PGR, PF e Receita em pé de guerra com Bolsonaro

A cúpula da Procuradoria Geral da República está em alerta. Os avanços do presidente Jair Bolsonaro sobre a Polícia Federal, a Receita Federal e o Coaf sugerem que o Planalto pode optar por um nome heterodoxo para o comando do Ministério Público. O favorito é Antonio Carlos Simões Soares, cujo nome foi sugerido pelo advogado que representa o senador Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha da Assembleia do Rio. Se o nome do novo procurador-geral for um rejeitado pelos procuradores, como seria Soares, o MPF se fragmentará em brigas internas e seu líder não será obedecido por ninguém, conta o Painel. (Folha)

Diga-se... A Polícia Federal não está envolvida na investigação sobre possíveis elos entre as milícias cariocas e a família Bolsonaro. Mas, segundo o presidente, o superintendente local da PF, Ricardo Saadi, agia em sintonia com quem lida com o assunto. Ele também tem acesso a muitos sigilos telefônicos e fiscais já quebrados, todos ligados à busca pelo mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, executada pela milícia de Rio das Pedras. O presidente acredita que o único motivo de investigar seu filho Flávio é o de atingir sua imagem. Este é também um dos focos de tensão entre o presidente e o ministro Sérgio Moro. Há cerca de duas semana, conta Igor Gielow, uma reunião entre os dois terminou aos berros. (Folha)

De uma alta-patente da PF, segundo Lauro Jardim: “Não sei se o Bolsonaro está consciente disso, mas ele está comprando briga contra um time de profissionais.” (Globo)

Então... Os dirigentes da Polícia Federal estão em pé de guerra. Se Bolsonaro insistir em escolher o novo superintendente do Rio, violando a independência do órgão, prometem reagir. (Estadão)

Pois é... E tem o Queiroz. Documentos obtidos pelo repórter Hudson Corrêa ligam os fluxos irregulares de dinheiro no gabinete de Flávio Bolsonaro com a mesma milícia de Rio das Pedras. O elo é Raimunda Veras, mãe do ex-capitão PM Adriano Magalhães da Nóbrega, suspeito de ser um dos comandantes da milícia. De um salário de R$ 6,4 mil como assessora do filho Zero Um, Raimunda depositava na conta de Fabrício Queiroz R$ 4,6 mil. Em 14 de dezembro do ano passado, um mês após ser exonerada do gabinete, ela abriu uma pizzaria num endereço do Rio Comprido, subúrbio carioca. No mesmo endereço também está registrado o CNPJ de outra empresa — esta no nome de outros dois líderes da milícia. Raimunda já teve outro restaurante, no mesmo bairro. Em frente a este outro funciona uma agência do Itaú na qual, entre 2016 e 17, Queiroz fez 17 depósitos somando R$ 92 mil. O capitão Adriano tem um terceiro restaurante nas vizinhanças. Ele recebeu a Medalha Tiradentes, principal comenda da Alerj, das mãos do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. (Crusoé)

Aliás... Os problemas não estão apenas na PF. Os auditores fiscais nas mais altas posições de chefia da Receita Federal, entre eles todos os seis subsecretários, estão dispostos a entregar seus cargos em conjunto caso Bolsonaro decida mesmo substituir por indicados particulares seus os responsáveis pelas delegacias da Alfândega da Receita no Porto de Itaguaí e a da Receita Federal no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. “Não há nada mais grave para um país em déficit fiscal”, pôs em nota o Sindifisco, “do que um governo que fomente crises no próprio órgão responsável pela fiscalização e arrecadação de tributos.” (Estadão)

O delegado de Itaguaí terá hoje uma reunião com o superintendente do órgão do Rio. Não pretende entregar seu cargo, conta Chico Otávio. Itaguaí é uma região cercada por milícias, porto de escoamento de drogas e chegada de armas. Os auditores não compreendem o porquê da mudança e enxergam tentativa de aparelhamento. (Globo)

