Prezadas leitoras, caros leitores

David McCullough, que morreu no domingo aos 89 anos, fez parte de uma geração que reinventou a maneira de escrever não-ficção nos Estados Unidos e, depois, no mundo. Ele, como Gay Talese, Tom Wolfe, David Halberstam, Robert Caro, Bob Woodward e tantos outros passou a narrar histórias como se escrevesse romances. Com cenas ricas, trocas de olhares, descrição dos ambientes, diálogos intensos, emoções que fluíam. Escritos, sim, como se fossem ficção. Mas tudo rigorosamente apurado: cada olhar, cada fala, cada descrição de cena estava antes devidamente registrada num diário, numa carta, num depoimento ou, em alguns casos, havia sido testemunhada pelo escritor.

Jornalistas de formação, num tempo em que a televisão estava nascendo, perceberam que o ato de contar sobre política, história ou sociedade precisava mudar. Era preciso seduzir o leitor. Ao fazê-lo, trouxeram de volta à vida personagens mortos há séculos. Puseram gente comum no centro do Salão Oval da Casa Branca enquanto decisões graves eram tomadas. E, ao fazer isso, inventaram um novo gênero literário. O Meio de Sábado prestará uma homenagem a McCullough relembrando de uma época em que, repentinamente, as pessoas descobriram que se interessavam por política, por história, pelo que acontecia na sociedade.

Pois fazer com que as pessoas se interessem é, hoje, a missão crucial de todo jornalista.

Com o início oficial das campanhas eleitorais, seremos cada vez mais alvos de informações de todos os tipos nas redes sociais — das confiáveis às criminosamente manipuladas. Falamos com especialistas sobre como nos tornar menos vulneráveis à desinformação ou à informação enviesada, pela metade. E uma das principais dicas é: se aquele texto ou vídeo confirmar perfeitamente o que você já pensa daquele assunto, desconfie.

E um testemunho do nosso chargista Orlando Pedroso sobre o que é sonhar ser um pai, parafraseando o octogenário Caetano, superbacana.

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“Estado Democrático de Direito sempre!”

“Estado Democrático de Direito sempre!” Esse brado deu o tom da leitura ontem de dois manifestos em defesa do sistema eleitoral e do respeito às urnas na Faculdade de Direito da USP. Ali, em 11 de agosto de 1977, o professor Goffredo da Silva Telles Junior desafiou a ditadura com a Carta aos Brasileiros, exigindo a volta da democracia. Passados 45 anos, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias leu uma carta (íntegra) chancelada por entidades tão díspares quando a Fiesp, a UNE, a Febraban e a CUT. “A estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios”, disse. Em seguida, diante de uma plateia que lotava as tradicionais arcadas do Largo de São Francisco, foi lido o manifesto organizado pela Faculdade de Direito (íntegra) que já ultrapassou um milhão de assinaturas. “Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito”, diz o texto, lido pelas professoras Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara e pelo ex-ministro do Superior Tribunal Militar (STM) Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, um dos apoiadores da carta de 1977. Embora seu nome não fosse mencionado, o alvo dos manifestos é o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem elevado o tom golpista de suas críticas ao sistema eleitoral. Do lado de fora, uma multidão gritava palavras de ordem pela democracia e contra o presidente. (UOL e g1)

O evento no Largo de São Francisco reuniu um grupo amplo, que ia de artistas como Daniela Mercury a políticos de todas as correntes. Fernando Haddad (PT), a ex-bolsonarista Joice Hasselmann (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB) e diversos outros estiveram na leitura. O deputado Coronel Tadeu (PL-SP) compareceu vestindo uma camisa com o nome de Bolsonaro e disse não ter sido hostilizado. (UOL)

A defesa da democracia não se resumiu a São Paulo. Manifestações aconteceram nos 26 estados e no Distrito Federal. No Rio, a concentração foi na frente da Igreja da Candelária, palco do Comício das Diretas, em 1984. (g1)

Bolsonaro dedicou sete minutos de sua live semanal para atacar os atos manifestos. Segurando um exemplar da Constituição, indagou: “Alguém discorda que isso aqui é a melhor carta da democracia? Alguém tem dúvida? Acha que outro pedaço de papel substitui isso daqui?” (Poder360)

Vera Magalhães: “Os presentes ao ato em duas partes na Faculdade de Direito da USP fizeram em muitos momentos um paralelo com a primeira Carta pela Democracia, de 1977, mas o clima que se viu no Salão Nobre, no pátio das Arcadas e no Largo de São Francisco, em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, lembrava mais os grandes comícios das Diretas Já, de 1984, dados o pluralismo e o grau de divergência que os principais atores têm em quase todos os assuntos.” (Globo)

