Prezadas leitoras, caros leitores —

A pandemia não acabou. Nós sabemos disso. Mas conforme o índice de vacinados aumenta, mesmo com novos pequenos surtos aqui e ali no mundo, vai parecendo que ela está chegando ao fim.

Ou quase: a aprovação da terceira dose para todos mostra que a covid-19 deverá se tornar uma doença sazonal para a qual nos vacinaremos com recorrência, possivelmente uma vez por ano.

Empresas já começam a se movimentar para chamar de volta seus funcionários ao escritório. Do Vale do Silício a São Paulo, estão encontrando resistência. Muita gente gostou de trabalhar em casa — não quer mudar.

Portugal acaba de regular o home office. Não ficará sozinho — mas as fronteiras entre hora de trabalho e tempo pessoal, que já andavam tênues, desapareceram. Há um novo estilo de vida por nascer e todo mundo sente isso de uma forma ou outra.

Enquanto isso, a casa mudou de significado. Passando mais tempo nela, muitos tentaram transformá-la em ninho. A vida não perdeu o estresse — burnout é a doença da década. Mais de uma pesquisa detectou um salto no número de grandes decisões pessoais. Casamentos acabaram, mudanças de emprego, de cidade.

Em 2019, o e-commerce movimentou US$ 3,3 trilhões. Neste ano encostará nos US$ 5 trilhões. Isto não vai mudar. Telemedicina, consultas rápidas pela tela, muitas vezes nos apps das próprias seguradoras, também deu um salto. Ninguém espera que desapreça. Telas já faziam parte de nossas vidas, mas expandiram sua presença como nunca. Veio para ficar.

Mas o que já sabemos realmente sobre a vida pós-pandemia, agora que ela se aproxima? Tanto falamos do ‘novo normal’, mas o que é isto?

Como será a vida daqui pra frente?

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— Os editores

Governo escondeu dados de desmatamento da COP26

O relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre desmatamento na Amazônia, divulgado ontem, chama a atenção por dois números. O primeiro é o resultado em si: entre agosto de 2020 e julho deste ano, a área desmatada na Amazônia chegou a 13.235 km2. É a maior extensão registrada desde 2006 (14.286 km2). O segundo é a data do relatório, 27 de outubro último, quatro dias antes da COP26, conferência da ONU que discutiu em Glasgow as mudanças climáticas. Jornalistas e entidades ambientalistas cobraram os dados, geralmente divulgados antes do evento, sem obter resposta. “O governo federal foi a Glasgow já ciente da taxa de desmatamento, mas, ainda assim, não a informou para as Nações Unidas. Preferiu falar sobre outra métrica, o Deter, que apontava uma leve redução no desmate”, diz João Paulo Capobianco, membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, e ex-coordenador do Plano de Prevenção e Controle ao Desmatamento da Amazônia. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, jura que só viu os dados ontem, mas, em carta aberta, servidores do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, ao qual o Inpe é subordinado, afirmam que o resultado já era conhecido antes do evento. (g1)

Míriam Leitão: “O governo Bolsonaro, desde o primeiro dia, desde antes até do primeiro dia, quis desmontar toda a política de combate ao desmatamento. Desde 2005 os dados de desmatamento são divulgados antes ou durante a COP. O governo deliberadamente adiou os números, mentiu em uma conferência internacional, ao dizer que o desmatamento estava caindo, e mais uma vez provou ao mundo que é o verdadeiro inimigo da floresta.” (Globo)

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Se alguém ainda tinha dúvidas do impacto da covid-19 no Brasil, pode esquecê-las. Segundo as Estatísticas do Registro Civil, divulgadas ontem pelo IBGE, 2020 foi o ano em que mais se morreu no Brasil, 1.513.575, quase 200 mil a mais que no ano anterior, um aumento de 14,9%. São o maior número e a maior variação desde 1984, quando a pesquisa começou a ser feita. O maior aumento percentual foi no Amazonas (31,9%), seguido do Pará (27,8%) e do Mato Grosso (27%). Já o Rio Grande do Sul teve, de longe, a menor variação, apenas 4%. A pandemia também ceifou mais os idosos. Em 2020, 61,6% dos óbitos foram de pessoas com mais de 65 anos. A boa notícia foi a queda acentuada na mortalidade infantil, -13,9% entre 2019 e 2020. (UOL)

Confira os números de óbitos e casos e os dados da vacinação no Brasil. (g1)

Enquanto isso... AstraZeneca anunciou ontem que seu coquetel de remédios para covid-19, o Evusheld, apresentou em testes índices de 83% de proteção contra a doença. No caso de pessoas que contraem o sars-cov-2, o Evusheld evitou o desenvolvimento de sintomas graves em 88% dos casos. O medicamento, que ainda está em fase de testes, mistura anticorpos de longa duração. (Poder360)

