Enquanto Guedes frita, Brasil ultrapassa as 117 mil mortes por covid

O presidente Jair Bolsonaro atacou diretamente, ontem, o ministro da Economia Paulo Guedes. “A proposta que a equipe econômica apareceu para mim não será enviada ao Parlamento, não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos.” Ele discursava durante uma cerimônia para o religamento de um autoforno, numa usina da Usiminas e se referia ao impasse interno do governo sobre o programa que substituirá o Bolsa Família. Na escolha das palavras, apresentou seu ministro como alguém insensível com a pobreza. “Não podemos fazer isso daí com, por exemplo, a questão do abono para quem ganha dois salários mínimos. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar para o Bolsa Família ou Renda Brasil.” O presidente confirmou que estenderá o auxílio emergencial até dezembro. “É uma conta pesada, sabemos que os R$ 600 é pouco para muita gente que recebe, mas é muito para o país que se endivida e, lamentavelmente, como é emergencial, temos que ter um ponto final nisso.” (Poder 360)

A jornalista Cristiana Lôbo foi a primeira a conseguir conversa com Guedes após o ataque público. “Está tudo equacionado”, afirmou o ministro. “Não tem truque e nem fura-teto. Tudo será feito com total transparência. Ele é o presidente e é quem decide.” Cristiana lhe perguntou sobre o ataque público. “As coisas são assim mesmo: a economia é o cara que faz o papel de mau, e a política é o cara que faz o papel do bem” (G1)

Valdo Cruz: “Ao desautorizar publicamente a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de criação do Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro colocou o Posto Ipiranga na frigideira e jogou para a plateia. A avaliação é de interlocutores do chefe da equipe econômica. Amigos do ministro Paulo Guedes avaliam que, se não der novas declarações defendendo o ministro, Bolsonaro terá colocado o chefe da equipe econômica na frigideira de vez.” (G1)

Vinícius Torres Freire: “Jair Bolsonaro tem de tomar sua primeira decisão relevante de governo: o dinheiro que seria destinado ao Bolsa Família Verde Amarelo. O que acontece então nessa situação inédita? Bolsonaro frita o ministro Paulo Guedes em público. É fato que o Ministério da Economia havia vazado esse plano de renda básica sem ter o ‘tá ok’ do presidente. Tais coisas acontecem porque o governo não tem rumo, programa e Bolsonaro lida com os ministros como se fossem estranhos: não governa, libera o desgoverno (Educação, Ambiente, Itamaraty) ou o não-governo (Saúde). O pito de Bolsonaro virou rebu. Ministros vazaram intrigas contra Guedes para jornalistas e povos dos mercados. Azedou o clima entre credores do governo e negociadores de dinheiro em geral, que ignoraram pedidos de ‘patriotismo’ de Bolsonaro. Juros e dólar subiram. O ambiente na finança melhorou um tico quando Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e do parlamentarismo branco, reafirmou que não vai passar qualquer tentativa de burlar o teto de gastos. Maia, assim como Guedes, está dizendo que o dinheiro para o Renda Brasil terá de vir do corte de outras despesas. Bolsonaro quer que Guedes faça mágica ou joga para a plateia (‘não me deixam governar’). Mantido o teto, não há dinheiro para os planos sociais que podem sustentar a popularidade presidencial. Logo, Bolsonaro está em uma sinuca de bico, como diz o povo. Começou a tratar Guedes como tratava Sergio Moro nos meses antes da degola: desautorizações e pitos do tipo ‘quem manda sou eu’. O Posto Ipiranga foi reduzido a loja de conveniência. Muita gente acha que já tem uma faixa de ‘passa-se o ponto’. Que fosse. Nada disso resolve o problema político-eleitoral de Bolsonaro. Para resolver, ou derruba o teto sem mais, à matroca, o que vai dar em besteira econômica, ou compra briga social.” (Folha)

PUBLICIDADE

Os protestos por conta dos sete tiros disparados pela polícia contra as costas de Jacob Blake, um homem negro, de 29 anos, se ampliaram ontem. Um rapaz de 17 anos, branco, armado com uma AR-15, ainda matou dois e feriu um terceiro dos manifestantes na cidade de Kenosha, estado do Wisconsin. (Vox)

Os jogadores da NBA paralisaram ontem a liga pela primeira vez colocando a continuidade dos playoffs em xeque. O primeiro foi Milwaukee Bucks, que representam justamente o estado de Wisconsin. O time se recusou a enfrentar o Orlando Magic no jogo 5 da primeira rodada dos playoffs, e a partida foi suspensa. Pouco depois, a liga anunciou que também não ocorreriam os jogos entre Rockets e Thunder e entre Lakers e Trail Blazers. A liga feminina de basquete e a liga de beisebol seguiram o exemplo e também cancelaram jogos previstos para o dia. (UOL)

O conflito marcará a eleição presidencial. Na terceira noite de sua convenção nacional, o Partido Republicano reforçou uma mensagem anti-protestos. “Vou mandar a Guarda Nacional para Kenosha para restaurar a lei e a ordem”, afirmou no Twitter o presidente Donald Trump. (Twitter)

O rapaz de 17 que atirou contra manifestantes negros foi identificado na primeira fileira de um discurso de Trump, em janeiro. (Buzzfeed)

Viver

No dia em que o Brasil completou seis meses do 1º caso de Covid, o Brasil ultrapassou os EUA em número de mortes, causadas pelo novo coronavírus, por 100 mil habitantes. De acordo com os números da Johns Hopkins University, o Brasil apresenta 55,05 mortes e os Estados Unidos, 54,18.