Meio em vídeo. A maior arma que temos como sociedade é a democracia. O maior adversário que Bolsonaro tem não é Lula ou Ciro, não é um político ou um partido político. O maior adversário de Bolsonaro é a democracia. Em outubro, Bolsonaro será derrotado pela democracia, diz Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

Meio em vídeo.  Você já leu a carta pela democracia? Ela é bonita. O texto celebra um momento ímpar de nossa história, quando em 1977 a sociedade civil se ergueu para iniciar o fim da ditadura. Hoje, neste 11 de agosto, uma nova carta exige que ela não volte. “Vamos ler juntos?”, convida Pedro Doria. (YouTube)

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O consórcio de veículos de comunicação que realizaria, em sistema de pool, um debate entre os candidatos à presidência no dia 14 de setembro cancelou o evento. Pela regra estabelecida, era necessária a confirmação até o último dia 10 da presença de ao menos três dos quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Porém, somente os dois últimos garantiram a participação. (g1)

Ciro chamou Lula e Bolsonaro de “gêmeos fujões” por não participarem dos debates. Já o presidente ignorou o assunto em sua live semanal, preferindo falar da entrevista que dará à TV Globo no próximo dia 22. “Vamos ver como é que a Globo se comporta”, disse Bolsonaro. (Metrópoles)

Em plena pandemia de covid-19, militares ligados ao governo tiveram os salários turbinados a ponto de receberem até R$ 1 milhão em um mês. Entre os beneficiados está o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), que recebeu R$ 926 mil durante dois meses em 2020. O valor é mais de 20 vezes o teto constitucional de R$ 39,3 mil. O Exército disse que os pagamentos são legais, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência Luiz Eduardo Ramos, que ganhou R$ 731,9 mil em julho, agosto e setembro de 2020, afirmou que foram indenizações por sua passagem para a reserva. O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União providências contra os supersalários de militares. (Estadão)

O Youtube retirou do ar até o momento menos de 10% dos vídeos apontados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como disseminadores de desinformação sobre as eleições. Dos 1.701 links da plataforma – dos quais 1.237 (70%) são de canais bolsonaristas –, apenas 126 foram removidos. O tribunal informou que não faz recomendações, com remoção ou aplicação de avisos. Já o YouTube confirmou o recebimento da lista, mas não explicou o motivo para o baixo número de remoções. (Aos Fatos)

O PowerPoint mais caro do mundo

Tony de Marco

LulaPPT

Viver

Empreendedorismo sem etarismo. A quinta edição do MaturiFest, maior festival de trabalho para os 50+ do Brasil, acontece entre os dias 17 e 20 de agosto, em São Paulo, e reunirá nomes como Carlos Tramontina, Zezé Motta, Luiza Brunet e Ary Fontoura. Além das palestras, o evento trará oficinas do Linkedin e Instagram e contará com a participação de empresas como O Boticário, Quaker, Nestlé e Sebrae para recolocação profissional e oportunidades de networking com empreendedores e recrutadores. O evento será realizado nas modalidades presencial (R$ 89,00) e online (grátis), inscrições no site. Para profissionais da imprensa, ainda é possível se credenciar antes do evento.

Um estudo publicado pela revista científica Nature Climate Change revela que 58% das doenças infecciosas foram agravadas pelas emissões de gases do efeito estufa. Ao analisar 800 artigos científicos, os pesquisadores da Universidade do Havaí encontraram uma conexão entre enfermidades e as mudanças climáticas provocadas pelo ser humano. Das 375 causas de adoecimento analisadas, 160 podem ser agravadas pelo calor, 121 por inundações, 81 pela seca e 71 por tempestades. Um exemplo disso são os sistemas de esgotos danificados por fortes chuvas, que já levaram a surtos de rotavírus, hepatite A e E. (Folha)

Dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, nesta quarta-feira, mostram que mais de 10 mil pessoas já foram infectadas pela varíola dos macacos nos Estados Unidos. Com exceção de Wyoming, todos os estados americanos já registraram casos do vírus, sendo Nova York, Califórnia e Flórida os recordistas. Nenhuma das 12 mortes confirmadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) neste ano ocorreu no país, que segue líder mundial em número de contaminados. (CBS News)

No Brasil, a Fiocruz solicitou o registro de dois kits de diagnóstico molecular para a varíola dos macacos junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Enquanto um dos kits permite identificar a origem do vírus encontrado no teste positivo, o outro diferencia a monkeypox de outras doenças clinicamente parecidas e classificadas nas testagens como “negativo”. (Agência Fiocruz)

