Dino trata crise ianomâmi como genocídio

“Há indícios fortíssimos de genocídio” afirmou ontem, numa entrevista coletiva, o ministro da Justiça Flávio Dino. Ele designou a Polícia Federal para investigar se houve omissão de socorro por parte dos agentes públicos, permitindo que a crise ianomâmi chegasse ao ponto atual. O responsável pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), Weibe Tapeba, afirmou que os indígenas foram abandonados pelo Estado brasileiro. Para ele, os esforços atuais das equipes de saúde são uma “operação de guerra”. Ontem, o governo Lula exonerou 11 coordenadores regionais da Sesai, após o Ministério da Saúde decretar emergência na região, que sofre com o garimpo ilegal e casos graves de desnutrição severa, verminose e malária. (g1 e Poder360)

Para auxiliar no atendimento dos ianomâmi, o Ministério da Saúde enviou 13 agentes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), que devem atuar em um hospital de campanha da região. O território também começou a receber alimentos trazidos por voluntários de Boa Vista, capital de Roraima, que enviaram mais de mil cestas básicas. A ajuda também deve chegar de fora. A União Europeia doará de 500 mil a 750 mil euros para auxílio médico e nutricional aos indígenas afetados pela crise. (g1)

Aliás... O governo Bolsonaro estimulou o garimpo ilegal nos territórios ianomâmi, o que resultou em mais de 20 mil invasores na região. Um ofício de um coordenador de saúde indígena detalha a tomada de uma Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) por garimpeiros. Os voos de equipes de saúde foram impedidos, a empresa de transporte de pacientes e profissionais foi ameaçada e o posto acabou sendo fechado em novembro de 2021, e incendiado pouco mais de um ano depois. Uma médica que chegou a trabalhar no território conta que o medo de represálias inibia denúncias sobre o que acontecia com os indígenas da região. (Folha e BBC)

Meio em vídeo. Desde o final da semana passada, as imagens apocalípticas da população ianomâmi têm rodado o Brasil e levantado uma série de perguntas que, invariavelmente, se direcionam à principal: como chegamos às cenas vistas naquele território — teoricamente — protegido por lei? No #MesaDoMeio de hoje, ao vivo, às 19h, Pedro Doria, Mariliz Pereira Jorge e Flávia Tavares jogam luz sobre o tratamento relegado ao tema durante os últimos anos, sobretudo no mandato de Jair Bolsonaro na Presidência da República. De Brasília, nossa repórter especial Luciana Lima traz o que de mais quente aconteceu nos bastidores dos Poderes. E, em seguida, a equipe responde às perguntas do público no espaço restrito a assinantes premium. Assine.

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O superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Fontes, anunciou ontem que as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridas no ano passado no Vale do Javari, foram a mando de Rubens Dario da Silva Villar, o “Colômbia”. Segundo as investigações, ele tinha relação direta com Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, que está preso e já confessou ter participado dos assassinatos. Colômbia também está preso desde dezembro por suspeita de envolvimento no caso e ainda é investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas. (g1)

Panelinha no Meio. Sanduíche não é necessariamente sinônimo de junkfood. Além de saudável, ele pode, de vez em quando, substituir com qualidade um prato. Este aqui aproveita sobras de frango, leva uma verdadeira salada de agrião e cenoura e ainda ganha um toque asiático com um molho de shoyo, coentro e pasta de amendoim.

WWF

Energia além do fóssil

Considerado o combustível do futuro, o hidrogênio verde (H2V) é uma fonte de energia limpa, produzida a partir de fontes renováveis, como energia solar e eólica. Governos e grandes empresas do ramo de petróleo têm apostado nessa matriz energética visando a substituição de combustíveis fósseis nos setores de transporte e indústria, como gasolina e carvão, para opções renováveis nas próximas décadas. A Índia, por exemplo, vai destinar US$ 2,3 bilhões em recursos para a produção, uso e exportação de cinco milhões de toneladas do combustível até o final desta década.

Candidato a receber a Conferência do Clima da ONU (COP30) em 2025, o Pará é o estado que mais desmata a Amazônia. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que já foram devastados aproximadamente 167 mil km² de floresta desde o começo da contagem da série histórica, em 1988, equivalente a 35% do total perdido pelo bioma no período. Há 16 anos, o Pará também é o campeão de desmatamento anual, tendo perdido 4.141 km² de áreas verdes apenas entre agosto de 2021 e julho do ano passado. (Folha)

Um estudo da Society for Conservation Biology mostra que espécies nativas da Mata Atlântica correm risco de extinção com a redução do nível de chuvas trazidas por rios voadores amazônicos. Com a maior biodiversidade de anfíbios do mundo, o bioma também tem a maior redução das populações desses animais no planeta. Entre os principais fatores para o desaparecimento dessas espécies estão as mudanças climáticas e a fragmentação de seus habitats. Entenda. (Folha)

Política

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a inesperada troca no comando do Exército vai ajudar o Brasil a “voltar à normalidade”. Na sexta-feira, ele exonerou o general Júlio César Arruda, indicado pelo ministro da Defesa, José Múcio, e nomeado ainda no governo Bolsonaro, e o substituiu pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Dias antes Lula disse que militares haviam sido coniventes com os atos terroristas do dia 8 em Brasília e que as Forças Armadas não eram um “poder moderador”. “Escolhi um comandante do Exército que não deu certo. Tive uma boa conversa com o [novo] comandante, e ele pensa exatamente o que eu penso sobre as Forças Armadas. [Elas] não servem a um político, [mas] existem para assegurar a soberania do nosso país, sobretudo para evitar inimigos externos e desastres”, disse o presidente, que está em Buenos Aires. (Poder360)

