Prezadas leitoras, caros leitores —

Daqui a dois dias, quase 150 milhões de brasileiros vão às urnas dar início – e em muitos casos concluir em apenas um turno – à escolha dos próximos prefeitos, além da composição das Câmaras de Vereadores. Em tese, é uma eleição local. Trata do asfalto, do posto de saúde, da creche, da urbanização e, em alguma medida, da segurança pública. Trata da cidade. Mas é só em tese.

Desde a redemocratização, as eleições municipais em grandes cidades misturam a cor local com os ventos da política nacional. Em 1985, as derrotas do PMDB no Rio, em Porto Alegre, no Recife e, principalmente, em São Paulo refletiram a insatisfação com o governo Sarney. Em 2016, João Doria (que representa o lado mais à direita dos tucanos) em São Paulo, Marcelo Crivella no Rio e Alexandre Kalil em Belo Horizonte sinalizavam uma tendência conservadora quando a onda bolsonarista sequer era imaginada.

Mas e este ano? Qual o mapa político brasileiro que chega às urnas no domingo, segundo as pesquisas de opinião? O local ou o nacional? O bolsonarismo continua em alta? Há um centro mais orgânico se formando? Muda a correlação de forças na(s) esquerda(s)?

Passamos os últimos dias mergulhados nas pesquisas não só das grandes capitais, mas na teia de municípios de médio porte brasileiros para desenhar este cenário. É o tema da edição de Sábado, que é exclusiva para assinantes.

Cá no Meio, defesa da democracia é nosso principal valor. Democracia começa quando nos informamos sobre as circunstâncias do mundo em que estamos e tem sequência na hora em que a informação vira voto. Sabemos, pelas tantas mensagens que recebemos de vocês a toda hora, que este é um valor compartilhado. Por isso, desejamos a todos um bom voto no domingo. Precisamos de bons votos =)

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Governo Biden pode nomear Brasil ‘Fora da Lei Climático’

Já trabalhando a pleno vapor, a equipe de transição para o governo Joe Biden começa a dar forma a um ambicioso plano para combater as mudanças climáticas. Entre as tarefas está a de publicar um relatório que indique quais países estão alinhados com os compromissos determinados pelo Acordo de Paris e quais não estão. Haverá uma lista negra do clima — e, de acordo com o site Vox, o Brasil deverá ser o primeiro a integrar a categoria de ‘fora da lei climático’. O país passa por dois anos seguidos de incêndios florestais recordes e o presidente Jair Bolsonaro será, com a saída de Donald Trump, o principal chefe de Estado negacionista dos problemas ambientais. De acordo com um dos especialistas ouvidos, EUA, China e Europa podem se juntar para pressionar comercialmente o Brasil a entrar na linha. (Vox)

Começam a aparecer fissuras importantes no apoio republicano ao presidente Donald Trump. O governador Mike DeWine, de Ohio, onde Trump venceu este ano e no pleito anterior, reconheceu ontem a vitória eleitoral de Joe Biden. E um dos principais estrategistas eleitorais do partido, Karl Rove, escreveu um artigo no Wall Street Journal. Ele argumenta que recontagens, historicamente, movem votações em algumas centenas — não em dezenas de milhares de votos. “Os esforços do presidente dificilmente mudarão os resultados em algum estado”, escreveu Rove. “Certamente não mudarão quem saiu vitorioso.” E embora boa parte dos senadores sigam leais ao presidente, alguns já pedem flexibilidade no processo de transição. James Lankford, de Oklahoma, gostaria que Biden passasse a receber os relatórios presidenciais de inteligência. O decano do partido no Senado, Charles Grassley, concorda. Mike Rounds e Marco Rubio, se movem já na mesma direção. (New York Times)

A China, que hesitava em se manifestar, congratulou ontem o futuro presidente. “Respeitamos a escolha do povo americano”, disse a porta-voz da chancelaria, Wang Wenbin, “e parabenizamos o Sr. Biden e a Sra. Harris. Compreendemos também que os resultados das eleições ainda serão confirmados de acordo com procedimentos da lei dos EUA.” (Washington Post)

Então... O Departamento de Segurança Nacional, criado logo após o Onze de Setembro para auxiliar o presidente, emitiu um comunicado ontem afirmando que a eleição americana deste ano foi a mais segura da história. “Não há sinais de que algum sistema tenha sido apagado, que tenha perdido votos, alterado votos ou tenha sido de alguma forma atacado”, diz o texto. Os especialistas em cibersegurança acompanharam o pleito pois, da última vez, houve tentativa de ataque hacker russo. (Axios)

