Prezadas leitoras, caros leitores —

Entre esta terça e a quinta-feira, o Meio co-produzirá uma série de seis paineis sobre o papel do Estado. A iniciativa é do grupo apartidário Derrubando Muros e conta também com a parceria do Jota.

O objetivo é simples: promover um debate a respeito de que Estado o Brasil precisa.

Os paineis abrem no dia 14, às 17h, com Elena Landau e Carlos Ari refletindo sua visão. Às 18h30 será a vez de Armínio Fraga.

No dia 15, às 17h vai falar Pérsio Arida e, às 18h30, André Lara Resende.

No dia 18, representando a campanha de Ciro Gomes, às 17h falará Nelson Marconi. Às 18h30, o ex-candidato do PT à presidência, Fernando Haddad.

Em cada um dos seis paineis, os palestrantes serão confrontados com opiniões divergentes e responderão a perguntas de um time de especialistas.

Há um Brasil para após Jair Bolsonaro. É hora de começarmos a falar dele. As transmissões vão ocorrer ao vivo pelo YouTube do Meio e ficarão registradas por lá.

— Os editores.

Ato anti-Bolsonaro de MBL e VPR fracassa sem PT

Foram vazias as manifestações convocadas para o domingo em todo o país pelo Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua, pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Na Avenida Paulista, segundo os cálculos da Secretaria de Segurança Pública, havia cerca de seis mil pessoas. Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, não chegou a mil. O MBL chegou a suavizar seu discurso — inicialmente o slogan era Nem Lula, Nem Bolsonaro — e assim atraiu parte da esquerda: PDT e PCdoB estavam presentes, assim como a UNE e a UJS. (Poder 360)

Lideranças políticas não faltaram. “Para fazer o impeachment e proteger a democracia brasileira temos que juntar todo mundo”, disse na Paulista o ex-ministro Ciro Gomes, candidato à presidência pelo PDT. “Ainda há tempo para o PT amadurecer. Quem for democrata tem que entender que o impeachment é a a única saída. Precisamos fazer um acordo com a direita e um centro democrático.” Também foram o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania-MA). (Globo)

O governador paulista João Doria, pré-candidato tucano ao Planalto, também cobrou a presença do PT. “Temos que estar juntos e formar uma grande frente democrática”, argumentou no carro de som. Mas defendeu a manifestação. “Não é algo feito com ansiedade. Esse é o primeiro movimento a partir da liberação da quarentena.” (Estadão)

Veja: imagens contrastam os atos bolsonaristas do Sete de Setembro com os promovidos no domingo, 12. (Poder 360)

Igor Gielow: “O domínio da entropia parece se consolidar pelo país. Jair Bolsonaro fez sua tentativa malograda de autogolpe no dia 7 de Setembro, um fracasso retumbante em diversos aspectos. Animada, a oposição à direita tentou turbinar seus protestos já programados para este domingo, confiante em que a bizarra tentativa presidencial de emparedar o Poder Judiciário faria a classe média que apoiou em parte a rua de 2013 e a tomou em 2016 voltasse a dar as caras. Fracassou, como qualquer pessoa com visão razoável perceberia ao examinar as imagens da avenida Paulista. A oposição de centro-direita a Bolsonaro não tem musculatura para removê-lo por instrumentos considerados aceitáveis, como o impeachment. A esquerda liderada pelo PT, paradoxalmente, além do raquitismo estrutural, prefere ver o presidente na cadeira — e de joelhos. O que existe mesmo é um impasse, ora incontornável.” (Folha)

Coluna do Estadão: “Bolsonaristas e petistas se uniram nas redes sociais para apontar o suposto fracasso dos protestos contra o presidente, que tiveram pouca gente nas ruas, mas pesos-pesados da política nos carros de som em São Paulo, como havia muito tempo não se observava em um ato. Ficaram evidentes duas lições: 1) o PT, por ora, não aceita alternativa que não seja a união em torno de sua liderança e da campanha de Lula; 2) o ato teve o tamanho do MBL e foi um retrato das dificuldades da terceira via.” (Estadão)