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Os procuradores da Lava Jato em Curitiba pediram informalmente, sem autorização judicial, dados sigilosos à Receita Federal. O ponto de contato da força-tarefa era o auditor Roberto Leonel, que chefiava a inteligência da Receita na capital paranaense e hoje preside o Coaf. As mensagens que fazem parte dos vazamentos obtidos pelo Intercept Brasil não permitem afirmar que algum dos pedidos tenha sido atendido. (Intercept)

Em resposta, o procurador Deltan Dallagnol afirmou que em todas as vezes que a Receita repassou informações foram legais. (Facebook)

Depois de um período de hibernação, o ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi reapareceu para se queixar do discurso ambiental do governo. Segundo ele, um antigo alvo dos movimentos ambientais, a radicalização pode custar muito caro aos exportadores. “Temos uma relação muito complicada com a Europa”, ele argumenta. “Para criarem mais mecanismos para dificultar a entrada de carne e frango ou outros produtos do Brasil, é dois tempos.” Maggi está particularmente atento ao acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. “Essas confusões ambientais podem criar uma situação para a EU dizer que o Brasil não estaria cumprindo regras”, argumenta. “Não duvido nada que a gritaria geral que a Europa está fazendo seja para não fazer o acordo. A França não quer o acordo.” (Valor)

Não é só ele... “Esse discurso que nós vamos virar o maior produtor do mundo é mentira”, afirma Mauro Lúcio Costa, um dos principais pecuaristas do Pará. “Existe um escudo de falar que desmatamento é para produção, gerar emprego. O emprego gerado é de péssima qualidade. E o rastro de destruição que isso deixa. Todas as áreas desmatadas nos últimos 10, 12 anos estão hoje entrando em estado de degradação.” (Folha)

Os governadores da Amazônia Legal — Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins — pretendem negociar em bloco com Alemanha e Noruega para que passem a gerir, eles mesmos, o dinheiro que era canalizado para o Fundo Amazônia de combate ao desmatamento. Driblando o governo federal, os recursos poderiam ser gerenciados pelo Banco da Amazônia, que possui sede em todos os estados. (Globo)

Ainda: O professor Antonio Donato Nobre, do Inpe, explica por que a devastação da Amazônia ameaça gravemente Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Em vídeo.

O tripé do crescimento econômico brasileiro é formado pela venda de commodities para o exterior, o consumo das famílias, e os investimentos em infraestrutura e habitação. Com base em números do IBGE, os economistas Guilherme Magacho e Igor Rocha calcularam que a queda de preços internacionais de commodities foi responsável por 34,5% do recuo na produção brasileira entre 2013 e 16. Enquanto isso, a contração dos investimentos públicos e privados em infraestrutura e habitação, por sua vez, respondem por 20% e 21,2% da redução respectivamente. Só que, com fábricas ociosas, empresários não têm por que investir. E com o Orçamento engessado com altas despesas fixas, o Estado perdeu também capacidade de botar dinheiro na equação. A taxa de investimento da construção civil como fatia do PIB teve, em 2018, seu pior desempenho em 70 anos. Já os investimentos em máquinas e equipamentos fecharam como 6,1% do PIB. Em 2010, quando a economia crescia bem, correspondia a 8%. Todos os indícios sugerem que os números de 2019 seguirão o mesmo ritmo. A última crise econômica do Brasil, em 2001, fez o investimento demorar 39 meses para retornar ao nível inicial. A crise atual já se estende faz 62 meses. (Folha)

O site do PSDB sofreu, ontem à noite, um defacement — tipo de hack simples no qual a página principal é substituída por outra. Os hackers puseram no lugar uma página negra com as fotos de Lula e Dilma. (UOL)

Comece o dia com todo gás

Comece o dia com todo gás

Livros: o que CEOs e outros líderes estão lendo? Na lista de Jørgen Vig Knudstorp, chairman da Lego, está The End of the End of the Earth, de Jonathan Franzen (Amazon). Kevin Sneader, global managing partner da McKinsey & Company, tenta ler 52 livros por ano. "O difícil é escolher o que não ler". Na seleção, The New Silk Roads: The Present and Future of the World, de Peter Frankopan (Amazon). Aqui, a lista completa.

