Bolsonaro em dia de ira ataca STF e imprensa

A decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cassação do deputado estadual Fernando Francischini (UB-PR) provocou no presidente Jair Bolsonaro (PL) um ataque de fúria intenso até para seus padrões. Ele participou ontem do lançamento do programa “Brasil pela vida e pela família”, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, mas praticamente ignorou o tema em seu discurso. Em vez disso, atacou a fala do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edison Fachin, de que a eleição é assunto das “forças desarmadas”. “Eu que sou chefe das Forças Armadas. Nós não vamos fazer o papel de idiotas. Eu tenho a obrigação de agir”, afirmou. Bolsonaro reclamou muito da condenação de Francischini, cassado por disseminar notícias falsas contra as urnas eletrônicas, conduta que o presidente repete continuamente. No Dia Nacional da Liberdade e Imprensa, Bolsonaro acusou veículos jornalísticos de serem “fábricas de fake news” e sugeriu seu fechamento. Bolsonaro insinuou ainda que não cumpriria ordens do STF. (UOL)

Pois é... A Segunda Turma do STF, por 3 votos a 2, derrubou a liminar do ministro Kassio Nunes Marques que suspendia a cassação pelo plenário do TSE de Fernando Francischini. Em 2018, ele divulgou em uma live notícias falsas sobre fraudes em urnas eletrônicas. Um recurso contra a decisão de Nunes Marques estava pautado para votação ontem no Plenário Virtual do Supremo, mas o ministro André Mendonça — assim como Marques, indicado ao cargo por Bolsonaro — interrompeu a votação em apenas um minuto com pedido de vista. Na Segunda Turma, ele votou contra a cassação, mas os dois foram vencidos por Gilmar Mendes, Edison Fachin e Ricardo Lewandowski. (g1)

O destempero de Bolsonaro respingou até em seu antecessor no Planalto. Em entrevista ao SBT, ele acusou o ministro do STF Alexandre de Moraes de ter descumprido os acordos de cessar-fogo firmados em setembro do ano passado sob as bênçãos do ex-presidente Michel Temer (MDB). Temer, porém, negou a existência de um pacto e afirmou que as “conversas se desenvolveram em alto nível como cabia a uma pauta de defesa da democracia. Não houve condicionantes e nem deveria haver, pois tratávamos ali de fazer um gesto conjunto de boa vontade e grandeza entre dois Poderes do Estado brasileiro”. (CNN Brasil)

Enquanto isso... A Justiça de São Paulo condenou Bolsonaro a pagar indenização de R$ 100 mil por danos morais a jornalistas. A ação, movida pelo sindicato paulista da categoria, ressalta que o presidente fez “175 ataques” a profissionais da imprensa, além de praticar assédio moral e ofender repórteres. O dinheiro irá para o Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos. Bolsonaro pode recorrer. (Poder360)

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O TRE de São Paulo negou, por 4 votos a 2, a transferência de domicílio eleitoral do ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) de Curitiba para a capital paulista, numa ação movida pelo PT. Com isso, Moro, grande aposta do partido para puxar votos na eleição à Câmara, fica impedido de se candidatar no maior colégio eleitoral do país. Embora caiba recurso ao TSE, Gerson Camarotti revela que o ex-ministro não pretende levar a briga adiante. Em vez disso, ele se lançaria a senador pelo Paraná. No Twitter, Moro se disse surpreso com a decisão do TRE. “Nas ruas, sinto o apoio de gente que, como eu, orgulha-se do resultado da Lava Jato e não desistiu de lutar pelo Brasil. Anunciarei em breve meus próximos passos. Mas é certo que não desistirei do Brasil”, escreveu. (g1)

A Polícia Militar do Amazonas anunciou ontem a prisão de um suspeito do desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista e funcionário da Funai Bruno Araújo. Os dois sumiram na manhã de domingo no Vale do Javari, no Amazonas. Identificado apenas como “Pelado”, o suspeito foi interrogado na noite de ontem, mas ainda não há informações sobre o que ele disse à polícia. (Globo)

Segundo vigilantes indígenas que atuam na região, a segunda maior Terra Indígena do país, e estão fazendo buscas desde domingo, Phillips e Araújo foram vítimas de uma emboscada, supostamente encomendada por traficantes de drogas. (Amazônia Real)

