Militares se distanciam de Bolsonaro e EUA elogiam urnas eletrônicas
Pelo menos um dos governos de peso representados na reunião em que Jair Bolsonaro (PL) tentou vender a embaixadores sua Grande Mentira (um conjunto de teorias conspiratórias sem provas contra o sistema eleitoral) não comprou as denúncias. A Embaixada dos EUA no Brasil divulgou ontem comunicado afirmando que as “eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo” e que “o país tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores”. Representantes de outros países presentes no evento classificaram, nos bastidores, a fala de Bolsonaro como “uma tática trumpista” para preparar um questionamento do resultado de outubro. (Folha)
Três ausências importantes passaram inicialmente despercebidas pelo evento de Bolsonaro com os embaixadores: os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que haviam sido convidados. “Militares da ativa e da reserva”, conta Carla Araújo, “afirmaram que a ausência tem uma sinalização: as Forças Armadas não querem se atrelar institucionalmente ao discurso de Bolsonaro.” (UOL)
Também ontem, 43 procuradores federais dos 26 estados e do Distrito Federal enviaram ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um pedido de investigação contra o presidente. Segundo eles, Bolsonaro “afronta e avilta a liberdade democrática, com claro propósito de desestabilizar e desacreditar o processo e as instituições eleitorais”. (Poder360)
Os procuradores não estão sozinhos. Deputados de sete partidos de oposição entraram com uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) para que Bolsonaro seja investigado por crime contra as instituições democráticas, crime eleitoral, crime de responsabilidade, propaganda eleitoral antecipada e ato de improbidade administrativa. (Metrópoles)
Quem vem guardando silêncio sepulcral sobre a última investida na Grande Mentira é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos mais próximos aliados de Bolsonaro. Pessoas ligadas ao deputado dizem que ele não concorda com as acusações do presidente, mas teme isolá-lo com críticas, provocando uma reação do Planalto. (Valor)
Elio Gaspari: “Jair Bolsonaro apequenou a diplomacia fundada há 200 anos por José Bonifácio. Chamar diplomatas estrangeiros para ouvir uma peroração como a do Alvorada não chega a ser alienação de soberania, é apenas tolice, menos para quem esteja planejando uma crise institucional. Vale lembrar que, na posse dos presidentes do Estados Unidos, os embaixadores estrangeiros não são convidados para a cerimônia, pois se trata de assunto doméstico.” (Globo e Folha)
Enquanto isso... Levou quase um ano, mas o YouTube retirou do canal de Bolsonaro a live feita em 29 de julho de 2021 para a qual ele prometera apresentar provas de fraudes eleitorais, mas apenas reiterou acusações não comprovadas. (UOL)
No Meio Político, que chega a assinantes premium a partir das 11h de hoje, o colunista Christian Lynch segue a dissecar o bolsonarismo, analisando agora sua “teoria constitucionalista”. É um constitucionalismo autoritário, que prevê a possibilidade de desrespeito à lei pelo governante sempre que a “segurança nacional” estiver ameaçada — ou, na verdade, a sua própria. São duas as técnicas que decorrem dessa ideia: a de segredo de Estado e a de golpe de Estado. Soa familiar? Está no Meio Político, conteúdo exclusivo premium. Assine!
