. (Guardian)
O dia de protestos começou às 06h29, hora exata em que o Hamas lançou seu ataque contra Israel em 7 de outubro de 2023. Os organizadores disseram que ao longo do dia, mais de um milhão de pessoas participaram de centenas de ações realizadas em todo o país. Em algumas cidades, manifestantes bloquearam vias, incluindo a rodovia que conecta Jerusalém e Tel Aviv, as duas principais cidades de Israel. A polícia prendeu 38 manifestantes e usou canhões de água para dispersar aglomerações. (CNN)
Yossi Verter: “As famílias dos reféns — a grande maioria deles — e as famílias enlutadas do massacre de 7 de Outubro e das suas consequências foram no domingo admitidas no clube não tão exclusivo mas em constante expansão dos ‘apoiadores do Hamas’ e torcedores dos ‘horrores de 7 de Outubro, de novo e de novo’. Desta vez, eles foram assim definidos pelo próprio governante supremo. No discurso orwelliano liderado por Benjamin Netanyahu e seus comparsas, as vítimas do Hamas são seus simpatizantes, as famílias dos reféns procuram enterrá-los para sempre em Gaza, e a maioria dos israelenses que acreditam que a guerra de 682 dias deve ser encerrada em troca da libertação dos 50 reféns fará com que ‘os nossos filhos e filhas tenham de voltar a lutar uma guerra sem fim’. ‘Nossos filhos e filhas’, mas não os dele, Deus me livre”. (Haaretz)
Moradores de Gaza devem começar a receber tendas e equipamentos de abrigo para serem retirados de áreas de combate e reassentados em zonas consideradas seguras no Sul do enclave, anunciou o Exército de Israel, sem detalhar quando começará a evacuação em massa de palestinos. (g1)
Para ler com calma. “Para anestesiar os traumas da guerra em Gaza, Rahma Abu Abed, 12 anos, joga um jogo com os amigos. Eles perguntam uns aos outros: ‘O que vocês comiam antes da guerra? Como era sua casa antes da guerra? O que você usaria se tivesse roupas novas?’ Para Rahma, que contou estes detalhes numa entrevista ao lado da sua mãe, Heba, as respostas são muitas vezes menos reconfortantes do que trágicas. Ela não come carne há meses, disseram seus pais. (...) Ela geralmente faz uma refeição por dia, geralmente lentilhas ou macarrão. Tentando lembrar como era uma boa comida, Rahma brinca com a areia molhada, moldando-a em refeições imaginárias.” (New York Times)
Meio em vídeo. Com Yasmim Restum, Pedro Doria responde às críticas sobre seu posicionamento sionista; explica o que pensa sobre o governo Netanyahu e a criação de um Estado Palestino. Confira no Ponto de Partida. (YouTube)
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu pela primeira vez que negociações de paz com a Rússia podem ter como base a linha de frente atual do conflito — o que significaria abrir mão de parte do território ocupado. A declaração foi feita após encontro com Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, em Bruxelas, de onde ambos seguiram para Washington para uma reunião que acontece nesta segunda-feira nos Estados Unidos. (Folha)
Além de von der Leyen, outros cinco líderes europeus acompanharão Zelensky no encontro com o presidente americano Donald Trump: o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer; o presidente francês, Emmanuel Macron; o chanceler alemão, Friedrich Merz; o presidente finlandês, Alexander Stubb; e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. O líder ucraniano afirmou que o grupo está “desenvolvendo uma visão comum sobre o que deve ser um acordo de paz”. (UOL)
O encontro acontece depois de uma reunião entre Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Alasca, na sexta-feira. O enviado de Donald Trump, Steve Witkoff, afirmou que Putin também aceitou pela primeira vez que EUA e líderes europeus ofereçam à Ucrânia uma garantia de segurança semelhante à da Otan como parte de um possível acordo de paz. Witkoff classificou o posicionamento russo como “revolucionário”. No encontro, Trump defendeu um acordo permanente, em vez de cessar-fogo, em termos próximos aos do Kremlin. Moscou controla áreas em Sumi e Kharkiv, além das regiões já anexadas ilegalmente, e pressiona para consolidar seus avanços em Donetsk, onde ainda há forte resistência ucraniana. Putin quer uma “troca de territórios” com o país vizinho, incluindo que a região do Donbas, no Leste do país, fique com ele. (Globo)
