Boicote global ameaça Facebook

Uma onda de boicote global ameaça seriamente a rentabilidade das redes sociais, a começar por Facebook e Instagram. A campanha, puxada pelas ONGs anti-preconceito americanas NAACP, que nasceu do movimento negro, e Anti Defamation League, que combatia originalmente o antissemitismo, puxou inicialmente marcas de moda esportiva que têm tradição de abraçar causas sociais — The North Face e Patagonia. Mas logo vieram o apoio da Unilever, a segunda maior anunciante do mundo, e também da telecom americana Verizon, uma das grandes no país. A elas se juntaram, ao longo do fim de semana, Coca-Cola, Starbucks, Honda e PepsiCo. Todas se comprometem a suspender toda publicidade nas duas redes por algo entre 30 dias e até o final do ano. Pedem mais ações contra racismo, discursos de ódio e desinformação. Algumas dessas empresas também incluíram o Twitter, Instagram, Snapchat e YouTube. (The Verge)

A suspensão fez Mark Zuckerberg perder R$ 39 bilhões e anunciar novas ações: começará a marcar postagens com discurso político que violem suas regras e tomará outras medidas para evitar a repressão a eleitores e proteger minorias contra abusos. Não é suficiente para os organizadores da campanha Stop Hate for Profit. Eles querem estender o boicote com ajuda de empresas da Europa. (Folha)

Mesmo assim, a suspensão atual já deve afetar o balanço do segundo trimestre do Facebook, que já vinha sofrendo queda na receita de anúncios por causa da pandemia. (Bloomberg)

E está mesmo virando global. A campanha que nasceu da recusa por parte do Facebook de enfrentar mentiras e desafios à democracia publicados pelo presidente americano Donald Trump está ganhando apoios por toda parte. O príncipe Harry e sua mulher, Meghan Markle, aderiram e estão conversando com CEOs. Outras marcas importantes devem se juntar nos próximos dias. Mas o ataque não fere diretamente na lucratividade. Os 100 maiores anunciantes do mundo representam apenas 6% do lucro do Facebook com propaganda. O impacto maior é de imagem, pelo debate que é levantado e isola a rede como uma disseminadora de ódio e polarização. (Axios)

A percepção de que há um problema nas redes sociais também se dá no Brasil. 81% dos entrevistados pelo último Datafolha afirmam que espalhar fake news contra políticos e ministros do STF representam uma ameaça à democracia. (G1)

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Então... A Folha de S. Paulo começou ontem uma campanha pró-democracia. Ancora sua linha editorial no último Datafolha, que ouviu de 75% dos brasileiros que a democracia é o melhor regime perante as alternativas. Trata-se do maior índice em 30 anos desde que a pergunta começou a ser feita. Em dezembro último, este número era de 62%. Conforme os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao regime aumentaram, o apoio foi junto. O slogan do diário, ‘Um jornal a serviço do Brasil’ foi trocado até 2022 por ‘Um jornal a serviço da democracia’ e, em memória às Diretas Já, a redação incentiva seus leitores a vestirem amarelo. (Folha)

A campanha das Diretas é um marco importante na história da Folha. O jornal, que dentre os três grandes foi o mais simpático ao regime militar nos anos de chumbo de acordo com a Comissão Nacional da Verdade, se converteu no início da década de 1980 e foi o primeiro a abraçar a campanha por eleições livres para substituir João Figueiredo no Planalto. (Carta Capital)

Mauro Paulino e Alessandro Janoni, do Datafolha: “Apenas um em cada dez brasileiros adultos admite que, em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático. O único subgrupo que mantém apoio a práticas antidemocráticas e valorização dos feitos da ditadura militar no Brasil é o de devotos do presidente, os bolsonaristas mais ferrenhos, que correspondem hoje a 15% da população, segundo cálculo do Datafolha. Pela primeira vez desde o início do mandato, o presidente é reprovado pela maioria dos mais ricos, grupo que, junto aos mais escolarizados, compõem universo estratégico na formação da opinião pública, especialmente no modelo de comunicação priorizado por sua gestão, via redes sociais.” (Folha)

