STF pode avaliar já hoje suspeição de Moro

O ministro Gilmar Mendes liberou ontem um pedido de liberdade apresentado pela Defesa do ex-presidente Lula. Gilmar havia pedido vistas em dezembro, quando na Segunda Turma do Supremo já havia dois votos contra o ex-presidente. No centro do argumento está, justamente, a suspeição do juiz Sérgio Moro. À época, os advogados de Lula apontavam como indício o fato de que, ao aceitar o cargo de ministro, Moro sugeria ter lado. Os diálogos divulgados pelo Intercept Brasil podem reforçar o argumento. Além do voto de Gilmar, ainda faltam os de Ricardo Lewandoski e do decano Celso de Mello. Este último será decisivo. É possível que o julgamento já ocorra hoje. (G1)

No Congresso, deputados de PT, PSOL e PCdoB prometem tentar obstruir todas as votações enquanto Moro não for afastado do ministério da Justiça. Hoje, os líderes do trio se reúnem com PSB e PDT para definir estratégias. Devem lançar uma CPI. (Poder360)

Na avaliação de líderes do Congresso, a popularidade de Moro torna difícil sua demissão. Mas, ouviu Alberto Bombig, houve uma inversão de forças no Executivo. Se antes Moro era um dos pilares do governo, ele pode passar a refém do presidente Jair Bolsonaro. (Estadão)

Pois é... Bolsonaro só permitiu no início da noite que algo sobre Moro fosse dito. “Nós confiamos irrestritamente no ministro”, afirmou o secretário de Comunicação Fabio Wajngarten. (G1)

Os dois, presidente e ministro, devem conversar hoje. (Poder360)

Ontem pela manhã, discretamente, os presidentes do Supremo, Dias Toffoli, da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, se reuniram para conversar sobre a crise, conta Andreia Sadi. (G1)

Um grupo de advogados e juristas, ouvidos pelo Jota, se dividiu a respeito de o que pode ocorrer a partir das gravações. “É difícil que haja anulação de uma sentença que foi confirmada pela segunda instância”, afirmou Miguel Reale Junior. “Mas é sem dúvida comprometedor.” José Eduardo Faria, da USP, usa outro argumento. “Existe uma tradição já firmada pelo Supremo de que provas ilícitas não podem ser utilizadas para mudar decisões. Mas será um desastre político para eles.” Daniel Sarmento, da Uerj, discorda. “Se forem ilícitas, essas provas podem ser usadas para defesa, mas não para a acusação. A condenação do Lula no tríplex fica nula.” Antonio Tovo, da USP, concorda. “Há um indício, ali, de violações de garantias básicas a qualquer investigado. Caso a prova ilícita beneficie o réu, pode ser utilizada. Nulidade é como se fosse um elemento radioativo e tem que ver se contaminou ou não o encadeamento dos atos processuais.” (Jota)

O Conselho Nacional do Ministério Público está dividido sobre se abre ou não uma investigação sobre Deltan Dallagnol, líder da Lava Jato. Quatro dos 14 integrantes do CNMP, os indicados pelo Congresso e pela OAB, querem abrir o processo. Os oito representantes dos MPs estaduais e da União estão, na maioria, em silêncio, afirma Mônica Bergamo. Os dois indicados pelo Supremo e STJ, também. (Folha)

Mais de uma dentre as vítimas do hack de celulares descreveu ter recebido uma ligação de seu próprio número. É indício de que seus celulares foram clonados. O app Telegram, que tem fama de ser mais seguro do que o WhatsApp, na verdade não é. Ele mantém o becape inteiro em seus servidores. Com o celular clonado, ou seja, carregando o mesmo número do dono original, é possível baixar esta cópia de segurança e, assim, ter acesso a todas as conversas que não foram apagadas. Este é, provavelmente, o método utilizado. (UOL)

Alon Feuerwerker: “Nunca se saberá com certeza se Lula teria vencido a eleição. Mas é inegável que Lula impugnado em 2018 tornou-se um ativo e tanto para a narrativa petista. O PT poderá dizer para sempre que se o ex-presidente tivesse concorrido seria imbatível. Era o que diziam as pesquisas enquanto ele estava no páreo. Narrativas não dependem de demonstração científica prévia. Política é guerra, inclusive de narrativas. E a do PT faz um gol importante com a revelação (que surpresa!) das relações íntimas, e talvez promíscuas, entre a Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro. A dúvida agora é outra. Quando exatamente Moro ministro deixará de ser um ativo para o presidente e se transformará em passivo? E livrar-se de Moro, numa eventualidade, será um problema ou uma solução para o presidente? O ministro da Justiça até agora injetava prestígio nos cofres políticos do governo. Moro e a LJ estão sendo empurrados para o modo de defensiva. Sabe-se que jogam bem no ataque. Agora veremos se sabem também jogar na defesa. O mais relevante para a política real: ver se a dinâmica agora favorável no Congresso será afetada. Na teoria, o Legislativo ganha se mostrar disposição de tocar a pauta do mercado enquanto Moro e a LJ tentam não afundar. Mas nem sempre a política se move por decisões racionais. E Moro e a LJ fizeram um número não prudente de inimigos nos últimos anos.”

