Prezadas leitoras, caros leitores —
Podemos estar (quase) todos em casa mas a sensação é de que as notícias não param. É uma crise política atrás da outra, o eixo central do governo Bolsonaro — Paulo Guedes e Sérgio Moro — instável como nunca antes. Enquanto isso, uma pandemia mortal ainda não mostrou, por aqui, sua pior face.
Amanhã, na edição de sábado que os assinantes premium recebem, nós contaremos a história do Centrão e vamos mapear seus líderes. Ao se aproximar deste grupo, alvo direto da Lava Jato, Bolsonaro muda radicalmente o que seu governo é. É também para agradar ao Centrão que nasceu a crise que pode terminar com a saída de Moro.
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Não é nosso hábito escrever tanto, vocês sabem. O importante é ir direto ao noticiário e nosso objetivo continua sendo um só: informar. Com concisão e correção, de forma apartidária, defendendo sempre a democracia liberal, sem nunca perder profundidade.
Uma coisa sabemos: sempre podemos contar com nossos leitores.
Muito obrigado.
— Os editores.
Diretor da PF exonerado; Moro ameaça sair
Foi publicada no Diário Oficial, hoje de manhã, a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A ameaça de demiti-lo desde ontem, por parte do presidente Jair Bolsonaro, disparou uma repentina crise política de grande impacto. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirma que só fica se tiver autonomia para escolher o substituto de Valeixo. Os generais palacianos tentam apagar mais este incêndio, enquanto presidente e seu ministro disputam uma queda de braço pública. De acordo com o DO, a exoneração ocorre a pedidos e inclui tanto a assinatura de Bolsonaro quanto a de Moro. (Poder 360)
Bolsonaro se sente ameaçado. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, acolheu o pedido de inquérito para investigar quem organizou e financiou as manifestações pró-golpe de Estado. De acordo com Gerson Camarotti, o círculo do presidente teme que a PF chegue próxima do Planalto. (G1)
Próximo mesmo. Segundo o jornalista Vicente Nunes, os investigadores estão perto de demonstrar o elo entre notícias falsas, seus patrocinadores, e o gabinete do ódio comandado por Carlos Bolsonaro. (Correio Braziliense)
Não é só. O Centrão, com o qual Bolsonaro busca costurar um acordo, também desejava a saída de Valeixo. (UOL)
Em paralelo, explodiu o conflito entre os generais palacianos e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O Plano Pró-Brasil, de obras públicas pelo país para disparar a economia, é descrito na área econômica como ‘Dilma 3’. (Estadão)
Aliás... A TV Record, alinhada ao Planalto, levou ao ar ontem uma reportagem de ataque a Paulo Guedes. (Poder 360)
Vera Magalhães: “O novo PAC mal-ajambrado que não agradou Paulo Guedes, a demissão de Luiz Mandetta e a consequente intervenção no Ministério da Saúde, o namoro com o Centrão e o anúncio de corte da cabeça do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, fazem parte do mesmo movimento: Jair Bolsonaro viu na pandemia do novo coronavírus uma chance para fazer o ‘seu’ governo, sem postos Ipiranga, sem concessões a superministros e sem levar desaforo (mesmo os imaginários) para casa. Será que tem cacife para isso? O presidente, como sempre, escolhe as piores horas para brigar com tudo e todos. Moro não é doido nem rasga dinheiro. Mas agora que ameaçou, uma vez mais, pedir demissão, é bom que esteja preparado para sair de fato, sob pena de ver queimar rapidamente o cacife que acumulou na Lava Jato na fogueira de reputações e bom senso do bolsonarismo.” (Estadão)
Bruno Boghossian: “Jair Bolsonaro nunca foi um defensor fervoroso do combate à corrupção. Jamais empunhou a bandeira do liberalismo econômico e tampouco conseguiu sustentar a retórica da nova política. Depois de fingir ser o que não é por mais de um ano, ele parece ansioso para inaugurar seu verdadeiro governo. O presidente sugere estar disposto a trocar o lustro dos superministros e o apoio do eleitorado lavajatista por uma atitude autossuficiente. Sobraria apenas um político de carreira, defensor da intervenção estatal na economia e afeito a manobras para blindar seus aliados. Bolsonaro testou os limites do próprio poder ao nadar contra a corrente na crise do coronavírus e apostar na demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. Agora, ele contraria Moro, Guedes e uma fatia de sua base eleitoral para fazer suas vontades em outras áreas. O presidente pode ter disfarçado mal, mas manteve o personagem por algum tempo. Agora, o Bolsonaro original de fábrica quer tomar posse.” (Folha)
Meio em vídeo: Explicamos a crise que pode terminar com a saída de Sérgio Moro. Assista. (YouTube)
José Sarney: “Nós estamos num labirinto sem saber que saída vamos encontrar. Debito muito das crises atuais aos erros da Constituição de 1988. Foi uma Constituição feita com os olhos no retrovisor. Mas ao mesmo tempo fizemos dois capítulos que asseguram a estabilidade do país, o dos direitos individuais e o dos direitos sociais. Ela é híbrida, é parlamentarista e presidencialista. Deu funções legislativas ao Executivo e funções executivas ao Legislativo. Isso cria a base dessa atual briga entre o Congresso e o Poder Executivo.” (Folha)
Cultura
Em apoio ao esforço global para manter todos em casa durante a crise do novo coronavírus, a BBC reuniu diversos artistas para o Live Lounge mais ambicioso de sua história. Em uma regravação de Times Like These, do Foo Fighters, o Stay Home Live Lounge juntou nomes como Dua Lipa, Chris Martin, Rita Ora, Ellie Goulding, Bastille, Royal Blood, 5 Seconds of Summer, Hailee Steinfeld, Sean Paul, Rag’n’Bone Man, Sigrid, Biffy Clyro, Sam Fender e Zara Larsson. Com produção de Fraser T. Smith, Dave Grohl também participou, assim como Taylor Hawkins, baterista da banda. A faixa estreou ontem, junto com o clipe da música que mostra todos os artistas envolvidos gravando participações de suas casas.
O que vocês estão lendo? O que recomendam? O que está na lista? Ontem foi o Dia Mundial do Livro e estas foram as respostas que recebemos pelo Twitter do Meio.
Cotidiano Digital
A internet está passando por uma de suas expansões mais rápidas em anos por conta das quarentenas. Para evitar falhas, diversas empresas estão atualizando e expandindo suas redes. A Netflix, por exemplo, quer instalar centenas de servidores extras no segundo e terceiro maiores hubs de cada região. O Zoom é outra que está monitorando a origem do tráfego para fazer parcerias com provedores de banda larga nesses locais e estabelecer conexões dedicadas. Na África do Sul, onde milhões de pessoas conseguem acessar a internet apenas por celulares, o governo está relaxando os regulamentos e abrindo para a internet seções do espectro de rádio anteriormente reservadas apenas para TV. Essas mudanças estão gerando resultados: a rede tem sofrido pequenas lentidões, segundo organizações que monitoram as velocidades de conexão ao redor do mundo.
As teles brasileiras criaram um site para os estados monitorarem o isolamento. Os dados coletados a partir do celular criam “manchas de calor” sobre os mapas para saber onde o isolamento está ou não funcionando. Por enquanto Rio Grande do Sul, Rio, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e os estados do nordeste vão usar o serviço.