Prezados leitores, esta é a última edição do Meio em 2017. Foi um ano de crescimento intenso que, por muito pouco, não terminou em queda de presidente. Ano tenso, de muita notícia, marcado também pelo levantar do véu do assédio sexual. Um respiro, pois, é necessário. Damos uma pausa de uma semana para encarar 2018 — ano de eleição presidencial. A próxima edição sai em 2 de janeiro.

Até lá, não custa uma escapada para o mundo da fantasia: o Meio conta a Verdadeira História de Papai Noel.

Muitíssimo obrigado pela leitura. Obrigadíssimo aos Pioneiros.

E, assim: boas festas. Feliz Ano Novo. Que venham menos turbulências.

— Os editores.

Boeing quer comprar Embraer

A gigante da aviação Boeing está em negociações avançadas para aquisição da brasileira Embraer. Não será um acordo simples. Segundo apuração da Folha, o governo brasileiro deu aval à negociação, mas não abre mão do poder de veto que tem nas decisões internas. Considera que a empresa ocupa uma função estratégica na Defesa nacional. O furo, conseguido pelo Wall Street Journal, aponta também a causa do negócio. É uma forma de a Boeing entrar no lucrativo mercado de aviões de médio porte para transporte regional. Sua principal rival no mundo, afinal, se associou à canadense Bombardier, concorrente da Embraer. A confirmação das negociações foi o suficiente para fazer as ações da Embraer subirem quase 40% ontem, fechando com alta de 25,5%.

Igor Gielow: “Sem a Força Aérea, de cuja costela foi criada em 1969, a Embraer não teria sucesso com programas militares. No caso do cargueiro KC-390, sua maior aposta no setor, o governo colocou R$ 5 bilhões no desenvolvimento do modelo e assegurou a compra de 28 unidades. O caça sueco Gripen E/F, escolhido para reequipar a frota brasileira, terá sua versão ‘made in Brazil’ feita na Embraer, que poderá se beneficiar do conhecimento de tecnologias aplicadas a aparelhos supersônicos — úteis no futuro da aviação executiva. Esses são exemplos da simbiose entre FAB e Embraer que excluem hoje a possibilidade de a empresa perder seu controle nacional. Ainda no campo militar, aprofundar laços com a Boeing pode ser um diferencial importante para as ambições da Embraer no mercado americano, o maior do mundo. A empresa já vendeu 26 aviões de ataque leve Super Tucano para aos EUA, que os empregam na Força Aérea do Afeganistão. Os olhos estão voltados para uma futura concorrência, para a qual o Super Tucano já está sendo avaliado, para até 120 aparelhos nos EUA.” (Folha)

Vinicius Torres Freire: “Os militares detestaram a ideia. O entorno político de Temer acha que a história pode se tornar uma dor de cabeça extra para um governo tido como ‘entreguista’. A primeira reação de Temer ao negócio foi ruim. Economistas do Ministério da Fazenda gostaram. Para começar: quem é ‘dono’ da Embraer? Uma penca de acionistas. Pelos dados públicos, o maior é uma empresa americana de investimentos, a Brandes, com 15% das ações. Em julho, a Fazenda consultou o TCU sobre como seria possível o governo se livrar das participações especiais (‘golden shares’) em empresas como Embraer e Vale. Em tese, o poder de veto do governo reduz o valor de mercado das empresas. Até por isso mesmo, esse direito de intervenção vale dinheiro. Quem pagaria pelo fim do poder de veto? Os acionistas. Vão querer? O TCU ainda analisa o assunto. O que o governo ora pode vetar? 1) Mudança de nome, logomarca e objetivo da empresa; 2) Criação ou alteração de programas militares; 3) Capacitação de terceiros em tecnologia militar; 4) Interrupção de fornecimento de peças de para aviões militares; 5) Transferência do controle acionário da empresa.” (Folha)

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Há turbulências na pré-campanha de Jair Bolsonaro à presidência. O deputado, que planejava se filiar ao PEN, que mudou o nome para Patriota, está hesitando. Se queixa de que a promessa de receber o comando da sigla em todos os estados não foi cumprida. Sondou o Livres, antigo PSL, de ideologia liberal. Deve ser recusado. “O projeto dele seria incompatível”, disse um membro do comando. Há conversa também com o PR, de Anthony Garotinho — mas, na executiva da legenda, por enquanto tratam o tema como boato. (Estadão)

De plantão, a ministra Cármen Lúcia negou ao deputado Paulo Maluf seu pedido para deixar a prisão. É onde estará no Natal e Ano Novo.

