Prezadas leitoras, caros leitores —

De tempos em tempos na história, grupos políticos precisam se reinventar. Pactos antes impensáveis têm de ser feitos porque o cenário mudou. E é um cenário político em mudança que o mundo vive, hoje.

Na edição deste Sábado, o Meio contará a história de três destas repactuações — três momentos em que grupos políticos tiveram a coragem de pensar de forma bem diferente, de mudar o discurso ou de, mesmo sem mudar o discurso, topar acordos que se pareceram incoerentes levaram a vitórias que possibilitaram transformações importantes.

A primeira renovação foi a da Terceira Via, nos anos 1990, o movimento paralelo do Partido Trabalhista inglês e do Democrata americano, que de uma social-democracia sindical guinou para um liberalismo progressista e lhes permitiu após mais de década tirar do poder grupos conservadores. A segunda é o pacto que formou a Geringonça, em Portugal. De repente, três partidos de esquerda incapazes de chegar a qualquer acordo e que no núcleo condenavam políticas de rigor fiscal, vêm sendo juntos capazes de fazer um governo fiscalmente responsável e popular. E o terceiro, recentemente, é o tenso acordo entre liberais e esquerda no Partido Democrata americano que levou Joe Biden à presidência para substituir Donald Trump.

Reinventar é possível, basta perceber a urgência de ser necessário.

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— Os editores.

Covid: A segunda onda bate à porta

Se ainda não se instalou, a segunda onda da Covid-19 está batendo às nossas portas. Em São Paulo, as internações pela doença na rede municipal saltaram 26% na última semana. Diante desse cenário, especialistas criticam a decisão do governo estadual de deixar para o fim do mês a revisão do plano de medidas de isolamento. No Rio a situação é semelhante. A ocupação dos leitos de UTI da rede municipal da capital e privada no estado passou de 90%, fazendo com que a prefeitura mandasse um alerta às unidades de saúde recomendando a reativação de espaços destinados aos infectados pelo coronavírus. (Folha)

O Brasil registrou ontem 754 mortes por Covid-19, segundo o consórcio de veículos de comunicação. A média móvel de óbitos nos últimos sete dias subiu para 584, o que confirma a tendência de alta. E não é só por aqui. O mundo teve na quarta-feira 11.099 mortes, o recorde em um único dia desde o início da pandemia. Nova York, um dos epicentros da doença nos EUA, voltou a fechar as escolas devido ao aumento de casos.

Diante da segunda onda, haverá vagas suficientes nos hospitais? Será necessário restringir novamente as atividades econômicas? Há risco de a letalidade ser maior? Confira as respostas de especialistas para estas e outras perguntas. (Globo)

Enquanto isso, o governo federal segue confuso. No início da manhã de ontem, o perfil do Ministério da Saúde no Twitter publicou uma nota defendendo o isolamento social e enfatizando que não há, no momento, vacina ou remédio para a doença. As orientações, corroboradas pela comunidade científica, vão na contramão do que defende o presidente Jair Bolsonaro. O tuíte foi retirado do ar, e, em nota, o ministério disse que ele continha “informações equivocadas”, atribuídas a um “erro humano já corrigido”.

Mas nem tudo são más notícias. A Pfizer anunciou nesta quarta-feira a conclusão da terceira fase de testes de sua vacina contra a Covid-19. A análise preliminar dos dados indica uma eficácia de 95%, acima dos 90% que a própria empresa divulgara na semana passada. Desenvolvida em parceria com o laboratório alemão BioNTech, a vacina tem um problema de logística que preocupa os especialistas: precisa ser armazenada e transportada a -70º C.

No Brasil, a Pfizer comunicou ter apresentado ao governo federal uma proposta para vacinação de “milhões de pessoas” no primeiro semestre de 2021, mas sem informações de valores. A Anvisa publicou ontem no Diário Oficial da União uma norma que simplifica a análise para registro de imunizantes.

E São Paulo recebeu na quinta-feira as primeiras 120 mil doses da CoronaVac, produzidas na China.

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Em março viralizou um vídeo (Youtube) em que o pastor conservador americano E.W. Jackson dizia que não pegaria nem transmitiria o coronavírus, pois havia “conversado com Deus” e “tomado sua vacina”, o Salmo 91. Jackson está com Covid-19. (Newsweek)

Em 2030, cinco anos antes do previsto, será proibida no Reino Unido a venda de carros e vans novos movidos a combustíveis fósseis, anunciou na quarta-feira o premiê Boris Johnson. A medida faz parte de um plano de “revolução industrial verde” que inclui ainda investimentos em energia eólica marinha, reflorestamento e ênfase em carros elétricos.

