Prezadas leitoras, caros leitores —

Em 7 de junho de 1977, pouco mais de três mil jornalistas assinaram juntos um manifesto exigindo o fim da censura e instauração, no Brasil, de uma imprensa livre. O país vivia o governo Ernesto Geisel, a abertura lenta e gradual, e enfim dava para botar o nome num papel destes sem que prisão, tortura e morte fossem garantidos. Mas foi um primeiro teste que exigiu coragem. A linha dura pressionava o governo e tentava reverter o fim da Ditadura. O diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog, havia sido assassinado nos porões, e por agentes do governo, apenas um ano e meio antes. O manifesto organizado pela Associação Brasileira de Imprensa faz 44 anos, hoje.

É por isto que celebramos, todo 7 de junho, o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.

É a liberdade de fazermos isto aqui, esta newsletter que chega a vocês todos os dias. Podemos errar. Podemos publicar algo de que vocês leitores discordem. Seja nesta news, seja em nossos vídeos, seja em áudio. O que publicamos é de nossa responsabilidade e foi produzido livre de quaisquer pressões. Nunca houve a variedade de imprensa que o Brasil possui hoje. Tem imprensa cuja linha editorial tende para a esquerda, para a direita, para o centro. Existe uma imprensa mais tradicional que busca enfaticamente separar notícia de opinião, tem imprensa que as mistura. Jornalistas montam veículos a partir da visão que têm do jornalismo e do mundo e oferecem ao público.

Num ambiente em que a oferta de informação é assim vasta, a democracia é mais forte.

Está nascendo também, hoje, a Ajor — Associação de Jornalismo Digital — que reúne 30 novos veículos, nascidos já neste tempo digital. O Meio é um dos fundadores junto com a Agência Pública, Congresso em Foco, Nexo, Repórter Brasil, Jota, entre tantos. São veículos muito diferentes, com visões distintas, mas nos une esta crença fundamental na liberdade de imprensa e na necessidade de fortalecer o jornalismo digital. Deste meio novo por onde ataques à democracia na forma de desinformação vêm se espalhando.

Uma liberdade que precisamos defender.

Mais do que nunca.

— Os editores.

Presidente da CBF cai; seleção na Copa América é mistério

Rogério Caboclo foi afastado ontem do comando da CBF. Não por conta da polêmica iniciativa de trazer a Copa América para o Brasil em plena pandemia. A Comissão de Ética do Futebol Brasileiro o suspendeu por 30 dias devido a acusações de assédio sexual e moral feitas contra ele por uma funcionária da CBF. Interinamente assume o vice Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes. (Globo Esporte)

Lauro Jardim: “Oficial e formalmente Rogério Caboclo foi afastado por 30 dias da presidência da CBF, numa decisão tomada hoje pelo comitê de ética. Mas a realidade é que são praticamente nulas as chances de ele voltar a comandar a CBF. A situação de Caboclo só vai se deteriorar daqui para frente. Nem sua estratégia de se agarrar a Jair Bolsonaro terá forças para virar o jogo.” (Globo)

O afastamento de Caboclo acontece num momento particularmente tenso para a CBF, com o técnico Tite e os jogadores da seleção contra a participação do Brasil na Copa América. Segundo o jornalista Fernando Kallás, Jair Bolsonaro quer a cabeça do técnico, e Caboclo havia prometido entregá-la. Tite seria substituído por Renato Gaúcho, politicamente alinhado com o presidente. (As)

Monica Bérgamo: “O senador Renan Calheiros (MDB-AL) enviou uma carta aos jogadores da seleção brasileira em nome da CPI da Covid-19 dizendo que a realização da Copa América no Brasil é ‘um mau exemplo’ na ‘iminência de uma terceira onda da pandemia’ no país. O senador, que é relator da CPI, afirma que a reflexão foi sugerida pela equipe técnica da comissão.” (Folha)

Enquanto isso... A Conmebol autorizou as nove seleções a não ficarem no Brasil durante a Copa América, chegando somente 24 horas antes de cada partida. A Argentina já avisou que vai adotar a medida. (Estadão)

PUBLICIDADE

A vacina da Pfizer por US$ 10 dólares foi considerada cara pelo governo brasileiro. Esse foi um dos motivos apresentados à CPI da Pandemia pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para a recusa de Jair Bolsonaro em aceitar as diversas ofertas do laboratório americano. Na verdade, era metade do preço cobrado dos EUA e do Reino Unido, R$ 20. (Folha)

