Morte de Ágatha é recebida com silêncio por Bolsonaro e Witzel

Três dias após o assassinato de Ágatha Vitória Sales Félix, a menina de 8 anos morta por um tiro nas costas enquanto retornava para casa de Kombi com a mãe, no Complexo do Alemão, Rio, a PM ainda não se manifestou sobre o que ocorreu de fato no local. Segundo sua versão, dada na sexta-feira, os policiais teriam sido atacados por agentes de segurança e revidaram. Os moradores, no entanto, afirmam que não havia tiroteio. Acusam um soldado PM de ter desferido o tiro. A Polícia Militar não esclareceu, ainda, se criminosos dispararam algum tiro que possa ter atingido alguma viatura. Tampouco informa quantas viaturas e quantos soldados estiveram envolvidos na operação. Ágatha estava no 3º ano do ensino fundamental em um colégio particular de Ramos e era tida como excelente aluna. Estudava também dança, perto de casa. Um vídeo com o desespero do avô circulou forte, ontem, nas redes sociais. (Globo)

Ágatha é a nona criança morta pela PM-RJ desde que o governador Wilson Witzel assumiu o governo com uma política de incentivar confronto policial. (Intercept)

O presidente Jair Bolsonaro não fez qualquer manifestação a respeito da morte. O governador Wilson Witzel tampouco tocou no caso, embora o governo tenha divulgado uma nota protocolar. “O Governo do Estado lamenta profundamente a morte da menina Ágatha, assim como a de todas as vítimas inocentes, durante ações policiais.” O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não foi seco. “Qualquer pai e mãe consegue se imaginar no lugar da família da Ágatha e sabe o tamanho dessa dor.” Maia afirmou que a Câmara vai rever o excludente de ilicitude que protege policiais de punição por crimes assim, previsto no projeto anticrime do ministro Sérgio Moro. Também no Twitter, Moro afirmou considerar lamentável e trágica a morte. Aproveitou os 240 caracteres para também dizer: “Não há nenhuma relação do fato com a proposta de legítima defesa no projeto.” (Twitter)

O excludente de ilicitude, que pode livrar de punição policiais acusados de agredir e matar em determinadas situações, deve ser rejeitado pelo grupo de trabalho debruçado sobre o pacote anticrime. Os deputados, indica o Painel, afirmam que punir o agente responsável pela morte de Ágatha, por exemplo, seria mais difícil. (Folha)

Renato Sérgio de Lima, sociólogo da FGV-SP: “Um dos pontos que mais chamam atenção na repercussão da morte de Ágatha Félix é a facilidade com que parcelas da população e das redes encontram justificativas para aceitar políticas de segurança pública cruéis e desumanas antes mesmo de quaisquer investigações e esclarecimentos. É verdade que o Brasil é um país com uma forte e resiliente tradição de uso da violência, mas cresce o número de pessoas que, a cada questionamento que se faz da ação policial, se contrapõem afirmando que cobrar controle e criticar padrões de policiamento mais alinhados à nossa Constituição é o mesmo do que defender ‘bandidos’. O que esta parcela de defensores dos policiais não percebe é que ao mobilizar tal argumento, está, ela própria, colocando polícias e criminosos na mesma régua ética de comportamento, o que é muito mais aviltante do que cobrar controle e transparência. Não há equivalência moral, ética ou política entre cobrar o Estado para que aja dentro da lei e com respeito à vida e quando o crime mata algum agente público ou outra pessoa.” (Folha)

Aliás... O G1 distribuiu por uma equipe de 230 jornalistas a função de acompanhar as investigações de 1.195 mortes violentas por todo o país. Foi há dois anos. Quase metade deles, 569, continuam em andamento. Na outra metade, 105 foram arquivados sem solução. Apenas 259, ou 22%, tiveram um ou mais suspeitos presos. (G1)

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O governo deve começar lentamente a substituir ministros nos próximos meses. O objetivo é distribuir cargos para ampliar as alianças no Congresso e a insatisfação do presidente com alguns dos titulares. Pelo menos dois quadros já são vistos como alvos possíveis. Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional, e Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo. O último é acusado de ter montado um esquema de candidaturas laranjas para o PSL, em Minas. (Folha)

O presidente americano Donald Trump confirmou, ontem, ter mencionado o pré-candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, numa conversa com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Mas não deu detalhes a respeito do que falou. E, assim, ganha escala um escândalo politicamente complexo. Segundo reportagem do Wall Street Journal, Trump teria pressionado Zelensky a abrir uma investigação oficial a respeito dos negócios do filho de Biden no país. O presidente americano teria segurado a transferência de US$ 250 milhões em verbas que os EUA haviam prometido à Ucrânia como forma de pressão, com o objetivo de produzir material de ataque para a campanha eleitoral. Há coisa de uma semana, o Washington Post havia divulgado a informação de que um funcionário das agências de inteligência, que testemunhou a ligação, teria feito uma denúncia oficial envolvendo o presidente. O Congresso deveria ter acesso a este tipo de material, mas a Casa Branca não quer detalhar a denúncia. Os parlamentares também cobram a transcrição da conversa entre os dois presidentes — a Casa Branca diz que não vai entregar. A nova acusação ecoa a outra, nunca de fato confirmada, de que Trump teria recorrido a apoio russo para levantar ataques contra Hillary Clinton durante a última campanha. O envolvimento de nações estrangeiras em campanhas eleitorais é ilegal e poderia construir um caso passível de impeachment. No início da noite, ainda ontem, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, ameaçou com ações no Parlamento caso a delação secreta não seja entregue. (New York Times)

