“Vi coisas nas quais as pessoas não acreditariam.
Naves de ataque em chamas na borda de Órion.
Vi raios-C brilhando no escuro próximos ao Portão de Tannhäuser.
Todos estes momentos se perderão no tempo como lágrimas na chuva.
É hora de morrer.”

Monólogo final de Roy, personagem de Rutger Hauer, em Blade Runner.
Vídeo HD ou com legendas

Suspeito diz à PF ter sido hacker de Moro e Dallagnol

Walter Delgatti Neto, 30, apelidado de Vermelho e preso na terça-feira em Ribeirão Preto, confirmou à Polícia Federal, ontem, ter sido responsável pelo hack contra o ministro Sergio Moro, o procurador Deltan Dallagnol, e de algumas centenas de autoridades. Os delegados acreditam que o número de vítimas pode chegar a mil. Delgatti, de acordo com a investigação, contratou os serviços da BRVOZ, uma pequena empresa de telemarketing, e cujo software permite fazer ligações com o número que se desejar — a técnica do caller ID spoofing. Sua conta lá fez 5.616 ligações em que o número de origem era igual ao número de destino. Em um computador apreendido, os policiais encontraram atalhos para arquivos com nomes de vítimas — entre eles o do ministro Paulo Guedes. (UOL)

Delgatti também afirmou, de acordo com os jornalistas Fausto Macedo e Andreza Matais, ter sido a fonte do site Intercept Brasil para os arquivos batizados de Vaza Jato. (Estadão)

O advogado de Delgatti, Luiz Gustavo Delgado, afirmou que seu cliente está atordoado. “Ele tem problemas psiquiátricos”, disse. Delgado levou para o rapaz, que tem condenações por estelionato, remédios de uso controlado. (Estadão)

No Twitter, Moro também fez a conexão entre os suspeitos presos e os vazamentos. “Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime.” O editor-executivo do Intercept, Leandro Demori, respondeu na mesma rede. “Nunca falamos sobre a fonte. Essa acusação de que esses supostos criminosos presos agora são nossa fonte fica por sua conta. Não surpreende vindo de quem não respeita o sistema acusatório e se acha acima do bem e do mal. Em um país sério, o investigado seria você.”

Outro dos presos, o DJ Gustavo Henrique Elias dos Santos, disse ter visto na tela do computador de Delgatti ícones de arquivos do Telegram. Negou, porém, qualquer participação no caso. “A intenção dele era vender essas informações para o PT”, contou aos jornalistas o advogado de Gustavo, Ariovaldo Moreira. Foi o que o DJ teria ouvido do amigo. “Meu cliente falou ‘Rapaz, isto é um pouco perigoso’”, continuou o advogado. A PF investiga o que afirma ser uma movimentação atípica na conta de Gustavo e de sua mulher — mais de R$ 600 mil. “Ele fazia aplicações em bitcoin, em moeda virtual”, afirmou o advogado. “Ele deu início a essa negociação de moeda virtual há muitos anos e nós vamos fazer prova disso. Ele adquiria isso com jogos.” (G1)

Nota do PT: “O PT sempre foi alvo desse tipo de farsa, como ocorreu na véspera da eleição presidencial de 1989, quando a PF vestiu camisetas do partido nos sequestradores do empresário Abílio Diniz. O ministro Sergio Moro, responsável pela farsa judicial contra o ex-presidente Lula, comanda agora um inquérito da Polícia Federal com o claro objetivo de produzir mais uma armação contra o PT.”

Aliás... Poucos dias antes de aparecer a primeira reportagem do Intercept, Delgatti se tornou bastante ativo no Twitter. Se mostrou ativista, celebrou as publicações, participou de debates. Em um de seus muitos tweets, acusou o editor do site bolsonarista Terça Livre, Allan dos Santos, de ser o responsável pelo perfil Pavão Misterioso. Foi este twitter que divulgou a teoria de que hackers russos pagos em bitcoin seriam os responsáveis pelo vazamento.