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HealthTech

A popularização de Apple Watches e FitBits mundo afora criou o hábito de uma meta mínima da saúde: dar dez mil passos por dia. Todo mundo com um relógio destes conhece o número. Um novo estudo publicado pelo Journal of the American Medical Association porém, decidiu questioná-lo. I-Min Lee, professora da Escola de Saúde Pública de Harvard, foi atrás da origem do valor. Descobriu que, em 1965, uma empresa japonesa pôs no mercado um pedômetro — contador de passos — batizado em japonês de ‘contador de 10 mil passos’. Era truque de marketing: o ideograma japonês para dez mil lembra um homem caminhando (veja). Nunca uma pesquisa científica validou as vantagens para a saúde desta meta diária. Na verdade, um número bem abaixo deste já faz imensa diferença.

Chegou ao Brasil um tipo novo, e mais preciso, de teste de colesterol — nos laboratórios da Dasa, patrocinadora desta editoria. Trata-se da análise de subclasses lipídicas pelo método da espectrometria de massas por mobilidade iônica. O nome tem pompa, mas explica pouco. O vilão cardíaco é o LDL, proteínas de baixa densidade que carregam triglicerídios (gordura que vira energia) e colesterol. Elas depositam este colesterol em células da parede das artérias — que acumula e entope. Por isso, tradicionalmente, índices altos de LDL são indício de risco. Mas ocorre de muitos com LDL baixo também terem doença cardíaca. O motivo é simples: a característica destas moléculas, se mais ou menos densas, influi diretamente no entupimento. De pouco adianta o LDL total ser baixo se a maioria das lipoproteínas forem pequenas e densas. O que este novo teste faz é justamente analisar o perfil do LDL de cada paciente.

Cultura

Sobre Chernobyl... A televisão estatal russa anunciou que está trabalhando em sua própria série. O diretor, Aleksey Muradov, afirmou que mostrará "o que realmente aconteceu na época". É uma resposta ao sucesso da minissérie produzida pelos canais HBO e Sky. A TV assegurou que a série será baseada em fatos históricos e mostrará como a CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) teve envolvimento no desastre. A revista americana Hollywood Reporter informa que o Ministério da Cultura russo contribuiu com US$ 463.000 para a produção televisiva.

As reações no país divergem. O Meduza, site independente de notícias russo, elogiou a meticulosidade que os criadores do programa americano puseram no trabalho. Mas também há críticas. O Komsomolskaya Pravda publicou vários artigos negativos sobre a minissérie, entre eles um sobre a teoria da conspiração que diz que ela foi produzida para arruinar a reputação do país como uma potência nuclear.

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Para ler com calma. Vidas Secas, 80 anos. No aniversário de publicação da mais importante obra de Graciliano Ramos, o Estadão percorre 450 quilômetros em busca do retrato do sertanejo do século 21. “O sertão sem nomes de Graciliano é onde se mora sob taipa e, facão a tiracolo, o vaqueiro pisa em ossada de boi. Os sertanejos dormem em jirau, enganam-se nas contas do patrão, sonham em ter cama de vara. Para comer, aproveitam na panela o papagaio que já morreu de fome. Agora, o sertão é de Pelé e Branca, agricultores, resistentes da seca. De Dayse, dona da lan house, que anuncia passagem para viajar para fora, mas se vê obrigada a permanecer. De sertanejos que foram embora, de outros que voltaram. Ou de Thamires, estudante, que não vê a hora de se mandar para São Paulo”.

11 de junho de 1987. Margaret Thatcher comemora a terceira vitória esmagadora, nas eleições gerais, sobre o Partido Trabalhista. Uma galeria de imagens da ex-primeira ministra britânica.

Viver

Copa do Mundo: a seleção feminina de futebol enfrenta a Austrália na quinta-feira. E, curiosidade, são os jogos de tabuleiro que estão ajudando a descontrair a ansiedade na concentração da equipe - e não se trata de uma versão virtual de um deles, mas do famoso Dixit. Desde 2008, quando foi lançado, o jogo francês já vendeu milhões de cópias, recebeu uma dezena de prêmios e é um dos maiores sucessos globais da atualidade. O objetivo não é ultrapassar os outros, mas conseguir contar e/ou interpretar uma boa história. Mais do que um jogo, Dixit é um exercício intenso e divertido de criação de novos mundos. Publicada no Instagram oficial da seleção feminina, a imagem da zagueira Tayla carregando o jogo de tabuleiro fez sucesso até entre quem não se importa muito com futebol. "E a gente achando que não dava para gostar mais ainda delas!", escreveu a Galápagos Jogos, editora e distribuidora do Dixit.

Dez casas estranhamente belas na Índia. Com o país emergindo como referência para a arquitetura inventiva, o Dezeen reuniu projetos impressionantes - de uma casa de Mumbai com portas antigas à uma habitação revestida de madeira no sopé dos Himalaias. Essa última distingue-se por um pico no telhado que também funciona como uma clarabóia gigante.

Nos últimos dez dias, pelo menos dois crimes foram repercutidos por políticos e ativistas em seus perfis nas redes sociais para alimentar bandeiras de direita e de esquerda. “De um lado, o assassinato do ator Rafael Miguel por tiros supostamente disparados pelo sogro rapidamente se tornou argumento contra a política de liberação de armas do Governo Bolsonaro. Do outro, o assassinato do menino Rhuan — cuja própria mãe é acusada de esquartejar seu corpo e amputar seu pênis — chegou a ser associado à ‘ideologia de gênero’ pelo deputado Eduardo Bolsonaro”. Para o sociólogo Ignácio Cano, o problema é que essa guerra de narrativas ideológicas que colocam casos isolados no centro do debate encontra um contexto no Brasil, mas também em outros países, de se implementar políticas públicas mais baseadas nos "achismos" e nas posições individuais do que propriamente em estudos e pesquisas que apontem a probabilidade de eficácia das medidas (El País).

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