A história do termo hack
O registro mais antigo do termo hacker foi descoberto, ali inocente, nas minutas de uma reunião do Clube de Ferromodelismo Técnico do MIT. Cinco de abril, 1955. “Mr Eccles pede a todos mexendo ou hackeando o sistema elétrico que desliguem o interruptor para evitar queima de fusíveis.” Em inglês, o termo era hacking. William Eccles, um mestrando obcecado por trens de ferro, se referia a brincadeiras originais, criativas, inusitadas que os membros do clube eram dados a fazer com seus trenzinhos. E assim o termo para trotes técnicos se espalhou pelo campus, um dos berços da computação. Nos anos 1960, hackers já eram por ali os programadores mais talentosos, sempre descobrindo um truque novo. Como se falavam os poucos programadores dos EUA, o termo se espalhou.
Gente que leva computador a sério se ressente do sentido popular de hacker. O criminoso que usa seus conhecimentos técnicos para o mal. Preferem chamar a estes de crackers. Para quem é do ramo, hacker é quase um título de nobreza. Hackers são aqueles considerados particularmente hábeis. Mas de pouco adianta — nos dicionários, já perderam a briga.
De lá daqueles idos dos anos 1960 para cá, foram três ondas, como que três gerações. A primeira foi a destes pioneiros, dentre eles os fundadores do Vale do Silício. Então, com a popularização dos microcomputadores na década de 1980, explodiu o número de hackers — e, com eles, também aqueles que usavam a ferramenta para aprontar. Alguns, criminosos com jeitão de Robin Hoods. Outros, ativistas — ou hacktivistas. A extensão da internet, a partir do século 21, deixou para trás o período romântico. Extorsões a rodo, roubos, por um lado; e, por outro, ciberguerra, o uso de hackers por governos para espionagem e mesmo sabotagem de adversários.
Nesta edição do Meio, contamos algumas histórias.