Astrônomos do telescópio Gemini Norte divulgaram a foto de duas galáxias em processo de colisão e fusão a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra. As “Galáxias da Borboleta” ganharam esse nome pela aparência do inseto de asas abertas. Ao completar o processo de fusão, daqui a 500 milhões de anos, a imagem formada será a de uma galáxia elíptica, mesmo destino da nossa Via Láctea, em cinco bilhões de anos, quando colidir com Andrômeda. No registro ainda é possível ver o brilho de uma supernova vista pelo telescópio Hubble em 2020 e que está em processo de desaparecimento. (Canaltech)

Cultura

Marighella (trailer) foi o destaque da 21ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, cujos vencedores foram anunciados na noite de quarta-feira. Foram oito prêmios, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator para Seu Jorge e Melhor Estreia na Direção para Wagner Moura. Um dos momentos de maior emoção na noite foi quando a primeira temporada de Dom, da Amazon Prime, ganhou Melhor Série Ficção para TV Fechada/Streaming. Seu diretor, Breno Silveira, morreu em maio, aos 58 anos. “Se ele estivesse aqui, estaria com aquele sorriso no rosto e muito emocionado, porque ele lutou muito por este projeto”, disse a produtora Renata Brandão. (Globo)

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A Sony Music encerrou, por meio de um acordo sigiloso, um processo movido por uma fã de Michael Jackson que acusava a gravadora de incluir numa coletânea póstuma três músicas que não eram cantadas pelo Rei do Pop. Breaking News, Keep Your Head Up e Monster foram lançadas em 2010 na coletânea Michael, mas fãs, como o rapper Will.i.am, logo alertaram que não era a voz dele. O cantor Jason Malachi chegou a admitir em redes sociais ter gravado os vocais das faixas, mas as postagens foram apagadas. No mês passado, a Sony tirou as três canções das plataformas de streaming, mas nega que isso tenha relação com o processo. (Rolling Stone)

Depois de torrar US$ 130 milhões (R$ 664 milhões) com o cancelamento de Batgirl e Scoob!: Holyday Haunt, a Warner corre o risco de vem um projeto de US$ 200 milhões (R$ 1,022 bilhão) ir para o ralo. O longa Flash, uma das grandes apostas do estúdio, vem sofrendo com os constantes problemas do protagonista Ezra Miller com a polícia. O ator enfrenta acusações que vão de agressão a corrupção de menores. Entre as opções do estúdio estão lançar o longa, mas deixar Miller de fora da divulgação ou mesmo cancelar o filme. Já é certo que ele não participará de uma eventual continuação. (Omelete)

Morreu ontem, aos 89 anos, o cartunista francês Jean-Jacques Sempé, famoso pelo personagem O Pequeno Nicolau, feito em parceria com o roteirista René Goscinny, um dos criadores do Asterix. Sempé também foi responsável ao longo de décadas por mais de cem capas da revista New Yorker. Segundo seu biógrafo, o artista, que vivia em Paris, morreu “em paz e cercado pela família” durante as férias. (New York Times)

Cotidiano Digital

Meio em vídeo. Cora Rónai está em Nova York para o Samsung Unpacked, evento semestral que revela os novos produtos da empresa sul-coreana. Além dos novos celulares, como o Galaxy Z Flip 4, Cora ficou impressionada em como a Samsung soube fazer uma grande ação de marketing para esse encontro, que foi realizado também em Londres e transmitido da Coreia. Ela e Pedro Doria comentam os lançamentos. (YouTube)

Pois é… A Microsoft acusa a Sony de boicotar a chegada de jogos ao Xbox Game Pass. Em um documento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a dona do Xbox afirma que a proprietária do PlayStation pagou desenvolvedores para manter jogos fora do serviço de assinatura de games da gigante de tecnologia. O Brasil é um dos palcos da disputa entre Sony e Microsoft após o anúncio, em janeiro, da aquisição da Activision Blizzard pela fabricante do Windows. Desde então, as duas empresas têm se enfrentado em órgãos de regulamentação do mundo inteiro. Por aqui, o acordo está em análise pelo Cade, que vem consultando empresas do setor sobre como o negócio pode afetar o mercado de jogos. Entenda. (TechTudo)

A Xiaomi apresentou nesta quinta-feira o primeiro protótipo do robô humanoide CyberOne. Pesando 55 quilos e com 1,77 de altura, o protótipo é capaz de segurar objetos com as mãos e se deslocar em até 3,6 km/h. Além disso, consegue “enxergar”, além de identificar 85 sons e 45 emoções humanas, detectando se uma pessoa está feliz ou triste. Veja o vídeo do robô anunciado pelo CEO Lei Jun. (Canaltech)

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