E saiu um dos últimos resultados esperados. A imprensa projeta que, pela segunda vez em sete décadas, o Partido Democrata venceu o pleito no Arizona. (CNN)

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Os candidatos aproveitaram o último debate da campanha, em São Paulo, para atacar o atual prefeito, Bruno Covas. Como pelas regras da TV Cultura não era possível escolher com quem interagir, foi comum que dois se juntassem para criticar o tucano. Houve também um embate paralelo — em queda nas pesquisas, Celso Russomano (Republicanos) acusou Guilherme Boulos (PSOL) de contratar empresas fantasmas para sua campanha. Boulos, que está subindo nas mesmas pesquisas, afirmou que a denúncia é reciclada de uma pessoa já presa por espalhar fake news. O psolista entrou com queixa criminal contra Russomano. De acordo com o último Datafolha, Covas lidera com folga as intenções de voto — 32% — enquanto Boulos e Russomano disputam a vaga no segundo turno — 16% e 14% respectivamente, empatados na margem de erro.(Folha)

Jairo Nicolau: “Nas últimas eleições municipais a insatisfação dos eleitores se manifestou em duas frentes. A primeira foi a eleição de candidatos outsiders — ou que não pareciam pertencer à tradicional elite partidária — em algumas capitais (Rio, São Paulo e Belo Horizonte). A segunda foi o crescimento dos votos inválidos para vereador e prefeito, particularmente nas cidades com maior população. A explicação mais óbvia para esse crescimento é que ele indicaria uma maior insatisfação com a política. Mas há uma outra dimensão que precisa ser levada em conta. A rua deixou de ser um espaço de campanhas nas grandes cidades (por conta das restrições da legislação eleitoral, placas não podem mais ser colocadas nas casas e em espaços públicos, juntando-se ao tradicional outdoor que já havia sido proibido). Em 2016, o tempo de campanha no rádio e televisão foi reduzido, e com isso os candidatos passaram a ter poucas formas de se comunicarem. No dia 15 de novembro, faço uma singela sugestão: dê uma olhada na taxa de votos nulos e em branco. É um bom indicador para captar o humor dos eleitores.” (UOL)

Após três meses de alta em que a aprovação do governo de Jair Bolsonaro se mostrava bastante superior à rejeição, os números começaram a apertar. De acordo com o PoderData, 45% dos brasileiros aprovam e 43% desaprovam — os números eram 52% e 41% em meados de outubro. (Poder 360)

O gambito do presidente

Tony de Marco

 
Gambito-do-Presidente

Cotidiano Digital

Hoje é dia de estreia aqui no Meio: Pedro + Cora, um programa de Cora Rónai e Pedro Doria, veteranos jornalistas de tecnologia com décadas de experiência cobrindo o Vale do Silício e suas criações. Vão falar, todas as semanas, sobre o noticiário digital e as transformações no mundo com patrocínio da Embratel. Nesta primeira edição, o futuro do escritório como será? Vale também por sua história. O que há de novo e o que sugere sobre o futuro os lançamentos dos celulares de Samsung e Apple? E uma entrevista com Herman Bessler, fundador do Templo e um dos pais do coworking no Brasil. Em podcast (já no Spotify ou sua plataforma preferida) ou no YouTube, a partir das 10h.

Diante da ameaça de ficar de fora da rede 5G no Brasil, a Huawei deve recorrer à Justiça. Esta semana, o governo brasileiro entrou no programa americano Rede Limpa, que, na prática, limita empresas chinesas na tecnologia 5G. A Huawei, a mais afetada por essa parceria, já teria, segundo o Globo, contratado um escritório especializado com atuação em Brasília para se preparar para um cenário de litígio. Essa estratégia foi a mesma adotada na Suécia. A chinesa ganhou na Justiça depois de ter sido proibida pelo governo sueco. Especialistas temem que ocorra, no Brasil, uma judicialização do leilão do 5G, previsto para o ano que vem.

É o fim do Google Fotos ilimitado gratuitamente. A partir do dia 1º de junho de 2021, o armazenamento gratuito só vai até 15 GB. As fotos enviadas antes dessa data, no entanto, não contarão no novo limite.

