Prezados leitores, caras leitoras —

Cada edição do Meio sai de nossas máquinas às 7h em ponto. Até segundos antes, estamos ainda trabalhando nas últimas vírgulas, nas notícias mais recentes. Conforme a base de leitores aumentou, porém, o sistema que usávamos foi ficando mais e mais carregado. Nos últimos dias, pusemos no ar um novo software de envio, desenvolvido por nós. Muitos já devem estar percebendo a diferença. Chegar o mais cedo possível às suas caixas de email é nosso foco.

— Os editores.

Governo faz acordo, mas fim da greve é incerto

Foram sete horas de negociação para que, enfim, o governo costurasse um acordo de trégua com os caminhoneiros. Se for cumprido o combinado, a greve está suspensa por quinze dias. Nove das 11 entidades à mesa aceitaram a proposta do Executivo, que congelou o preço do diesel por 30 dias, mantendo o desconto de 10% prometido pela Petrobras na quarta-feira. Mas o dia ainda é incerto. “Assumimos o compromisso e vamos repassar ainda hoje, na íntegra, para todos eles. Mas é a categoria que vai dizer se isso foi suficiente ou não”, disse na saída Dilmar Bueno, da CNTA. Não é o único. “Acho que podem não aceitar”, informou outro sindicalista. (Estadão)

Duas delas não concordaram com a trégua. A Associação Brasileira de Caminhoneiros, que representa 700 mil profissionais da categoria, anunciou que seguirá em greve até que o presidente sancione o corte de impostos após aprovação no Congresso. A União Nacional dos Caminhoneiros também não assinou o acordo. (Valor)

Durante a manhã, enquanto a crise corria solta, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, achou por bem deixar Brasília afirmando que não votaria reoneração da folha ou corte de impostos aprovados pela Câmara pois a pauta da Casa estava trancada. Pesadamente criticado, retornou à capital e convocou uma reunião de emergência com os líderes partidários. A expectativa era de que o Senado realizasse uma sessão extraordinária de votação hoje, mas, com o acordo entre governo e caminhoneiros, o senador anunciou que a votação do projeto foi adiada até o fim do ano. (Globo)

Vinícius Torres Freire: “Um conflito que seria de natureza privada explodiu no colo de um governo falido. Caminhoneiros e transportadores se queixam de que não conseguem repassar o aumento do custo de combustíveis, do diesel, para seus preços, os fretes. Por quê? Há caminhoneiros e caminhões sobrando. Houve superinvestimento facilitado pelo crédito subsidiado no governo anterior, problema agravado por, vejam só, melhorias logísticas. O aumento rápido e imprevisível de custos, devido à nova política de preços da Petrobras, agrava o problema. E a alta carga de impostos facilita uma curiosa coalizão. Caminhoneiros e associações empresariais, várias delas contratadoras de fretes, pedem menos tributos. Todos se juntam contra a Petrobras. A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores diz que a greve é legítima e critica a proposta de governo de reonerar empresas. Quer revisão nos reajustes da Petrobras, pois o diesel, dizem, deve ter tratamento diferente, dado seu impacto geral nos preços, mas ‘sem que isso represente ingerência ou um retrocesso no processo de recuperação da Petrobras’. É a quadratura do círculo. A Associação dos Produtores de Soja apoia a reivindicação caminhoneira, diretamente interessada que é; a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas apoia o movimento. O governismo majoritário na Câmara fazia corpo mole quanto a reformas, sabotando medidas que remendariam o cofre furado do governo, como a reoneração da folha de pagamentos. Para piorar, fazia favores e perdoava dívidas gordas de setores empresariais. É uma conjunção de oportunismos rasteiros para lidar com problemas de fundo. É outro movimento concertado para dizer, em suma, que os ajustes econômicos são necessários, desde que seja no couro dos outros. Em 2019, 2020, a farinha será pouca, quase nenhuma, e a luta para manter o pirão será feia. A crise de agora é uma amostra pequena do que virá.” (Folha)

Trata-se de um movimento com características novas. A BBC conseguiu acesso a cinco grupos fechados de redes sociais nos quais os caminhoneiros conversam e percebeu carregadas tintas de extrema direita. Não falta quem defenda uma intervenção militar.

