Prezadas leitoras, caros leitores —

Cá este Meio celebra esta semana cinco anos de idade e temos três novidades grandes para anunciar.

Na próxima semana, relançaremos o Pioneiros, comandado pela jornalista Luiza Bodenmüller. Nosso programa para membros volta de cara nova e valorizando ainda mais a relação que construímos com vocês ao longo desses anos. No Pioneiros, quem indica o Meio recebe recompensas: figurinhas para WhatsApp, adesivos, acesso ao Monitor e assinatura premium, ecobags e newsletter exclusiva. Vamos explicar tudo em detalhes na semana que vem.

No dia 18 vamos finalmente entregar o mais antigo desejo de nossos leitores, desejo repetido centenas de vezes, ano a ano. A newsletter ganhará versão em podcast, tocada pela jornalista Giullia Chechia. Isso mesmo: todo dia, de manhã, quem preferir ouvir ao invés de ler terá essa opção.

E estamos no Kwai. É a maior rede social da China que agora chega ao Brasil: vídeos de no máximo um minuto no quais, de segunda a segunda, uma equipe comandada pela jornalista Julia Ribeiro dá o tom do noticiário com a linguagem por vezes descontraída, noutras tantas séria, mas nunca sisuda, como cabe a este tipo de rede.

Começamos uma newsletter. Não é, porém, o que nos define.

O Meio é mais que uma newsletter.

Há cinco anos Meio era uma dupla de amigos/sócios. Hoje é uma equipe de 16 profissionais com as mais diversas vivências, trazendo uma visão plural dos acontecimentos.

Aqui, nosso objetivo é ajudar vocês a compreender um mundo em convulsão, em transformação. Às vezes ajudamos economizando seu tempo. Noutras, em vídeo, mostrando por A + B como chegamos a uma dada situação. Oferecendo leituras mais longas nos fins de semana, buscando especialistas para que nos expliquem a realidade em vídeo. O Meio se organiza assim porque assim é nosso cotidiano digital. Há o momento para um vídeo bem curto, para uma leitura rápida. Assim como há a hora em que o ideal é ouvir com os fones na corrida da manhã, no caminho de metrô. E, quando dá, encaixamos a informação que ajuda a refletir.

Todos estamos vivendo assim neste mundo povoado por telas e fones — o Meio, portanto, é digital e cresce conforme cresce o número de leitores, de ouvintes, de espectadores. Conforme cresce o número de assinantes premium.

A eles, os assinantes premium: muito, muito obrigado.

Quando o Meio nasceu Michel Temer estava fazia poucos meses no Planalto e ainda não havia sido gravado nos porões do Jaburu. O país já havia cindido em dois, mas tudo indicava que Hillary Clinton seria eleita dali a um mês presidente dos EUA. Não havia cheiro de que a extrema-direita pudesse ser elevada ao poder.

Os indícios são de que os próximos cinco anos serão melhores do que os passados. A extrema-direita populista está em refluxo. Trump não foi reeleito e este sábado mesmo o filipino Rodrigo Duterte anunciou sua aposentadoria da política. Não vai encarar as eleições, no ano que vem, pois está evidente que uma chapa incluindo seu nome não seria eleita. Duterte é, no temperamento, o mais parecido desta leva com Bolsonaro.

Aos cinco anos, cá estamos. Agora vamos aos próximos cinco.