Panelinha no Meio. Nem todo mundo admite, mas quem resiste a uma carne moída com um toque além do trivial? Nesta receita, ela ganha um impulso com pimentões vermelhos e molho de cerveja preta — mas use sempre uma de boa qualidade; se não serve para beber, não serve para cozinhar.

Embratel

Tech no próximo nível

Entender o ambiente digital se tornou um desafio ainda maior para os negócios durante a Black Friday deste ano. Só em 2020, com o isolamento, 135 mil empresas que, até então eram físicas, migraram pro varejo digital, segundo a Compre&Confie e ABComm. Diante desse cenário, algumas das soluções são criar plataformas que conversem entre si, como apps e um site, e conhecer melhor o usuário. Ferramentas de inteligência artificial, como um bot, por exemplo, ajudam a promover ofertas mais personalizadas. E mais opções de pagamentos ampliam a chance de compra — segundo a Ayden, cresceu em 60% o volume de compras online entre as classes C e D.

O primeiro satélite 6G do mundo já está em órbita. O satélite foi lançado semana passada pela China e será usado para a construção de cidades inteligentes, prevenção de desastres e proteção do meio ambiente. Esse tipo de conexão, segundo o governo chinês, é até 100 vezes mais rápido que a do 5G, disponível no mercado.

Pois é... Enquanto o 5G ainda avança pelo mundo, alguns países já planejam o 6G. A Coreia do Sul quer começar a testar essa tecnologia em 2026 pra já estar disponível comercialmente pelo menos em 2028. Nos testes, o objetivo é atingir 1Tbps em velocidades de transmissão de dados, o que equivale a cerca de cinco vezes mais rapidez do que o 5G e redução de latência para um décimo dos serviços atuais.

A Alphabet, dona do Google, desenvolveu um robô movido a energia solar voltado pro agronegócio. Chamado de Projeto Mineral, o robô inspeciona safras agrícolas com o uso de análise de dados e inteligência artificial, pra coletar dados, como altura da planta e tamanho do fruto, e cruzar com informações sobre o clima e a saúde do solo. A ideia é que os agricultores consigam, assim, prever como diferentes variedades de plantas respondem a seus ambientes e tornar a produção de alimentos mais eficiente. Por enquanto, o projeto tem sido testado na África do Sul, Argentina, Canadá e EUA, mas deve ser expandido, com o tempo, pra outros locais. (Época Negócios)

Política

O Ibope divulgou ontem a primeira leva de pesquisas sobre as intenções de votos no segundo turno das eleições em três capitais. Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) lidera com 47% das intenções de votos, contra 35% de Guilherme Boulos (PSOL). Nulos e brancos chegam a 14%, e 4% dos entrevistados não souberam responder.

No Rio, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) larga na frente com 53%, enquanto o atual, Marcelo Crivella (Republicanos) tem 23%. O total de ouvidos que declaram voto nulo ou branco chega a 21%, e 2% não responderam.

Já no Recife a disputa está acirradíssima. Marília Arraes (PT), que terminou o primeiro turno em segundo lugar, está em vantagem, com 45% das intenções de voto. Seu primo João Campos (PSB) tem 39%. Os dois estão em empate técnico do limite da margem de erro de três pontos percentuais. O total de intenções de voto branco ou nulo é de 15%, e apenas 1% não soube responder.

Houve uma certa confusão nas redes por conta de uma suposta discrepância entre as pesquisas do Ibope e as do Big Data, divulgadas pela CNN Brasil. Por exemplo, no Rio, esta mostra Paes com 71% e Crivella com 29%. Acontece que a emissora divulgou os percentuais apenas sobre os votos válidos, descartando brancos e nulos. Se aplicado o mesmo critério aos dados do Ibope, o resultado é praticamente idêntico.

