Covid-19 matou mais em 4 meses que em 2020 inteiro

Abril ainda não terminou, mas o total de mortos por Covid-19 no Brasil este ano, 195.949, já supera os 194.976 óbitos de março a dezembro de 2020. No domingo foram confirmadas 1.316 vítimas fatais, levando o total a 390.925. A média móvel de mortes em sete dias, 2.498, caiu 20% em relação ao período anterior, o que indica tendência de queda e apresenta o maior recuo desde os -27% de 11 de novembro. Mesmo assim, abril já é o mês mais letal desde o início da pandemia em sete estados (ES, MG, MS, RJ, SP, AP e PI) e no Distrito Federal. (G1)

No meio de toda essa tristeza, uma grande notícia. O município do Rio de Janeiro vacinou 94,1% dos idosos até este fim de semana, 4,1% acima da meta. O resultado foi que, nesse mesmo abril trágico, a cidade não registrou qualquer surto em instituições de longa permanência, como asilos e casas de repouso. (Estadão)

Infelizmente, o Ministério da Saúde reduziu em 14,5 milhões a previsão de doses de vacinas para maio. O número de doses esperadas caiu de 46,9 milhões para 32,4 milhões. Em maio, a maioria das vacinas virá da Fiocruz, que envasa e produz o medicamento de Oxford/AstraZeneca. A fundação recebeu uma nova remessa de insumos da China, garantindo sua produção até junho. (Globo)

Um dos entraves à produção e importação de vacinas para o Brasil é a acentuada crise enfrentada pela Índia, já que o país é um grande produtor de imunizantes e insumos, mas tem priorizado o público doméstico. Mas a própria Índia enfrenta problemas de falta de material, e a China entrou em campo oferecendo ajuda. Temendo o avanço diplomático de Pequim, Washington anunciou que vai mandar insumos para a Índia, mas por pressão de seus laboratórios, continua negando a quebra de patentes das vacinas. (Folha)

Até o momento, somente quatro países, Gibraltar, Ilhas Malvinas, Seychelles e Israel, aplicaram duas doses em mais de 50% da população. É bem verdade que, dos quatro, somente Israel tem população na casa dos milhões de habitantes. (Veja)

As vacinas são importantes, mas não garantem o controle da pandemia. Países com vacinação mais adiantada têm apresentado um número menor de mortes, dada a eficácia dos imunizantes, mas veem o crescimento nos casos, mesmo que menos graves. A OMS teme que essa situação permita o surgimento de novas variantes do Sars-Cov-2. (Folha)

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Algumas das mais belas praias do Rio Grande Norte foram tomadas neste fim de semana por toneladas de lixo, tanto comum quanto hospitalar. O governo potiguar entrou em contatos com Paraíba e Pernambuco, estados vizinhos, para tentar identificar algum incidente ambiental que afetou o litoral sul do estado. (Poder 360)

Não durou nem um dia a promessa de reforço na fiscalização ambiental feita por Bolsonaro na quinta-feira, durante a Cúpula do Clima. No dia seguinte, foram retirados R$ 240 milhões de projetos do Ibama e do ICMBio, os órgãos responsáveis, por exemplo, pela fiscalização do desmatamento. (Estadão)

O corte acontece no momento que entidades científicas e ambientalistas reclamam da ausência de dados oficiais para fiscalização da devastação ambiental. Aliás, um acordo entre o Ibama e a Petrobras para o pagamento de multas prevê que toda a verba vá para a Força Nacional, sem recursos para serviços ambientais, como recuperação de áreas desmatadas. (Globo)

Cultura

Após o Globo de Ouro, o Bafta e uma série de outros prêmios, só uma reviravolta de proporções hollywoodianas impediria a consagração de Nomadland (trailer no Youtube) no Oscar, cuja controvertida cerimônia em tempos de pandemia terminou no início desta madrugada. Mas a zebra passou longe, e o tocante longa semidocumentário de Chloé Zhao levou as três mais importantes estatuetas que disputava: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz para Frances McDormand. Foi a consagração de Zhao, segunda mulher e primeira não branca a vencer Melhor Direção. (UOL)

Foi também a noite de Frances McDormand, que levou seu terceiro Oscar de Melhor Atriz e igualou o recorde de Meryl Streep. (Folha)