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Celso Rocha de Barros: “No final da noite de terça, o Brasil inteiro tinha visto Bolsonaro tentando o golpe. Ninguém na imprensa se referiu ao golpismo como qualquer outra coisa. A esquerda, o centro e a direita, o mercado financeiro e o PSTU, todos reconheceram facilmente o que viam com seus próprios olhos. O golpe deu errado. A ideia da manifestação era convencer militares e PMs de que um golpe seria popular mesmo partindo de um governo com 60% de rejeição. Não convenceram. Nos dias 8 e 9, a discussão sobre impeachment avançou aceleradamente, apesar do colaboracionista Arthur Lira. E, nesse momento, quem entrou em cena para garantir que o referido funcionamento não ameaçasse o supracitado puteiro? Michel Temer, é claro, quem mais? O sujeito que deu início à crise em 2016 e trouxe os militares de volta à política brasileira em 2018, o chefe do PMDB da Câmara em quem os liberais amarraram seu programa em 2016 no auge da Lava Jato, o que lhes rendeu 4% nas eleições de 2018 e a perda da vaga no segundo turno para Jair Bolsonaro. A carta ‘foi mal, tava doidão’ ofereceu a Bolsonaro uma rota de fuga, e, aos esquemas de Arthur Lira, uma chance de sobrevivência. O acordão de Temer não impediu o golpe, que já estava derrotado. Mas pode ter melado o impeachment. Temer interrompeu o jogo quando era a vez da democracia jogar. A turbulência que Temer poupou ao mercado não foi a turbulência do fim da democracia, foi a turbulência da reação da democracia.” (Folha)

Fernando Gabeira: “As pessoas precisam compreender que não basta vestir uma camisa amarela, saudar o mito e comer sua macarronada para alterar o curso da História. As coisas são bem mais complicadas. Também para os que sempre fizeram oposição a Bolsonaro. O fato de tanta gente aceitar bandeiras que derrubam a democracia deve nos levar a uma reflexão. Até que ponto basta apenas defendê-la de seus inimigos, sem examinar suas fraquezas e tentar fortalecê-la no cotidiano? Não é preciso apenas que Bolsonaro passe, mas que passem também as condições político-sociais que deram margem a essa ilusão coletiva. Na euforia do processo de redemocratização, não contávamos com retrocesso.” (Globo)

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, aproveitou ontem duas eleições suplementares para prefeito no estado do Rio para demonstrar o processo de auditoria das urnas eletrônicas. Algumas das máquinas foram sorteadas e trazidas para a sede do TRE, onde foi simulada uma eleição com votos impressos para depois fazer a recontagem e demonstrar a lisura do voto digital. “Temos total confiança no sistema, mas estamos aumentando a transparência para desfazer qualquer dúvida que possa existir”, disse o ministro. (Metrópoles)

Pois é… Barroso planeja abrir o código-fonte das urnas aos técnicos que representam partidos políticos em um evento marcado para 4 de outubro. A medida faz parte dos hábitos do TSE em todas as eleições mas, para o pleito de 2022, está sendo antecipada. (Poder 360)

Viver

Chegou ontem a Campinas uma leva de 5,1 milhões doses de vacina da Pfizer — o maior carregamento num só dia desde o início do acordo com a farmacêutica. Ela completa envios entregues na quarta, quinta e sexta, totalizando 8,9 milhões de doses. A Pfizer se comprometeu de enviar ao todo 100 milhões de vacinas para o Brasil até o fim do ano. Já vieram 67,3 milhões. (G1)

Mas… Está em falta a vacina da AstraZeneca, já registrada em pelo menos cinco capitais — São Paulo, Belo Horizonte, Palmas, Florianópolis, Porto Velho e Rio de Janeiro. A Fiocruz anunciou que deve retomar nesta semana a distribuição, mas serão apenas 12 milhões de doses. Eram esperadas 14 milhões. O Ingrediente Farmacêutico Ativo, importado da China, atrasou duas semanas. (CNN Brasil)

Aliás… Sarah Gilbert, cientista que desenvolveu em Oxford a vacina da AstraZeneca, defende que nem todos precisarão de uma terceira dose. Segundo ela, os dados preliminares sugerem que, diferentemente do que ocorre com outras vacinas, a imunidade garantida pelas duas doses do laboratório tem se mostrado duradoura. Uma terceira dose pode ser aconselhada a pessoas idosas ou com imunidade comprometida, mas não para todos. (Guardian)

Na falta da AstraZeneca, a prefeitura de São Paulo começa hoje aplicar a vacina da Pfizer como segunda dose em quem recebeu na primeira o imunizante feito pela Fiocruz. (G1)

A nova fase da campanha Vacina Sim teve início domingo, parceria de TV Globo, G1, GloboNews, O Globo, Extra, Estadão, Folha de S.Paulo e UOL. As peças focam no incentivo a que as pessoas busquem a segunda dose. (G1)