Pois é... A percepção de autoritarismo no governo encontrou eco no Planalto. Após uma política de confronto continuado com Judiciário e Congresso, e a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz no escritório do advogado do presidente, o bolsonarismo recuou. Jair Bolsonaro quer paz e evitar brigas, disseram dois de seus interlocutores ao repórter Gustavo Maia. O avanço dos processos na Justiça ajudaram a convencê-lo. Outro recuo é dos ministros militares. Pararam de falar do artigo 142 da Constituição como se autorizasse as Forças Armadas a intervirem caso houvesse conflito entre os poderes. (Globo)

Diz Lauro Jardim que um dos principais conselheiros de Bolsonaro nesta nova fase tem sido o ex-presidente Michel Temer. Ele foi um que, sob intensa pressão, conseguiu se manter no governo até o fim do mandato. (Globo)

Tales Faria: “A nova versão ‘Jairzinho Paz e Amor’ alegra os políticos, especialmente do centrão, mas seus aliados mais antigos, os bolsonaristas de raiz, não estão gostando nada, nada. A avaliação dos bolsonaristas é de que Bolsonaro está acuado e sob a tutela dos militares. É o que diz claramente um dos principais blogueiros do grupo, Bernardo Küster, em vídeo postado no seu blog. Segundo Küster, os militares compõem ou indicaram ‘muitos, muitos e muitos’ cargos da administração federal, porque os conservadores não têm quadros. E se os militares saírem, o ‘governo desmorona’. O guru da ala mais radical dos bolsonaristas, Olavo de Carvalho, faz coro. Não só reproduziu em sua conta no Facebook o vídeo de Bernardo Küster, como afirmou em uma postagem própria deste sábado, 27: ‘Patriotismo militar é apenas corporativismo enfeitado, pago com dinheiro civil.’ Neste sábado, 27, no entanto, Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois do presidente, deu um recado otimista para o seu grupo: ‘Não se muda décadas de destruição em menos de dois anos. Todos queremos mudanças rápidas e explícitas, entretanto nem sempre essa é a saída!’ E qual a saída? Segundo eles, "o povo tomar as rédeas do governo". Sabe-se lá como.” (UOL)

Viver

O número global de mortes pelo novo coronavírus ultrapassa meio milhão. Já são mais de 10 milhões de casos confirmados e mais de um quarto das mortes ocorreu nos Estados Unidos. O Brasil registrou 555 novas mortes pela Covid-19 neste domingo, e 29.313 novos casos da doença. Com isso, o país atinge a marca de 57.658 óbitos e 1.345.254 registros da infecção.

Também neste domingo, a OMS anunciou um novo recorde de novos casos, considerando os dados de todo o mundo:189.077 infecções pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, sendo que "vários países reportaram seus maiores números de novos casos em um período de 24 horas", de acordo com a OMS. É provável que o verdadeiro número de mortes e de casos seja muito mais alto, em decorrência de diferentes definições, níveis de testagens e da suspeita de subnotificação. A Johns Hopkins compila dados a partir de fontes oficiais de governos.

Sobre as vacinas, o Grupo Nacional Biotec da China (CNBG), que desenvolve uma das candidatas contra o coronavírus, disse ontem que os primeiros resultados dos ensaios clínicos sugerem que a imunização seja segura e eficaz. Relatório publicado no site da OMS com dados de quarta-feira (24) mostra que estão em desenvolvimento 141 candidatas a vacina contra o vírus SARS-Cov-2, causador da Covid-19, sendo que 16 delas estão na fase clínica, ou seja, sendo testadas em humanos.

Otimista, mas cautelosa, Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, comemora a futura produção de vacinas contra a Covid-19 que estão sendo desenvolvidas pela Universidade de Oxford na Bio-Manguinhos, laboratório da instituição. Trata-se de um investimento de R$ 693,4 milhões, e não há garantias de que o produto será eficaz. Em entrevista ao Globo, ela indica a necessidade de investimento no sistema de saúde público e adverte que a população não deve esperar pelos milagres de uma vacina. Como os resultados dos ensaios clínicos não serão conhecidos antes de outubro, as medidas de proteção contra a pandemia, como a higienização e o uso de máscaras, não devem ser abandonadas.

