Prezadas leitoras, caros leitores —

Esta é a primeira edição do Meio de 2020. Estamos de volta — feliz ano novo. Agora, vamos até a virada para 21. No século passado, os anos 20 foram marcados pelo jazz e pelo modernismo, revoluções culturais e agito, melindrosas, cabelos curtos, a explosão do cinema e uma alegria imensa de viver na sequência à Grande Guerra. Que estes nossos, cem anos depois, tenham toada semelhante é o nosso desejo.

— Os editores.

No ano novo, um Brasil com menos crença na democracia

Para 62% dos brasileiros, a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo. O levantamento é do Datafolha, que ouviu 2.948 pessoas em 176 municípios, entre 5 e 6 de dezembro últimos. O número era maior da última vez em que a pergunta foi apresentada, a uma semana do primeiro turno, em 2018. Naquele outubro, 69% preferiam a democracia a qualquer outro. Na época, 13% afirmavam que tanto fazia se o governo era democrático ou ditatorial. Agora, 22% o afirmam. A percepção da democracia é melhor conforme aumentam renda ou escolaridade. 85% daqueles com nível superior e 81% dentre os com renda familiar superior a dez salários defendem o regime democrático. A mesma defesa é feita por 48% de quem tem apenas o ensino fundamental e 53% de quem ganha até dois salários por mês. Mas a opinião não varia muito de acordo com a percepção que o entrevistado tem do governo Jair Bolsonaro. 61% dos que avaliam o presidente como ótimo ou bom defendem a democracia, assim como 62% dos que o consideram ruim ou péssimo. (Folha)

Elio Gaspari: “Começa o ano capaz de filtrar o que o eleitorado quis dizer em 2018 e isso será percebido em outubro, depois da eleição municipal. Houve um voto contra o PT, mas houve também um voto hostil aos políticos. Até aí, nada de novo, mas 2018 elegeu Wilson Witzel para o governo do Rio, Romeu Zema para o de Minas Gerais e Eduardo Leite para o do Rio Grande do Sul. Todos encarnavam o novo. Witzel, com sua necropolítica, nada tem a ver com Zema e Leite. (João Doria ficou no meio termo. Pode assemelhar-se a Witzel às segundas, quartas e sextas e à dupla mineira e gaúcha às terças, quintas e sábados.) Esses governadores tão diferentes refletiram o resultado geral de 2018. São Paulo elegeu Tabata Amaral para a Câmara e o major Olímpio para o Senado. O antipetismo pode explicar a eleição de todos eles, mas isso não é suficiente. O ronco da rua entronizou tanto o novo como o atraso e é provável que em outubro esses dois ingredientes sejam separados. Faltam dez meses para o pleito e só uma coisa é certa: as caciquias estão mais perdidas do que surdo em sinfonia. Depois de um ano de governo do capitão Bolsonaro, estuário de todas as insatisfações de 2018, parece claro que ele consolidou uma base de apoio com sua política de liberalismo econômico no andar de cima e, no andar de baixo, com sua cruzada no campo dos costumes. A paixão da campanha dissolveu-se, e o exercício do poder mostrou a Paulo Guedes que não se prensa o Congresso e a Ricardo Salles que a piromania custa caro ao verdadeiro agronegócio. Bolsonaro mudou pouco, mas não é o mesmo que prometia ‘botar um ponto final em todos os ativismos no Brasil’. Convive com os ativistas, com as instituições e, por menos que goste, até com o Ministério Público. Em 2018 uma tempestade varreu a política brasileira. No que se supunha que seria o novo, veio junto uma carga de mediocridade e atraso. A eleição de outubro poderá separar o atraso.” (Globo ou Folha)

