Prezadas leitoras, caros leitores —

Como é nosso hábito em feriados nacionais, o Meio não circula amanhã, 2 de novembro, Dia de Finados.

Salvo, evidentemente, algo grave que exija uma edição extra.

— Os editores

No G20 ou na COP, Brasil se isola do mundo

Quase 30 anos depois de sediar a Rio-92, reunião de cúpula da ONU sobre meio-ambiente, o Brasil chegou ontem à Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26) na condição de pária ambiental. O presidente Jair Bolsonaro gravou uma mensagem em vídeo e decidiu não comparecer nem enviar o vice Hamilton Mourão. O representante mais graduado do país é ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que segue aplicando a política ambiental que já levou o país a ser denunciado na ONU. Enquanto o mundo conseguiu reduzir a emissão de gases do efeito estufa numa média de 7% no ano passado, no Brasil elas aumentaram 9,5%. Lançado às vésperas da conferência, o Programa Nacional de Crescimento Verde é visto como vago e não deve livrar o país das críticas internacionais. Dez governadores do Consórcio Brasil Verde participam da conferência para oferecer um contraponto às políticas federais. (UOL)

Mas o Brasil não é a única preocupação da COP26. Reunidos em Roma no fim de semana, os líderes das 20 maiores economias do mundo concordaram em limitar em 1,5ºC o aumento da temperatura do planeta até o fim do século, mas não se comprometeram com uma data para zerar as emissões de carbono — especialmente por pressões de China, Rússia e Índia. Como se uma coisa fosse independente da outra. De concreto ficou a promessa de não investir mais em usinas termelétricas a carvão. É importante, mas é pouco. (g1)

Pois é... Jair Bolsonaro foi o único líder presente no encontro do G20 não vacinado — e, ainda assim, exaltou em seu discurso a campanha de vacinação no país. Elogiou um imposto mínimo global que, na avaliação de alguns economistas, favorece os países ricos. E, numa conversa informal com presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, outro líder de pendor autoritário, mentiu sobre a própria popularidade e a recuperação da economia brasileira, além de botar a culpa de ser criticado na imprensa. (UOL)

Bolsonaro não participou da simpática foto dos líderes jogando moedas na Fontana di Trevi, mas até aí tudo bem. Joe Biden, dos EUA, também não estava. O que chamou a atenção, porém, foi a falta de encontros bilaterais de peso. (g1)

O presidente passou o domingo na Itália com direito a dois incidentes. No primeiro, jornalistas brasileiros foram agredidos por seguranças de Bolsonaro, que hostilizou os profissionais durante uma caminhada. No segundo, em entrevista a uma TV italiana e sem apresentar nada vagamente parecido com prova, associou o ex-presidente Lula ao tráfico internacional de drogas, através de supostas ligações com as FARC. (Metrópoles)

PUBLICIDADE

Na sexta-feira uma bomba caiu sobre a cabeça do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ouvidas pelo repórter Hugo Marques, seis mulheres pobres da periferia do Distrito Federal disseram terem sido usadas num esquema de “rachadinhas” no gabinete do senador, com direito a reproduções de documentos sustentando as acusações. Segundo a diarista Marina Ramos Brito, o próprio Alcolumbre lhe disse: “Eu te ajudo e você me ajuda”. Ela se tornou funcionária do gabinete dele, com salário de R$ 14 mil, mas recebia apenas R$ 1.350. Desempregada, aceitou. Até o 13º era retido, diz outra denunciante. O esquema, que teria funcionado entre janeiro de 2016 e março deste ano, pode ter desviado até R$ 2 milhões, dos cofres públicos. Procurado, Alcolumbre disse que não cuidava das questões administrativas do gabinete e negou ter contato com as ex-funcionárias. O Senado se fechou em copas sobre o caso, à exceção de Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que apresentou notícia-crime contra o colega ao STF. (Veja)

As denúncias contra Alcolumbre reacenderam as esperanças do ex-advogado-geral da União André Mendonça de chegar ao STF. Desde julho o indicado “terrivelmente evangélico” de Bolsonaro vê sua sabatina na CCJ barrada pelo senador do Amapá. (Folha)

