Bolsonaro diz que lamenta mortes e manda abrir salões de beleza

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro declarou ontem que sente pela morte dos brasileiros levados pelo novo coronavírus. “Lamento cada morte que ocorre a cada hora”, disse no cercadinho em frente ao Alvorada, quando chegava em casa. “O que nós podemos fazer é tratar com o devido zelo o recurso público”, afirmou ainda, explicando o que considera estar entre as ações que o governo federal tem capacidade de executar. Referia-se às suspeitas de superfaturamento que há em alguns estados a respeito da compra emergencial de equipamento como respiradores. (G1)

Pois é... Ontem mesmo, Bolsonaro assinou uma portaria incluindo entre serviços essenciais academias de ginástica, salões de beleza, cabeleireiros e barbearias. “Porque é higiene”, explicou. O presidente está determinado a trabalhar para que as pessoas saiam de casa e ponham a economia para girar. “Cada percentual que se aumenta no número de desempregados, a violência cresce também.” Os governadores devem ignorar a ordem. Pelo menos seis já se manifestaram neste sentido, incluindo o paulista João Doria e o maranhense Flávio Dino. (Poder360)

Quem foi pego de surpresa pela informação foi o ministro da Saúde, Nelson Teich. Ele soube da decisão por jornalistas, durante uma entrevista coletiva. Ao mesmo tempo, subia no Twitter a hashtag #ForaTeich, numa operação impulsionada por bolsonaristas. (Antagonista)

Vídeo: Assista ao anúncio pelo presidente seguido da reação de surpresa contida do ministro. (UOL)

Enquanto isso... Em debate na GloboNews, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta prevê que os números de mortes devem continuar crescendo até julho, quando entra em platô. Só começa a descer na segunda quinzena de agosto, de acordo com seus números. (G1)

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O ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, confirmou em depoimento que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro sem participação do ex-ministro Sérgio Moro. Ele falou no inquérito que apura se as acusações que Moro fez ao presidente de tentar interferir em investigações da PF são verdadeiras. Segundo o ex-diretor, o presidente lhe disse que preferia alguém com quem ele tivesse afinidade no cargo. Leia a íntegra. (G1)

De forma velada, Valeixo mencionou um episódio em particular, pinçado pelo Painel: uma pessoa de dentro do ministério da Justiça tentou mobilizar um helicóptero e alguns policiais federais para trabalhar na operação que terminaria com a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, ligado ao senador Flávio Bolsonaro. Era uma operação secreta que não deveria estar sendo discutida fora dos âmbitos de investigação. Além disto, legalmente estas cooperações são resolvidas internamente, entre as polícias, sem participação de autoridades. Não deu mais detalhes. (Folha)

O diretor da Abin e favorito de Bolsonaro para o comando da PF, Alexandre Ramagem, também depôs. Seu nome foi vetado pelo Supremo por conta da suspeita de ser próximo da família presidencial. Segundo Bela Megale, Ramagem negou amizade com Carlos Bolsonaro e acusou Moro de desqualificá-lo. (Globo)

Hoje depõem os ministros-generais palacianos. Entrevistado por Fernando Rodrigues, o general Luiz Carlos Ramos afirma que as intenções do presidente eram legais. “Em qualquer país do mundo você precisa de informações sobre fronteiras, crimes transnacionais, grupos radicais se reunindo”, explicou, dizendo que era este tipo de inteligência que Bolsonaro procurava. “Mas ele já tem acesso”, contrapôs o jornalista. “Mas ele os considera não tão no nível que queria”, explicou o general. Ramos se queixou de que o presidente não é compreendido. “Prefiro um presidente meio grosso do que um falso.” (Poder 360)

Em entrevista ao Roda Viva, ontem, o presidente do Supremo Dias Toffoli afirmou que não percebe a democracia em risco. Apenas a democracia representativa. Assista. (Twitter)

Meio em vídeo: Afinal, quem é o pior presidente da história? Assista.

Viver

São 11.519 vítimas da Covid-19 no Brasil segundo o número oficial divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. No dia 11 de abril, eram 1.124 mortes. Normalmente, segundo a pasta, os números computados às segundas-feiras são mais baixos que nos outros dias úteis por conta da redução nas equipes nos estados responsáveis pela transmissão dos dados durante o final de semana. Mesmo assim, na comparação por dia da semana, a atualização de novos registros de óbito foi 34% superior à de segunda-feira passada. Já o número de casos confirmados da doença saltou para 168.331 no total.

As mortes entre crianças, jovens e adultos causadas pelo novo coronavírus cresceram 10 vezes no último mês em São Paulo, estado que apresenta os maiores números e chegou ontem à marca de 3.743 mortes. A Secretaria Estadual da Saúde confirmou a morte de uma criança de quatro anos. Trata-se da quarta criança vítima da doença no estado.

Pois é... ao contrário de outros países, pelo menos 45% das pessoas internadas no Brasil por causa do novo coronavírus têm entre 20 e 59 anos. Por aqui, não se trata de uma enfermidade predominantemente de idosos. O levantamento foi feito pelo Portal Covid-19 Brasil, que reúne cientistas das mais diversas instituições nacionais. De acordo com especialistas, isso ocorre em razão da pirâmide demográfica brasileira, da pouca adesão da população às medidas de isolamento social e da desigualdade social.

Por falar em faixa etária, um estudo feito na Unifesp sugere que mais de 50% da população adulta brasileira — ou 86 milhões de pessoas — apresenta ao menos um dos fatores que aumentam o risco de manifestações graves da Covid-19. Considerando apenas os adultos com menos de 65 anos, a proporção dos suscetíveis a complicações caso venham a se infectar pelo novo coronavírus ainda é alta: 47%.

