Governo solta, enfim, auxílio de R$ 600
O presidente Jair Bolsonaro passou o dia sem aparecer. Não se deteve à porta do Alvorada como faz quase toda manhã e, esperado na coletiva que a equipe econômica preparou para às 9h, no Planalto, de última hora achou por bem não ir. Assumiu o comando o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Tendo ao lado Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, Onyx anunciou, enfim, o auxílio emergencial de R$ 600, que será pago por três meses, a quem mais precisa. Para receber, informais, autônomos, desempregados e aqueles registrados em MEIs devem se cadastrar no site ou baixar o app — para Android ou iPhone. Quem não tiver conta em banco poderá criar uma, livre de taxas ou outros custos, na Caixa. A expectativa é de que até 30 milhões de pessoas o façam. Um acordo do governo com a Febraban garante que o dinheiro depositado não será usado para cobrir pendências anteriores. A expectativa é de que o valor comece a ser liberado a partir da quinta-feira. (G1)
Pelo menos 21 milhões de pessoas, e microempresários e trabalhadores formais pobres, precisam de ajuda e não estão contemplados pelo programa. (Globo)
Bolsonaro não se mostrou pessoalmente, mas passou pelo Twitter — foram cinco os tuítes, ontem. Três em defesa do uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Um com desejos de pronta recuperação para o premiê britânico Boris Johnson. O quinto foi resposta ao ex-candidato à presidência, Fernando Haddad. “Nunca tinha visto um presidente se colocar em situação tão humilhante”, escreveu o petista. Se referia ao recuo de Bolsonaro, que perante pressão de todas as instituições decidiu não demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A resposta de Bolsonaro não foi por escrito. Mandou uma foto do ex-presidente Lula cercado por policiais federais durante o enterro de seu neto. (Twitter)
Pois é... Segundo um estudo realizado no Twitter entre 17 de março e 4 de abril, o bolsonarismo está perdendo espaço na plataforma. Nos tuítes com maior engajamento, 71% foram negativos ao presidente e 20,5%, positivos. O restante, neutro. (Núcleo)
Ainda assim... A coletiva dada por Mandetta no Ministério da Saúde, quando confirmou a sua equipe que permaneceria no cargo, deixou o presidente mais irritado, conta Bela Megale. Bolsonaro acho que seu ministro não baixou o tom. (Globo)
Carlos Andreazza: “Jair Bolsonaro — acuado — radicalizará. O exame dos padrões de seu comportamento assim indica. Ele pode estar mesmo isolado — mas é a publicidade desse isolamento, sinal externo de fraqueza, o que mobiliza a reação do reacionário que governa o Brasil. A ideia de que estaria isolado e sem força para demitir um auxiliar, de que Mandetta lideraria um governo paralelo garantido por generais, de que o presidente, tutelado, já seria uma espécie de rainha de Inglaterra — isso consiste em cenário a que um populista autoritário como Bolsonaro, um girassol cujo norte é o calor das redes, não se submete. Reagirá. Radicalizará.” (Globo)
Boris Johnson passou a segunda noite seguida em UTI. Os médicos precisaram incrementar sua oxigenação, por dificuldades respiratórias — mas seu gabinete nega que o premiê esteja com pneumonia ou que tenha utilizado ventilação artificial. Na ausência de um vice legal, seu substituto no governo, o chanceler Dominic Raab, não tem autoridade para tomar a maior parte das decisões sem que o colegiado de ministros concorde. Há apreensão no combate à pandemia pelo governo se ele permanecer afastado por muitos dias. (Guardian)
Enquanto isso, nos EUA, o presidente Donald Trump comprou uma briga com a Organização Mundial de Saúde. Suspendeu os pagamentos que o país faz à entidade e a acusou de fazer o jogo da China na geopolítica. Trump acusa a OMS de não ter dado o alerta sobre a pandemia cedo o suficiente. Em verdade, o alerta veio cedo, mas o governo americano, com o britânico e o italiano, esteve entre os que diminuíram sua importância. (New York Times)
Cultura
No domingo de Páscoa, Andrea Bocelli, um dos tenores mais famosos do mundo, se apresentará na Catedral de Milão vazia em um concerto transmitido ao vivo. O cantor italiano será acompanhado apenas pelo organista da catedral, Emanuele Vianelli, tocando um dos maiores órgãos de tubos do mundo em um repertório de obras sagradas. O show será transmitido no canal do YouTube de Bocelli às 14h (horário de Brasília).
E 4 filmes de terror para assistir na Amazon Prime Video. Entre eles estão os clássicos O Bebê de Rosemary e Hellraiser.
Cotidiano Digital
As big techs estão disponibilizando dados de rastreamento para autoridades. Semana passada, o Google lançou documentos sobre o perfil de movimentação dos usuários em 131 países, incluindo o Brasil. Os dados, por exemplo, apontaram que o movimento de parques, comércio e locais de trabalho teve queda de até 70%. O Facebook foi além e anunciou um conjunto de mapas globais que rastreia a disseminação da doença, além de uma ferramenta de pesquisa para identificar pontos de acesso de coronavírus. Essa ferramenta ainda conta com um índice de conexão social, que mostra a probabilidade de duas pessoas se tornarem amigos no Facebook. Para especialista, comunidades com laços sociais mais fortes se recuperam mais rápido. A ideia das empresas é que, com esses dados, seja possível saber onde está ou não funcionando as políticas de quarentenas.
A WeWork está processando o Softbank. A startup alega que o grupo de investimento quebrou o contrato ao desistir de comprar US$ 3 bilhões em ações da empresa. O valor fazia parte de uma série de ações que o Softbank faria para ajudar a reestruturar o WeWork, que fracassou em seu IPO. Segundo o grupo japonês, a compra foi cancelada porque a startup não cumpriu as metas de performance. Mas o Softbank é, hoje, o principal investidor em startups de tecnologia do mundo. A WeWork é uma das principais responsáveis pelo prejuízo de US$ 8,9 bilhões do Softbank no trimestre passado. O rompimento do contrato deixará meio Vale do Silício preocupado.