E por falar em STF... O ministro Alexandre Moraes determinou no sábado que a CPI da Pandemia apresente em 48 horas mais informações sobre o pedido de banimento de Jair Bolsonaro das redes sociais. A AGU entrou com uma ação no Supremo em nome do presidente contra a proposta. (Metrópoles)

Aliás... Já chega a 33 o número de vídeos de Bolsonaro banidos pelo YouTube por disseminação de mentiras sobre a covid-19. (Metrópoles)

Embora tenha rejeitado na semana passada por unanimidade a cassação da chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estaria preparando um cerco ao presidente no pleito do ano que vem. Existe na Corte um inquérito administrativo sobre os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. A ideia é turbiná-lo com provas de que o presidente está fazendo campanha antecipada, o que é ilegal. Com esse material, partidos, procuradores e o próprio TSE poderiam pedir que seja negado registro a sua candidatura no ano que vem, à revelia do procurador-geral Augusto Aras. (Veja)

Parentes de políticos, lobistas e até pastores se tornaram passageiros frequentes em voos da FAB, segundo informações do próprio governo. Mesmo sem cargo público, o filho Zero Quatro, Jair Renan Bolsonaro, fez pelo menos quatro viagens de carona com ministros — na última ainda levou um amigo. Já o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, levou um colega de púlpito, o pastor Arilton Moura para uma viagem ao Maranhão, sem que a pasta explicasse se ele tinha relação com a agenda. Já o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, levou a família toda em pelo menos 20 viagens oficiais. (Folha)

Casa de ferreiro, espeto de pau. O Podemos, partido ao qual o ex-ministro Sérgio Moro deve se filiar no próximo dia 10 e possivelmente concorrer ao Planalto, tem em seus quadros investigados pela Polícia Federal, pela Justiça Eleitoral e pela própria Lava-Jato. A presidente da sigla, deputada Renata Abreu (SP), é acusada de usar candidatas como laranjas em eleições, e o secretário-geral, Luiz Claudio Souza França, foi filmado recebendo R$ 38 mil em dinheiro de um delator. (Estadão)

Mas a verdade é que a Lava-Jato já não conta com o mesmo apelo. A Polícia Federal e o Ministério Público continuam realizando operações no bojo da investigação, mas agora não usam mais o nome Lava Jato, outrora visto como sinônimo de combate à corrupção. (Folha)

Viver

Pandemia? Que pandemia? Hoje o estado de São Paulo, em particular a capital, amanhece livre de todas as restrições a aglomerações, exceto pelo uso obrigatório de máscaras e a exigência pela prefeitura paulistana do passaporte de vacinação. Estão liberados shows em pé, baladas e lotação total em estádios. A justificativa é que 87,63% dos adultos no estado já completaram a imunização. (g1)

A retomada geral de eventos em São Paulo e o fim da exigência do uso de máscaras em locais abertos no Rio, por exemplo, deixam as pessoas divididas. De um lado, o desejo por um pouco de liberdade após mais de 600 dias de restrições. Por outro, a noção de que a covid-19 não desapareceu do nosso meio. (Folha)

A imunização completa contra a covid-19 chegou para 117.079.004 pessoas no país, o que equivale a 54,88% da população. Já a primeira dose foi aplicada em 72,53%, 154.715.794 brasileiros. (UOL)

Neste domingo foram registradas 96 mortes pela doença no país, lembrando que fins de semana e feriados prolongados são marcados por subnotificação. A média móvel em sete dias foi de 311, a mais baixa desde abril do ano passado. Ao todo 607.860 já morreram no Brasil. (g1)

E o mundo atingiu nesta manhã a marca de cinco milhões de mortos pela doença, com o aumento do número de casos na Europa e na Ásia. (g1)

Nove bombeiros civis morreram no desabamento de uma gruta em Altinópolis (SP). Eles participavam de um curso de salvamento no local. Uma pessoa ficou ferida e outras 18 escaparam incólumes. (CNN Brasil)

O roteiro é conhecido. Um paraíso natural vira atração turística, é tomado pela especulação imobiliária e depois se vê às voltas com as consequências para o meio ambiente. Balneário Camboriú (SC) e Fortaleza (CE) estão investindo milhões para recuperar faixas de areia e reduzir o impacto dos paredões de prédios de luxo na circulação de ar. (Globo)