O estudo aponta a relação dos óbitos e a população de cada país e coloca San Marino na liderança com 124,32 mortes a cada 100 mil habitantes. Em seguida vem a Bélgica (87,51), Peru (86,48), Andorra (68,83) e Reino Unido (62,44). Depois de superar os Estados Unidos, o Brasil está próximo dos números da Suécia (57,08) e Itália (58,65).

O país registrou 1.090 mortes nas últimas 24 horas, chegando ao total de 117.756 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 938 óbitos, uma variação de -5% em relação aos dados registrados em 14 dias. Em casos confirmados, já são 3.722.004 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 47.828 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 37.370 por dia, uma variação de -16% em relação aos casos registrados em 14 dias.

E ao menos 4.132 pessoas morreram antes de conseguir chegar a um leito de terapia intensiva para o tratamento de Covid-19 em seis Estados brasileiros: Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Maranhão. O número foi levantado pelo El País com dados das secretarias estaduais da saúde, e tenta dar pistas sobre o tamanho da pressão sofrida pelo SUS desde fevereiro, quando começou a crise sanitária no Brasil. Essas mais de 4.000 mortes à espera por um leito retratam a situação em menos de um terço do país, já que apenas seis Estados informaram este dado, que pode incluir tanto os casos de desassistência por conta do colapso do sistema de saúde, quanto situações em que pacientes já chegaram tão graves que não houve tempo para colocá-los na terapia intensiva.

Por falar em SUS, seis meses após o primeiro caso de Covid no Brasil, ainda não temos ministro na pasta. Apenas interino. Na pasta da Economia, um está sendo fritado. Já vimos esse filme.

Pois é... mais números. O Brasil superou em julho a marca dos 211 milhões de habitantes. De acordo com a nova estimativa oficial do IBGE, que será divulgada hoje, o país tem precisamente 211.755.692 habitantes. (Lauro Jardim).

O poderoso furacão Laura tocou a terra no começo da madrugada de hoje perto da cidade de Cameron, no estado da Louisiana, como uma tempestade categoria 4 na escala Saffir-Simpson. Dados do boletim meteorológico do Aeroporto Regional de Lake Charles (KLCH), região por onde ingressou Laura, mostram que a estação meteorológica no local chegou a registrar rajadas de vento de 115 nós ou 213 km/h. Um vídeo.

Impossível de sobreviver. Foi como o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) classificou ontem o furacão Laura, que se aproximava horas atrás dos Estados do Texas, da Louisiana e do Arkansas. A tormenta atingirá a costa do Golfo do México na mesma semana em que a tragédia do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans e deixou 1,8 mil mortos, completa 15 anos.

John Bel Edwards, governador da Louisiana: “Entenda, nosso estado não vê uma tempestade como essa há muitas, muitas décadas. Não vimos a velocidade do vento como a que vamos experimentar há muito, muito tempo.”

As imagens de dentro do olho do furacão.

E durante o verão, chuvas fortes causaram uma série de inundações devastadoras em partes do centro e sudoeste da China. Reunidas aqui, imagens dos danos causados nos últimos meses.

Hora de Panelinha no Meio. Quinta-feira, fim de semana chegando, e a sugestão é transformar receitas em planos. Com a pandemia, a cozinha voltou a ser o coração da casa e virou um refúgio. E a ideia do Receita pro Fim de Semana é juntar todo mundo na cozinha ao redor de uma mesma receita. É só acompanhar diariamente no perfil @Panelinha_RitaLobo e no grupo do Facebook  os preparativos para todo mundo arrasar. A receita desta semana é torta de banana.

Cotidiano Digital

O Senado derrubou o artigo que adiava a LGPD e a nova lei sobre a proteção de dados entra em vigor assim que o presidente a sancionar. Pelas regras, o usuário terá o direito de consultar gratuitamente quais dos seus dados as empresas têm, como armazenam e até pedir a retirada deles do sistema. A lei não se restringe a processos feitos pela internet. Também abrange informações pessoais coletadas em papel ou meio eletrônico, por som ou imagem. Os dados podem ser desde o CPF até os considerados mais sensíveis, como origem racial ou étnica e orientação sexual. As empresas, agora, sejam estrangeiras ou brasileiras, precisarão, além de de consentimento expresso, deixar claro para quê as informações serão usadas. Também fica proibido o uso ou o armazenamento dos dados para outras finalidades que não sejam as que foram acordadas. E o poder público também não poderá transferir para empresas privadas os dados pessoais que estejam em suas bases e não sejam públicos, como acontece com os bancos. A LGPD, no entanto, não se aplica em alguns casos. Para fins não econômicos, jornalísticos, artísticos ou acadêmicos, e de segurança pública, por exemplo. Do texto aprovado, só duas seções não devem valer imediatamente: as multas às empresas, que serão aplicadas a partir de 3 de agosto de 2021; e a criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, órgão responsável pela fiscalização, que ainda depende de um decreto presidencial.

Cultura

O cenário é uma sessão de Zoom - já invertendo a máxima de que as reuniões online são uma alternativa segura aos encontros pessoais. Na realidade, é claro, eles são. Mas o filme de Rob Savage retrata a paranóia que assombra os que estão presos em casa. Feito remotamente ao longo de 12 semanas, Host é sobre um grupo de amigos que fazem uma sessão espírita virtual no Zoom em 30 de julho de 2020: o mesmo dia em que o filme estreou no serviço de streaming de terror Shudder. Segundo o The Atlantic, circunstâncias da produção emprestam ao filme um realismo que faz com que os espectadores se sintam como se estivessem na chamada. Quando o filme começa e os personagens se juntam um a um em suas roupas confortáveis e pijamas, o clima é festivo e lembra os primeiros dias do coronavírus, quando o Zoom não relacionado ao trabalho parecia uma novidade. A mensagem não poderia ser mais clara: nenhum lugar é seguro.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.