Queimadas viram crise internacional

O presidente francês Emmanuel Macron foi ao Twitter, ontem, convocar os líderes do G7 para discutir os incêndios na Amazônia em sua próxima reunião, que se inicia neste fim de semana. “Nossa casa está em chamas”, escreveu Macron, que será o anfitrião da cúpula, em Biarritz. “A floresta amazônica, os pulmões que produzem 20% do oxigênio do planeta, está pegando fogo.” O premiê canadense, Justin Trudeau, foi por enquanto o único dos sete líderes a responder. “Não poderia concordar mais. Trabalhamos muito para proteger o meio ambiente no encontro do G7 no ano passado. Precisamos agir pela Amazônia.” (Twitter)

A imagem utilizada por Macron em seu tweet é de 2003. E, do ponto de vista científico, a descrição da floresta como pulmão do planeta é incorreta. Ela consome praticamente todo o oxigênio que produz.

O presidente Jair Bolsonaro criou às pressas, ontem, um gabinete de crise para tratar do tema. Que já se reuniu. Em sua tradicional live de quinta, insistiu em afirmar que as queimadas são criminosas. “Alguns países estão se aproveitando do momento para potencializar as críticas contra o Brasil e recalcar o Brasil em uma posição subalterna.” Afirmou que é uma “desfaçatez” Macron chamar a floresta de “nossa casa”. Também o acusou de agir como colonialista. (Poder 360)

Segundo avaliação da agência espacial americana, a Nasa, os focos de incêndio na Amazônia dão indícios de terem sido causados por desmatamento. (Folha)

Enquanto isso... O possível futuro embaixador Eduardo Bolsonaro respondeu a Macron em vídeo, também pelo Twitter. Chama o presidente francês de idiota. (Twitter)

E... O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também respondeu. “Os europeus usam a questão do meio ambiente por duas razões”, afirmou. “A primeira para confrontar os princípios capitalistas. Porque desde que caiu o muro de Berlim, uma das vertentes para qual a esquerda europeia migrou foi o meio ambiente.” A tese de Lorenzoni segue. “A outra coisa é para estabelecer barreiras ao crescimento e ao comércio de bens e serviços do Brasil.” O ministro acredita que a ação europeia é protecionista. “O Brasil é o grande competidor em commodities, em bens minerais.” Lorenzoni disse que não visitará a Amazônia. “Vou ver coisa mais importante.” (Folha)

Justamente... O presidente da Câmara teme os efeitos comerciais. “A gente precisa de uma solução para que o Brasil não sofra sanções na comercização do agronegócio”, ponderou Rodrigo Maia. “Não é criticando, não é culpando ninguém que vamos conseguir isso.” (Globo)

Maia, segundo a Coluna do Estadão, viajará à Europa com um grupo de deputados. Fará um tour por Inglaterra, França Itália e Alemanha para conversar com parlamentares e reforçar o compromisso brasileiro com a sustentabilidade. (Estadão)

O governador do Amazonas, Wilson Lima, do PSC, vê uma explicação. “Há um discurso de permissividade e aí pensam que tudo é permitido”, disse. Mas quando questionado se a frase era referência ao presidente, desconversou. (Globo)

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, planeja criar uma Força-Tarefa Pró-Amazônia que incluirá o Ministério da Defesa, a Polícia Federal, Funai, Agência Nacional de Mineração e Incra. Pretende desenvolver economicamente a região e criar um novo sistema de monitoramento do desmate, para completar os dados já fornecidos pelo Inpe. As mineradoras e madeireiras participarão do grupo. (Folha)

Pois é... O Ministério Público Federal enviou ofício a Salles. Quer entender para que será contratado um novo sistema de medição. Um dos focos da investigação aberta pelos procuradores está nos nomes indicados para ocupar cargos de comando nos órgãos ambientais — “com o objetivo de averiguar se estão de acordo com os princípios da legalidade, da moralidade, da impessoalidade e da eficiência administrativa”. (Estadão)

