Prezadas leitoras, caros leitores —

Em meados dos anos 1950, tendo assumido a presidência, Juscelino Kubitschek prometeu ao Brasil que o país viveria 50 anos em cinco, implementando uma política econômica que foi batizada Desenvolvimentismo. O viés era nacionalista, o governo federal centralizaria e determinaria os rumos de crescimento da nação e, em momento algum, o bumbo da grandeza pátria deixou de ser tocado. Entregou uma taxa de crescimento anual média de 8,2%, inflação galopante, contas externas descontroladas.

A ideologia do Desenvolvimentismo jamais deixou o imaginário brasileiro, retornando em governos de direita e de esquerda, ditatoriais e democráticos. E, entre os militares do Planalto, volta a ser observada com indisfarçável encanto. Mas o que é e qual sua história? O Nacional Desenvolvimentismo é o tema da edição do Meio, este sábado, que os assinantes premium recebem.

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STJ afasta governador do Rio

Enquanto o Meio fechava, agora pela manhã, equipes da Polícia Federal chegavam ao Palácio Laranjeiras para afastar do cargo o governador do Rio, Wilson Witzel. A ordem foi expedida pelo ministro Benedito Gonçalves, do STJ. A PF, acompanhada do Ministério Público, também cumpriu mandados de prisão contra o presidente do PSC, Pastor Everaldo; o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Lucas Tristão; e o ex-prefeito de Volta Redonda, Sebastião Gothardo Netto. Há ainda mandados de busca e apreensão contra a primeira-dama, Helena Witzel; o presidente da Assembleia Legislativa, o petista André Ceciliano; e o desembargador Marcos Pinto da Cruz. (G1)

Witzel e seus aliados são acusados de cobrar propina para a contratação emergencial e para liberação de pagamentos a organizações sociais que prestam serviços ao governo nas áreas de saúde e educação. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o dinheiro foi pago através de contratos simulados no escritório da primeira-dama. (Globo)

Maiá Menezes: “Há um ano e cinco dias, o governador afastado sentenciava seu rompimento com o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista à revista Época. Witzel tornava público o que todo o governo já sabia: sua prioridade era se candidatar presidente da República em 2022. O rompimento repercutiu no diálogo com o governo federal, em um momento em que o estado precisava como nunca de uma boa relação administrativa com a União. O Plano de Recuperação Fiscal vinha sendo tocado pela Assembleia Legislativa. Witzel tentou uma trégua com a família Bolsonaro, quando percebeu que sua permanência no cargo de fato corria risco. Queria apoio na Alerj, e um alicerce no poder central, mas foi rechaçado pelo presidente. Depois de uma vitória surpreendente, do Palácio Guanabara Witzel olhou para Brasília e minimizou o estado do Rio de Janeiro, quando se acumularam crises simultâneas. A pandemia acelerou a percepção de pane da gestão. O governador acabou envolvido em um enredo de corrupção que se repete no estado em três gestões sucessivas. E o Rio vive novamente os efeitos do afastamento de um governador.” (Globo)

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O presidente Jair Bolsonaro pretendia usar sua tradicional live das quintas para tratar dos depósitos feitos pelo ex-assessor Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle. O tema estava listado em sua pauta, mas ele o cortou quando já falava ao vivo — uma câmera lateral flagrou o momento. Bolsonaro também reavivou um de seus momentos mais polêmicos durante a carreira parlamentar, quando voltou a perguntar a um homem negro “quantas arrobas” ele pesa. Ontem, perguntou ao deputado Hélio Lopes. Em 2017, no Clube Hebraica do Rio, falou de uma visita que fizera a um antigo quilombo. “O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas.” (Poder 360)

Em um discurso que durou mais de uma hora, cercado por bandeiras americanas nos jardins da Casa Branca, o presidente Donald Trump aceitou ontem a candidatura à reeleição. “Esta eleição definirá se salvaremos o sonho americano ou se permitiremos que a agenda socialista destrua nosso destino”, ele afirmou. “Seu voto definirá se protegeremos americanos que seguem a lei ou se soltaremos anarquistas violentos, agitadores e criminosos que ameaçam nossos cidadãos. Esta eleição definirá se defendemos o jeito americano de viver ou se permitiremos que um movimento radical o desmonte e o destrua.” O ataque a seu adversário, o democrata Joe Biden, foi feito sem economia de palavras. “Joe Biden não salvará a alma americana; ele destruirá os empregos de americanos e, se tiver a oportunidade, destruirá a grandeza americana.” (Washington Post)

Biden respondeu num tuíte curto. “Quando Donald Trump afirma que você não estará seguro na América de Joe Biden, olhe ao redor e se pergunte: quão seguro você se sente na América de Donald Trump?”

