Nem Bolsonaro nem Lula empolgam massas no 1º de Maio

Assessores palacianos tentaram evitar, tentaram dissuadir, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) tirou o Dia do Trabalho para tomar parte, ontem, de atos contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Esteve presente em Brasília e falou com o público em São Paulo por vídeo. Na Praça dos Três Poderes um grupo reduzido de manifestantes recebeu o presidente com cartazes pedindo intervenção militar e o fechamento do Supremo. Bolsonaro ficou no local por dez minutos, acenou e foi embora sem discursar. Já o ato em São Paulo, um quê mais encorpado, era em desagravo ao deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF e indultado pelo presidente. Em vídeo, Bolsonaro afirmou que seu governo “acredita em Deus, respeita as autoridades, defende a família e deve lealdade a seu povo”. (g1)

As palavras de ordem contra o Supremo foram rebatidas pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que as classificou nas redes sociais como “anomalias graves”. (CNN)

Já os ministros do STF não escondiam o alívio com a baixa adesão às manifestações bolsonaristas, conta Bela Megale. Parte dos magistrados sequer chegou a acompanhar pela televisão o andamento dos protestos. Para os organizadores, o baixo empenho de Bolsonaro contribuiu para o esvaziamento. (Globo)

Elio Gaspari: “O Brasil corre o risco de viver a sua maior crise institucional desde o AI-5. Ela tem data e hora marcadas: a noite de 2 de outubro, quando se conhecerá o resultado da eleição. O cenário é previsível: fecham-se as urnas, totalizam-se os votos e, caso Jair Bolsonaro seja derrotado, ele anuncia que não aceita o resultado. Faltam cinco meses para a eleição e Bolsonaro faz sua campanha hostilizando o Judiciário e propondo que as Forças Armadas participem do processo de totalização.” (Folha e Globo)

Thomas Traumann: “A ideia de que generais possam decidir se a apuração do TSE está condizente com a realidade assustou os maiores aliados do presidente, os políticos do Centrão. Afinal, o poder do Centrão deriva do respeito ao Legislativo. Se os generais podem decidir se Bolsonaro ganhou ou não as eleições, o passo seguinte é escolher quem estará ou não no Congresso. Os políticos do Centrão sabem o risco que correm.” (Veja)

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Baixa adesão não foi problema só de Bolsonaro. O ex-presidente Lula (PT) deveria discursar às 13h num evento de centrais sindicais pelo 1º de Maio, em São Paulo. Porém, como havia pouca gente no local, ele e seus assessores preferiram transferir o discurso para as 15h50, depois de uma apresentação de Daniela Mercury. Lula também ficou incomodado com pedidos de voto explícitos feitos nos discursos, uma das raras violações que a Justiça Eleitoral tem punido na pré-campanha. “Eu ainda não sou candidato, só dia 7 eu vou ser pré-candidato”, disse ao público em frente ao Estádio do Pacaembu. “Mas se preparem porque alguém melhor do que esse presidente [Bolsonaro] vai ganhar as eleições”, disse Lula. (Folha)

O ex-presidente aproveitou para se desculpar por uma gafe cometida na véspera, quando criticou a “falta de sentimento” de Bolsonaro dizendo que o presidente “não gosta de gente, só gosta de policial”. “Quero aproveitar e pedir desculpa aos policiais desse país, porque, muitas vezes, cometem erros, mas muitas vezes salvam muita gente do povo trabalhador”, disse ontem. (UOL)

Terceiro colocado nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) celebrou o 1º de Maio na sede do partido, em Brasília, numa homenagem ao centenário de Leonel Brizola (1922-2004), fundador da legenda. O ex-ministro chamou a atenção para os problemas que os trabalhadores enfrentam hoje, como inflação, desemprego, inadimplência e informalidade. (CNN Brasil)

Igor Gielow: “Os antecipados atos concorrentes de Lula e Bolsonaro serviram para dar um desenho claro do desolador cenário político brasileiro a cinco meses da eleição mais importante desde a redemocratização de 1985. A desolação decorre principalmente pela atitude golpista explícita adotada pelo presidente da República. Já o petista preferiu usar o Dia do Trabalho para fazer um discurso cheirando a naftalina de Carnavais passados, em sindicalês quase puro.” (Folha)