Enquanto isso... João Amoêdo, fundador do Partido Novo, afirmou no Twitter que Salles, embora filiado e tendo sido candidato pela legenda, não representa a sigla. Na sequência de tweets sobre o tema, Amoêdo foi além. “Os mandatários do Novo no legislativo e executivo têm atuado com equilíbrio, diálogo e baseado suas políticas públicas e propostas em dados, fatos e evidências”, escreveu. “Esta é a postura que esperamos de todos os membros do atual governo, em especial daqueles que são filiados ao Novo, como o ministro Ricardo Salles.” Amoêdo afirma, assim, que considera a atuação de Salles equilibrada, baseada no diálogo e que suas decisões se baseiam em dados, fatos e evidências. Dentro do Novo não há qualquer debate público sobre a atuação do ministro. O presidente da legenda não informou se o partido concorda ou discorda da política ambiental ditada por seu membro com mais alto cargo no governo federal. (Twitter)

A ciência: Foi no domingo, entre 16h e 17h, que cientistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares detectaram os primeiros sinais de que uma pesada nuvem, a mais de três mil metros de altitude, chegou a São Paulo carregada de partículas das queimadas. Em geral, os ventos carregam esta massa na direção dos Andes, mas uma frente fria vinda do Sul mudou sua trajetória. As nuvens negras, além de fuligem, trouxeram monóxido e dióxido de carbono, ozônio, óxido nitroso e metano. O fenômeno testemunhado pelos paulistanos foi uma mistura de fumaça com neblina. A chuva caiu negra. Mas, pela altitude da pesada nuvem, a atmosfera da capital não chegou a ser contaminada pelos gases. (Fapesp)

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Ficou mais séria a crise entre o presidente e o ministro Sergio Moro. Ontem, Bolsonaro atravessou o ministro da Justiça pela primeira vez de forma explícita, afirmando que poderia mudar o diretor geral da Polícia Federal. “Se eu trocar hoje, qual o problema?”, perguntou. “Eu que indico, e não o Sergio Moro. E ponto final.” (Globo)

Ficou sem resposta e Moro guardou o silêncio, como vem guardando a respeito do tema desde que o debate sobre o troca-troca na instituição começøu. É um silêncio que incomoda a cúpula da PF. (Folha)

Nos bastidores, o ministro da Justiça não está feliz. Segundo ouviu o repórter Fabio Serapião, Moro vem dizendo que não considera bom negócio deixar o governo antes de o Supremo julgar o caso no qual é acusado de ter sido suspeito ao condenar o ex-presidente Lula. Avalia que, no posto, suas chances de derrota são menores. Depois é outra história. (Crusoé)

Há um impasse dentro da Anatel a respeito da decisão de liberar a compra da Time Warner pela AT&T. A Lei 12.485/11 proíbe ao distribuidor de vídeo que também produza conteúdo. A AT&T, no Brasil, é dona da Sky. E à TW pertencem canais como HBO. Pela letra da lei, portanto, para o negócio ser possível a empresa teria de se desfazer da Sky, segunda maior operadora de TV paga do país. Sob pressão, o relator do processo na agência, Vicente Aquino, recomendou ontem a aprovação. O diretor, Moisés Moreira, segurou. Pediu tempo. (Poder 360)

A liberação foi um pedido pessoal de Donald Trump e encontrou no deputado e provável embaixador Eduardo Bolsonaro seu principal defensor. É ele, assim como o pai, que pressionam a agência reguladora. Para liberar, Aquino usou como argumento a recém-aprovada Lei da Liberdade Econômica que pune ‘abusos do poder regulatório’. No caso, obedecer a lei seria interpretado como abuso. Caso esta seja a decisão final, é possível recurso perante o STF, que já declarou em outro momento a lei de 2011 constitucional. (Telesintese)

Aliás... Um grupo de repórteres do Estadão ligou um por um para os senadores da República. Ouviu de 15 que eles votarão favoravelmente à indicação do Zero Três para a embaixada em Washington. De 29, que votarão contra. 29 não quiseram responder e 7 estão indecisos. Eduardo Bolsonaro precisa de 41 votos. (Estadão)

Os fins justificam o meio ambiente

Tony de Marco

 
Bandeira-em-chamas

Na Edição de Sábado: A Hungria parece muito distante. Mas seu presidente, Victor Orbán, é o primeiro da série de líderes populistas, nacionalistas e autoritários de direita a assumir o comando de um país. Nos últimos anos, criou aquilo que ele e analistas chamam de uma democracia iliberal. Não chega a ditadura, já não é democracia como a conhecíamos. A história deste processo, nós a contamos amanhã. Os assinantes premium vão ler. Assine.