— Os editores

Offshores de Guedes e Campos levantam suspeitas de conflito de interesses

O ministro da Economia, Paulo Guedes, mantém até hoje uma empresa offshore no paraíso fiscal da Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, com patrimônio de US$ 9,55 milhões (cerca de R$ 55 milhões). A informação consta de um imenso banco de dados, chamado Pandora Papers, montado por um consórcio de veículos de comunicação de diversos países e expõe casos semelhantes de empresários brasileiros e autoridades de diversos países. Ter uma offshore não é ilegal, desde que a empresa e seu patrimônio tenham sido declarados à Receita Federal, o que é o caso de Guedes. Porém, o fato de o ministro comandar a política econômica brasileira e tomar decisões que impactam câmbio e tributação, com reflexos sobre bens no exterior, traz um aparente conflito com o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal (íntegra). Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, também é apontado como dono de offshores, mas fechou uma delas e diz não fez remessas de capital para as demais nem investiu com recursos delas desde que assumiu o cargo. Entretanto, ele e Guedes, à frente do Conselho Monetário Nacional (CMN), aprovaram medida beneficiando possuidores de recursos no exterior. Guedes e Campos negaram ilegalidades, e o Planalto ainda não se manifestou. (Piauí)

Parlamentares da oposição pretendem acionar o Ministério Público Federal para que investigue eventuais conflitos de interesses e benefícios que Guedes e Campos possam ter obtido. O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), quer a convocação dos dois para darem explicações aos deputados. (Folha)

O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que vai mandar um ofício ao ministro pedindo explicações. (Poder360)

Além de Guedes e Campos Neto, donos das maiores empresas do país e presidentes de bancos também mantém offshores em paraísos fiscais - o que, é importante lembrar, não é ilegal em si. Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, e outros nomes ligados ao banco, também têm empresas nas Ilhas Virgens Britânicas. A lista conta, ainda, com outros presidentes, como Paulo Henrique Costa, do BRB, Marco Antonio Linares, do Original, Marciano Testa, presidente do Agibank, e o co-fundador da MRV Rubens Menin, do Banco Inter. Entre os empresários da lista, estão os donos de empresas os irmãos Andrea, Eduardo e Fernando Parrillo, da Prevent Senior; o dono do grupo Guararapes (Riachuelo), Flávio Rocha; os donos da Grendene, Pedro e Alexandre Grendene; Paulo Junqueira Moll, da Rede D’Or. (El País Brasil)

A lista do Pandora Papers também é farta em autoridades internacionais. São 14 chefes de estado e governo na ativa e outros 21 que já deixaram o poder: Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão; Andrej Babiš, que tenta se reeleger esta semana premiê da República Tcheca; Volodymyr Zelenskiy, presidente da Ucrânia, e muitos outros. Sem contar toda a corte que gravita em torno do presidente russo Vladimir Putin. (Guardian)

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No sábado, manifestantes pediram o impeachment do presidente Jair Bolsonaro e protestaram contra a alta da inflação e o gerenciamento da pandemia de covid-19 em 304 cidades do Brasil e em mais 18 países. O maior dos atos ocupou dez quarteirões da Avenida Paulista, em São Paulo, mas com grande concentração apenas nas imediações do MASP, onde ficaram os carros de som. Os organizadores falaram em 100 mil participantes, mas a PM estimou o número em 8 mil pessoas. Embora 21 partidos tenham participado da organização, os discursos foram predominantemente de nomes da esquerda, como o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Ciro aliás, foi alvo de vaias e ataques por parte de militantes do PCO enquanto discursava. Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho Zero Três do presidente, ironizou o tamanho das manifestações. (UOL)

Após ser alvo de ataques de grupos de extrema-esquerda, Ciro Gomes propôs ontem uma “trégua de Natal” entre as diferentes forças que se opõem a Bolsonaro. (Metrópoles)

Pesquisa de professores da USP no ato de sábado mostra que quatro em cada dez manifestantes de esquerda são contra dividir os protestos com a direita. (Globo)

Veja imagens dos protestos. (g1)

Não se limita a engavetar pedidos impeachment a blindagem de Jair Bolsonaro pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Como conta Rubens Valente, Lira usa uma manobra regimental para devolver aos autores projetos de lei contrários aos interesses do governo sem que passem por qualquer avaliação. Já são 55 casos em que o presidente da Casa declara o projeto inconstitucional sem submetê-lo à CCJ, que deveria fazer essa avaliação. (UOL)