Na última quinta-feira a Rede Sustentabilidade formalizou seu apoio à (pré-)candidatura do ex-presidente Lula (PT), mas este reclamou da ausência da fundadora do partido, Marina Silva. A ex-senadora, que foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e alvo de uma agressiva campanha petista nas eleições de 2014, vem se mantendo distante. “Ele disse que ficou surpreso. Eu fiquei surpresa com a surpresa dele. Não estava lá não por uma questão de raiva ou mágoa”, afirmou Marina. “Temos divergências políticas.” (Globo)

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por pelo menos 48 horas, a eleição indireta para o governo de Alagoas, marcada para hoje na Assembleia Legislativa. O presidente do Tribunal de Justiça governa o estado porque todos os integrantes da linha sucessória se desencompatibilizaram para concorrer em outubro. Os ministros Luiz Fux, por liminar, e Gilmar Mendes acolheram uma ação do PSB suspendendo a escolha do governador-tampão, dando prazo de 48 horas para a assembleia enviar esclarecimentos. (Congresso em Foco)

Centenas de civis foram retirados no fim de semana de Mariupol, cidade portuária ucraniana tomada por forças russas. Muitos deles estavam na siderúrgica Azovstal, um enorme complexo onde estão refugiados também os últimos combatentes a resistir na cidade. A ONU, que participou da remoção, confirmou que os comboios começaram a sair no sábado. Parte dos civis foi para outras áreas controladas pela Rússia. (BBC)

Em mais um sinal de apoio americano, a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi esteve ontem em Kiev, onde se reuniu com o presidente Volodymyr Zelenski. Na visita, que não estava agendada, ela tratou de ajuda econômica e humanitária e da reconstrução da Ucrânia. (France24)

Enquanto isso... Empresários ucranianos acusam tropas russas de terem saqueado o equivalente a US$ 5 milhões em máquinas agrícolas de uma empresa na cidade de Melitopol. O equipamento, que, segundo o GPS, foi levado para a Chechênia, foi travado remotamente pelos donos, mas hackers russos já teriam sido contratados para furar o bloqueio cibernético. (CNN)

Viver

Cientistas da África do Sul descobriram que duas sublinhagens da variante ômicron do sars-cov-2, chamadas BA.4 e BA.5, podem evitar os anticorpos criados por infecções com ‘versões’ anteriores do coronavírus. Essa característica tem o potencial de provocar novas ondas da doença. Mas há uma boa notícia. As duas são muito menos capazes de se desenvolverem em organismos de pessoas que receberam as vacinas. A pesquisa foi feita com 39 voluntários, sendo quinze completamente imunizados. “O grupo vacinado mostrou uma capacidade de neutralização cerca de 5 vezes maior”, diz o relatório. As autoridades de saúde sul-africanas temem uma quinta onda provocada pela BA.4 e a BA.5, uma vez que menos de 30% da população completou o ciclo vacinal. (UOL)

A emissão de metano pelo gado bovino, fruto do processo de ruminação, é considerada uma das grandes vilãs das mudanças climáticas, por conta da extensão dos rebanhos. Pela primeira vez foi possível mensurar do espaço essas emissões. A empresa canadense GHGSat disse que um de seus satélites identificou pelo menos cinco nuvens de metano numa única fazenda na Califórnia. Até então, essas medições só haviam sido feitas de terra ou em aviões com sensores. (New Scientist)

Para ler com calma. Houve uma época em que morar perto do escritório era sinônimo de qualidade de vida, poupando longas horas de deslocamento. A pandemia e a popularização do trabalho remoto acabaram com essa lógica. O trabalho agora mora com as pessoas, que buscam casa onde querem. Jovens e famílias inteiras migram pelo país, estabelecendo-se em praias ou cidades do interior onde contem com uma boa conexão de internet. (Estadão)

Cultura

Ícone modernista e pivô da separação de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, a escritora, poeta e jornalista Patrícia “Pagu” Galvão (1910-1962) jamais fez alarde sobre os dois anos em que morou em Paris, 1934 e 35. Essa lacuna está sendo preenchida pelo livro Pagu no Metrô, da jornalista Adriana Armony. Graças a ela ficamos sabendo que Pagu foi presa por ativismo político – era uma comunista desiludida com a União Soviética – e classificada pela polícia como “mulher de vida fácil” e passou por uma cirurgia antes de voltar ao Brasil. (Globo)