A crise foi agravada por pânico disseminado via WhatsApp, que levou uma enxurrada de pessoas a postos e supermercados para estocagem. Em boa parte, os alertas nasceram de notícias falsas.

E... A turma do Jota pescou um áudio vazado no plenário do Supremo. “Que crise, hein?”, puxou conversa Gilmar Mendes com o Celso de Mello. “Um absurdo. Faz-nos reféns”, respondeu o decano. “Tudo bem que possam até ter razão aqui ou ali, mas é um absurdo.”

O G1 fez um levantamento dos estados onde há impacto da greve dos caminhoneiros no abastecimentos de combustíveis, comida, no transporte público e nos aeroportos.

Enquanto o Brasil desmontava, Dilma fazia graça. Postou um vídeo pedalando. Ao som de Beyoncé. “Bike é vida”, diz a legenda.

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O TSE deve discutir, na terça-feira, a possibilidade de um réu condenado ser candidato a presidente. Provavelmente a corte decidirá por unanimidade que não, com base na Lei da Ficha Limpa. Na sequência, informa Mônica Bergamo, o Ministério Público deverá pedir uma cautelar afirmando que sequer o registro é possível. Isso obrigaria o PT a mudar sua estratégia. (Folha)

E a agência de notícias francesa AFP se juntará às brasileiras Lupa e Aos Fatos no programa de checagem de notícias do Facebook no Brasil.

O presidente americano Donald Trump cancelou o encontro de cúpula que teria com o ditador norte-coreano Kim Jong-un. Uma troca de desaforos entre o vice americano Mike Pence e um dos homens de Kim precipitou a decisão, após vários sinais de hostilidade. Pence havia sugerido que, sem acordo, o ditador poderia ter um destino similar ao do líbio Muammar al-Khadafi. Um dos líderes do país asiático respondeu que Pence era um incapaz político. A carta de Trump cancelando a cúpula traz um tom tanto de desafio quanto de lamento. “Para o bem de ambas as partes, mas em detrimento do mundo, não ocorrerá. O senhor fala de sua capacidade nuclear, mas a nossa é tão massiva que rezo a Deus não precisar usá-la.” A Coreia do Norte lamentou a decisão e informou seguir disposta a encontrar uma fórmula de conversa. (New York Times)

Cultura

Em São Paulo, Hamilton de Holanda lança hoje na Casa Natura Musical o álbum Jacob 10ZZ, que homenageia os 100 anos de Jacob do Bandolim. Chico Cesar e Vitor Ramil fazem duas noites literário-musicais neste sábado e domingo no Itaú Cultural. O encontro tem a curadoria do escritor Marcelino Freire. E no domingo o Coral Paulistano faz um concerto em homenagem aos 110 anos da imigração japonesa, com instrumentos como o shakuhachi, o koto e o taiko.

No Rio, Jhonny Hooker se apresenta hoje no Circo Voador, com participação de MC Carol. Neste sábado no EAV Parque Lage, o Levante Queer discute narrativas queer e ocupações da periferia, além de shows de Duda Brack e Tyaro Maia. E no domingo tem Oruã e Balbela no Escritório a partir das 20h.

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Esta semana chega às telas, finalmente, Han Solo, Uma História Star Wars (trailer). O filme conta a história do jovem Solo, seu amigo Chewbacca e como ele conseguiu levar de Lando Calrissian, numa aposta, a nave Millenium Falcon. De quebra, tem a atriz Emilia Clarke, de Game of Thrones. Estreia Antes que eu me Esqueça (trailer), com Danton Mello e José de Abreu, uma delicada história sobre Alzheimer. Veja os outros.

