Coronavírus faz 106 vítimas e derruba bolsas mundiais

O número de mortos por coronavírus na China chegou a 106. Ontem, um homem de 50 anos se tornou a primeira pessoa a morrer por causa da doença em Pequim. Já há 4.515 infectados. Em uma tentativa de conter a propagação da doença, o governo chinês suspendeu as comemorações do Ano Novo Lunar e estendeu o feriado até o dia 2 de fevereiro. Grandes empresas fecharam as portas ou disseram aos funcionários para trabalhar de casa.

É o caso da Apple, que diminuiu os horários de atendimentos em suas lojas pela China, o que também pode resultar em menos vendas no país. A sua fornecedora Foxconn estendeu o feriado do Ano Novo chinês para os seus funcionários não retornarem às fábricas em Wuhan.

E as Bolsas mundiais mergulharam em perdas. O Ibovespa encerrou o dia com queda de 3,29%, a maior em 10 meses. A pressão ficou concentrada nos papéis ligados a commodities e exportações: Vale, Petrobras, Gerdau, CSN e Suzano perderam R$ 33 bilhões em valor de mercado. A queda levou o dólar a R$ 4,22, tornando o real a sexta moeda com maior desvalorização no dia. A Bolsa de Tóquio fechou com queda de 2,03% — a maior em cinco meses. As Bolsas europeias também operaram em queda. Enquanto Nova York registrou perdas em torno de 1,6% para Dow Jones e S&P 500 e de 1,9% para o Nasdaq.

Um dos setores mais diretamente afetados foi o do turismo. O grupo de companhias aéreas IAG (que inclui a British Airways, a Iberia, a Vueling e a Air Lingus, entre outras) registrou perdas  de 5%, enquanto a agência de viagens online eDreams ultrapassou 7%. O setor hoteleiro não se livrou do pânico dos investidores: a Meliá Hotéis caiu cerca de 5% e a Amadeus, provedora de soluções de tecnologia para empresas de turismo, perdeu mais de 6%.

James Griffiths sobre a resposta da China: “A escala sem precedentes da resposta está relacionada ao tamanho da China. Uma paralisação deste vulto nunca foi instaurada no país antes, nem mesmo durante a epidemia de SARS, em 2003. O custo é altíssimo, e não apenas em trabalho humano ou fundos, mas também pelo impacto na economia. Que a China possa fazer algo assim é graças a uma liderança centralizada e que concentra poder. É fundamental que o comando do país não erre.” (CNN)

Especialistas dizem que ainda é cedo para medir o real efeito que o coronavírus irá deixar na economia, mas que algum impacto é certo.O FMI previa, em 20 de janeiro, que a China cresceria 6% neste ano. Em 2019, o país cresceu 6,1%, seu pior índice em 29 anos. Para a S&P, o crescimento do PIB chinês pode cair cerca de 1,2 ponto percentual em 2020 caso os gastos de consumo, especialmente em transporte e diversão, caiam 10%. Ou seja, considerando a previsão do FMI, o PIB chinês poderia avançar só 4,8% em 2020. Analistas avaliam que o dano econômico pode se assemelhar ao causado durante a epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave), que deixou centenas de mortos em 2003. Naquele ano, o país desacelerou de 11,1% a 9,1% entre o primeiro e o segundo trimestre. No ano, cresceu 10%. (Folha)

E a OMS corrigiu sua avaliação do risco do coronavírus, considerando elevado para o nível internacional, depois de tê-lo descrito como moderado por "erro de formulação".

Não foi por falta de previsão...Teve uma startup canadense de inteligência artificial que alertou os seus clientes do setor da saúde sobre o coronavírus. O sistema da Bluedot analisa, filtra e interliga notícias globais, dados de companhias aéreas e relatórios de surtos de doenças animais pelo mundo.