Mas, mesmo buscando recuperar faixas de areia, as intervenções desequilibram ainda mais o meio ambiente. Desde agosto foram avistados ou capturados 28 tubarões em Balneário Camboriú, embora não haja registro de ataques. (Jornal Nacional)

Para ler com calma. Letícia Lanz tinha 50 anos e, como Geraldo, sua vida estava desmoronando, culminando com um infarto. “Se ficar viva, é outra história”, diz a hoje psicanalista e escritora, que já fazia tratamento hormonal, mas ainda escondia a condição de mulher trans. Duas décadas depois, Letícia continua casada com a mesma mulher há 45 anos, vê o feminismo como a maior revolução da Humanidade e lamenta a falta de apoio por parte da comunidade transgênero. (UOL)

Cultura

Poucos temas na biografia de Roberto Carlos foram por tanto tempo um tabu quanto o acidente que decepou, ainda na infância, parte de uma de suas pernas. Não mais. O cantor, de 80 anos, contou tudo aos jornalistas Nelson Motta e Patrícia Andrade, que preparam uma minissérie em quatro episódios sobre sua vida. Motta revela, por exemplo, a reação de Roberto quando, aos 14 anos colocou a primeira prótese na perna: “Ele contou que saiu correndo, tropeçando, foi correndo pela praia. No dia seguinte, ele foi a um baile e dançou a noite inteira.” (Globo)

PUBLICIDADE

Cresce entre brasileiras de mais de 40 anos o hábito de acompanhar novelas. Até aí, nenhuma novidade, não fossem novelas turcas. Como as tramas não passam na TV, as fãs organizam grupos no Telegram e montam perfis no YouTube para exibir os capítulos, e ainda acrescentam legendas, com apoio do Google Tradutor. Mas o que explica o fascínio pelas novelas turcas? Elas são conservadoras, sem cenas mais picantes, focadas no amor romântico e impossível. (Folha)

Perseguido por paparazzi, o ator Alec Baldwin falou pela primeira vez sobre o tiro acidental que matou a diretora de fotografia Halyna Hutchins no set do western Rust. “Ela era minha amiga. No dia em que cheguei a Santa Fé e comecei a filmar, eu a levei para jantar”, lembra o ator. A polícia investiga por que a arma cenográfica estava com munição de verdade. (g1)

Cotidiano Digital

Pois é... A velocidade da internet móvel no Brasil está abaixo da média global, de 63.15Mbps para download. O país ocupa o 76º lugar entre 138 nações. Segundo analistas, a baixa performance é reflexo da desigualdade de acesso, uma vez que a velocidade média deriva, principalmente, da distribuição de antenas por habitantes. Por isso, a alta demanda por dados tende a congestionar o tráfego. O primeiro lugar do ranking ficou para os Emirados Árabes Unidos, com velocidade quatro vezes mais rápida que a média global. Em segundo lugar aparece a Coreia do Sul, seguida pela Noruega. Na América Latina, o Brasil (33,92 Mbps) é o quarto, atrás de Suriname, Jamaica e Uruguai. Os dados são do relatório trimestral da Speedtest Global Index, da Ookla, empresa que faz testes e análises de internet. (Folha)

Depois de produzir clipes com músicas do grupo de K-pop BTS e de Do You Love Me?, clássico da década de 1960 gravado pela banda The Contours, a fabricante de robôs Boston Dynamics publicou um novo vídeo mostrando os avanços em movimentação e inteligência artificial da marca ao som dos Rolling Stones. A empresa fez uma homenagem aos 40 anos de lançamento do álbum Tattoo You. No vídeo, o robô Spot imita os movimentos de dança do vocalista Mick Jagger no clipe de Start Me Up. O resultado é uma paródia curiosa chamada Spot Me Up. Assista. (Canaltech)

Meio em vídeo. Pedro Doria e Cora Rónai discutem dois estudos mostrando que os algoritmos nas redes sociais distribuem mais as postagens de direita e fecham os conservadores em suas bolhas. (YouTube)

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.