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O governo enfim definiu a política para saques do FGTS. A partir do ano que vem, quem estiver contratado com carteira assinada terá direito a fazer saques anuais de suas contas do Fundo de Garantia. É uma escolha — ou saca um valor a mais todo ano, ou então deixa a reserva para o momento da demissão. Quem optar pelo saque, que ocorre no mês de aniversário do trabalhador ou nos dois seguintes, terá de avisar à Caixa de sua decisão um ano antes. Para contas com até R$ 500, será liberado anualmente 50% do saldo. O percentual reduz conforme o valor aumenta. Neste ano, em 2019, será permitido também um saque de até R$ 500 por conta — a ativa, do emprego atual, e cada uma das inativas, dos empregos anteriores. Também serão liberados para saque os valores das cotas do Fundo PIS-Pasep. (G1)

Foi constrangedor — como não poderia deixar de ter sido. Durante longas sete horas, o ex-diretor do FBI, Robert Mueller, depôs perante os deputados americanos para falar da investigação que comandou por dois anos a respeito do envolvimento russo nas eleições presidenciais americanas. Seu longo relatório constatou que Moscou interferiu, sim, mas foi cripticamente ambíguo a respeito do envolvimento do presidente Donald Trump. Mueller havia afirmado que, não inocentando, tampouco indiciaria Trump por tentativa de obstruir o trabalho da Justiça porque não há base legal para acusar formalmente um presidente eleito. O objetivo da maioria de oposição, na Câmara, era capturar em vídeo esta afirmação da forma o mais clara possível, na transmissão ao vivo primeiro, e depois para que pudesse ser empacotada e distribuída, fosse pelas redes sociais, fosse pela TV. A seco, num longo relatório escrito e em períodos muito longos, o público geral não entende. A um momento, um deputado democrata perguntou se era possível afirmar que Trump não falou sempre a verdade. “Em termos gerais”, lhe respondeu Mueller. Afirmou também que, ao elogiar durante a eleição o Wikileaks que vazava documentos democratas, Trump “incentivou uma atividade ilegal”. Inúmeras vezes ele repetiu: “o relatório é meu testemunho e fala por si.” (New York Times)

Boris Johnson assumiu ontem o cargo de primeiro-ministro britânico demitindo metade dos ministros de sua antecessora, a também conservadora Theresa May. O novo gabinete é inteiro pró-Brexit, distribuído entre a direita linha dura e libertários. A nova ministra do Interior — pasta responsável pela segurança —, Priti Patel, até 2011 defendia o retorno da pena de morte. O novo secretário do Tesouro, Sajid Javid, é um dedicado thatcherista. (Guardian)

Cultura

O ator holandês Rutger Hauer morreu na última sexta, em seu país, e sua família preferiu esperar o enterro para tornar público. Surgiu para o mundo em Turks Fruit (trailer), filme de Paul Verhoeven de 1973, ainda hoje considerado forte. Estourou, porém, como o androide Roy Batty, de Blade Runner (trailer), personagem antagonista ao Rick Deckard de Harrison Ford. Seu monólogo final, que Hauer reescreveu e depois improvisou, é uma das cenas mais icônicas do cinema. Um daqueles momentos únicos em que o olhar silencioso de Ford, a direção de Ridley Scott e a música de Vangellis elevam o trabalho de um ator a seu máximo. O momento em que o androide, programado para morrer e incapaz de evitá-lo, demonstra o que humanos não conseguem perceber. Que ele sentia a vida. Foi ainda protagonista de O Feitiço de Áquila (trailer), e inúmeros outros. Hauer tinha 75 anos.

Ainda: nesta reportagem, em inglês, a história do monólogo.

E uma das sagas mais icônicas da ficção científica, O Guia do Mochileiro das Galáxias vai virar série de TV. Segundo o Deadline, o serviço de streaming Hulu está preparando uma adaptação dos livros de Douglas Adams e chamou Carlton Cuse (Lost) e Jason Fuchs (Mulher-Maravilha) para liderar o projeto.