ONGs e entidades jornalísticas e ambientalistas de todo o mundo cobraram do governo brasileiro explicações e uma solução para o desaparecimento da dupla. As famílias também pediram pressa. Em nota, a companheira e dois irmãos de Araújo disseram ainda terem esperanças de que tenha ocorrido algum acidente com o barco. Alessandra Sampaio, mulher de Phillips, gravou um vídeo apelando para que as autoridades intensifiquem as buscas. (g1)

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) jogou a responsabilidade pelo desaparecimento nos desaparecidos. Segundo ele, Araújo e Phillips fizeram uma “aventura não recomendável” numa região “completamente selvagem”. Ressaltou, porém, que “as Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco” para encontrá-los. (Metrópoles)

Meio em vídeo. Essa semana no Conversas com o Meio, Manuela D'Ávila explica por que não vai ser candidata este ano e como é, pessoalmente, fazer política em meio à violência do bolsonarismo. (YouTube)

A Nova República não foi capaz de colocar no mapa brasileiro um partido de direita com base popular, um adversário orgânico para o PT. Por um tempo, acidentalmente, o PSDB ocupou este papel — mas era um curinga. Os tucanos não eram dados à oposição aguerrida, seus líderes não mobilizavam multidões e, ora, sequer estavam à vontade neste papel de ser ‘de direita’. Foi a ausência de um partido assim que gerou o antipetismo. Sem emoção positiva por uma legenda, alguns eleitores se definiram pelo que não queriam. No vácuo, argumenta Pedro Doria na edição de hoje do Meio Político, Jair Bolsonaro sequestrou e dominou esse espaço. No caminho para curar-se, a democracia brasileira precisará de um partido popular de direita. Uma sigla que possa organizar este grupo de eleitores no entorno da disputa eleitoral, longe do golpismo. A newsletter de análise política do Meio circula todas as quartas-feiras, a partir das 11h, e é exclusiva dos assinantes premium.

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Votação no STF

Orlando Pedroso

STF 560

Viver

A fome no Brasil praticamente dobrou ao longo da pandemia de covid-19 e hoje atinge cerca de 33,1 milhões de pessoas, 14 milhões a mais que em 2020. São brasileiros que não têm a garantia de pelo menos uma refeição por dia. Mas a fome já vinha crescendo nessa proporção antes da doença, saltando de 10,3 milhões de pessoas em 2018 para 19 milhões em 2020. Os dados, divulgados nesta madrugada, constam no 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). Segundo os pesquisadores, o país regrediu a patamares da década de 1990. (g1)

Cresce a cada dia o número de sequelas relacionadas à covid-19. Segundo um estudo da Universidade do Estado do Oregon, nos EUA, pacientes que tiveram a doença têm 25% mais chances de desenvolverem distúrbios psiquiátricos nos quatro meses seguintes. Para os autores do estudo, o resultado ressalta a necessidade de acompanhamento da saúde mental do paciente desde o diagnóstico da infecção pelo sars-cov-2. (Globo)

Enquanto isso... O aumento dos casos de covid-19 em São Paulo fez com o que o Hospital Sírio-Libanês, um dos mais importantes da rede privada da capital, voltasse a dedicar alas inteiras para pacientes com a doença. A medida não era adotada desde abril. (Estadão)

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Clézio de Nardin, pediu ao governo federal explicações para a exclusão do órgão de uma recém-criada ‘câmara técnica’ para reavaliar dados sobre desmatamento produzidos pelo próprio instituto. Com representantes dos ministérios do Meio Ambiente, Agricultura, Defesa, Economia e Justiça, a câmara quer “qualificar os dados de desmatamento e incêndios a fim de diferenciar crimes ambientais de outras atividades”. Técnicos podem até ser convidados, mas sem direito a voto. (g1)

Cultura

Dois cantores que marcaram gerações — um no Brasil e outro no mundo — e nos deixaram cedo demais têm seus trabalhos revisitados. Como conta Lauro Jardim, será lançada amanhã uma caixa comemorativa da obra de Renato Russo (1960-1996). Chamada Obra e Arte, ela inclui dois discos que ele gravou em vida em três lançamentos póstumos, além de quatro cards e um pôster com desenhos do vocalista da Legião Urbana. (Globo)