O produtor de cinema Harvey Weinstein deve se entregar hoje à polícia de Nova York para enfrentar acusações de agressão sexual após uma investigação que durou meses. Elas seriam relativas às denúncia feita pelas atrizes Lucia Evans, que diz ter sido forçada por ele a lhe fazer sexo oral, e Paz de la Huerta, que o acusa de tê-la estuprado, além de outras vítimas que tiveram seus nomes mantidos em sigilo. Desde o ano passado, mais de 100 mulheres acusaram o produtor de crimes como assédio sexual e estupro. As polícias de Londres e Los Angeles também investigam denúncias. (New York Times)

Aliás... À uma reportagem da CNN, oito mulheres acusaram o ator norte-americano Morgan Freeman, 80, de assédio sexual. Uma delas, que trabalhou no filme Despedida Em Grande Estilo, relatou toques indesejados e comentários sobre seu corpo e suas roupas. Segundo ela, Alan Arkin, que também trabalhou na produção, chegou a pedir que Freeman se controlasse.

Enquanto isso... Moses Farrow tinha 14 anos quando sua mãe adotiva, Mia, acusou o pai, Woody Allen, de abusar da irmã Dylan, então com 7. Em um longo artigo publicado ontem, hoje aos 40, Moses defende Woody. “Como o ‘homem da casa’ naquele dia, fiquei atento para as entradas e saídas de todos.” Ele afirma que em nenhum momento o pai e a irmã criança deixaram o ambiente ao mesmo tempo. Lembra que dos três adultos presentes — três babás — duas garantem que nada ocorreu e uma apenas viu Woody apoiar o rosto sobre a menina, na mesma sala em que todos estavam. Moses, porém, afirma que a mãe batia constantemente nas crianças. Que impunha versões para as histórias e fazia com que ensaiassem até contar sua realidade. Liga a morte de três irmãos — dois por suicídio, uma vítima de Aids — aos abusos da mãe. Seus irmãos Dylan e Ronan Farrow, via Twitter, renegaram seu testemunho.

Cotidiano Digital

Entra hoje em operação a General Data Protection Regulation, que exige, de todos os serviços digitais oferecidos na Europa, que sejam claros com os consumidores. Devem informar que dados coletam e para quê. Todas as empresas tiveram dois anos para que se adequassem. Usuários também poderão pedir acesso a seus dados quando desejarem — e pedir para que sejam apagados. Os reguladores provavelmente vão pegar leve no início. Mas ainda não está claro se as companhias estão prontas.

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Telefónica e Netflix começaram um acordo operacional que entrará em funcionamento na América Latina e Espanha. A assinatura do contrato foi registrada num vídeo divertido publicado via Twitter. No caso brasileiro, será possível acessar a programação da rede de streaming no serviço Vivo Play, ou integrar a conta da Netflix com a da Vivo. Detalhes ainda por vir.

Viver

Em média, quase 10 mulheres por dia fornecem endereços irlandeses em clínicas de aborto britânicas. Quase 2.000 por ano, pedem pílulas abortivas via internet. E mais de 180.000 mulheres irlandesas, segundo dados do governo, abortaram no Reino Unido desde que, em 1983, um referendo na Irlanda aprovou uma reforma constitucional que garantia aos fetos o mesmo direito à vida que às mães. Hoje, isso pode mudar. É que acontece nesta sexta-feira o aguardado referendo que pode legalizar a interrupção da gravidez no país. A pergunta a qual os irlandeses responderão é: “Você aprova a proposta de emendar a Constituição?”. Ela trata de uma emenda que modifica a de 1983 e, se aprovada, permitiria o aborto sem restrições nas 12 primeiras semanas de gestação, e até os seis meses por indicação médica em determinados casos extremos. Num país de raízes católicas, esse pode ser o último tabu depois da descriminalização da homossexualidade, da eliminação dos obstáculos à contracepção, da legalização do divórcio e da eleição, no ano passado, do primeiro-ministro abertamente gay.

As 11 doenças — uma é uma hipótese — que têm potencial de se tornarem epidemias e são um risco global de saúde, segundo a OMS.

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