Comece o dia com todo gás

Comece o dia com todo gás

De histórias em quadrinhos e programas de rádio à programas de TV e jogos, o mundo sempre esteve cheio de coisas que nos distraem. Hoje, a maioria de nós culpa nossos telefones ou, mais especificamente, as mídias sociais. No entanto, esses não são os verdadeiros culpados, de acordo com o especialista em tecnologia Nir Eyal. Em vez disso, nossa distração é geralmente motivada pelo desejo de escapar do desconforto, incluindo tédio, medo e ansiedade. “O segredo para manter o foco em momentos como esse não é se abster do escritório — você encontrará apenas outra distração —, mas mudar sua perspectiva sobre a tarefa em si.” Ian Bogost, professor de computação interativa no Instituto de Tecnologia da Geórgia, escreveu 10 livros, incluindo títulos peculiares como How to Talk About Videogames, The Geek's Chihuahua e, mais recentemente, Play Anything. No último livro, Bogost faz várias afirmações que desafiam o modo como pensamos em diversão. A brincadeira pode fazer parte de qualquer tarefa difícil, ele acredita, e embora não precise necessariamente ser prazerosa, ela pode nos libertar do desconforto - o que é o ingrediente central da distração. Imagine o quão poderoso você se sentiria se fosse capaz de transformar o trabalho que precisa fazer em algo que pareça brincadeira. É mesmo possível? Bogost pensa que é, mas provavelmente não da maneira como pensamos.

As micro-pausas - intervalos curtos e frequentes ao longo do dia - podem ser tão ou mais benéficos quanto os intervalos longos. Pode ser qualquer coisa, desde levantar, conversar com um colega de trabalho por dois minutos ou até mesmo tomar um café. Há um fenômeno psicológico chamado Troxler Fading, quando a atenção contínua a um objeto que não se move pode fazer com que ele "desapareça" da nossa visão. No entanto, os pesquisadores agora acreditam que a mesma coisa pode acontecer quando nos concentramos demais em uma única tarefa. Nossos corpos começam a desejar movimento e nossa atenção vacila. As micro-pausas impõem pequenas interrupções para reiniciar o cérebro e podem ter um impacto poderoso na produtividade. Aqui estão algumas sugestões. Experimente o exercício 20/20/20 para reduzir a pressão ocular: a cada 20 minutos, observe um objeto a pelo menos 6 metros de distância de você por pelo menos 20 segundos. Ajuda a reduzir a fadiga ocular e evita dores de cabeça, no pescoço e nas costas.

Música clássica para manter o foco. A playlist Mozart: Classical Music for Studying é a dica de hoje.

Viver

A temperatura mundial média de 2015 a 2019 caminha para se tornar a maior de qualquer período de cinco anos já registrado na história, anunciou a ONU. O mês mais quente da história foi julho de 2019, quando várias ondas de calor afetaram a Europa. Os últimos dados confirmam a tendência dos quatro anos anteriores, que já foram os mais quentes desde 1850, quando a temperatura média mundial começou a ser registrada. O relatório faz um balanço da falta de ação dos Estados para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e foi publicado dois dias depois das grandes manifestações de estudantes pelo clima em todo o planeta e na véspera do encontro de líderes mundiais em Nova York para a Assembleia Geral anual da ONU. Os cientistas afirmam que o aumento do nível dos oceanos acelerou e o ritmo subiu na última década a quatro milímetros por ano, em vez de três, em consequência do derretimento acelerado das calotas polares no Norte e Sul, algo confirmado por diversos estudos e análises de satélite. As emissões de gases do efeito estufa também aumentaram e em 2019 serão ‘no mínimo tão elevadas’ quanto no ano passado, preveem os cientistas que coordenaram o relatório. No atual estágio dos compromissos dos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, o planeta ficará de 2,9ºC a 3,4ºC mais quente até 2100 (Folha).

E Greta Thunberg, 16 anos, explica nesse TED por que, em agosto de 2018, saiu da escola e organizou uma greve pela conscientização sobre o aquecimento global, protestando fora do parlamento sueco e chamando a atenção do mundo. “Tudo o que precisamos fazer é acordar e mudar”, diz Thunberg.

Por falar nela... como são os jovens que, inspirados pela adolescente sueca, disseram basta à destruição do planeta (El País).

Cultura

Emmy 2019. Veja os vencedores. Game of Thrones levou na categoria melhor série dramática. A melhor mini-série foi para Chernobyl, também da HBO. Fleabag venceu como melhor série de comédia. RuPaul's Drag Race ganhou o prêmio como melhor série de competição.

Peter Dinklage, o Tyrion de GOT, bateu recorde. O astro levou a categoria de Melhor Ator Coadjuvante em Série de Drama pela quarta vez.

Cotidiano Digital

Em menos de 24 horas, o YouTube voltou atrás em sua decisão de cassar o selo de verificação de milhares de canais. Diferentemente das outras redes, por anos o YouTube manteve por critério, para conceder o selo de verificação, que o canal atingisse 100 mil assinantes. Ao anunciar condições mais rígidas, na quinta, saiu tirando selos — muita gente berrou. O selo, que serve para confirmar a identidade de alguém conhecido, é também um símbolo de status. A empresa voltou atrás, mas não de todo. A rede de vídeos vai confirmar que cada canal com o selo seja autêntico. É para evitar que personalidades tenham suas identidades roubadas por dissimuladores — ou golpistas.

O governo Donald Trump pressiona o Brasil a proibir participação da chinesa Huawei na implantação de estrutura 5G. A Anatel não deve ceder à pressão. (Estadão)

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