Em tempos de polarização radical, encontros de família podem ser tortuosos. A boa equipe do Aos Fatos preparou um guia de sobrevivência. Tem de tudo — para combater o que vem das redes com informação. Há provas na sentença de Moro que condenou Lula? Países que liberaram drogas voltaram atrás? Terceirização precariza trabalho? Lula e FHC pedalaram assim como Dilma? Ou, até, quem matou mais: Hitler ou Stálin?

O governo está atrás de dinheiro. O Congresso não aprovou a tributação de fundos exclusivos. Não bastasse, o ministro Ricardo Lewandowski derrubou a MP que suspendia o aumento salarial dos servidores federais. A compensação deve vir de onde sempre vem: aumentando impostos. (Folha)

Mas... O Banco Central revisou a expectativa de alta no PIB em 2017. Era 0,7%, acha que chegará a 1%. E a inflação, prevista para 3,2% ao final do ano, deve ser de 2,8%, segundo o IPCA. (Estadão)

Durante a madrugada, a Bitcoin chegou a ser cotada a US$ 12.405 no mercado asiático. Encostou nos US$ 20.000 há apenas uma semana. No momento do fechamento desta edição, recupera alguma das perdas e está na casa dos US$ 13.120.

A Assembleia Geral das Nações Unidas votou em peso contra a decisão americana de transferir sua embaixada de Israel para Jerusalém. 128 nações se puseram contra, nove a favor e 35 se abstiveram. Entre as que bateram de frente com o governo Trump estão tradicionais aliados como o Reino Unido, França, Alemanha e Japão. Argumentam que o voto apenas reafirma o que o Conselho de Segurança já vem falando há décadas: a situação de Jerusalém tem de ser decidida por Israel e Palestina em negociações. Até lá, está em suspenso. Trump fez ameaças antes do voto, sugerindo que Washington cortaria investimentos em quem se pusesse contra. Foi ignorado. O voto, porém, é apenas simbólico. Não tem efeito. (New York Times)

O plano era fazê-lo em fevereiro, mas será em 19 de abril. O general Raúl Castro deixará a presidência de Cuba. Deve ser sucedido por Miguel Díaz-Canel, de 57 anos. O atual vice-presidente nasceu um ano após a Revolução de 1959.

A sessão de impeachment, no Congresso peruano, durou 14 horas. E, ao fim, a oposição que estava otimista não conseguiu os 87 votos necessários para apear do poder Pedro Pablo Kuczynski. O placar ficou em 79 a favor da destituição, 19 contra, 21 abstenções. “Peruanos”, escreveu PPK no Twitter logo após o encerramento dos trabalhos parlamentares, “amanhã começa um novo capítulo de nossa história: reconciliação e reconstrução de nosso país.”

O bloco separatista catalão ganhou maioria absoluta dos assentos no parlamento da província, nas eleições de ontem. São 70 cadeiras em 135. Cinco dos deputados eleitos, incluindo o ex-presidente Carles Puigdemont, estão em autoexílio. Outros três estão presos. É uma resposta clara da população ao intervencionismo de Madri, que dissolvera o governo que acaba de ser reeleito.

Cultura

Chega hoje, à Netflix, seu projeto mais ousado de longa-metragem. Dirigido por David Ayer, com Will Smith no papel principal, Bright (trailer, filme completo) conta a história do policial Daryl Ward que, acompanhado de seu parceiro Nick Jakoby, descobre uma varinha mágica poderosa — e perigosa. A história se passa hoje, em Los Angeles. Mas num mundo alternativo em que ogros, fadas, elfos, centauros e duendes convivem com humanos. A crítica inicial foi inclemente. Falta ouvir a opinião do público.