Há um aspecto revolucionário em Nomadland que está sendo pouco comentado. Em 93 anos de Oscar foi apenas a sexta vez quem um longa centrado na história de uma mulher ganhou Melhor Filme. (Slate)

Não que a noite tenha sido livre de surpresas, e a maior delas acabou provocando constrangimento. Todos apostavam que Chadwick “Pantera Negra” Boseman levaria o prêmio póstumo de Melhor Ator por A Voz Suprema do Blues (Youtube). Tanto que, mudando a tradição de décadas, a categoria foi a última da noite, em vez de Melhor Filme, para encerrar a noite num tom emocionado. Só que a estatueta foi, merecidamente para Anthony Hopkins, pelo arrebatador Meu Pai (Youtube), que levou ainda Melhor Roteiro Adaptado. Ator mais velho a receber o prêmio, Hopkins, de 83 anos, não estava presente nem mandou representante, produzindo o maior anticlímax da história do Oscar. (Variety)

Mas houve emoção, sim. Ao agradecer pela estatueta de Melhor Filme Internacional por Druk - Mais Uma Rodada (Youtube), o dinamarquês Thomas Vinterberg homenageou a filha Ida, que morreu dias antes do início das filmagens num acidente de carro. Aos 19 anos, ela estrearia como atriz no longa do pai. (Globo)

E foi, como se previa, o Oscar da diversidade. Além de Zhao, outra asiática a coreana Yuh-jung Youn, foi premiada, levando a estatueta de Melhor ator coadjuvante por Minari (Youtube). Melhor Roteiro foi para Emerald Fennell, por Bela Vingança (Youtube), e Daniel Kaluuya foi o Melhor Ator Coadjuvante por Judas e o Messias Negro (Youtube). (Washington Post)

A festa toda foi estranha. A Academia manteve o caráter presencial em Los Angeles, com alguns dos indicados (e vencedores) ao vivo em Londres e Paris. Sem plateia e com os participantes fingindo distanciamento social em mesa redondas, lembrou demais o Globo de Ouro. Pelo terceiro ano seguido não havia apresentador engraçadinho, o que não foi exatamente uma perda. Sem orquestra nem números musicais ao longo da noite, a única coisa para se assistir foram os longos discursos de agradecimento. (New York Times)

Em vídeo, os melhores momentos da cerimônia, incluindo a rebolada de Glenn Close, que continua sem sua estatueta. (Guardian)

Com ou sem pandemia, Oscar não é Oscar sem a elegância e os constrangedores equívocos do tapete vermelho. Avalie os modelos e tire suas conclusões. (Vanity Fair)

Confira a lista completa de indicados e vencedores no Oscar 2021. (G1)

E veja como e onde assistir aos filmes premiados. (Folha)

Não se chateie por seu favorito para alguma estatueta ter perdido para outro concorrente visivelmente mais fraco. Há uma longa tradição de injustiças flagrantes cometidas pela Academia. De Rocky, um Lutador ter derrotado Taxi Driver e Todos os Homens do Presidente em 1977, a qualquer um dos prêmios dados em 1999 a Shakespeare Apaixonado. (El País)

E não ganhar o Oscar está longe de ser uma vergonha. Confira esta lista de clássicos do cinema que saíram da cerimônia da Academia de mãos abanando. (Folha)

Política

O governo federal organizou um mutirão com funcionários de ministérios para preparar defesas contra 23 possíveis acusações que podem ser feitas na CPI da Covid à gestão do Executivo na pandemia. Entre elas estão negligência na compra de vacinas, promoção de tratamentos ineficazes e omissão na crise do Amazonas.  (Globo)

A lista de 23 possíveis acusações, revelada por Rubens Valente, foi elaborada pela Casa Civil e enviada a 13 ministérios, incluindo Economia, Ciência e Tecnologia e, claro, Saúde. (UOL)

Em outra frente, o Planalto está preparando um treinamento intenso para o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, provavelmente uma das primeiras autoridades a serem chamadas para depor na CPI. O objetivo é somente um: blindar o presidente Jair Bolsonaro e, se possível, desviar a atenção para estados e municípios. Mesmo sem cargo no governo, o general acompanhou o presidente a um evento em Manaus e recebeu elogios públicos do antigo chefe. (Globo)