Tido como organizador do “gabinete paralelo” que assessoraria Bolsonaro sobre a pandemia à revelia do Ministério da Saúde, o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub fez ontem uma live se defendendo. Ele admitiu ter falado com pesquisadores, intermediado contatos com Bolsonaro e feito resumos da situação para ele. “O presidente é uma pessoa simples, eu tinha que fazer um resumo das coisas. É como se eu tivesse cometido um crime por mostrar para o presidente o que está sendo pesquisado.” (UOL)

Embora tenha repercutido mal no Alto Comando do Exército e acendido o sinal amarelo no STF, no Congresso e na sociedade civil, a decisão de não punir o general Eduardo Pazuello por participar de ato político com Bolsonaro foi “extremamente pensada”, segundo o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. “O comandante do Exército, ao analisar a história de vida do Pazuello, considerou que aquele fato não se constituiu transgressão. Se o militar nunca fez nada errado e comete um deslize, ele vai ser punido com dez dias de cadeia? Isso não existe.” (Globo)

A ordem de dispersar uma manifestação pacífica contra Jair Bolsonaro no Recife partiu do então comandante da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Vanildo Maranhão. Na ação violenta da PM, dois civis foram atingidos nos olhos por balas de borracha. A informação consta de um documento interno da corporação. Maranhão e o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, foram exonerados na semana passada. (Jornal do Commercio)

Mais uma bomba caiu sobre a Lava-Jato, desta vez em seu braço fluminense. Em delação premiada, acompanhada de gravações, o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho acusa o juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela operação no Estado do Rio, de combinar sentenças, orientar as ações do Ministério Público e dos próprios advogados e de agir para interferir nas eleições estaduais de 2018. Bretas nega as acusações e segue trabalhando. Na sexta-feira, ele condenou o ex-governador Luiz Fernando Pezão a 98 anos de prisão por corrupção. (Veja)

Keiko Fujimori, filha do antigo ditador Alberto Fujimori, lidera as primeiras parciais da eleição presidencial peruana, realizada ontem. Com 42% dos votos apurados, ela tem 52,9%, contra 47,09% do candidato esquerdista Pedro Castillo. Ainda não foram apurados os votos das áreas rurais e do exterior, de forma que ainda é impossível apontar um nome vitorioso. (Globo)

Viver

Chamada agora de “variante delta”, a cepa do Sars-Cov-2 identificada primeiro na Índia é 40% mais transmissível que a versão original do vírus, informou o Ministério da Saúde do Reino Unido. A delta é hoje a variante mais disseminada em território britânico e já teve casos confirmados no Brasil, embora, até o momento, somente com contágio no exterior. (G1)

Mesmo sem as cepas importadas, a situação vem se agravando no país. O Mato Grosso do Sul está transferindo pacientes para São Paulo devido à falta de leitos em UTIs. A fila de espera por uma vaga nos hospitais em MS chega 251 pessoas, e pacientes já haviam sido levados para Rondônia. (Estadão)

Os governadores do Nordeste não gostaram da decisão da Anvisa sobre a vacina russa Sputnik V. A agência autorizou a importação emergencial do imunizante, mas só liberou seu uso até o limite de 1% da população, vetado em grávidas sem comorbidades e mulheres que acabaram de dar à luz, entre outras restrições. A vacina russa é uma das apostas dos estados, especialmente no Nordeste, para ampliar rapidamente a imunização. (UOL)

Mesmo quando as vacinas estão autorizadas, fazê-las chegar à população não é simples. A demora entre uma ponta e outra chega a 26 dias, provocando um acúmulo de 40 milhões de doses nos depósitos de estados e municípios. (Globo)

Neste domingo, o Brasil registrou 866 mortes por Covid-19, com média móvel em sete dias de 1.629 óbitos. Na comparação com os 14 dias anteriores, houve redução de 13% no limite da estabilidade. Não se sabe, porém, o impacto do feriado prolongado no registro de óbitos. Desde o início da pandemia 473.495 perderam a vida para a doença no país. (G1)

Prédios fechados, pesquisas interrompidas, nada de aulas presenciais e até mesmo as aulas remotas em risco. Esse é o cenário pintado por 30 das 69 universidades federais do país diante da falta de verba, mesmo que todo o orçamento previsto para este ano seja liberado, o que ainda não aconteceu. A lista de instituições inclui UFRJ, UFF, UFMA, UFBA, UFPE, UFABC e UFES. De 2020 para este ano, o orçamento das universidades públicas foi cortado de R$ 5,6 bilhões para R$ 4,3 bilhões. Os reitores pedem que os valores sejam recompostos para o nível do ano passado. (Globo)