Quem também tem o trabalho resgatado é o jornalista e escritor mineiro Otto Lara Resende, que teria completado cem anos ontem. Sua filha Helena está à frente de um documentário sobre a vida do autor de Um Bom Dia Para Nascer. (Estadão)

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Os fãs de Jornada nas Estrelas (antigamente usava-se o português no Brasil) sabem que o primeiro piloto da série foi recusado em 1965 por ser “inteligente demais”. O produtor Gene Roddenberry conseguiu emplacar seu projeto no ano seguinte com um elenco quase todo novo e mais ação. Eis que, na segunda temporada de Star Trek Discovery, em 2019, a tripulação original da Enterprise apareceu e agradou. Na próxima sexta-feira estreia na Paramount+ Star Trek: Strange New Worlds (trailer), com o capitão Pike (Anson Mount), a primeira-oficial Número Um (Rebecca Romjin) e um jovem Sr. Spock, (Ethan Peck, neto do grande Gregory Peck). Pena que Roddenberry, que morreu em 1991, não viu sua concepção original ganhar vida. (Folha)

O Brasil viu neste fim de semana seus últimos shows do Kiss. Com 49 anos de estrada, a banda novaiorquina promete pendurar a botas de plataforma ao fim desta turnê. Quem esteve no Allianz Parque, em São Paulo, na noite de sábado tinha dificuldade de acreditar que embaixo daquela maquiagem havia dois septuagenários – o guitarrista e vocalista Paul Stanley tem 70 e o baixista e vocalista Gene Simmons, o da língua, 72 –, dada a garra com que entregaram duas horas de sucessos. (Rolling Stone)

Como toda turnê do Kiss, não faltou polêmica. Desta vez o meet & greet, um encontro pago de fãs com artistas antes do show. Por motivos sanitários, uma tela de acrílico impedia o contato com a banda. Houve quem não se incomodasse, mas outros acharam US$ 750 (cerca de R$ 3,7 mil) um tiquinho salgado para ver os ídolos num aquário. (Wikimetal)

Já estão disponíveis no canal do Banco do Brasil no YouTube os dois primeiros encontros da edição 2022 do Clube de Leitura CCBB, na qual escritores e pesquisadores comentam um livro escolhido via Twitter pelo público a partir de uma lista. No primeiro encontro, Eduardo Jardim falou de Macunaíma, clássico de Mario de Andrade, tendo como mote o centenário da Semana de Arte Moderna. No segundo, Cláudia Lage comentou seu próprio livro Mundos de Eufrásia, um romance histórico tendo como protagonista o político abolicionista Joaquim Nabuco.

Cotidiano Digital

Depois que Elon Musk fechou um acordo de US$ 44 bilhões para comprar o Twitter, os funcionários da rede social estariam descontentes com os planos do bilionário para a empresa. Na última reunião com funcionários na sexta-feira, o presidente do Twitter, Parag Agrawal, tentou acalmar os ânimos sobre como os gerentes planejam lidar com uma possível demissão em massa. Durante encontros para conseguir financiamento para a compra do Twitter, o bilionário teria sugerido reduzir o número de funcionários da empresa. Perguntado sobre essa possibilidade, Agrawal disse que o Twitter sempre se preocupou com seus funcionários e continuaria a fazê-lo. “Acredito que a futura organização do Twitter continuará se preocupando com seu impacto no mundo e em seus clientes”, disse ele. (Estadão)

O Telegram anunciou uma nova forma de pagamento no aplicativo de mensagens. Com a novidade, os usuários poderão enviar e receber criptomoedas diretamente no app. Por enquanto, a única moeda digital permitida é Toncoin, criada pelos desenvolvedores do Telegram. Entretanto, os usuários também poderão comprar bitcoin por meio da carteira digital no serviço de mensagens. (The Verge)

E a Yuga Labs, empresa por trás da famosa série de NFTs Bored Ape (ou macaco entediado, na tradução literal), arrecadou US$ 285 milhões em criptomoedas com a venda de terrenos em um ambiente virtual conhecido como “Otherside”. Os tokens são comercializados em ApeCoin, cripto lançada em março para transações restritas aos colecionadores dos NFTs Bored Ape Yacht Club no metaverso. (Época Negócios)

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