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Pelo terceiro ano consecutivo, os economistas começam o ano otimistas e projetam um crescimento acima de 2% para a economia brasileira. Nos últimos dois anos as projeções para o PIB acabaram frustradas. No final final de 2017, o mercado vislumbrou um crescimento de 2,55% do país no ano seguinte. Ficou em 1,2%. A expectativa do BC para 2019 era de 2,4%. Ainda não há um número oficial, mas deve ficar em 1,2% novamente. Previsão para 2020: 2,2%. Dessa vez os analistas acreditam que com a taxa de juros em nível histórico de 4,5%, o consumo continuará sendo impulsionado, o que já garantiria pelo menos um crescimento de 1%. Porém, um possível fim da guerra comercial entre EUA e China e a crise na Argentina são alguns fatores que poderiam desacelerar esse cenário e decepcionar mais uma vez. (Folha)

Está rachando a Frente Integralista Brasileira, sucessora da AIB que, nos Anos 1930, representou o movimento fascista no país. Seu alto-comando repudiou o atentado feito com coquetéis molotov contra a sede da produtora Porta dos Fundos, na véspera de Natal. A Polícia Civil do Rio identificou o presidente da FIB no estado, Eduardo Fauzi Richard Cerquise, como um dos suspeitos. De acordo com José Fucs, Fauzi foi expulso pela direção e, dentro do grupo, há quem se queixe da decisão. (Estadão)

Pois é... Fauzi é considerado foragido pela polícia. Em sua casa, uma operação encontrou livros do escritor Olavo de Carvalho e Plínio Salgado, fundador do movimento integralista. Ligado ao negócio do estacionamento irregular no Rio, ele divulgou ontem um vídeo em que reforça críticas aos humoristas que produziram, para a Netflix, um especial de Natal que representa Jesus como homossexual. A gravação foi feita dentro de uma casa e ele chegou a dizer para amigos que estava em Florianópolis. A investigação, que analisou mais de 50 câmeras da região em que fica a produtora, diz que Eduardo Fauzi participou e filmou o ataque no dia 24 de dezembro com mais quatro pessoas. Todos estavam encapuzados, mas Fauzi foi o único que fugiu com o rosto descoberto. Ele tem antecedentes criminais e responde a processos por ameaça, agressão contra mulher, lesão corporal e formação de quadrilha. (G1)

Carlos Ghosn, o executivo que da prisão domiciliar no Japão tomou um jato e fugiu, teria se encontrado com o presidente do Líbano logo ao chegar no país. O ex-presidente da Nissan teria pedido proteção e segurança do governo. O executivo nascido no Brasil recebeu apoio da população libanesa, país de sua origem familiar, desde que foi preso em 2018. Ele é acusado de sonegar mais de US$ 80 milhões na receita da Nissan e ter desviado recursos da montadora. Ghosn teria contratado uma empresa de segurança para fugir de sua residência que era monitorada pela justiça japonesa. O Líbano foi o país escolhido por não ter um tratado de extradição com o Japão e ainda ter um sistema judiciário que pode ser mais favorável e menos rigoroso que o japonês. (G1)

Cultura

10 séries que estreiam em 2020 e que estão entre as mais esperadas. Uma delas é The Outsider (12 de janeiro), da HBO. Baseada no livro de Stephen King, tem 10 episódios.

Na música, uma das apostas é Billie Eilish, a cantora e compositora americana, de 17 anos. Em 2020, ela embarca para sua primeira turnê mundial: serão 42 shows em três continentes. No último dia 12 de dezembro, em cerimônia realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos, levou para casa o troféu de Mulher do Ano concedido pela revista Billboard, a publicação sobre música mais conceituada do mercado....

Nos cinemas, Frozen 2, Mulher-maravilha 1984 e O Farol estão na lista de estreias. Um dos filmes que deve ser manchete em 2020 é No Time To Die, o 25º do espião James Bond que integra o cânone da franquia marcará a saída do ator britânico Daniel Craig do papel. O trailer foi lançado em dezembro e há muitas especulações sobre o próximo a interpretar o famoso agente secreto.

E os games mais aguardados de 2020. Confira a lista do IGN.

Enquanto isso, no Spotify... a americana Lizzo, o colombiano J Balvin e a espanhola Rosalía estão na playlist de Barack Obama, ex-presidente dos EUA. Nomes mais conhecidos como Beyoncé, Alicia Keys e Bruce Springsteen também foram lembrados.