Pressão sobre médicos para prescrição do “kit covid” não era exclusividade da Prevent Senior, investigada pela CPI da Pandemia. Em áudios e mensagens de janeiro deste ano, em plena segunda onda da covid-19, a direção da Hapvida, a maior operadora de saúde as regiões Norte e Nordeste instava os profissionais a “aumentar consideravelmente” a indicação de cloroquina e tratamento em casa para que as unidades da empresa tivessem “menos pacientes internados”. Desde julho de 2020 a OMS já havia concluído que a cloroquina, um remédio contra a malária, era inútil no tratamento da covid-19. A Hapvida é alvo de investigação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. (Globo)

A ANS, aliás, entra esta semana na roda da CPI, com o depoimento na quarta-feira de seu diretor-presidente, Paulo Roberto Rebello Filho. Os senadores querem saber se houve omissão da agência diante das ações da Prevent Senior e, como se constata, de outras operadoras de saúde. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), pretende encerrar os trabalhos no próximo dia 20. (Folha)

Elio Gaspari: “O doutor Rebello Filho poderá contar o que fez diante das denúncias do comportamento da Prevent Senior durante a pandemia. A Prevent é um caso em si, e seus maganos estão sofrendo pelo que fizeram, mas a ANS sabe muitos mais.” (Globo e Folha)

Ah... O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, testou negativo para covid-19 e encerrou sua quarentena num hotel de luxo em Nova York. Ele deve voltar ao Brasil nos próximos dias. (UOL)

O ministro do STF Gilmar Mendes se antecipou ao Congresso, onde voltou do Senado para a Câmara um texto manietando a Lei de Improbidade Administrativa. Atendendo a um pedido do PSB, ele tornou inválido um trecho da lei determinando a perda dos direitos políticos de pessoas condenadas por danos ao erário, a menos que se comprove que houve dolo, intenção. Juristas e especialistas afirmam que a exigência de prova de dolo é um estímulo à impunidade e ao descaso com o patrimônio público. (g1)

Viver

Infelizmente fracassou o “Dia V”, um mutirão feito no sábado pelo governo de São Paulo para aplicar a segunda dose da vacina contra covid-19 em 3,9 milhões de pessoas que estão com a imunização em atraso. Apesar da ampla divulgação, somente 8% dessas pessoas compareceram. (g1)

A Pfizer completou neste domingo a entrega dos 100 milhões de vacinas que o governo federal havia contratado em março. Há um outro contrato para a mesma quantidade de doses ser entregue até dezembro. (Estadão)

Enquanto isso... O prefeito do Rio, Eduardo Paes, surpreendeu ao anunciar que o carnaval carioca vai acontecer em fevereiro sem qualquer regra de distanciamento ou redução de público. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, havia levantado a possibilidade, mas a condicionara à situação da pandemia. (Globo)

Neste domingo o Brasil registou 237 mortes por covid-19, chegando a 597.986 desde o início da pandemia. A média móvel em sete dias foi de 500 óbitos. É importante lembrar que, nos fins de semana os registros tendem a ficar represados e serem contabilizados de fato somente na terça-feira. (g1)

O americano David Julius e o libanês Ardem Patapoutian ganharam o Nobel de Medicina, anunciado há pouco pela Academia Real das Ciências da Suécia. Os dois desenvolveram pesquisas sobre os receptores de temperatura e toque na pele e nos nervos humanos. (g1)

Uma bomba está prestes a explodir sobre a Igreja Católica na França. Amanhã será divulgado o resultado de uma investigação que identificou, numa “estimativa mínima”, 2.900 pedófilos dentro da estrutura eclesiástica que agiram desde 1950 no país. A maioria dos casos já prescreveu e muitos dos abusadores estão mortos, mas o episcopado francês já se antecipou e prometeu “reparações financeiras” às vítimas. (Globo)