Durante os quatro dias da Convenção Nacional do Partido Republicano, ausências notáveis foram percebidas. Não apareceram os Bushes, os Cheneys, os Bakers, os Doles. Os nomes dos dois presidentes Bush e Ronald Reagan não foram citados, como não foi o do senador John McCain, que foi candidato à Casa Branca e era um dos ícones republicanos. O que o partido foi, não é mais. (New York Times)

Veja: Galeria de fotos da Convenção Republicana. (CNN)

Segundo o algoritmo do site FiveThirtyEight, editado pelo estatístico Nate Silver, Biden tem 70% de chances de vencer a eleição. É a proporção que Hillary Clinton tinha há quatro anos. (FiveThirtyEight)

O premiê japonês Shinzo Abe renunciou ao cargo hoje mais cedo, quatro dias após bater o recorde de tempo no comando do país. A imprensa local acredita que retornou a colite ulcerosa, uma doença do intestino grosso, que vem perseguindo o político há alguns anos. Seu Partido Liberal Democrata deve indicar um interino. (New York Times)

Imagem rachadinha

Tony de Marco

 
89mil

Viver

O Brasil registrou 970 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 118.726 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 900 óbitos, uma variação de -8% em relação aos dados registrados em 14 dias. É a média mais baixa registrada desde o dia 22 de maio, quando a média móvel registrada foi de 883 mortes por dia. Desde então, essa média nunca baixou de 900, chegando a passar de 1 mil. Em casos confirmados, já são 3.764.493 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia.

Pois é, EUA, Brasil e Espanha lideram desinformação contra vacinas da Covid-19. Das 502 checagens sobre vacinas publicadas em todo o mundo desde o início da pandemia, 144 desacreditaram os esforços científicos para encontrar uma proteção contra a Covid-19. Estados Unidos (19), Brasil (14), Espanha (14), Itália (11) e Ucrânia (10) foram os países com o maior número de verificações sobre o tema.

Projetos ligados à vacinação se tornaram um dos alvos preferenciais. Os ataques com desinformação aos esforços do casal Gates contra a Covid-19 são um dos exemplos mais emblemáticos. Posts falsos acusaram a entidade de deixar cerca de 500 mil crianças paralisadas na Índia entre 2000 e 2017, por conta de testes de uma vacina contra a poliomielite. Segundo a Organização Mundial de Saúde, não há casos da doença no país desde 2011.

Obcecado pela polícia, por armas de fogo e pelas forças de segurança. Essa é a conclusão a que chegaram vários meios de comunicação dos Estados Unidos que investigaram os antecedentes e relatos nas redes sociais do adolescente de 17 anos acusado de matar duas pessoas e ferir uma terceira durante as manifestações contra violência policial em Kenosha, Wisconsin.

No Rio de Janeiro, o conflito entre facções no morro do São Carlos já provocou a morte de pelo menos duas pessoas desde a noite de quarta-feira. Ana Cristina da Silva, de 25 anos, estava no carro em uma rua no Rio Comprido, próximo ao Complexo do São Carlos, quando se viu em meio a um tiroteio. Ela se dirigia ao trabalho, parou o veículo e se curvou sobre o filho para tentar protegê-lo, mas acabou atingida por dois disparos. Além da mulher, os tiroteios que começaram no fim da tarde de quarta e perduraram ao longo da quinta-feira deixaram um suspeito morto e pelo menos cinco pessoas feridas, incluindo um policial militar.

E terminou sem feridos e com quatro criminosos presos o segundo caso de sequestro envolvendo refém dentro de casa. Nos dois casos, os envolvidos são suspeitos de participar da tentativa de invasão ao Morro do São Carlos, que fica na região.