Foi um clássico tapa com luva de pelica. Em visita à Hungria, governada pelo ultraconservador e iliberal Viktor Orbán, o Papa Francisco conclamou os bispos húngaros a abraçarem a diversidade. “Diante da diversidade cultural, étnica, política e religiosa, podemos ter duas reações: fechar-nos em uma defesa rígida de nossa chamada identidade, ou abrir-nos para encontrar o outro e cultivar juntos o sonho de uma sociedade fraterna”, disse o Papa, na presença de Orbán. (Globo)

Cultura

Os atores Ben Affleck e Matt Damon se apresentaram novamente ao mundo como escritores, este fim de semana, no Festival de Veneza. Autores de Gênio Indomável (trailer), pelo qual venceram o Oscar de Melhor Roteiro Original em 1998, são também responsáveis pelo script de O Último Duelo (trailer), que conta a história do último julgamento por duelo registrado na França, em 1386. Desta vez, o roteiro não é só dos dois — é um trabalho a seis mãos, com Nicole Holofcener. Como no filme anterior, os amigos também interpretam personagens importantes. Damon é Jean de Carrouges, que desafia Jacques Le Gris (Adam Driver) a um duelo após sua mulher, Marguerite (Jodie Comer) acusá-lo de estupro. Da maneira como foi costurado o filme, três versões da história são contadas. Naquela pelos olhos da mulher — redigida por Holofcener —, seu marido está mais preocupado com a própria honra do que em buscar justiça para um crime. Affleck é o senhor feudal conde Pierre d’Alençon, em cujas terras ocorre o crime. A história ecoa o movimento Me Too, ao fazer de Marguerite de Carrouges uma personagem forte, que num ambiente pouco propício decide tornar a acusação pública. A direção é de Ridley Scott.

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A Companhia das Letras mandou recolher Abecê da Liberdade, livro infantil de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Na obra, que conta a história do advogado abolicionista Luiz Gama, crianças negras demonstram felicidade num navio negreiro — romantizando a escravidão. “Se as crianças não soubessem o que ia acontecer”, explicaram os autores ao UOL, “talvez brincassem. Crianças brincam em velórios, é uma forma de fugir da dor.” Mas a editora reavaliou. “Estamos atentos aos processos de mudança em nossa sociedade e temos buscado fomas de reler as obras infantis da Companhia.”

O júri do Festival de Veneza decidiu não fugis das polêmicas. O Leão de Ouro foi para L'Evénement, da cineasta franco-libanesa Audrey Diwan. O filme conta a história de uma jovem francesa que engravida nos anos 1960 e decide, contra tudo e contra todos, fazer um aborto. Apesar de ambientado cinco décadas atrás, o longa tem uma abordagem moderna desse tema que ainda tabu em boa parte do mundo. Confira a lista completa de premiados. (Folha)

Cotidiano Digital

Algoritmo. Uma ferramenta comum na tecnologia e que pode explicar como redes sociais, tal qual o TikTok, tornaram-se tão acuradas e viciantes. No aplicativo chinês de vídeos curtos, a tecnologia utiliza aprendizado de máquina para determinar os conteúdos com os quais o usuário poderá se envolver com mais facilidade. Empresas de tecnologia do mundo todo utilizam vários métodos, como curtidas, comentários e compartilhamentos. Fato é que o TikTok precisa de muito menos para 'prender' você. Uma investigação recente do Wall Street Journal usou dezenas de contas automatizadas e descobriu que a rede social só precisa saber a quantidade de tempo que você passa com um determinado conteúdo. A partir da forma como alguém interage com os vídeos recomendados pelo aplicativo - pulando, pausando ou revendo o vídeo -, bastam de 40 minutos a menos de 2 horas para que você comece a ser bombardeado por aquele mesmo tipo de vídeo. (Wall Street Journal)

E a disputa judicial entre a Epic Games e a Apple ganhou um novo capítulo. A juíza Yvonne Gonzalez Rogers determinou que a Apple não pode proibir que os aplicativos de sua biblioteca tenham meios de pagamento de terceiros. A batalha entre as duas empresas começou quando a Apple excluiu o Fortnite da Apple Store em 2020, após a Epic Games implementar um método de pagamento próprio no aplicativo. A empresa de jogos acusou a Apple de forçar um monopólio ao pressionar o uso do método de pagamento deles. Por outro lado, a juíza também entendeu que a Epic Games violou seu contrato com a Apple, e por isso precisa pagar 30% de toda a receita gerada pelo sistema de pagamento próprio desde a implementação, cerca de US$ 3,5 milhões. (Jovem Nerd)

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