A preocupação no Planalto com a CPI não é injustificada. Embora não seja um órgão julgador, a comissão pode, segundo especialistas, trazer fatos novos sobre a atuação de Bolsonaro na pandemia ou consolidar o que já se sabe de forma a mostrar que a eventual negligência foi uma política premeditada. E isso fundamentaria com mais solidez um processo de impeachment. (Folha)

E por falar... Pazuello só teria caído no final de março porque corriam rumores de que seria preso. A informação é do ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom) Fabio Wajngarten, também demitido no mês passado. Integrante da chamada “ala ideológica” do governo, ele diz ter participado das negociações para compra das vacinas da Pfizer no ano passado e que a conversa emperrou no Ministério da Saúde, não no Planalto. (Veja)

Só lembrando que, segundo o artigo 102 da Constituição, apenas o STF pode processar, julgar e, numa situação extrema, mandar prender um ministro de Estado.

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A eleição é no ano que vem, mas a campanha já está na rua, com os tucanos se movimentando. Candidato à Presidência desde que assumiu, há pouco mais de dois anos, o governo de São Paulo, João Doria defende que o “polo democrático” (da direita não bolsonarista à centro-esquerda) escolha seu candidato até novembro. Mas reconhece que há visões muito heterogêneas no grupo, e resistência a seu nome mesmo no PSDB. (Globo)

E o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) se assumiu como pré-candidato e, aos 72 anos, disse que gostaria de ser o “Biden brasileiro”. Bem, o presidente americano se elegeu aos 78, o que qualifica o senador também para o pleito de 2026. (UOL)

Causou revolta entre políticos e personalidades a foto em que o presidente Jair Bolsonaro aparece com o apresentador Sikêra Jr. e os ministros Milton Ribeiro (Educação) e Gilson Machado (Turismo) segurando a reprodução de um cartão de CPF com uma tarja onde se lê “cancelado”. No jargão da Receita Federal “CPF cancelado” significa que o contribuinte morreu; na gíria das milícias e dos grupos de extermínio, que um alvo foi assassinado. Para os críticos, o presidente demonstrou, no mínimo, desrespeito com os quase 400 mil mortos por Covid-19 no Brasil. (Poder360)

A foto foi tirada nos bastidores no programa de Sikêra Jr., bolsonarista ferrenho, na TV A Crítica, de Manaus. Na entrevista, Bolsonaro fez piadas homofóbicas e voltou a criticar as medidas de isolamento adotadas por governadores para tentar conter a pandemia. (Congresso em Foco)

Morreu de Covid-19 na noite de sexta-feira, aos 69 anos, o jornalista Levy Fidelix, fundador e presidente nacional do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), partido que abrigou o vice Hamilton Mourão para compor a chapa de Bolsonaro em 2018. Combinando a defesa de um “aerotrem” e um discurso ultraconservador, Fidelix concorreu em 14 eleições, de prefeito de São Paulo a presidente da República, sem conseguir vencer nenhuma. (UOL)

O governo Biden comprou uma briga justa, mas feia. Os EUA reconheceram como um genocídio o assassinato de 1,5 milhão de armênios, entre 1915 e 1917, pela Turquia, então Império Otomano. O tema é tabu para o governo turco, que não deve deixar barato. O porta-voz do presidente Tayyip Erdogan classificou o ato americano como “ultrajante” e prometeu reações “em diferentes níveis nos próximos dias e meses”. (Poder360)

Cotidiano Digital

Aos poucos, as redes sociais estão começando a repreender os usuários também pelo seus comportamentos no mundo real. O Twitch foi o mais recente a entrar no onda e anunciar uma série de regras contra aqueles que praticaram crimes fora da plataforma, como atividades terroristas, exploração ou agressão sexual, etc. Ações desse tipo começaram ano passado, quando Snapchat, Twitter, Facebook, entre outros, começaram a remover ou suspender a conta do próprio Donald Trump ou de grupos apoiadores que disseminaram conspirações e discurso de ódio. A mudança tem vindo principalmente pela maior pressão dos reguladores para que as big tech se tornem mais responsáveis por problemas de moderação de conteúdo.

Fim do Cabify no Brasil. O app de caronas anunciou que, por causa da pandemia, fica no país só até 14 de junho.

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