STF ordena a Ministério que retome divulgação de números da Covid

O ministro Alexandre de Moraes ordenou, na noite de ontem, ao Ministério da Saúde que retome a divulgação dos dados relacionados à Covid-19 no mesmo formato que utilizava. Moraes respondeu a uma ação apresentada pela Rede, PSOL e PCdoB. “A Constituição consagrou expressamente o princípio da publicidade como um dos vetores imprescindíveis à administração pública”, afirmou em sua decisão. “É absoluta prioridade na gestão administrativa garantir pleno acesso às informações a toda a sociedade.” Ontem, no final da tarde, ainda no seu novo modelo de preferência, o ministério divulgou que haviam ocorrido 679 novas mortes confirmadas nas últimas 24h. Na segunda, as notificações costumam ser um pouco mais baixas do que a média da semana, mas a tentativa de ocultação promovida pelo governo alimenta a desconfiança e coloca em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.

A imprensa começou a fazer seu próprio balanço. G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL formaram parceria para buscar as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal. O balanço diário é fechado às 20h. Segundo o levantamento de ontem, o Brasil registrou 849 novas mortes e 19.631 novos casos de Covid-19 na segunda-feira. Ao todo, 37.312 brasileiros perderam a vida para a doença e 710.887 foram infectados. (G1)

Mais cedo, durante coletiva, a pasta prometeu que a nova plataforma trará detalhes específicos dos casos em estados e regiões, além do número total de mortes. Ainda não cumpriu. O site oficial do Ministério segue sem apresentar os números completos de casos e óbitos. Desenvolvedores, no entanto, mostram o caminho para ver os dados escondidos usando a função Inspecionar do navegador.

Davi Alcolumbre, presidente do Congresso Nacional: “Após reunião de líderes de hoje, ficou decidido que a Comissão Mista Especial de Acompanhamento do Coronavirus trabalhará com os dados estatísticos da pandemia fornecidos pelos estados e DF. É papel do parlamento buscar a transparência em um momento tão difícil para todos”. (Twitter)

Pois é... a alteração na divulgação dos dados foi uma decisão do presidente Jair Bolsonaro e do general Eduardo Pazuello, interino da pasta. Decisão que provocou um fissura na cúpula do Ministério. A Secretaria de Vigilância em Saúde, então comandada por Eduardo Macário, discordou das novas regras. Segundo Lauro Jardim, Macário, que estava como interino, deu lugar ao novo secretário, Arnaldo de Medeiros, indicado pelo Centrão. (Globo)

Bolsonaro tinha um único objetivo: mostrar que o número de mortes nunca esteve acima de mil por dia. Um vídeo do empresário Luciano Hang sugerindo uma ginástica para esconder os dados foi enviado pelo secretário-executivo da Saúde, coronel Elcio Franco Filho, para a sua equipe. Seu conteúdo foi noticiado pelo jornal Valor Econômico. Em essência, o Ministério vem divulgando apenas o número dos casos confirmados como sendo de Covid no mesmo dia da morte. Os outros casos não são contados no anúncio oficial.

Para especialistas, o governo atentou contra as leis de acesso à informação. Vão além: o caso pode configurar um Crime de Responsabilidade, aqueles que custam mandatos. (Estadão)

Editorial do Estadão: “Tivesse alguma coragem moral, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, teria pedido demissão ao receber a ordem para esconder os números relativos à pandemia de covid-19. Ao permanecer no cargo e cumprir a absurda determinação, Pazuello não apenas colaborou para desmoralizar ainda mais o Ministério da Saúde, como danificou a imagem das Forças Armadas, já que é militar da ativa e apresentado pelo presidente Bolsonaro como um dos sustentáculos militares de seu governo. Se não é, deveria deixar isso claro. Foi necessário afastar dois titulares da Saúde para que Bolsonaro finalmente encontrasse um ministro subserviente o bastante para transformar essa teoria da conspiração em política de governo.”