Entre os motivos do otimismo de Lula estão conversas em que o general Tomás Paiva defendeu, junto a interlocutores do governo, a punição dos militares envolvidos em atos antidemocráticos. O ministro José Múcio, porém, ressalta que o novo comandante do Exército terá de fazer muitas “costuras internas” para pacificar os ânimos na caserna. Paiva terá hoje a primeira reunião com os generais do Alto Comando da Arma. (CNN Brasil)

Meio em vídeo. Situações como a que levou à demissão sumária do comandante do Exército já aconteceram antes. Aconteceram no Império, na Primeira República (1889-1930), na Segunda República (1945-1964) etc. Os militares chantageiam. E está acontecendo tudo de novo. Mas agora é diferente. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

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O ministro do STF Alexandre de Moraes mandou abrir ontem, a pedido da Procuradoria-Geral da República, mais três inquéritos para investigar os atos terroristas do dia 8, quando bolsonaristas invadiram e depredaram o Congresso, o Supremo e o Palácio do Planalto. Ao todo, já são sete investigações e os alvos podem responder por terrorismo, golpe de Estado e outros crimes. (Poder360)

Preso por ordem de Moraes, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres só vai depor à Polícia Federal no próximo dia 2, mas ontem foram divulgadas suas declarações na audiência de custódia a que foi submetido no dia 14. Ao juiz, ele disse que sua prisão foi como “um tiro de canhão” no peito. Ele não mencionou a minuta de um decreto golpista encontrada pela PF em sua casa e nega ter questionado o resultado das eleições. (UOL)

O interventor federal na área de segurança do DF, Ricardo Cappelli, deve entregar amanhã a Moraes um relatório sobre as falhas na segurança que permitiram aos golpistas invadirem as sedes dos Três Poderes. A intervenção está prevista para durar até o próximo dia 31. (Metrópoles)

Enquanto isso... Foi preso em Uberlândia (MG) Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 30 anos. Ele é o vândalo filmado quebrando no Palácio do Planalto um relógio do século 17 presenteado a D. João VI. (g1)

Cultura

Um dia antes de o Oscar divulgar a lista final de indicados, sua “contraparte” o Framboesa de Ouro, que “premia” os piores do ano, soltou sua relação. Blonde (trailer), infame cinebiografia de Marilyn Monroe, está em oito categorias, incluindo pior filme. Tom Hanks vem em seguida com três indicações: pior ator, por Pinóquio (trailer); pior ator coadjuvante, por Elvis (trailer); e “pior casal”, para ele e sua máscara de látex em Elvis. O anúncio dos vencedores acontecerá em 11 de março, véspera da entrega do Oscar. (Omelete)

Sem teto desde 2016, o acervo com cerca de seis mil obras do Museu Internacional de Arte Naïf (Mian), um dos mais importantes do mundo no gênero, corre o risco de ser desmembrado e enviado ao exterior. Com o objetivo de chamar a atenção para a importância dessas peças e tentar atrair patrocínio para um novo museu, o projeto Arte nas Estações levará 270 trabalhos a três cidades mineiras, podendo se estender a Espírito Santo e Bahia. “Minha intenção é realmente manter a coleção no Brasil”, diz a museóloga Jacqueline Finkelstein, filha do joalheiro francês Lucien Finkelstein (1931-2008), fundador do museu. (Globo)

A atriz americana Brooke Shields revelou, em documentário exibido no festival Sundance, ter sido estuprada em 1987, quando tinha 22 anos e tentava reavivar a carreira. O agressor, cuja identidade ela não revelou, a atraiu para uma reunião em Los Angeles a fim de tratar de projetos cinematográficos. “Eu congelei totalmente, pensei que um ‘não’ deveria ter sido suficiente”, lembra. Hoje com 57 anos, ela despontou com para o estrelato na infância com filmes já polêmicos na época, como Menina Bonita, de 1978, e A Lagoa Azul, de 1980. (UOL)

Cotidiano Digital

A OpenAI, responsável pelo ChatGPT, renovou a parceria com a Microsoft em contrato multibilionário. Segundo fontes, o investimento na OpenAI pode chegar a US$ 10 bilhões (R$ 51,7 bilhões). O ChatGPT chegará às aplicações da Microsoft, como o buscador Bing, o Word, o PowerPoint e o Outlook. (g1 e NY Times)

O Spotify anunciou que pretende demitir, aproximadamente, 600 funcionários — 6% da força de trabalho da companhia. Demissões têm sido comuns no setor de tecnologia após crescimento acentuado no pico da pandemia. Vista como decisão econômica a longo prazo, as ações da empresa subiram em 3,5% no início do dia. (TecMundo)

Para ler com calma. Demissão nas bigtechs e a relação com o fim do “dinheiro fácil”. (NY Times)

O TikTok confirmou que alguns funcionários podem impulsionar vídeos com o uso do botão “Heating” (Aquecedor). A plataforma alegou que a prática é para promover a diversidade de conteúdo e que “apenas 0,002%” dos vídeos no feed são escolhidos dessa forma. No entanto, reportagem acusou a empresa de usar essa tática para apresentar celebridades e criadores emergentes e apontou que conteúdos aquecidos representam até 2% do total de visualizações diárias. (Tecmundo e Forbes)

O WhatsApp pode, em breve, permitir que seus usuários enviem fotos em qualidade original, segundo site que divulga informações sobre as versões de teste do aplicativo. A funcionalidade foi descoberta em um trecho de código da próxima versão do WhatsApp beta, ainda em desenvolvimento. (Folha e WaBetaInfo)

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