Chamado até de retrógrado, coitado, Mercúrio teve sua intimidade devassada esta semana pela sonda BepiColombo, que enviou suas primeiras imagens do planeta mais próximo do Sol. Se tudo der certo, a sonda vai estabelecer uma órbita estável e enviar informações constantes sobre Mercúrio. Parceria das agências espaciais europeia, chinesa, russa e americana, a BepiColombo é um marco na engenharia espacial, projetada para resistir às temperaturas extremas do planeta, que vão de -173 ºC a 426 ºC. (BBC Brasil)

Cultura

A música brasileira vem acumulando luto neste 2021. Morreu no sábado, aos 78 anos, o violonista Sebastião Tapajós, um dos instrumentistas brasileiros mais respeitados internacionalmente. Aprendeu a tocar ainda menino com pai, em sua Santarém (PA) natal, e aos 10 anos já se apresentava profissionalmente. À formação doméstica, acrescentou o conhecimento musical erudito, formando-se pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa. Ao mesmo tempo em que produziu uma sólida discografia solo, acompanhou grandes nomes da MPB, como Hermeto Paschoal, Sivuca, Jane Duboc e outros. Também tocou com gigantes internacionais, como Astor Piazzolla e o pianista Oscar Peterson. Era um artista do mundo, sem jamais perder o vínculo artístico e afetivo com Santarém, onde perdeu a batalha contra o câncer. (Globo)

Sua performance em Cheiros do Pará, acompanhado de Olmir Strockler na guitarra e Caíto Marcondes na percussão, dá uma boa medida de sua genialidade. (YouTube)

Também vítima de um câncer, morreu ontem, aos 42 anos, o humorista Caíke Luna, famoso pelo personagem Cleitom no humorístico Zorra Total. Caíke também participou da novela Rock Story, da TV Globo, e fazia parte do elenco de programas humorísticos do Multishow. (g1)

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Primeiro nome confirmado para a próxima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), o chileno Alejandro Zambra chega às livrarias em dose dupla. Seu último romance, Poeta Chileno, ganha este mês a companhia de um volume que reúne toda sua obra, composta em grande parte de histórias de escritores como ele, que batalham para viver da própria obra e nelas inserem suas pequenas aventuras. (Folha)

Cotidiano Digital

A bomba no mundo da tecnologia neste domingo foi a revelação da identidade da pessoa por trás dos documentos vazados que deram origem à série de reportagens do Wall Street Journal ‘The Facebook Files’. Em entrevista ao programa americano de notícias 60 Minutes, Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook, veio a público como denunciante da rede social e explicou sua decisão de registrar queixas junto às autoridades policiais dos EUA e compartilhar com o jornal ‘WSJ’ provas contra a companhia. Segundo Haugen, sua intenção é consertar a empresa, e não prejudicá-la. (Wall Street Journal)

Gênio, controverso, inovador. Steve Jobs, o pai do iPhone, era uma figura dos extremos: sua capacidade criativa causou grandes saltos tecnológicos e ajudou a construir o império Apple. No entanto, sua personalidade também o tornou famoso por ser abusivo com funcionários para conseguir as coisas da maneira como queria. Nesta terça, a morte de Jobs completa 10 anos. Vítima de um câncer no pâncreas aos 55 anos, o empresário americano permaneceu como CEO da Apple até 2009, deixando o cargo para Tim Cook. (Terra)

Steve Jobs seria cancelado em 2021? Colecionador de episódios controversos, o fundador da Apple seria um forte candidato a 'culpado' no tribunal das redes sociais. (Estadão)

Meio em vídeo. Revolução à vista. Astro, Glow, Echo Show 15 e Always Home Cam. A Amazon divulgou o futuro da empresa e apresentou novos aparelhos. Os jornalistas Pedro Doria e Cora Rónai analisam os produtos e quais as perspectivas para o futuro tecnológico da empresa. (YouTube)

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