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Quarentenas, confinamentos e suspensão de aulas evitaram mais de 3 milhões de mortes na Europa por coronavírus. É o que aponta um trabalho conjunto de cientistas de cinco centros de estudo britânicos e um americano, publicado ontem na edição online da revista Nature. Os cientistas estimaram reduções na transmissão do coronavírus com base em dados combinados de 11 países europeus, do início da pandemia no continente até 4 de maio de 2020, quando começaram a flexibilizar medidas de isolamento. (BBC)

Por falar em flexibilização, as autoridades de Nova York reabriram ontem a cidade na chamada primeira fase. Cerca de 400.000 trabalhadores retornaram aos trabalhos, mas o que não se sabe é se os protestos em andamento contra a violência policial impactarão o número de casos. Demora cerca de 10 a 14 dias para que novas infecções apareçam nos dados, em parte devido ao tempo que as pessoas levam para fazer o teste e para que seus resultados sejam registrados. (Time)

E agora, seis meses depois de detectados os primeiros casos de Covid-19, o que os cientistas já descobriram sobre como conter a doença? Quando o assunto é contenção, um problema enorme continua: a habilidade caótica e singular do vírus de se deslocar pela população, às vezes desencadeando doenças fatais, mas na maior parte do tempo produzindo apenas sintomas moderados ou até mesmo nenhum sintoma. (BBC)

A OMS publicou recentemente uma síntese sobre Covid-19 incluindo transmissão por sintomáticos, pré-sintomáticos e assintomáticos que causou certa confusão sobre os termos. Nessa síntese, disseram: 'Estudos abrangentes sobre a transmissão de indivíduos assintomáticos são difíceis de conduzir, mas as evidências disponíveis do rastreamento de contatos relatadas pelos Estados-Membros sugerem que indivíduos infectados assintomáticos têm muito menos probabilidade de transmitir o vírus do que aqueles que desenvolvem sintomas". Os “pré-sintomáticos” são pessoas que estão infectadas pelo vírus, mas ainda não desenvolveram sintomas da doença. Elas já transmitem a doença. Os assintomáticos são aqueles que pegaram o vírus, não desenvolveram nenhum sintoma e nem desenvolverão.

Hora de Panelinha. E salada boa mesmo tem que ter molho gostoso. A fórmula do molho italiano é básica: 1 medida de ácido para 3 medidas de azeite. Aí dá para variar com caldo de limão ou outra fruta cítrica, vinagre de vários tipos e até nas ervas frescas e temperos secos. Outro clássico é o molho de alho e limão, um coringa que dura três dias na geladeira. E o vinagrete de Shoyu, pra deixar a salada saborosa e ainda com um toque oriental.

O funeral de George Floyd, assassinado por um policial nos EUA, será transmitido hoje ao vivo de Houston. (CNN)

Política

Na avaliação do Planalto, os protestos pró-democracia e contra o governo ainda não ganharam volume mas podem dar visibilidade à ideia de uma frente ampla. A estratégia governista será de inviabilizar um caminho de oposição pelo centro, que aglutine grupos demais, forçando a polarização com o PT. O presidente Jair Bolsonaro deve aumentar o tom contra o partido de Lula e ignorar outras críticas, na esperança de que não ganhem tamanho. (Folha)

O governador cearense Camilo Santana participou, ontem, do Roda Viva. Ele é uma das vozes dentro do PT favoráveis à união com as outras forças políticas. “Acredito que o ex-presidente Lula está equivocado nessa postura”, afirmou Camilo, a respeito da decisão da cúpula petista de não assinar qualquer manifesto. “A gente tem que deixar de pensar no passado, todos aqueles que acreditam na democracia, que está em risco no Brasil, têm que se unir.” Assista.