O lobby de Trump para ganhar o Nobel da Paz está intenso. A imprensa norueguesa reportou que, quando Trump ligou para o ministro das Finanças da Noruega, em julho, para discutir tarifas, ele também lhe disse que queria o Prêmio Nobel da Paz. Países como Israel, Paquistão e Camboja nomearam Trump por mediar acordos de paz ou cessar-fogo, e ele disse que merece o prêmio já concedido a quatro antecessores da Casa Branca. (MSNBC)
Pela primeira vez em 20 anos, a esquerda não governará a Bolívia. Dois candidatos de direita avançaram para o segundo turno das eleições presidenciais, que será disputado em 19 de outubro. A surpresa foi a ascensão meteórica de Rodrigo Paz, senador de centro-direita e filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, que venceu o primeiro turno com 32% dos votos, contrariando pesquisas que apontavam menos de 10% para ele. Em segundo lugar, ficou o ex-mandatário Jorge “Tuto” Quiroga, da direita conservadora, com 26%, enquanto o milionário Samuel Doria Medina, que era o favorito, terminou em terceiro e já manifestou seu apoio a Paz. Essa guinada à direita ocorre em um momento de profunda crise econômica na Bolívia, com inflação próxima de 25%, falta de combustíveis e escassez de dólares, o que aprofundou a rejeição ao Movimento ao Socialismo (MAS), no poder por duas décadas. O pleito foi marcado pela influência do ex-presidente Evo Morales. Impedido judicialmente de concorrer, ele promoveu uma campanha pelo voto nulo e questionou a legitimidade do processo. (Globo)
Comece a semana com pé direito: assista às produções da rede americana PBS — como Crianças Trans, #MeToo… E Agora?, Evangélicos: Da Fé ao Poder e Decifrando a Máquina do Clima — no streaming do Meio. É só dar o play aqui para aproveitar o nosso catálogo.
De 21 a 23 de agosto, São Paulo recebe a 8ª edição do MaturiFest, maior festival de trabalho e empreendedorismo 50+ da América Latina. Realizado na UNIP Paraíso, o evento é promovido pela Maturi, referência na capacitação e conexão de profissionais acima de 50 anos. Serão três dias de palestras, painéis e oficinas sobre carreira, marketing digital, inteligência artificial, finanças e ESG. Entre os nomes confirmados estão: Maitê Proença, Ana Paula Padrão, Nany People, Marcelo Faria e Caito Maia. A programação inclui ainda a feira de empregabilidade MaturiConecta, o concurso Acelera Maturi, com prêmio de R$ 10 mil e mentoria, e o lançamento da plataforma MaturiNegócios. Ingressos presenciais e online — gratuitos e pagos — já estão disponíveis no site.
Viver
Vem aí uma nova onda de genéricos. Até 2030, irão prescrever 1,5 mil patentes de princípios ativos e processos industriais relativos a medicamentos, permitindo a produção de versões ao menos 35% mais baratas, com potencial aumento de 20% de genéricos comercializados no Brasil. São remédios para 186 doenças, incluindo câncer e diabetes, além de antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios e canetas à base de semaglutida. A patente da Novo Nordisk, sob os selos Ozempic e Wegovy, cai em 20 de março de 2026, mas o laboratório aguarda o Superior Tribunal de Justiça decidir sobre seu pedido de extensão da proteção no Brasil. (Globo)
Um transplante experimental de células do pâncreas fez um paciente com diabetes tipo 1 de longo prazo voltar a produzir insulina. No estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine, os pesquisadores relataram que células de ilhotas de doadores editadas geneticamente sobreviveram 12 semanas dentro de um homem de 42 anos com diabetes tipo 1, sem qualquer medicamento imunossupressor. Eles usaram a técnica CRISPR-Cas12b de edição genética para alterar essas células, responsáveis pela produção de hormônios que regulam os níveis de glicose no sangue, retiradas de um pâncreas de doador falecido com compatibilidade. (Globo)