Fim de uma era. A Globo não renovou os direitos de transmissão da Fórmula 1 para as próximas temporadas. De acordo com informações apuradas pela reportagem de Meio & Mensagem, a emissora já está comunicando seus patrocinadores da edição atual de que a competição automobilística, um dos principais produtos de sua grade esportiva, não deve mais ser exibida já a partir de 2021. A Globo ainda não respondeu sobre o assunto.

O contrato com a Liberty Media, empresa responsável por negociar as exibições, vence no final deste ano e não foi renovado. Nos últimos meses, a emissora dona dos direitos de transmissão da Fórmula 1 no Brasil desde 1981, rompeu acordos com entidades ligadas ao esporte e perdeu direitos de eventos como a Copa do Mundo 2022 e a Libertadores 2020.

Cultura

Fim de semana. Na programação do Sesc, transmitida pelo YouTube e pelo Instagram, hoje tem show da rapper Tássia Reis; amanhã, de Zizi Possi e, no domingo, de Jussara Silveira com Luiz Brasil. Em teatro, Leona Cavalli apresenta hoje Elogio da Loucura e, no domingo, o Grupo Maria Cutia faz o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. A Osesp realiza hoje a estreia mundial de Cartas Portuguesas, monodrama de João Guilherme Ripper baseado na correspondência entre a freira Mariana Alcoforado (1640-1723) e seu amante, o oficial francês Noel de Chamilly. A soprano Camila Titinger será a solista na apresentação, sob a regência de Roberto Tibiriçá e direção cênica de Jorge Takla. O ator veterano Renato Borghi começa hoje uma turnê digital da peça Três Cigarros e a Última Lasanha, de Fernando Bonassi e Victor Navas. Outro boa estreia de hoje é a encenação de Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia para A Peste de Albert Camus. O Festival Rebel Vive, organizado pela Audio Rebel, segue nesse fim de semana com shows de Di Melo, Arismar do Espírito Santo e Iara Rennó, entre outros. No sábado, Linn da Quebrada comanda o Festival Sarará, que aconteceria no Estádio do Mineirão e agora será online, com participações de Black Alien e Karol Conká. Hoje pela manhã, o curador Pieter Tjabbes conduz um seminário da Arts Unlimited sobre Piet Mondrian e o movimento De Stijl baseado na exposição apresentada no Brasil em 2016. Direto do Teatro Sérgio Cardoso, a sanfoneira Lívia Mattos se apresenta com trio hoje, às 21h, pela plataforma #CulturaEmCasa. Para mais dicas culturais, assine a newsletter da Bravo.

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Em Lagos, Nigéria, um vídeo viral aumentou a visibilidade de uma academia de balé. “Não se trata apenas da dança em si”, diz seu fundador, “trata-se do valor da educação em dança”. Fundada em 2017, a academia transformou a vida de seus alunos e, nos últimos meses, inspirou pessoas influentes do circuito da dança. Aparentemente, da noite para o dia, um mundo de oportunidades se abriu: para os alunos, bolsas e convites para frequentar escolas e empresas de prestígio no exterior. Para a escola, doações que permitirão construir um espaço próprio, equipado com uma verdadeira pista de dança.

Cotidiano Digital

Diversas empresas e veículos de comunicação tiveram seus perfis no Facebook atacados com imagens pornográficas. O ataque aconteceu ontem nas páginas do UOL, G1, O Globo, Globo Esporte, o Diário, Gazeta do Povo, entre outras. A alteração aparecia somente para os usuários e modificava só a imagem, o texto era o original. O Facebook ainda investiga o que teria ocorrido e não sabe se o problema foi um bug ou uma ação orquestrada.

A Microsoft ganhou a ajuda do Walmart na negociação do TikTok. A ideia seria para ajudar a transformar o TikTok dos EUA em mais um aplicativo de e-commerce para criadores e usuários — muito parecido com o que a controladora do app, ByteDance faz com um aplicativo semelhante na China. A nova estratégia vem em meio ao anúncio da saída do CEO do TikTok Kevin Mayer, após apenas quatro meses no cargo. Ele entrou justamente para ajudar a amenizar a relação da empresa com o governo americano. Mas a negociação não tem sido fácil. Apesar da Microsoft ainda ser a preferida, as conversas para aquisição do TikTok americano se complicaram com o interesse de outros concorrentes, como a Oracle e Twitter.

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