O governo se move para apaziguar o escritor Olavo de Carvalho, que no sábado atacou o presidente Jair Bolsonaro por querer dinheiro para a indenização de R$ 2,8 milhões que a Justiça o condenou a pagar por difamação ao músico Caetano Veloso. O olavista mais próximo do presidente, Filipe Martins, foi promovido a assessor-chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais. Antes ele era assessor-adjunto. Martins é percebido, no Planalto, como um dos principais integrantes do chamado gabinete do ódio, grupo de assessores ligados ao vereador Carlos Bolsonaro que promove ataques e desinformação pelas redes sociais. (Estadão)

Pois é... Mas nada jamais é tão simples em relação às intempéries do guru do bolsonarismo. Autorizado pelo presidente a promover uma vaquinha entre empresários para acudir Olavo, Luciano Hang da Havan está ouvindo muitos nãos, informa o Painel. Flávio Rocha da Riachuelo, Sebastião Bomfim da Centauro, Edgard Corona da SmartFit, todos leais bolsonaristas, não estão participando. O escritor chamou Hang de ‘palhaço’ que se veste de Zé Carioca, aludindo a seu terno verde. (Folha)

O Tribunal Superior Eleitoral julga hoje duas ações contra a chapa Bolsonaro-Mourão, vencedora da última eleição presidencial. Ambas tratam do mesmo caso: hackers teriam invadido a página Mulheres Unidas contra Bolsonaro, que tinha 2,7 milhões de participantes no Facebook, e mudaram seu título para Mulheres com Bolsonaro. Posteriormente, o atual presidente divulgou no Twitter como se fosse apoio real. Por falta de provas que liguem a campanha ao hack, o caso deve ser arquivado. O tribunal está limpando a agenda para encarar à frente um possível caso de cassação baseado no uso de fake news para promover o candidato que, neste caso, pode ir à frente. (Globo)

O Exército Brasileiro fechará parceria com a SIG Sauer, fabricante americana de armas, para fabricá-las no Brasil. A iniciativa vem em paralelo com pressão do filho presidencial Zero Três, um entusiasta da marca e percebido, no mercado, como seu garoto propaganda. Eduardo Bolsonaro visitou há duas semanas o general Alexandre Porto, diretor de Fiscalização de Produtos Controlados, de quem dependia a permissão. Os modelos serão fabricados pela Indústria de Materiais Bélicos do Brasil, Imbel, estatal ligada ao Comando do Exército. (Folha)

Cultura

Em 1964, os Beatles descobriram que fariam um show para uma plateia segregada em Jacksonville, na Flórida. E John, Paul, Ringo e George se recusaram a tocar. O dia em que os Beatles enfrentaram o racismo nos EUA nas palavras de Paul McCartney. Ele usou o Twitter para relembrar a história.

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Na HBO GO, uma série documental traz a história de pessoas que dedicam sua vida e todos os seus esforços a propósitos nobres, mudando assim a realidade de milhares de brasileiros.

Na Netflix, a série Perdida conta a história de uma menina de 5 anos, Soledad, que desaparece misteriosamente em Valencia quando estava brincando perto da praia próxima aos seus pais.

Cotidiano Digital

A Microsoft teria tido ajuda da Oracle para ganhar o contrato de computação em nuvem do Pentágono. Segundo o Information, em 2018, lobistas das duas empresas pressionaram políticos para não conceder o projeto JEDI a uma única entidade, a qual a favorita era a Amazon. No entanto, quando o Departamento de Defesa decidiu que seria apenas uma empresa, a Microsoft parou de argumentar e acabou ganhando o contrato de US$ 10 bilhões. Mas a decisão não caiu bem com Jeff Bezos. Desde então, a Amazon chegou a entrar na Justiça americana para interromper o trabalho da Microsoft com o Pentágono e ainda protocolou protestos no Departamento de Defesa alegando que o resultado foi injusto e tendencioso. Executivos das duas empresas ainda têm brigado por postagens nos seus blogs, cada um acusando o outro de distorcer a verdade.

Em 6 de julho chega o substituto do Google+. O Currents vai ser focado no ambiente empresarial para concorrer com plataformas de comunicação corporativa, como o Slack e Microsoft Teams, que vêm crescendo em meio as quarentenas.

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