Viver

O gráfico impressiona — após um pico entre julho e agosto, o número de casos de Covid-19 começou a cair, nos EUA, a partir de setembro. Do início de novembro para cá, a curva virou novamente e inclinou para cima num nível não visto desde o início da pandemia. A média dos sete dias anteriores na quarta foi de 127 mil casos novos por dia. No momento mais alto de julho era de 67 mil. O receio é de que a média suba para 200 mil casos por dia ainda este mês. (CNN)

Assessor do presidente eleito Joe Biden para a doença, o médico Michael Osterholm recomenda que os EUA entrem em quarentena estrita por quatro a seis semanas. “Os EUA precisam compreender que estamos para entrar no inferno da Covid”, ele afirmou. “Ainda não chegamos perto do pico da pandemia e os próximos três a quatro meses serão, de longe, os piores e mais soturnos.” (CNBC)

Na Europa, a nova quarentena já segura o ritmo da doença. Se o número de casos havia começado a subir na Alemanha no início do mês, o retorno das pessoas à casa já passa a inflexionar para baixo a curva no gráfico. “Estou cautelosamente otimista”, afirmou Lothar Wieler, chefe da agência de controle de doenças infecciosas do país. Também na França a curva parece ter se estabilizado após o retorno. (Guardian)

Na Itália é que as coisas não estão tão bem. Os hospitais estão próximos da lotação máxima no Norte — novamente próximo de Milão, onde tudo começou no continente. Onde tudo parece recomeçar. Mas, desta vez, não são as UTIs que preocupam os médicos. São os ambulatórios com os casos menos graves, que estão enchendo mais rápido, o que impede médicos de atenderem outras enfermidades. Nove das 21 regiões italianas já estão na zona vermelha, com mais de metade dos leitos ocupados com pacientes de Covid. No Tirol chega a 99%. O governo nacional ainda resiste a implantar nova quarentena rígida. (AP)

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De acordo com os números publicados ontem à noite, o Brasil registrou 926 novas mortes pela Covid-19 nas 24 horas anteriores — o número é alto por incluir óbitos represados dos dias anteriores. A média móvel nos últimos sete dias ficou em 365 e 34.640 novos casos foram confirmados no dia. O estado que mais preocupa é o Paraná, onde a doença está se espalhando com força. Rio, São Paulo e Minas registram quedas. (G1)

Mas... Existe preocupação de que uma segunda onda, mais violenta do que a primeira, chegue também ao Brasil. Uma forte tendência de avanço da pandemia foi detectada em Florianópolis, João Pessoa e Maceió. Há probabilidade moderada de crescimento em Belém, Fortaleza, Macapá, Natal, Salvador e São Luís. (Globo)

Cultura

Sextou com uma programação cultural pra semana.

Veterano do jazz, ex-integrante do Rio 65 Trio e do grupo Abolição, o pianista Dom Salvador se apresenta hoje, às 21h30, em live transmitida pela plataforma #CulturaEmCasa.

Até domingo rola o Nicho Novembro, que exibe quatro longas e 12 curtas de países como Angola, Ruanda e Estados Unidos, além do Brasil. A mostra é organizada pelo Instituto Nicho 54, que trabalha para a formação de jovens profissionais negros no audiovisual.

Na série de shows filmados e transmitidos ao vivo direto da Casa de Francisca, a cantora Alessandra Leão apresenta amanhã o show Macumbas e Catimbós diante das lentes de Caru Alves de Souza.

A Sala Cecília Meireles dá início a um ciclo da integral das sonatas para piano de Beethoven nesse sábado. Erika Ribeiro, Eduardo Monteiro, Sergio Monteiro e Pablo Rossi se revezam na empreitada. Mais Beethoven? Na segunda, o Theatro São Pedro organiza uma série de concertos de câmara e mesas de debate que abordam períodos específicos do compositor alemão.

No domingo, a Orquestra Sinfônica Heliópolis e a cantora Vanessa Moreno relembram o repertório de Elis Regina em concerto transmitido do auditório do Masp.

Compositora de projeção na música contemporânea e artista residente do IRCAM, em Paris, Michelle Agnes Magalhães realiza uma live pelo Improfest na terça.

O 1º Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil (FIANb) ocupa a plataforma TodesPlay a partir de quarta com filmes selecionados por curadores de todas as regiões do país. Fique de olho.

De 18 a 22 de novembro, o Itaú Cultural realiza 19 apresentações de teatro no Festival Arte como Respiro. Entre elas, o imperdível Vaga Carne, monólogo escrito e interpretado por Grace Passô.

Na quinta, o Grammy Latino entrega a maior parte de seus prêmios do ano. Um dos destaques da cerimônia, que será transmitida pelo Facebook, é a apresentação de Emicida com Marcos Valle.

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