Maia trava reforma administrativa

A reforma administrativa que marcou o início do governo Bolsonaro corre o risco de virar letra morta. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) ignorou o acordo entre governo, Centrão e oposição para votar ainda ontem o relatório aprovado na comissão especial e, atendendo a uma questão de ordem de um deputado governista, retirou da pauta a MP da reforma. Se não for aprovada na Câmara e no Senado até o dia 3 de junho, a MP vai caducar, trazendo de volta a estrutura de ministérios deixada por Michel Temer. (Folha)

Na manhã de ontem, a comissão que analisava a MP impôs uma séria derrota ao ministro Sérgio Moro, transferindo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça de volta para o da Economia. Moro batalhou para ficar com o órgão, responsável por identificar movimentações financeiras suspeitas. Não foi a única mudança. A Funai, que passara para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sai das mãos de Damares Alves e volta para a Justiça. A Secretaria de Governo também não poderá mais monitorar ONGs. (Globo)

Pelo menos uma das mudanças vai ser revista. O relator na comissão e líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), admitiu ter se confundido ao transferir para o Ministério da Ciência e Tecnologia toda a política de desenvolvimento industrial, de comércio e de serviços, que vai continuar com a pasta da Economia.

O “saco de maldades” do Congresso em relação a Moro não parece ter fundo. Segundo o Painel, cresce a ideia de votar o projeto contra abuso de autoridade que tramita no Senado. Moro, quando juiz, criticava duramente a proposta, vista como uma forma de intimidar a magistratura. Também ganha corpo a recriação do Ministério da Segurança Pública, incorporado ao da Justiça por Bolsonaro.

Míriam Leitão: “A reforma da Previdência pode ser aprovada na Câmara ainda antes do recesso. Apesar disso, ontem foi um dia de derrota para o governo na Câmara, com a retirada do Coaf da área do ministro Sérgio Moro e o adiamento da MP que reestrutura a administração do governo. O que azedou muito o clima foi de novo a sucessão de ataques nas redes virtuais contra parlamentares. O vereador Carlos Bolsonaro postou a lista dos que votaram a favor da retirada do órgão da pasta da Justiça, e isso foi a senha para o início de ofensas.” (Globo)

Bruno Boghossian: “O governo não faz muito esforço para segurar o Coaf nas mãos de Sergio Moro. Bolsonaro entregou Moro de bandeja ao Congresso para evitar derrotas maiores. O presidente tem um capital político limitado e, até agora, não conseguiu formar uma base aliada que seja fiel a suas causas. Ele decidiu preservar seus poucos trocados para outras brigas.” (Folha)

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Um dos grupos de sustentação do governo Bolsonaro, a bancada evangélica declarou guerra ao decreto que amplia a posse e o porte de armas no país. O tema é um dos poucos na agenda conservadora do presidente a desagradar os religiosos. Segundo o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ligado ao pastor Silas Malafaia, a bancada vai apoiar um decreto legislativo anulando a medida do governo, desde que a iniciativa não parta da esquerda. (Globo)

Outra pedra no caminho da liberação das armas é o presidente da Câmara, Rodrigo Mais (DEM-RJ). Ele disse que o decreto tem inconstitucionalidades e que, se o governo não alterá-lo, vai botar em votação projetos para anular a medida. (Folha)

A avaliação do governo Bolsonaro segue em queda. Segundo pesquisa da XP Investimentos, o total que pessoas que o consideram ruim ou péssimo saltou de 26% para 31% em abril. Bom ou ótimo continuam com 35%. Entre os integrantes da administração, só o vice Hamilton Mourão viu sua avaliação melhorar. (Folha)

Com a economia ainda patinando e o desemprego em alta, o governo estuda repetir uma medida de Michel Temer e autorizar novos saques em contas inativas do FGTS. Em 2017, a liberação de retiradas em contas até 2015 sem movimentação injetou R$ 44,4 bilhões na economia. A ideia agora é ampliar o prazo das contas inativas e também liberar saques no PIS/Pasep. Mas as mudanças no Fundo não devem parar por aí. A equipe econômica quer tirar da Caixa Econômica Federal o monopólio da administração dos recursos e aumentar a rentabilidade. Especialistas, porém, alertam que o FGTS é uma das principais fontes de recursos para financiamento da casa própria a juros baixos. Uma rentabilidade mais alta implica taxas maiores cobradas dos tomadores desses empréstimos. (Globo)

Por falar no ex-presidente, Michel Temer se apresentou na tarde de quinta-feira na sede da PF em São Paulo; HC será julgado na terça. Temer está numa acomodação improvisada na Superintendência da Polícia Federal. O prédio não conta com uma sala de Estado-Maior, à qual ele tem direito por ser ex-presidente.

Na semana em que um decreto presidencial incendiou a polêmica do armamentismo, o Meio premium deste sábado vai contar a história do porte de armas no Brasil, desde quando, numa época não muito distante, revólveres eram vendidos em grandes magazines sem muita burocracia. O que mudou? E como a legislação funciona nos principais países do mundo? Ainda é tempo de assinar. Dá menos que 30 centavos por dia.

República Federativa do Bala

Tony de Marco

 
Revolveres

Cultura

Galeria: a paixão de Guy Le Querrec pelo jazz. “Ele não é fotógrafo de jazz, é o fotógrafo do jazz”, definiu o saxofonista Louis Sclavis. Essa abordagem talvez seja melhor ilustrada por sua imagem icônica de Miles Davis no palco, em Pleyel, em 3 de novembro de 1969.