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O presidente Jair Bolsonaro vive situações opostas no segundo turno das duas maiores cidades do país. Em São Paulo, embora tenha recebido o apoio do bolsonarista Celso Russomanno, o prefeito Bruno Covas (PSDB) enfatizou a distância em relação ao presidente: “Anulei meu voto na eleição presidencial de 2018 por não ver no Bolsonaro nenhum discurso que agregasse valores democráticos na campanha dele.” Guilherme Boulos (PSOL), que participou de atos com candidatos derrotados do PT e do PCdoB, busca colar na campanha de Covas a imagem de repetição do “BolsoDoria” de 2018. (Folha)

Já no Rio, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) aposta no apoio do presidente para reverter a desvantagem nas pesquisas. Ele se reúne hoje com Bolsonaro e vai cobrar críticas públicas do presidente a Eduardo Paes (DEM) para desconstruir a imagem de bom gestor do adversário. (Globo)

Monica Bérgamo: “As desconfianças sobre fraudes nas urnas nas eleições municipais repercutiram de forma moderada nas redes sociais, apesar da ofensiva de aliados bolsonaristas e do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Entre domingo (15) e terça (17), o assunto respondeu por 2% das manifestações feitas no Twitter e por meio de perfis públicos do Facebook. Segundo levantamento da agência de análise e inteligência em dados .MAP, foram feitas 54,2 mil publicações com preocupação sobre a segurança das urnas. A direita liderou a discussão, e perfis considerados influentes representaram 36% das postagens.” (Folha)

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) conseguiu restabelecer seu sistema de TI 15 dias após um ataque de ransomware ter provocado a paralização dos processos na Corte. O caso é investigado pela PF.

Foram necessários 169 anos para que Joinville (SC) elegesse sua primeira vereadora negra, Ana Lúcia Martins (PT). E apenas alguns dias para que ela sofresse ataques racistas e ameaças de morte nas redes sociais. A polícia está investigando o caso.

Sabe a charge animada de Tony de Marco que dá um colorido especial à edição de sexta-feira do Meio? Pois é, você pode acompanhar hoje, via Twitch às 15h, a criação dela. Aponte seu browser para este link e divirta-se.

Cultura

Dirigido por Bárbara Paz, o documentário Babenco — Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou (veja o trailer no Youtube) foi escolhido para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira em 2021. O longa retrata o cineasta argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco (1946-2016), um dos mais importantes nomes do cinema, criador de clássicos como Pixote, a lei do mais fraco (1980), Brincando nos campos do Senhor (1990), Carandiru (2003) e principalmente O beijo da Mulher-Aranha (1984), que deu Oscar de Melhor Ator a William Hurt e teve indicações a Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Diretor em 1986. Bárbara, que foi casada com Babenco, não escondeu a emoção: “É o primeiro documentário indicado ao Oscar estrangeiro pelo Brasil. Isso é histórico.”

Era 1976. Um ano antes, Paulinho da Viola lançara Argumento (Youtube), seu manifesto pelo samba tradicional. Mas isso não comoveu Jorge Ben, hoje Jorge Ben Jor, que brindou os fãs com África Brasil, seu seminal 14º disco. Nele, o artista trouxe em definitivo para o samba não só a guitarra, mas o soul, o funk, o rock e o que mais remetesse à matriz africana. Uma das canções, Taj Mahal (Youtube), acabou plagiada por Rod Stewart. A história desse disco fundamental é tema do livro África Brasil – Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver, da jornalista Kamille Viola (nenhum parentesco com Paulinho).

Enquanto a Netflix observa (com bom humor) a chegada da Disney+ ao Brasil, outra concorrente corre por fora. A Netmovies passou a oferecer em seu canal do Youtube 100 filmes clássicos que podem ser vistos gratuitamente – justo a categoria em que a Netflix é mais fraca. Na lista estão obras fundamentais como O encouraçado Potemkin (1926), de Sergei Eisentein, Noites de Cabíria (1957), de Federico Fellini, e especiais dos brasileiros Mazzaropi e Zé do Caixão.

Cotidiano Digital

A Apple anunciou redução pela metade da comissão de 30% sobre os apps na App Store. A medida, no entanto, vai valer a partir do próximo ano só pra pequenos desenvolvedores — aqueles que faturam até US$ 1 milhão por ano na plataforma. Segundo a Apple, representam 98% dos desenvolvedores da App Store.

Mas… Os seus principais críticos ficaram de fora e não gostaram da mudança. Para a Epic Games e o Spotify foi um gesto só pra acalmar os críticos e os processos antitruste encarados pela companhia na Europa e nos EUA, enquanto faz pouco para resolver o que as empresas veem como problemas sistêmicos com a estrutura da App Store e o ecossistema iOS. Ambos criticam a obrigatoriedade de realizar as transações dentro do marketplace. O Fortnite chegou a ser banido da App Store depois que a Epic começou a cobrar por fora do sistema da Apple.

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