Nísia Trindade Lima: “O coronavírus nos fez ver como é hora de fortalecer esse sistema. O SUS precisa ser financiado e valorizado e, para isso, estamos trabalhando com secretarias municipais e estaduais, além do próprio Ministério da Saúde. A pandemia é um problema de característica tripartite”.

Por falar em SUS, Adriano Massuda, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, está preocupado com o volume de ocupação de cargos técnicos por militares e por indicações políticas sem qualificação necessária. “Nem o pior ministro da Saúde fez o que está acontecendo agora”. Em entrevista ao El País, o professor da Fundação Getúlio Vargas e pesquisador-visitante na Escola de Saúde Pública de Harvard, afirma que "só não estamos em situação pior justamente porque nós temos o SUS" e porque o Brasil tem uma tradição em programas de saúde pública. “Mas é justamente essa tradição de saúde pública que está sendo ameaçada com a profusão de militares e profissionais sem experiência instalados em cargos-chave na atual configuração do Ministério da Saúde”.

Pois é... com o número de vítimas do novo coronavírus no País só uma parcela da verba disponível tem sido usada pelo Ministério da Saúde para enfrentar a doença. Segundo o Painel do Orçamento Federal, elaborado com base nos dados mais recentes do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento, de 22 de junho, a pasta só gastou até agora R$ 11,5 bilhões dos R$ 39,3 bilhões liberados pelo governo – 29,3% do total. Outros R$ 2,1 bilhões (5,3%) já estão comprometidos com o pagamento de contas, mas ainda não saíram do caixa.

Pela primeira vez na história, o Congresso Nacional, em Brasília, foi iluminado com as cores do arco-íris, que representa a diversidade e a luta contra o preconceito, em uma homenagem ao Dia do Orgulho LGBTI. A projeção ocorreu por cerca de 15 minutos, por volta das 20h. No Twitter, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também comentou o ato.

Cultura

O designer nova-iorquino Milton Glaser morreu na última sexta-feira, aos 91 anos, em decorrência de um derrame. Ele mudou a cultura visual americana nas décadas de 1960 e 1970. Criador do logotipo I love NY, criado para promover Nova York, às voltas com a criminalidade e a recessão econômica nos anos 1970. São dele também as ilustrações psicodélicas do álbum Yellow Submarine (1969), dos Beatles. E outra imagem emblemática – símbolo da cultura pop – é a de Bob Dylan, no encarte do disco Bob Dylan’s greatests hits (1966). O Instagram do gênio do designer gráfico. Uma entrevista em vídeo.

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A primeira série alemã da Netflix chegou ao fim. Com oito episódios, a terceira temporada estreou neste sábado. Uma playlist no Youtube sobre Dark.

Cotidiano Digital

Produtores prepararam o que deve ser o primeiro filme estrelado por inteligência artificial. Previsto para ser filmado em 2021, o filme b terá como protagonista a robô Erica, criada pelos cientistas japoneses Hiroshi Ishiguro e Kohei Ogawa, que a treinaram com técnicas de atuação. O filme contará a história de um cientista que deve ajudar a libertar a robô que ele criou depois que um programa que ele projetou para aperfeiçoar o DNA humano tem consequências perigosas.

A China deu mais um passo para ficar independente do GPS, criado e administrado pelos EUA. Na última terça (23), o país lançou o Beidou-3, um conjunto de satélites para criar o seu próprio sistema chamado de BDS. Com esse lançamento, o governo chinês diz que alcançará cobertura global este ano e ainda superará o GPS em alguns pontos, como com uma precisão de localização de 10 centímetros, frente aos 30 dos americanos. Mais de 200 países já teriam pedido acesso ao BDS e os celulares de fabricantes chineses como Huawei já têm o sistema.

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