A população de Manaus viveu no domingo uma madrugada de terror após a morte em confronto com a polícia na noite de sábado de Erick Batista da Costa, o Dadidinho, apontado como líder de uma das maiores facções do tráfico de drogas no Amazonas. Foi a senha para que carros, ambulâncias fossem incendiados e agências bancárias e monumentos sofressem vandalismo. No domingo, 14 pessoas foram presas por envolvimento nos ataques. (A Crítica)

O duque e a duquesa de Sussex, Harry e Meghan para os leigos, anunciaram neste domingo o nascimento de sua filha Lilibet Diana. O casal já tem um menino, Archie. O nome da menina é uma homenagem à rainha Elizabeth II, apelidada de Lilibet em família, e à princesa Diana. (G1)

O agrado à monarca não impediu que o casal fosse rebaixado no site da família real. Na nova versão da página, em vez de virem depois do príncipe William e da mulher deste, Kate, Harry e Meghan só aparecem depois dos outros filhos da rainha, Anne, Andrew e Edward, e os respectivos cônjuges. (Globo)

Cultura

A exemplo do que aconteceu com artistas do naipe de Bob Dylan e Neil Young nos EUA, fundos de investimento especializados estão negociando a compra dos catálogos de artistas brasileiros, sempre por cifras fartas e zeros. De acordo com fontes a par das negociações, medalhões da MPB, como Caetano Veloso e Djavan, são os alvos prioritários. Para os artistas, a vantagem seria botar a mão imediatamente numa bolada. Já os fundos esperam lucrar potencializando a difusão dessas músicas, e por conseguinte, de seus royalties. (Estadão)

PUBLICIDADE

Morreu no Rio de Janeiro, aos 82 anos, a atriz Camilla Amado, vítima de um câncer. Camila estreou na TV em 1969 na novela Um Gosto Amargo de Festa, da antiga TV Tupi, e não parou por meio século, até a versão de 2019 de Éramos Seis, na TV Globo, seu último trabalho. Mas sua experiência nos palcos era muito anterior à da telinha. Desde o início dos anos 1960 atuou com diretores ligados ao chamado teatro experimental, como Antônio Pedro e Paulo Afonso Grisolli. No cinema, ganhou em 1976 o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante em Gramado por O Casamento. Confira momentos marcantes da carreira de Camilla. (Globo)

Poucas coisas no cinema infanto-juvenil dizem mais “vilã” que pensar em fazer um casaco com a pele de dálmatas. Entretanto, quem realmente encarna o Mal em Cruella não é a futura matadora de filhotinhos, mas a indústria da moda. É esse universo, encarnado pela Baronesa (Emma Thompson), que transforma a já ambiciosa Estella (Emma Stone) na vilã de cabelos alvinegros que amamos odiar. E nem é uma ideia original. É longa a lista de filmes que escolhem estilistas, editores de moda e modelos como símbolos de futilidade e ausência de empatia. (Folha)

Cotidiano Digital

A União Europeia abriu sua primeira investigação formal antitruste contra o Facebook. Os reguladores vão investigar se os dados dos usuários que compram e vendem pelo marketplace são usados pelo Facebook para obter vantagem sobre os concorrentes. O Reino Unido também abriu investigação paralela, mas mais abrangente: vão ainda investigar o uso do login único para acesso a outros sites e como a companhia se beneficia de sua plataforma de namoro. Com as investigações, o Facebook se junta às outras big techs Google, Amazon e Apple, que já são alvo dos reguladores na Europa.

Por falar no Facebook… Foi decidido que Donald Trump, barrado desde janeiro, ficará suspenso da rede até 2023. O big tech ainda mudou as regras e tratará as figuras públicas da mesma forma que os demais usuários. A mudança pode ampliar a remoção de posts de políticos, por exemplo, antes considerado conteúdo de interesse público.

Após sucessivos ataques cibernéticos, os EUA começaram a tratar a invasão ransomware, quando é cobrado um valor pelo resgate de dados, com a mesma prioridade que casos de terrorismo. Segundo a Reuters, o sinal vermelho foi acendido após a invasão ao Colonial Pipeline, o maior oleoduto dos EUA. Semana passada, ainda as fábricas da JBS chegaram a parar após invasão hacker. O Departamento de Justiça criou uma força-tarefa e o FBI já investiga cerca de 100 ataques.

E hoje começa a conferência de desenvolvedores da Apple. Entre as novidades, devem ser anunciados novos MacBook Pros e o sistema operacional iOS 15. O evento começa às 14h, horário de Brasília, e pode ser visto por aqui.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.