A pedido de deputados de oposição, o TCU abriu uma investigação para apurar denúncias de fragilidade técnica no Inep e ingerência política na elaboração do Enem. As provas começam a ser aplicadas neste domingo. (CNN Brasil)

O Senado aprovou ontem, por unanimidade, o projeto de lei que tipifica como racismo a injúria racial, hoje tratada como um crime à parte, com penas menores. Uma vez sancionada, a lei eleva para até cinco anos de prisão a pena para quem ofender outra pessoa com base em sua etnia, cor ou procedência nacional. De autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), o projeto corrobora uma decisão do STF e segue agora para a Câmara. (g1)

Imagine um velociraptor sem dentes. Foi mais ou menos isso que o Museu Nacional apresentou ontem: o Berthasaura leopoldinae, cujos fósseis foram encontrados em Cruzeiro do Oeste (PR) por pesquisadores do próprio museu e da Universidade do Contestado. O dinossauro bípede de um metro de comprimento viveu num período entre 80 e 70 milhões de anos atrás e tinha, em vez de dentes, um bico semelhante ao de tartarugas. O nome foi escolhido em homenagem à cientista e ativista Bertha Lutz (1894-1976) e à imperatriz Leopoldina (1797-1826). (Galileu)

Bem-vindo ao brejo

Spacca

Meio Spacca Touro reduz 560

Política

O governo já percebeu que a PEC dos Precatórios vai ter no Senado uma tramitação muito mais difícil que a vista na Câmara e negocia concessões para tentar seduzir os senadores. Entre as mudanças propostas estão tornar permanente o Auxílio Brasil de R$ 400, hoje previsto apenas até o final do ano que vem. A PEC altera o teto dos gastos e a regra de pagamento de dívidas judiciais do governo para abrir espaço fiscal de R$ 91,2 bilhões em 2022. Outra proposta prevê que todo esse montante vá para o Auxílio Brasil, para programas sociais e para o reajuste de aposentadorias, seguro-desemprego e abono salarial. Mas há uma pegadinha. Todas essas novidades viriam numa outra proposta de emenda à Constituição, para evitar que a PEC dos precatórios tenha de voltar para a Câmara. (Globo)

Enquanto isso... Aliado do governo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), descartou ontem a possibilidade de os recursos liberados pela PEC dos Precatórios serem usados para conceder reajuste aos servidores da União, como sugeriu o presidente Jair Bolsonaro. (Poder360)

Marcadas para este domingo, a prévias do PSDB vão impactar os tucanos para a além da escolha de um pré-candidato ao Planalto. A indicação é disputada pelos governadores João Doria (SP), Eduardo Leite (RS) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Está em jogo, por exemplo, a eleição de um novo líder na Câmara, contrapondo os grupos de Doria e do deputado Aécio Neves (MG), que apoia Leite. Na cúpula tucana há o temor de que a disputa interna enfraqueça o partido e dê mais espaço à ala bolsonarista da bancada, fazendo do PSDB mais um apêndice do Centrão que uma alternativa de terceira via. (Estadão)

A carta branca dada ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para negociar a entrada de Jair Bolsonaro não acalmou os ânimos no partido. Integrantes do partido que fazem oposição ao governo já ensaiam o desembarque. Vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), por exemplo, diz a aliados que pretende sair do partido. Anteontem, após a reunião da legenda, ele afirmou que não estará no palanque de Bolsonaro. (Globo)

Vera Magalhães: “Um dirigente do PL, conhecedor profundo do modus operandi de Valdemar Costa Neto, resume da seguinte maneira a estratégia do cacique para as eleições de 2022: ‘Eleger mais de 60 deputados com Bolsonaro como puxador de votos e torcer pela vitória do Lula’. Valdemar e o petista são amigos, mantêm contato mesmo hoje, e Lula é considerado mais previsível e mais fácil de compor pela classe política, sobretudo o Centrão.” (Globo)

Após virtualmente assumir, em entrevista a Pedro Bial, a candidatura à presidência, o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos) fez em Brasília um tour típico de campanha, revela o Radar. Reuniu-se com os presidentes do PROS, Eurípedes Júnior, e do Patriotas, Ovasco Resende, que tentou filiar Jair Bolsonaro, e com deputados da chamada “bancada morista” do PSL. (Veja)

Aliás... Apontado por Moro como seu guru econômico, o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore desancou a PEC dos Precatórios, classificando-a como “clientelismo político”, e disse que o auxílio emergencial de R$ 600 pago no ano passado chegou a mais gente do que deveria. (Folha)