Cultura

Em São Paulo, o Masp abre hoje ao público as exposições Histórias das Mulheres: Artistas Até 1900 e Histórias Feministas: Artistas Depois de 2000. A cantora Alessandra Leão lança o disco Macumbas e Catimbós amanhã no Auditório Ibirapuera. De hoje a domingo, Tulipa Ruiz celebra os quatro discos da carreira em shows com a banda Pipoco das Galáxias no Sesc 24 de Maio. Parte do Festival Internacional de Improvisação e Arte Sonora, o Strange Music Day leva jams sessions e shows à Hacienda nesse sábado. Especializado em música antiga, o maestro Luís Otávio Santos rege a Osesp hoje e amanhã em obras de Händel, Muffat e Bach, com solos de Arcádio Minczuk no oboé d'amore. Em edição intimista, sábado é dia de Selvagem no Coffeeshop Clube.

No Rio, começa amanhã a turnê de 30 anos dos Racionais MC's. Dois bons shows agitam o Circo Voador nesse fim de semana: hoje, Mart'nália apresenta o disco em que canta o repertório de Vinicius de Moraes. Amanhã tem dobradinha, com Arnaldo Antunes e Wado. Prorrogada, A Costura da Memória da artista Rosana Paulino pode ser visitada até 29 de setembro no MAR. Letrux apresenta o show Línguas e Poesias hoje no JClub. Na mesma noite, Nina Becker canta Dolores Duran no Manouche. Com a presença de músicos sobre o palco, a Focus Cia. de Dança apresenta coreografia de Alex Neoral para a música de J. S. Bach na quinta, na Sala Cecília Meireles. Na série Grandes Vozes no Rio de Janeiro, o tenor americano Michael Fabiano apresenta árias de Verdi e Puccini, entre outros, neste domingo com a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal. Para mais dicas culturais, assine a newsletter da Bravo!

Nos cinemas, a nova versão do Brinquedo Assassino (trailer). Agora high-tech, o boneco sanguinolento é dublado por Mark Hamill, o Luke Skywalker de Star Wars, e renova a franquia de terror lançada em 1988. O destaque entre as estreias desta semana é o longa francês Um Amor Impossível (trailer) de Catherine Corsini. Protagonizado pela grande atriz Virginie Efira, narra a história de sua relação com um burguês sedutor, cheio de demônios internos, com uma funcionária pública no final dos anos 1950. Outra produção de vocação pop que estreia nas telas é Socorro! Virei uma Garota (trailer) comédia estrelada por Thati Lopes, do grupo Porta dos Fundos.

Viver

E o ranking das mostardas amarelas. Foram avaliadas 11 marcas, nacionais e importadas, nos parâmetros cor, aroma, acidez, picância, textura e sabor. Spoiler: o simples bem feito levou a melhor. Eis o resultado.

Cotidiano Digital

O cartão de crédito Apple, distribuído para todos os americanos que possuem um iPhone, é um luxo. Feito em titânio, pesa. O nome do portador e o logo da Apple é inscrito a laser. E é de um branco intenso, com a tinta fundida no metal. Será, também, o cartão mais trabalhoso do mercado. Não pode entrar em contato com jeans ou couro — pois é — pois mancham. É tão sensível que a ponta de outro cartão, feita de plástico, mesmo, já pode arranhá-lo.

O mês de julho de 2019 foi histórico para o Google. Pela primeira vez desde seu nascimento, a maioria das buscas realizadas em browsers não resultaram em qualquer clique. Isto mesmo: menos pessoas estão clicando nos resultados. Trata-se de uma mudança estratégica da empresa, que quer concentrar a navegação dos usuários em suas propriedades. Desta forma, o Google oferece com mais frequência respostas nas páginas de resultados: temperatura, placares de jogos, dados sobre pessoas, sempre com o objetivo de evitar a perda de visitantes.

O YouTube fechou 210 canais de YouTube que estavam distribuindo propaganda de desinformação chinesa para desmontar os protestos em Hong Kong. Tanto Facebook quanto Twitter já haviam feito o mesmo esta semana.

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