Para ler com calma. Há vinte anos os Racionais MC's invadiam a música brasileira, mostrando o rap criado nas periferias do Brasil, com o disco Sobrevivendo no Inferno (Spotify). Nas quebradas, e depois não só nelas, todos sabiam cantar músicas como Capítulo 4, Versículo 3 e Diário de um Detento. O álbum, lançado por uma gravadora independente, alcançou o disco triplo de diamante com 1,5 milhão de cópias vendidas. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad presenteou o Papa Francisco com o disco que tem, na capa, uma cruz que reproduz uma tatuagem do Mano Brown. A Vice perguntou para alguns dos grandes rappers do país o que a obra significa. “Sobrevivendo no Inferno os consolidou como os caras que iam suprir uma carência brasileira de um Marcus Garvey, um Malcolm X, um Public Enemy e um 2Pac. Talvez mais do que isso ao mesmo tempo, por terem feito o papel de todos esses caras juntos, levando o movimento negro e a luta de classe pra favela em um nível sem igual”, diz Don L.

Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo, continuação do musical, ganhou seu primeiro trailer. O longa, que terá Lily James como protagonista, deve chegar aos cinemas dos EUA no dia 20 de julho de 2018, dez anos após o lançamento do primeiro. (Folha)

Viver

A primeira observação da colisão de duas estrelas de neutrons foi eleita pela revista Science como a descoberta científica do ano. Há outros grandes achados, como a identificação de uma nova espécie de primata na Indonésia, as aplicações da microscopia crioeletrônica - seus desenvolvedores levaram o Prêmio Nobel —, e a descoberta dos mais antigos fósseis de Homo sapiens, no Marrocos.

Enquanto isso... Duas missões robóticas estão concorrendo a um lugar na agenda da Nasa. Uma dedica-se à coleta de amostras de cometas. A outra, ao desenvolvimento de um drone helicóptero que explorará a vida extraterrestre e locais para um pouso em Titã, a maior lua de Saturno. (Globo)

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70% das praias brasileiras estão impróprias para banho em áreas urbanas. Em Salvador, 26 das 37 são consideradas ruins ou péssimas. Uma visualização interativa da Folha permite que o leitor busque as informações das praias por cidade, estado, e qualidade. Uma boa para quem vive em cidades litorâneas ou pretende visitar alguma neste fim de ano.

Cotidiano Digital

Faz dois anos que uma série de empresas recebeu pesados investimentos para criar realidade virtual. Pouco de concreto já saiu daí. A Magic Leap, com US$ 1,9 bilhões no banco, acaba de mostrar as primeiras imagens de seu produto inicial. Os óculos são bem mais leves do que o de seus concorrentes. E os funcionários prometem a interação com objetos virtuais mesclados à realidade de uma forma jamais vista. Seu vídeo demonstração, no site da CNN, mostra uma pessoa brincando com um elefantinho na palma da mão. Impressiona. O produto deve ser lançado no ano que vem.

Um grupo de usuários do site comunitário Reddit acusa a Apple de usar upgrades do iOS, sistema do iPhone, para diminuir a velocidade dos aparelhos antigos. Propositalmente. E a empresa confirmou que o faz. O problema, afirmam os técnicos, está nas baterias. Baterias antigas perdem a capacidade de sustentar o funcionamento do celular em momentos de pico de uso. Se estiverem operando no máximo, portanto, os smartphones dariam pau. Desligariam num repente. Ao reduzir sua capacidade de processamento, o problema é eliminado pois não chegam a pico. A questão: boa parte de quem usa iPhones não tem ideia disto e fica com a impressão de que só há um jeito de resolver. Comprando um novo. Não precisa. Se seu iPhone com mais de dois anos estiver lento, troque a bateria.

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