A nova adaptação do clássico Cemitério Maldito chegou aos cinemas. Uma informação que os produtores do filme fazem questão de ressaltar é que o longa é uma adaptação direta do romance de Stephen King, publicado em 1983, e não um remake do longa de 1989 (trailer). Destaque também para a estreia de Mademoiselle Paradis, que vem recebendo críticas entusiasmadas e está entre os filmes mais elogiados do momento. O filme se passa em Viena, 1777, e conta a história de uma jovem cega extremamente habilidosa no piano. Na esperança de conseguir curar sua cegueira, seus pais a levam até um médico que explora métodos alternativos (trailer). Com 90% de sessões com cópias dubladas, Pokémon: Detetive Pikachu agrada, sobretudo, as crianças - o que dificulta pra quem quer ver o trabalho de Ryan Reynolds na voz do protagonista. Segundo a crítica, a adaptação do game para os cinema é divertida e tem belos efeitos especiais (trailer).

Em São Paulo, tem festa Xepa, importada do Recife, na Peixaria Mitsugi. E o Festival Bananada, de Goiânia, faz uma festa de lançamento neste domingo, na Casa Natura Musical, com shows de Drik Barbosa e Paus. Para rememorar e ressignificar o 13 de maio, o festival Pretas Potências reúne uma feira, bate-papo e DJs amanhã no Red Bull Station. No sábado, no Sesc Belenzinho, o trio Chelpa Ferro faz um set inédito para mostrar seus vinis e cassetes preferidos. Neste sábado tem a estreia do Veterano, de Nego Gallo, no Sesc Pompeia; Projetonave com participação das Melanina MC's no Sesc Santo Amaro, além da grande programação de abertura do Sesc Guarulhos, sábado e domingo, com Sujeito a Guincho, Filhos de Ghandy, Luedji Luna, Nação Zumbi, entre vários outros programas. No domingo o Daughters faz show inédito no Brasil no Fabrique, trazidos pelo selo Balaclava.

No Rio de Janeiro, o MAM estreia uma mostra da artista carioca Anna Bella Geiger que reúne obras do começo dos anos 70. No sábado, o Parque Lage abre a Arte Naïf - Nenhum museu a menos. Com EP recém-lançado, o My Girlfriend toca hoje na festa Coro-Noite, que também terá a dupla Keny e Carrot Green. No estúdio MATA, em Niterói, tocam Negro Leo e Felipe Neiva. O baixista Ron Carter faz duas apresentações no Othon Palace hoje e amanhã. O Quinteto Villa-Lobos faz concerto, também amanhã, na Sala Cecília Meireles com Debussy e Claudio Santoro no programa. No domingo, o Duo Santoro, dos gêmeos violonistas Paulo e Ricardo, se apresenta na Cidade das Artes. Para mais indicações culturais, assine a newsletter da Bravo!

Cotidiano Digital

A dominação do Facebook representa um risco para democracia e a sociedade, e está na hora de empresa ser desmembrada. A opinião não é de um político ou ativista radical, mas de Chris Hughes, que fundou a companhia com Mark Zuckerberg quando ambos eram colegas de alojamento em Harvard. Em um contundente artigo no New York Times, criticou o amigo por “políticas de privacidade desleixadas, lentidão ao responder à ação de agentes russos, retórica violenta e notícias falsas” e por, na ânsia do crescimento, ter trocado a segurança e a civilidade por cliques. Hughes ressalta que a sociedade americana deixou de coibir os monopólios e que paga o preço por isso. Por ser dono também do Instagram e do Whatsapp, o Facebook controla mais de 80% do faturamento das redes sociais. Executivos da empresa de Zuckerberg não acharam a menor graça no manifesto de Hughes.

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Quem não gostaria de fazer uma pergunta bem indiscreta a um amigo ou dar aquela sondada num crush sem se comprometer? É isso que está impulsionando o app YOLO, desenvolvido para o Snapchat, que permite fazer perguntas anônimas a pessoas na sua lista de amigos. Lembra um pouco o Sarahah, que fez sucesso em 2017 até ser banido por facilitar bullying. A facilidade de uso – ele importa sua conta no Snapchat – e a promessa de combater conteúdo ofensivo fizeram com que o app fosse o mais baixado nos EUA. Agora é ver quem vai responder com sinceridade às perguntas anônimas.

Viver

Pobres millennials… De acordo com uma análise da Zillow, 45 milhões de americanos deverão realizar o sonho da casa própria, somente, nos próximos dez anos. A média de idade de primeira compra mudou. Porém, considerando que todos estão guardando dinheiro no momento, é possível que a concorrência aumente e os preços das propriedades baixem nesse futuro não tão distante.

Melhor continuar no aluguel, então? 'Mais ou menos', diz a pesquisa. Isso pode, na verdade, tornar a moradia mais cara para todos. “Os compradores que fazem a transição do aluguel para a casa própria ajudam a diminuir a demanda por aluguel, o que limita o crescimento do preço da locação”.

O Brasil foi o único país a ter dois aeroportos entre os dez melhores do mundo no ranking AirHelp Score 2019. O Afonso Pena, em Curitiba, ficou em 4º lugar, e Viracopos, em Campinas, em 10º. O melhor aeroporto do mundo foi o Aeroporto Internacional Hamad, em Doha (Qatar), seguido por Tóquio-Haneda (Japão) e Atenas (Grécia).

A mídia vaticana surpreendeu nos últimos dias ao anunciar o novo comitê editorial para sua publicação mensal feminina, a Women Church World. A equipe chama a atenção, sobretudo, pela pluralidade religiosa. Uma linha do tempo pra entender a história. E uma entrevista com a ex-editora da publicação que acusou a comunicação do Vaticano de 'evitar' histórias sobre o abuso sexual de freiras dentro da Igreja Católica.

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