E mais dados. Liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz, a primeira pesquisa a indicar o período do início da transmissão prévia da Covid-19 no Brasil indica que o coronavírus já causava doença e morte desde o fim de janeiro, mais de um mês antes da data oficial do registro do primeiro caso no país. A primeira pessoa a morrer de Covid-19 no Brasil faleceu no Rio de Janeiro, na quarta semana epidemiológica, entre 19 e 25 de janeiro. O estado é hoje o segundo em número de casos e registra, até o momento, 17.939 casos e 1.770 mortes por Covid-19.

Menos de 500 mil testes de Covid-19 foram realizados no Brasil até o momento, um número muito pequeno em um universo de mais de 200 milhões de habitantes.

Mais de quatro milhões de pessoas infectadas e 286 mil mortes no mundo. E os EUA, país mais afetado, ultrapassam a marca de 80 mil mortes registradas pelo novo coronavírus.

Por lá, o Dr. Anthony S. Fauci,  principal especialista em doenças infecciosas do país e uma figura importante na resposta do governo ao coronavírus, pretende alertar hoje ao Senado que os americanos sofrerão "mortes desnecessárias" se o país se abrir muito rapidamente. Fauci é um dos quatro principais médicos do governo que devem testemunhar remotamente em uma audiência do Comitê de Educação em Saúde, Trabalho e Pensões.

Na Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacinda Ardern anunciou ontem os detalhes do segundo nível — de três estabelecidos —, de relaxamento de medidas de combate à propagação da Covid-19. Já nesta quinta-feira, poderão funcionar cinemas, restaurantes, cafeterias e academias. Daqui uma semana, exatamente, será a vez da retomada das aulas nas escolas do país. Em seguida, dia 21, está prevista a reabertura dos bares, sempre com limitações no atendimento dos clientes. A Nova Zelândia tem sido apontada como o país com as medidas de confinamento mais rígidas do planeta, que foram implantadas a partir do fim de março. De acordo com boletim mais recente, em 24 horas, foram registrados três novos casos apenas de infecção, o que eleva o total para 1.147. Já o número de mortos desde o início da pandemia foi de 21. Haverá revisão da situação daqui duas semanas.

A Itália registrou ontem dois recordes positivos no controle da pandemia. O número de novos casos confirmados da doença caiu para 744, em comparação com os 802 registrados no domingo. Já o número de pacientes em cuidado intensivo caiu para 999, enquanto 1.027 pessoas estavam internadas na UTI no último boletim divulgado. As novidades mostram que as medidas de distanciamento social do país europeu estão ajudando a reduzir o tamanho da crise. Apesar dos dados positivos, o número de óbitos causados pelo vírus na Itália aumentou de 165 no boletim de domingo para 179 na divulgação de ontem.

Enquanto a Europa responde por mais de 1,5 milhão de casos confirmados, os Estados Unidos ultrapassam 1,3 milhão e a América Latina está perto de 250 mil, o continente africano tem até agora 55 mil infecções. Esses números são mais impressionantes diante do fato de a África ser o segundo continente mais populoso do mundo, com 1,2 bilhão de habitantes. Mas o que está por trás da aparente resistência à pandemia e por que existem tão poucos casos relatados de Covid-19? Alguns especialistas argumentam experiências anteriores, continente menos globalizado, respostas rápidas da maioria dos países e até fatores demográficos. Na sexta-feira, a OMS alertou que o coronavírus na África poderia "arder lentamente" por vários anos e matar cerca de 190 mil pessoas nos próximos 12 meses.

Hora de Panelinha. Às vezes o planejamento fura e é preciso resolver uma refeição em cima da hora. Para esses momentos, tem o o Especial 30 Minutos do site de receitas da Rita Lobo. Lá você encontra cardápios completos que ficam prontos em meia hora. E com direito a sobremesa.

Cultura

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Os museus da Itália estão se preparando para receber o público a partir de 18 de maio como parte da segunda fase de sua reabertura. O governo fechou todos os museus no dia 9 de março, mas o novo normal não se parece muito com o antigo. As diretrizes agora exigem reservas antecipadas, com todos os ingressos sendo comercializados on-line, uso obrigatório de máscaras, verificação de temperatura na entrada e critérios de distanciamento. Os museus do Vaticano, que costumavam receber até 20.000 visitantes por dia, implementarão medidas ainda mais rigorosas.

O ator americano Jerry Stiller, que ficou famoso na Broadway e mais tarde na série de televisão mundialmente famosa Seinfield, morreu de causas naturais aos 92 anos. A sua interpretação de Frank Costanza na série lhe rendeu uma indicação ao Emmy de 1997. O anúncio foi feito ontem pelo seu filho, Ben Stiller.

Cotidiano Digital

Nas redes sociais, o “medo” se tornou a emoção mais difundida, substituindo a “tristeza”, junto às hashtags #coronalockdown e #covid19. É o que diz um levantamento realizado em abril pela empresa Expert System. Esses sentimentos negativos diminuíram de 62,4% para 45,5% enquanto sentimentos neutros e positivos estão em ascensão, com um crescimento particular em torno de postagens que expressam “esperança”.

Por falar em redes sociais, os usuários estão mais preocupados com a privacidade nessas plataformas. Dos 89% que usam serviços de mensagem como WhatsApp e WeChat, 61% os preferem por considerar mais seguros do que as redes sociais, segundo estudo global exclusivo da Kantar. Ainda 40% tem usado menos as mídias sociais do que antes por causa de preocupações com a privacidade. Mais da metade deles também não confia muito nos conteúdos compartilhados nas redes.

Aliás... O Twitter criou uma etiqueta exclusiva contra fake news sobre o novo coronavírus. Os tuítes que receberem essa identificação ainda podem vir acompanhados de um aviso.

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