Já em setembro, os fãs do Queen receberão um merecido mimo, com o lançamento de uma faixa inédita cantada por Freddie Mercury (1946-1991). Gravada durante as sessões de The Miracle (1989), a canção, chamada Face it Alone, foi recuperada pelo guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor, donos da marca Queen, e passou por um extenso processo de acabamento e produção. É o primeiro material inédito de Mercury lançado desde Made In Heaven, de 1985. (Omelete)

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Para ler com calma. Tirar a roupa no palco não é um problema para muitos atores. A questão é que, usando sorrateiramente celulares, espectadores estão gravando e compartilhando na internet as cenas. Foi o que aconteceu com Jesse Williams, astro da série Grey’s Anatomy, que teve a própria anatomia exposta a partir de uma cena de Take Me Out, uma peça sobre homofobia no beisebol. “Repulsivo”, foi como ele classificou o ato. Nos EUA, é cada vez mais comum a plateia receber bolsas para guardar os celulares durante os espetáculos. (Folha)

Meio em vídeo. Esse é justamente o tema sobre o qual conversam Pedro Doria e Cora Rónai, hoje. No palco, atores e atrizes estão numa situação de vulnerabilidade que não ocorre no cinema, quando o ângulo capturado é controlado. Mas o mundo todo está muito mais visível do que anos atrás. Um fato que acontece hoje, na rua de qualquer grande cidade, vai ter sido filmado por, pelo menos, três ângulos diferentes. Exemplos disso são os casos George Floyd e Genivaldo. Mas e quando o benefício de um mundo tão conectado se torna um problema? Veja o programa. (YouTube)

Quem não acompanha o mundo dos quadrinhos pode não saber, mas o gênero tem seu Oscar, o Prêmio Eisner, homenagem ao lendário Will Eisner (1917-2005), criador do Spirit. E este ano há dois brasileiros na disputa. O ilustrador e roteirista paulista Fido Nesti concorre como Melhor Adaptação por 1984, baseado na obra distópica de George Orwell. Já o desenhista paraibano Mike Deodato, famoso por seus trabalhos na Marvel e na DC, pode levar Nova Série e Série de Humor por Nem Todo Robô. Os vencedores serão anunciados na Comicon de San Diego, na Califórnia, entre os dias 21 e 24 de julho. (Estadão)

Escolhida pelo público, a autobiografia Confesso que Vivi, do poeta e diplomata chileno Pablo Neruda (1904-1973), vencedor do Nobel de Literatura de 1971, é o tema hoje do Clube de Leitura CCBB, no Rio, com palestra do também poeta Carlos Nejar. Começa às 15h e os ingressos gratuitos podem ser retirados na bilheteria do CCBB. O encontro estará disponível no canal do BB no Youtube no dia 15. E amanhã o público já pode votar, via Twitter, para escolher um livro de Júlio Verne, tema do Clube de Leitura do mês que vem.

Cotidiano Digital

Um acordo aprovado ontem pela União Europeia determina o uso do conector USB-C em todos os dispositivos eletrônicos vendidos na região a partir de 2024. Boa parte da indústria já utiliza, mas a medida pode causar uma grande mudança nos iPhones da Apple, já que a companhia também será obrigada a adotar o novo padrão. Desde 2012 a Apple usa o carregamento Lightning para iPhones, tendo o USB-C apenas em outros dispositivos da marca. Rumores indicam que testes já estão sendo feitos e o iPhone 15, previsto para 2023, poderá ser primeiro smartphone da empresa sem Lightning antes de a lei se tornar obrigatória. (The Guardian)

E o aplicativo chinês TikTok lançou um novo recurso que permitirá a criação de avatares animados em vídeos — algo semelhante ao que já faz a Meta e o Snapchat. Com a ferramenta, os usuários poderão alterar a aparência, as roupas e outras características. (Época Negócios)

Aliás... Para quem deseja entrar no mundo das assistentes virtuais, os dispositivos Alexa, da Amazon, estão todos em promoção esta semana.

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