A direção do MDB enfrenta um movimento capitaneado pelo ex-presidente Michel Temer para adiar a convenção na qual deve ser homologada a candidatura à presidência da senadora Simone Tebet (MS). Ele se reuniu ontem com representantes da ala que defende o apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno, composta principalmente por estados do Norte e Nordeste. A proposta que Temer prometeu apresentar à cúpula do partido prevê adiar a convenção de 27 de julho para 5 de agosto, último dia do prazo legal, à espera de pesquisas que mostrem alguma viabilidade eleitoral de Tebet. No Twitter, o presidente do MDB, Baleia Rossi, garantiu que a data original está mantida. (g1)
E o PDT abre hoje a temporada de convenções partidárias. Em evento híbrido – parte online e parte presencial em Brasília – será confirmada a candidatura de Ciro Gomes. A vaga de vice segue aberta, à espera de alguma aliança. (Poder360)
Meio em vídeo. Esta semana a convidada do Conversas com o Meio é Daniela Campello, PhD em Ciência Política pela Universidade da Califórnia e professora em Princeton e na FGV. Ela analisa a situação do governo Bolsonaro nessas eleições e como o voto econômico terá peso na decisão dos eleitores. (YouTube)
O agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho, que assassinou o guarda municipal e dirigente do PT de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda, deixou a UTI em que estava internado, segundo fontes da polícia paranaense. Com prisão preventiva decretada, ele continua em um hospital da cidade, está consciente e respira sem ajuda de aparelhos. Segundo testemunhas, Guaranho invadiu a festa de 50 anos de Arruda, decorada com temas do PT, gritando “Aqui é Bolsonaro!” e atirando. A vítima chegou a revidar os tiros e atingir seu matador. (CNN Brasil)
Viver
A Câmara dos Deputados americana aprovou ontem à noite um projeto de lei que reconhece, em nível federal, a legalidade dos casamentos entre pessoas do mesmo gênero. Com apoio de 47 deputados republicanos, o projeto é uma resposta à guinada reacionária da Suprema Corte, que, após derrubar a garantia constitucional ao direito ao aborto, indicava um movimento contra a equidade matrimonial. Para que se torne lei, porém, o projeto precisa conquistar no Senado a adesão de pelo menos dez republicanos. (New York Times)
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) emitiu um documento interno com orientações para abordagem de pessoas em crise de saúde mental. Entre as diretrizes estão a recomendação para que os agentes de segurança não façam ameaças de prisão, evitem contato físico, aproximem-se de “forma tranquila e sutil” e solicitem apoio de unidades de saúde e dos bombeiros. O manual foi editado em junho, um mês após Genivaldo de Jesus Santos morrer asfixiado pelo uso de spray de pimenta e gás lacrimogêneo dentro de uma viatura da PRF, no Sergipe. Ele tinha esquizofrenia e não estava armado quando foi parado pelos policiais que o mataram. (Folha)
Para ler com calma. Aprovada no fim de junho, a Lei de Registros Públicos permite que qualquer pessoa maior de 18 anos possa trocar seu nome em cartório de registro civil sem precisar explicar o motivo. Antes, somente era possível realizar a mudança entre 18 e 19 anos, mediante justificativa, num processo judicial demorado. A nova lei ainda permite a inclusão de um novo sobrenome de um dos pais, avós, padrastos ou madrastas. A alteração pode ser realizada uma única vez e a taxa cartorial varia de acordo com o estado. (Folha)
Após o recorde de temperatura no Reino Unido ontem, com termômetros registrando 40,2°C em Londres, e provocando incêndios que atingem rodovias e áreas residenciais, a onda de calor no Hemisfério Norte chega aos Estados Unidos nesta terça-feira. Mais de 100 milhões de americanos estarão sob alerta de calor ou calor excessivo nos próximos dias. O foco da maior preocupação é o Sul do país, principalmente o estado do Texas. A cidade de Dallas enfrenta temperaturas que ultrapassam os 43°C entre ontem e hoje. (CNN)
Uma nova regra do Ibama pode deixar ainda mais difícil a aplicação de multas ambientais. Despacho publicado pelo órgão determina que os fiscais precisam comprovar que o infrator teve a intenção de provocar o dano para que ele possa ser responsabilizado e punido. O documento é assinado pelo presidente do instituto, Eduardo Bim, e segue parecer da Procuradoria Federal Especializada de 2020. Antes, era necessário apenas comprovar o dano para que a penalidade fosse aplicada. A mudança vem na esteira de uma série de alterações na forma de multar infratores ambientais no país durante o governo Bolsonaro. (O Eco)