Meio em vídeo. Enquanto a exploração da margem equatorial reacende debates sobre meio ambiente e desenvolvimento, o potencial do mar brasileiro ainda não é discutido o suficiente. É o que explica Fabiano Thompson, oceanólogo e mestre em Oceanografia pela Furg e doutor em Bioquímica pela Universidade de Ghent, na Bélgica, e convidado do Diálogos com a Inteligência desta semana. (YouTube)
Cultura
Luis Fernando Verissimo foi internado em estado grave na UTI do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, com princípio de pneumonia. A informação foi confirmada pela família ao jornal Zero Hora. O escritor e cronista, de 88 anos, convive com problemas cardíacos e sequelas de um AVC sofrido em 2021. Além disso, com o avanço do Mal de Parkinson, a condição física o fez parar de escrever. Quando ainda articulava umas poucas frases, contou a esposa Lucia para a Folha de S. Paulo, o próprio cronista fez troça da sua notória introversão-quase-mudez: “Um dia ele chegou a dizer: ‘eu não falava porque não queria, agora não falo porque não posso’”. (Zero Hora e Folha)
Para ler com calma. Em meio às homenagens aos 120 anos de nascimento e 50 de morte de Erico Verissimo, e às vésperas dos 90 anos de Luis Fernando, herdeiros preservam casa da família em Porto Alegre, espécie de ponto turístico de formação e troca intelectual. (Folha)
A série da Netflix Black Mirror terá as próximas graphic novels lançadas na plataforma de quadrinhos e mangás InkyPen. A primeira adaptação será USS Callister, que também vai ser lançada em formato físico ainda este ano. No episódio, o fundador recluso de um jogo de realidade virtual rouba o DNA de seus colegas para criar clones digitais que ele poderia humilhar como capitão de uma nave espacial no estilo Star Trek. Outro episódio popular, San Junipero, vai virar quadrinhos no próximo ano. (Deadline)
Cotidiano Digital
A procuradora-geral da Louisiana, Liz Murrill, processou a plataforma de jogos Roblox, acusando-a de facilitar a exploração sexual de crianças por não adotar medidas básicas de segurança, como verificação de idade ou autorização dos pais. Segundo a ação, a empresa tornou-se “um lugar perfeito para pedófilos”. O processo ocorre um mês após o Roblox anunciar o uso de tecnologia de reconhecimento facial para checar a idade de usuários em chats privados. A plataforma tem mais de 111 milhões de jogadores ativos diários — 36% deles com menos de 13 anos. (Folha)
A Meta prepara sua quarta reformulação em inteligência artificial em apenas seis meses, segundo o The Information. A divisão Superintelligence Labs deve ser organizada em quatro frentes: um novo grupo ainda indefinido (“TBD Lab”), uma equipe de produtos, outra de infraestrutura e o laboratório FAIR, de pesquisas de longo prazo. Em julho, Mark Zuckerberg prometeu investir centenas de bilhões de dólares em novos data centers. A pressão aumenta após a recepção morna ao modelo Llama 4 e a saída de executivos seniores da área. (The Information)
O aplicativo móvel do ChatGPT atingiu US$ 2 bilhões em gastos globais de seus consumidores desde seu lançamento em maio de 2023, segundo a Appfigures. Isso representa cerca de 30 vezes o total combinado de rivais como Claude, Copilot e Grok. Só neste ano, o app arrecadou US$ 1,35 bilhão, alta de 673% comparado a 2024, com média mensal de US$ 193 milhões, frente a US$ 25 milhões no ano passado. O ChatGPT acumula 690 milhões de downloads, contra 39,5 milhões do Grok. (TechCrunch)
Sam Altman, CEO da OpenAI, tem planos para expandir o ChatGPT e a empresa para além do software, incluindo hardware de consumo, interfaces cérebro-computador e até redes sociais. (The Verge)
Donald Trump já passou da linha do aceitável? Para o filósofo Jason Stanley, estudioso do fascismo, a resposta é um sonoro “sim” — e faz tempo. Autor de Apagando a História, Stanley vê nos EUA de hoje características claras de um regime fascista e não poupa palavras para explicar por quê. Na Edição de Sábado, uma entrevista contundente conduzida por Flávia Tavares. Leia aqui.