Meio em vídeo. Qual o tamanho do antipetismo em 2022? Aliás, você entende o que é e de onde vem o antipetismo? Conforme Bolsonaro despenca, entender essa força é fundamental para compreender o que vai acontecer no ano que vem. Confira no Ponto de Partida. (YouTube)

Guru maior do bolsonarismo, Olavo de Carvalho estava no Brasil desde julho para tratamento de saúde, mas voltou para os EUA repentinamente na semana passada. Aos seguidores, gravou um vídeo dizendo ter recebido a oferta de um “voo para dali a 15 minutos”. O que ele recebeu de verdade, revela o Painel, foi uma intimação da Polícia Federal para depor no inquérito que investiga uma milícia digital responsável por ataques à democracia. Ele já havia driblado a PF em agosto alegando razões médicas para não depor. (Folha)

Cultura

Um show do rapper Emicida abre amanhã, no Dia da Consciência Negra, a programação da Feira Preta, que rola até 10 de dezembro de forma online e gratuita. Além de mais apresentações musicais, de nomes como Teresa Cristina e Liniker, também estão previstas mesas de debate e feira de negócios.

Zezé Motta e Ailton Graça são os mestres de cerimônia da live Arte Negra, que reúne hoje apresentações musicais de Seu Jorge, Mahmundi, Péricles, Majur e Paula Lima. A transmissão é do Teatro Bradesco.

Na segunda, a edição online do FILTE – Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia apresenta uma programação de espetáculos, atividades de formação e colóquio.

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Talvez, cantada por Caetano Veloso (Spotify e YouTube), levou ontem o Grammy Latino de melhor gravação. O cantor comemorou no Instagram o reconhecimento da canção, composta por seu filho Tom e por Cezar Mendes. Mas ele não foi o único brasileiro premiado. A dupla Anavitória se consagrou ao levar melhor canção em língua portuguesa, Lisboa (Spotify e YouTube), e melhor álbum pop contemporâneo, Cor (Spotify). Marília Mendonça foi homenageada por Anitta, mas o prêmio de melhor álbum sertanejo foi para Chitãozinho e Xororó, com Tempo de Romance (Spotify). (g1)

Autor de clássicos como O Que É Ser Médico e No Labirinto do Cérebro, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, de 69 anos, foi eleito ontem para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele venceu a disputa com o poeta e crítico Joaquim Branco e com o escritor e professor Daniel Munduruku, que tentava ser o primeiro indígena na instituição. (Globo)

Falando em literatura, a FLIP começou a detalhar ontem as mesas de sua edição de 2021, que será híbrida presencial/remota. Margaret Atwood, autora do renomado Conto da Aia, Conceição Evaristo e Alice Walker estão entre os nomes confirmados. (Folha)

Como se diz “sofrência” em inglês? É importante, pois um novo álbum de Adele chega hoje às plataformas e lojas. Se bem que, segundo a crítica, 30 (Spotify) vai além do modelo balde de sorvete e caixa de lenços que consagrou a artista inglesa em canções como Turning Tables (YouTube) ou mesmo do novo single Easy On Me (YouTube). Aos 33 anos, ela canta o divórcio, o filho e as novas possibilidades, explorando também outras sonoridades sem abrir mão da qualidade de seus três álbuns anteriores. (g1)

Cotidiano Digital

A Apple está mesmo empenhada em criar seu próprio carro elétrico e autônomo. A fabricante do iPhone trabalha no desenvolvimento da tecnologia de direção autônoma no chamado “Projeto Titan”. Nos últimos anos, a equipe de automóveis da Apple tem explorado dois tipos de tecnologia: a criação de um modelo com capacidade limitada de direção autônoma focada na direção e aceleração - semelhante a muitos carros atuais - e na versão com capacidade total de direção autônoma que não requer intervenção humana. Sob a direção de Kevin Lynch, executivo de software do Apple Watch, a empresa quer lançar seu veículo 100% autônomo em até quatro anos. (Bloomberg)

Então... Barbados quer sediar a primeira embaixada do metaverso, versão da realidade virtual na internet. A pequena nação caribenha de 300 mil habitantes anunciou o estabelecimento do que apresenta como a primeira representação diplomática no metaverso, na qual os clientes poderão obter serviços consulares virtualmente. As autoridades não forneceram muitos detalhes ou uma data de início, mas afirmaram ter assinado um acordo com a plataforma Decentraland e outras duas empresas. (Folha)

E o Spotify começou a liberar ontem um novo recurso chamado Letras, que mostra na tela do dispositivo a letra da música que o usuário está ouvindo naquele momento. A novidade será disponibilizada para assinantes Premium e Free na plataforma em todo o planeta. (Canaltech)

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