Cultura
Premiado como roteirista em Cannes e diretor no Festival de Berlim, o iraniano Jafar Panahi terá de cumprir seis anos de prisão, anunciou ontem o governo de Teerã. A notícia é mais um aperto do regime dos aiatolás contra artistas e dissidentes. Ele foi preso no último dia 11 ao buscar informações sobre outros dois cineastas detidos, Mohammad Rasulof e Mostafa Aleahmad. Segundo o porta-voz da instituição judiciária iraniana, Masud Setayeshi, Panahi “foi condenado em 2010 a seis anos de prisão (...) e foi transferido para o centro de detenção de Evin para cumprir sua pena”. A condenação se deveu à participação dele em protestos contra a reeleição do presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad. (Globo)
É... A prisão de Evin é conhecida por torturar presos políticos. (Human Rights Watch)
Segundo dramaturgo mais encenado do mundo, atrás apenas de Shakespeare, o alemão Bertolt Brecht (1898-1956) tem um lado menos conhecido, mas igualmente impactante para a história da arte dramática: o de diretor. Essa faceta é agora revelada ao público brasileiro com a primeira edição em português de Sobre a Profissão do Ator, coletânea de textos, anotações e propostas de trabalho escritas por Brecht ao longo de toda a vida, deixando mais clara sua visão revolucionária sobre a forma de atuar e a relação com o público. Organizado pelo pesquisador Werner Hecht (1926-2017), o livro foi lançado originalmente na Alemanha em 1970. (Folha)
Filha do casal de atores Uma Thurman e Ethan Hawke, Maya Hawke se tornou queridinha do público ao interpretar a personagem Robin a partir da terceira temporada da série Stranger Things. Mas ela também é cantora, tendo lançado em 2020 seu primeiro álbum, Blush. À espera da quinta temporada, ela lançou seu novo single, Thérèse, e um clipe seguindo a tendência aberta por Halsey, com o uso da própria nudez como elemento da narrativa. Segundo Maya, a música e o vídeo, que mostra um grupo de jovens preso ao fazer uma orgia na mata, relatam como a “cultura nos esmaga e em vez de sermos nós mesmos, começamos a tentar ser como todo mundo”. (Omelete)
Morreu ontem, aos 93 anos, o escultor americano de origem sueca Claes Oldenburg, um dos expoentes da Pop Art. Sua obra é caraterizada por esculturas gigantescas de objetos comuns, como prendedores de roupas, batons etc. “Minha intenção é fazer um objeto cotidiano que escape da definição”, disse em entrevista. (Estadão)
Cotidiano Digital
A crise na Netflix tem deixado o mercado em alerta. Mas os resultados financeiros do segundo trimestre de 2022, divulgados ontem pela empresa, mostraram uma queda no número de assinantes menor do que o previsto. A plataforma perdeu 970 mil assinantes entre abril e junho. No último trimestre, a empresa havia alertado os investidores que esperava perder cerca de 2 milhões de usuários. Mesmo assim, o número representa o pior trimestre para a gigante de streaming, que já havia perdido outros 200 mil usuários no início do ano. A Netflix, que atualmente tem 220,67 milhões clientes pagos, projeta ganhar mais um milhão no terceiro trimestre. Uma parceria com a Microsoft prevê para 2023 um plano de assinatura com anúncios a um preço mais baixo. (CNBC)
O Tribunal de Justiça do estado de Delaware, nos Estados Unidos, acatou o pedido do Twitter e marcou o julgamento do processo da rede social contra Elon Musk para outubro. Em audiência, representantes da empresa alegaram que Musk agiu de má-fé ao usar as contas falsas como argumento para desistir da aquisição de US$ 44 bilhões. Segundo a decisão da corte, por ser uma empresa de capital aberto, a plataforma precisa ter o caso resolvido logo, uma vez que o atraso no julgamento causaria danos irreparáveis à empresa. A rede social havia pedido que o julgamento começasse em setembro; o bilionário, por sua vez, tentou adiar para fevereiro de 2023. (The Verge)
Meio em vídeo. Na última semana, Cora Rónai esteve com Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que vazou documentos para a imprensa. A conversa foi sobre o WhatsApp e toda relação da rede social da Meta com as eleições brasileiras. Confira. (YouTube)