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O Ministério da Educação informou, em nota, que suspendeu as inscrições no Prouni. Estavam previstas para iniciarem hoje, dependem do resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), cuja divulgação dos resultados, também prevista para hoje, está suspensa. Em sua decisão, na última sexta-feira (24), o Tribunal Regional Federal da 3ª Região pede que o MEC comprove que os erros no Enem 2019 já foram solucionados. Na noite desta segunda, o governo recorreu da decisão por meio da Advocacia-Geral da União. Ainda em comunicado, o MEC diz que está disponível a consulta às informações referentes às 251.139 bolsas relativas ao primeiro processo seletivo do Prouni de 2020 no site do programa. (O Globo)

E qual é seu nível de ansiedade? Faça o teste e descubra. (Galileu)

Política

Explodiu ontem, no Senado americano, a notícia sobre um livro por sair do ex-assessor de Segurança Nacional, John Bolton. Em The Room Where it Happened (Amazon), Bolton afirma ter ouvido do presidente Donald Trump que sua intenção, ao segurar verbas destinadas à Ucrânia, era forçar o país a anunciar publicamente uma investigação relacionada ao ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho, Hunter Biden. É justamente pelo uso indevido do poder presidencial para atacar um de seus possíveis adversários na eleição que corre o processo de impeachment. E é a primeira vez que alguém afirma ter ouvido do próprio Trump que esta era a justificativa. Em pré-venda, o livro sairá em março. (New York Times)

No momento, os senadores ouvem os advogados de defesa do presidente. Na sequência do processo, terão de decidir se ouvirão ou não testemunhas. A possibilidade de Bolton confirmar que o caso é verdade põe os republicanos contra a parede. Ninguém espera que o partido, com maioria na Casa, afaste de Trump do cargo. Mas há temor de que a declaração pública force alguns senadores republicanos a votar pelo impeachment, enfraquecendo a candidatura à reeleição do presidente. (New York Times)

Para Sergio Moro, sua nomeação para o STF seria um passo natural na sua carreira. Em entrevista ao Pânico, o ministro disse há outros nomes como alternativas para serem indicados por Jair Bolsonaro, mas que gostaria da vaga do ministro Celso de Mello, que se aposentará este ano — é a primeira vez em que declara formalmente desejar entrar nesta vaga. Moro ainda negou ter pretensão de se tornar candidato em 2022. O ministro disse que por lealdade, apoiaria a reeleição de Bolsonaro. É a maior preocupação do presidente. (Jovem Pan)

Pois é. Um dos cotados para o STF só tem 13 anos de formação em Direito. O ministro Jorge de Oliveira, o Jorginho, que Bolsonaro cogita indicar, tem um pouco mais de seis anos de OAB. (Época)

O Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal que abra inquérito criminal contra o secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten. Há suspeita de corrupção passiva e desvio de recursos públicos. Em seu cargo, Wajngarten beneficiou empresas como as redes de TV Record e Band, além de agências de publicidade, que são clientes e pagam valores mensais a uma empresa da qual ele é o principal dono. (Folha)

Sob seu comando, a Secom beneficiou clientes da empresa do secretário e emissoras religiosas, apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro. Com Wajngarten, a Globo, que é criticada pelo governo, foi excluída da divisão de verbas para a campanha da reforma da Previdência. Antes, ela recebia R$ 1,9 milhão a mais do que suas concorrentes devido a sua maior audiência. Com a mudança, Record, Band e SBT receberam no total R$ 13 milhões. As duas primeiras têm contratos com a empresa de Wajngarten e a última tinha até o ano passado. Outra mudança feita pela gestão foi incluir verba de R$ 1,8 milhão para 12 emissoras de conteúdo religioso, católico e evangélico. (Folha)

Outro ministro envolvido em polêmicas é Abraham Weintraub. Os problemas com o Enem e a suspensão do Sisu levantou a possibilidade de ele ser substituído. E o indicado poderia ser o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni. Segundo Vera Magalhães, ele se encontrou com Olavo de Carvalho, que é conhecido por endossar os representantes do MEC. (BR Político)

Augusto Aras da PGR travou investigação dos emails de Marcelo Odebrecht. Aras estaria tendo um cuidado maior na análise antes de abrir investigação devido a menções de integrantes do Judiciário. As mensagens foram entregues ano passado e entre as figuras identificadas estão o presidente do STF Dias Toffoli e ministros do TCU. (Globo)