Gastamos, em média, 2 horas e 23 minutos por dia em mídias sociais, de acordo com o Relatório Flagship da GlobalWebIndex de 2019. Mas as pessoas estão se tornando mais cientes disso e vem tentando se concentrar em outras atividades. É nesse sentido que aplicativos que monitoram o tempo dedicado à esses sites estão se popularizando. Entre eles está o Omni Calculator, que calcula o seu tempo de tela e informa quantos livros você poderia ter terminado enquanto navegava por Twitter, Instagram e afins - o app também analisa outras maneiras de redefinir o tempo gasto, calculando quantas calorias poderia queimar se estivesse fazendo outra atividade. "Apenas um intervalo de cinco minutos a cada hora são centenas de horas por ano", dizem seus criadores". Ele recomenda desativar as notificações push que aparecem na tela, excluir alguns aplicativos e tirar férias curtas de todas as mídias sociais de vez em quando. Ferramentas de monitoramento digital são uma tendência e usuários do Android também podem definir limites de tempo. Apple, Facebook e Instagram oferecem funções semelhantes.

O papel da atividade física no aumento do foco e precisão da memória foi comprovado em um teste feito com ratos idosos e cientistas acreditam que o resultado seria semelhante em humanos. Os detalhes da pesquisa estão neste vídeo.

Cultura

Febril e com ideações suicidas, Camus viajou pela América do Sul entre julho e agosto de 1949, num roteiro que abrangia Rio de Janeiro, Recife, Olinda, Salvador, São Paulo e Porto Alegre. Mas o Brasil não despertou o amor súbito do escritor franco-argelino.“Sobre esta terra imensa, que tem a tristeza dos grandes espaços, a vida é mesquinha”, escreveu. Os diários revelam seu estado depressivo nas jornadas de conferencista a soldo do ministério francês das Relações Exteriores. Na bagagem literária, ele já contava com as obras-primas O Estrangeiro, de 1942, e A Peste, de 1947. Os 70 anos da viagem de Camus ao Brasil serão celebrados num ciclo de eventos, a partir de amanhã, em São Paulo. No mesmo dia, será lançado pela editora Record o livro Camus, o Viajante, organizado pelo crítico Manuel da Costa Pinto. A partir do dia 21, na Casa das Rosas, a exposição Camus: Um Estrangeiro no Brasil reunirá fotografias do acervo familiar do escritor.

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Peter Fonda morreu na sexta-feira, cercado pelos familiares, aos 79 anos. Filho do ator Henry Fonda, irmão da atriz Jane Fonda e pai da também atriz Bridget Fonda, Peter ficou famoso ao viver um dos motoqueiros do filme-símbolo da contracultura americana, Easy rider — sem destino, que completou 50 anos em maio. Peter foi indicado ao Oscar pelo roteiro de Easy rider e por seu papel como um apicultor em O ouro de Ulisses (1997), mas nunca conquistou a cobiçada estatueta dourada. Ele ganhou um Globo de Ouro em 2000 pelo telefilme The passion of Ayn Rand. Uma galeria com alguns dos melhores momentos de sua vida e carreira.

Viver

Um cientista o declarou morto em 2014 e agora ele e um grupo de especialistas colocaram sua lápide. O glaciar islandês Ok perdeu sua condição há cinco anos, exaurido e, por fim, esgotado pelo efeito das mudanças climáticas. É um alerta para os efeitos devastadores das mudanças no mundo.

Cotidiano Digital

O CEO da Apple Tim Cook jantou, na última sexta-feira, com o presidente americano Donald Trump. Trazia consigo um argumento: que a guerra tarifária movida pelos EUA dificulta o trabalho da Apple de competir com a Samsung. Afinal, a Apple paga seus impostos nos EUA e fabrica o equipamento na China. A Samsung paga os impostos na Coreia do Sul e diversifica o fabrico por toda Ásia, mas principalmente em seu próprio país e no Vietnã. “Ele me explicou que a Samsung é seu principal concorrente”, explicou Trump a jornalistas. “Perguntei quão bom concorrente é, e ele me falou que é um concorrente muito bom.” Em vídeo.

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