E segundo um levantamento, Anitta foi a artista mais procurada nos sites de busca em 2019 no Brasil. Veja outros resultados.

Galeria... Leon Tolstoy passeando com sua neta, Yasnaya Polyana, e outras imagens de um dos principais nomes da literatura mundial.

Viver

O casamento gay cresce no Brasil em meio à onda conservadora, enquanto na Espanha há cada vez mais energia renovável. Na China há mais mulheres universitárias, enquanto na África subsaariana há melhores casas. Uma lista com 49 boas notícias para começar 2020.

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A onda de incêndios na Austrália deixou dois novos mortos (pai e filho) e cinco desaparecidos. De acordo com cálculos do The Guardian, cinco milhões de hectares já foram arrasados desde novembro pelo fogo que assola o país. A situação do fogo se agravou nesta terça, quando 4.000 pessoas ficaram presas nas praias de Mallacoota, um pequeno município turístico no sudeste da ilha.

Pois é... ainda ontem, o governo da Austrália anunciou uma mega operação de resgate para ajudar milhares de pessoas que, fugindo dos incêndios que assolam vários dos locais turísticos, passaram a véspera do ano-novo refugiadas nas praias. Segundo especialistas, as temporadas de incêndios na Austrália serão cada vez mais longas e violentas pela mudança climática. Em dezembro, nos dias 17 e 18, o país registrou as temperaturas mais altas da história com médias máximas de 40,9 e 41,9 graus centígrados, respectivamente.

Por falar, em incêndio... o fogo matou mais de 30 macacos na Alemanha. Fotos de ontem pelo mundo.

Papa Francisco: “Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também. Peço desculpas pelo mau exemplo dado ontem”, disse o chefe da Igreja Católica, falando da janela do Palácio Apostólico na Praça de São Pedro, após uma fiel ter apertado sua mão com muita força e ele a ter rejeitado. A cena logo viralizou nas redes sociais.

Cotidiano Digital

Se prepare para ficar ainda mais conectado em 2020. Uma das tendências tecnológicas é a tão esperada expansão da rede 5G. A Samsung já começou a produzir smartphones compatíveis e a Apple deve lançar o seu primeiro iPhone 5G este ano. O aumento de velocidade deve tornar mais rápida a conexão entre diferentes aparelhos podendo popularizar tecnologias de carros autônomos, drones e robôs, por exemplo. Google, Amazon e Apple ainda têm trabalhado para criar um sistema comum que torne os seus assistentes virtuais compatíveis com qualquer aparelho inteligente dentro de casa. Óculos de realidade virtual e gadgets para prevenir ou diagnosticar doenças ou adotar estilo de vida mais saudáveis também são algumas das apostas de especialistas para 2020. E, claro, a guerra dos streammings só está começando e promete ganhar força com a entrada de Disney, HBO e Apple contra a Netflix.

Porém… algumas previsões feitas para 2020 continuarão apenas como promessas. A meta do Uber, por exemplo, era lançar até este ano um serviço de carros voadores, mas já estendeu para 2023. O “super smartphone” da Huawei, os carros autônomos da Toyota e os chips de computador sem consumo de energia da Intel também devem ficar para outro ano.

Os californianos já podem optar por permitir ou não que as empresas vendam seus dados, comumente usados para anúncios personalizados. A Lei de Privacidade do Consumidor é a mais rígida dos EUA e obriga que cada site ou aplicativo disponibilize um botão para proibir que os dados do cliente sejam vendidos. Em lojas físicas, as novas regras devem estar em placas e instruções. O consumidor ainda pode pedir para que as empresas entreguem uma cópia de todas as suas informações armazenadas e quais foram as inferências que as companhias fizeram sobre seu comportamento, mas a lei ainda gera dúvidas, principalmente sobre a definição do que seria “venda”. Facebook e Google, as principais plataformas usadas pelas empresas, já criaram ferramentas ou têm incentivado os seus anunciantes a cumprirem a lei. (Globo)

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