O ácido acético em um revestimento pode ser seguro para uma exposição de roupas, mas pode corroer a arte metálica exposta em um museu. Cientista de conservação do MET, de Nova York, Eric Breitung usa a química analítica numa abordagem bem mais ampla para ajudar a preservar obras de arte de valores inestimáveis. É a intersecção entre arte e ciência - literalmente. O laboratório de Breitung, vanguarda da conservação preventiva no mundo dos museus, começou analisando objetos danificados e agora trabalha para prevenir que outros danos aconteçam. Eles vem tentando desenvolver a primeira pedra “Rosetta de produtos químicos voláteis para determinar possíveis danos causados por materiais modernos para diferentes tipos de arte”. Isso significa preparar o Met para cerca de 60 exposições por ano. O conceito não é novo, explica. Mas o foco é. “Estamos compartilhando tudo na web, na esperança de que outros apliquem os mesmos princípios à sua herança cultural”. Vale para qualquer colecionador, museu ou apreciador de arte.

A quadrinista brasileira Adriana Melo é uma das vencedoras da edição 2019 do Prêmio Eisner, entregue durante a San Diego Comic-Con. A artista colaborou em Puerto Rico Strong, que venceu na categoria Melhor Antologia. A coletânea foi publicada para levantar fundos para as vítimas do furacão Maria, que devastou Porto Rico em 2017.

Viver

As equipes esportivas mais valiosas do mundo, segundo a Forbes. Em 1º está a franquia texana Dallas Cowboys; New York Yankees em 2º  e Real Madrid na terceira posição do ranking.

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O consenso científico de que os seres humanos são os principais causadores do aquecimento global provavelmente ultrapassou 99%, de acordo com o principal autor do estudo mais confiável sobre o assunto. E a certeza pode aumentar ainda mais com pesquisas separadas que esclarecem algumas das dúvidas remanescentes. Os três estudos publicados na Nature and Nature Geoscience usam dados históricos e robustos para mostrar que nunca aconteceram, nos últimos 2.000 anos, mudanças de temperatura tão rápidas e extensas como nas últimas décadas.

Por falta de recursos, o CNPq suspendeu até o dia 30 de setembro a concessão de novas bolsas de pesquisa. Um edital interrompido previa a liberação de R$ 60 milhões para alunos de pós-graduação atuarem, durante o ano todo, no Brasil e no exterior. Lançando em 2018, ele contemplou 781 projetos no primeiro semestre, sendo 648 no país e 133 fora do Brasil. Já os pesquisadores que se candidataram para o segundo semestre devem ficar sem financiamento. As bolsas em andamento também correm risco de não serem pagas a partir de outubro. Desde 2016, o orçamento do CNPQ só vem caindo. Passou de R$ 1,15 bilhão, naquele ano, para R$ 784 milhões em 2019.

No Instagram, um bowl de salmão. Um de nossos editores testou a receita e é mais simples do que parece. Segue o vídeo publicado no Goodful; boas receitas por lá.

Cotidiano Digital

A Samsung afirma ter resolvido o problema de tela do Galaxy Fold, o smartphone dobrável da companhia. No início do ano, uma série de resenhistas quebraram suas telas. Alguns confundiram o plástico fixo de proteção com a película que deve ser tirada de celulares novos. Outros não fizeram isto, e ainda assim as telas danificaram. Problema resolvido, a empresa coreana marcou para setembro o lançamento mundial do aparelho. Sairá por US$ 1.980. Lá fora.

O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, atacou ontem a Amazon, em entrevista ao vivo para o canal pago CNBC. “Se você for olhar de perto”, disse, “embora haja alguns benefícios, ela destruiu a indústria do varejo por todos os EUA, então não há dúvidas de que limitaram a competição.” Mnuchin defende a investigação aberta pela Secretaria de Justiça por antitruste.

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