Enquanto isso… A Lava Jato já recuperou pelo menos R$ 76 milhões com leilões de bens apreendidos. O valor equivale a 135 leilões de casas, apartamentos, carros e bens de luxo de políticos, executivos e doleiros. (Globo)

O ex-presidente Lula sondou o governador maranhense Flávio Dino sobre a possibilidade de ele retornar ao PT para se colocar como candidato à presidência em 2022. De acordo com Gustavo Schmitt, a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, também participou da reunião, que ocorreu na sede da CUT, em São Paulo. A conversa não foi ainda formal, o PT segue trabalhando com uma reedição da candidatura de Fernando Haddad, mas Lula e Dino devem ter novo encontro nas próximas semanas. (Globo)

O convite tem contexto... Na semana passada, o governador, que hoje está no PCdoB, admitiu ter conversado com o também candidato a candidato Luciano Huck. “Prefiro dialogando comigo do que dialogando com Bolsonaro”, afirmou em entrevista. O apresentador gostaria de tê-lo como vice de uma chapa. (Folha)

Cultura

Semana de lançamentos na Netflix. Um dos destaques é a última leva de episódios da animação BoJack Horseman. Os últimos episódios entram no catálogo na sexta-feira, 31. No mesmo dia estreia Miss Americana, um documentário sobre a cantora norte-americana Taylor Swift.

Por falar em Netflix, a empresa adquiriu os direitos do filme sobre a lenda da música Leonard Bernstein (1918-1990). Segundo o Deadline, o filme será produzido, dirigido e estrelado pelo ator Bradley Cooper. Ele estará acompanhado na produção por Martin Scorsese e Steven Spielberg. Todd Phillips, com quem Cooper trabalhou recentemente como coprodutor em Coringa (2019), também participará do projeto.

Leonard Bernstein foi uma das personalidades musicais mais importantes do século XX. Ele se apresentou com quase todas as principais orquestras do mundo, mas foi com a Filarmônica de Nova York que ele deixou um legado na educação musical. Através da série Young People’s Concerts (concertos para a juventude), televisionada para todo país, foi um dos principais agentes da popularização da música de concerto no pós-guerra.

Got 'Mambo'? Uma playlist para fãs e iniciantes.

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Homenageados na 23ª Mostra de Tiradentes, Antonio Pitanga, ao lado da filha, Camila Pitanga, fala em entrevista ao El País sobre ancestralidade, família e o poder da cultura. O evento acontece na cidade mineira de 24 de janeiro a 1º de fevereiro, com a missão de apontar os caminhos que o cinema brasileiro deve trilhar. Pela primeira vez, a mostra reverencia uma família, e uma família emblemática: ela, uma das atrizes mais populares do país, transitando entre novela e cinema, sendo uma das primeiras protagonistas negras na televisão. Ele, o ator mais importante do Cinema Novo e cocriador do cinema moderno brasileiro.

Antonio Pitanga: “Eu vim do nada, mas no nada havia cultura. Eu aprendi todos os ofícios, fui sapateiro, alfaiate, carpinteiro, linotipista... Mas queria uma profissão que me desse cidadania. E foi a cultura que me deu meu passaporte cidadão”.

Camila Pitanga sobre o pai: “Ele e os de sua geração souberam dançar e vibrar o que tinham de melhor para mudar a chave. Acho que isso é inspirador. Como diz Caetano Veloso, é preciso estar atento e forte”.

Cotidiano Digital

O YouTube vai acirrar a disputa pelo mercado de eSports. A empresa comprou os direitos de exibição de Call of Duty LeagueOverwatch LeagueHearthstone. As três, que pertecem a Activision Blizzard, usavam antes o Twitch, plataforma de games da Amazon e somavam milhões de horas de exibição. O Twitch ainda lidera o mercado de streaming de eSports, mas a compra sinaliza um avanço e um possível diferencial do YouTube: atrair milhões de espectadores por meio da transmissões das ligas.

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