Prezadas leitoras, caros leitores —

O que estamos assistindo se desenrolar em Brasília nas últimas semanas é, potencialmente, um novo desenho da República e da correlação de forças entre os Poderes — produto da soma de presidentes da Câmara superempoderados, presidentes da República fracos em sequência e do apetite insaciável de políticos movidos tão somente pela lógica mercantil.

Nada de novo, a não ser na sua intensidade. Depois de Dilma, Temer e Bolsonaro, quem está no Planalto é Lula. Se, por um lado, ele demorou a tomar o passo da ascendência sem precedentes de um chefe da Câmara, agora que aparentemente acordou para isso, não parece estar disposto a somente ceder.

Chantageado por Arthur Lira, entregou o que podia e não podia para fazer sua estrutura de governo andar. Em paralelo, atravessou a interlocução com deputados liristas e apresentou, sem suas digitais, uma fatura via Judiciário e Polícia Federal.

Esse sparring político não deve se resolver num lance só. E fazer a análise a cada round é ao que vem se dispondo, nas últimas semanas e nesta, a Edição de Sábado.

Também vamos contar a história de imenso sucesso do cosplay no Brasil e de como somos os únicos tricampeões mundiais do maior concurso internacional atual, o World Cosplay Summit.

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Os editores.

Lula quer seu advogado pessoal no Supremo

Agora é oficial. O advogado Cristiano Zanin, que desde 2013 atua na defesa do presidente Lula, é o indicado à vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) em abril, com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski. Zanin, de 47 anos, ficou conhecido por defender o petista nos processos da Lava-Jato. Foi dele o pedido de habeas corpus no STF que resultou na anulação das condenações de Lula, após a Corte reconhecer a incompetência e a parcialidade do então juiz Sergio Moro. O nome do advogado, especializado em litígios criminais e empresariais, foi publicado no Diário Oficial da União. Mas, para chegar de fato ao Supremo, ele terá de passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que tem Moro entre seus 27 membros, e no plenário do Senado, onde precisará de ao menos 41 votos. O presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), deve atuar para que a aprovação ocorra neste mês. Em geral, a indicação foi bem recebida e não deve haver resistência. Nascido em Piracicaba (SP) e formado pela PUC-SP, ele sempre foi apontado como o favorito do presidente. (Poder360)

Se Zanin for confirmado, o plenário do STF voltará a ter três ministros indicados por Lula. Os outros dois são Cármen Lúcia e Dias Toffoli. (g1)

Míriam Leitão: “Zanin é advogado pessoal, tirou Lula da prisão. Isso quebra um dos princípios mais caros da administração pública: o da impessoalidade. Essa escolha Lula faz não como presidente, mas como Luiz Inácio. É personalíssima”. (Globo)

Rafael Mafei: “Na falta de regras e instituições realmente capazes de constranger comportamentos, só lealdade incondicional e confiança irrestrita transmitem alguma sensação de segurança. Quem não tiver isso a oferecer, ao presidente e aos políticos de quem a aprovação dependerá, será carta fora do baralho.” (piauí)

Imagina se fosse o Wassef... Esse foi um dos questionamentos feitos nas redes sociais após a indicação de Zanin, advogado pessoal de Lula, para o Supremo. O nome do indicado ficou entre os termos mais comentados no Twitter. Confira a reação nas redes. (Folha)

Meio em vídeo. Até ontem, Cristiano Zanin era um ilustre desconhecido, sem outros casos de grande repercussão, além do de Lula. Mariliz Pereira Jorge comenta o afago do presidente ao indicar seu advogado ao STF na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

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No último dia, mas sem estresse. Foi assim que o Senado aprovou ontem, por 51 votos a 19, a medida provisória que reestrutura administrativamente o governo. Veja como cada senador votou. O senador Jaques Wagner (PT-BA), relator da MP, manteve o mesmo texto aprovado pelos deputados, para evitar que a matéria voltasse à Câmara. A votação aconteceu sob a tutela do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem agido como para-choque do governo: colocou um freio na tramitação do projeto que derrubou partes do decreto do saneamento e sinalizou que vai desacelerar as discussões do marco temporal, aprovado pela Câmara nesta semana. O texto aprovado pelo Congresso é diferente da MP editada em janeiro por Lula e, por isso, ainda precisa ser submetido à sanção presidencial. (Globo)

Para evitar novas crises, Lula vai ter de incorporar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como sócio do seu governo. Esse recado foi passado pelo silêncio pós-aprovação da MP e pela declaração de Lira de que agora “o governo vai ter que andar com suas pernas” e “não haverá nenhum tipo de sacrifício” da Casa. A jornalista Malu Gaspar ouviu que a crise colocou o governo em uma nova e imprevisível fase, na qual o Centrão deverá assumir cargos-chave e maior controle sobre o Orçamento de emendas discricionárias. (Globo)

E a conta já está sendo cobrada. Vera Rosa conta que o Centrão quer controlar o Ministério da Saúde, comandado por Nísia Trindade, com um orçamento de mais de R$ 183 bilhões. Lula, no entanto, disse ontem que só fará uma reforma ministerial se houver uma “catástrofe”. “Na prática, Lula sabe que terá de oferecer um vultoso ‘dote’ para selar uma aliança com Lira, se quiser aprovar projetos de seu interesse. E a oferta não precisa ser necessariamente para o PP, mas, sim, para um nome indicado pelo presidente da Câmara.” (Estadão)

Igor Gielow: “Com meros seis meses no cargo, Lula enfrenta o mais duro início de governo desde o segundo mandato da sucessora Dilma Rousseff (PT), com desempenho pior. Arrisca, e não são poucos os observadores moderados que apontam isso, tornar-se um pato manco precoce”. (Folha)

Se na quarta-feira o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conseguiu se impor ao governo, ontem sofreu um duro baque. A Polícia Federal fez uma megaoperação em quatro estados e no DF contra pessoas ligadas a ele. Todos são acusados de participação em uma fraude de R$ 8 milhões, revelada pela Folha, envolvendo a compra superfaturada de kits de robótica pelo MEC durante o governo de Jair Bolsonaro. O principal alvo foi Luciano Cavalcante, ex-assessor do pai de Lira, levado pelo deputado em 2017 para a liderança do PP na Câmara, onde ele está lotado até hoje. Cavalcante e sua mulher, Gláucia, seriam a ligação entre Lira e a empresa Megalic, contratada para fornecer os kits. (piauí)

Arthur Lira procurou se distanciar do apadrinhado. Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, ele negou se sentir pressionado pela operação. “Eu não vou comer essa corda, vou me ater a receber informações mais precisas, e cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país”, afirmou. (g1)

Uma das imagens mais marcantes da ação da PF foi um cofre abarrotado de notas de real e dólar e com uma cartela de remédios para disfunção erétil, encontrado no endereço de um dos aliados de Lira em Brasília. Os agentes estimam que os valores apreendidos apenas ali ultrapassem R$ 4 milhões. (Metrópoles)

O ministro do TSE Benedito Gonçalves anunciou ontem a liberação para julgamento da ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) relativa à reunião que ele convocou com embaixadores estrangeiros para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Com a liberação, ficará a critério do presidente da corte, Alexandre de Moraes, marcar o julgamento, que pode resultar na inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos. Os prognósticos não são bons para o ex-presidente, uma vez que o julgamento acontecerá já com os dois novos ministros titulares da corte, André Ramos Tavares e Floriano Marques, que tomaram posse na última terça-feira em substituição a integrantes nomeados no governo do réu. (Poder360)

Kit de Roubótica

Tony de Marco

Kit-Roubótica

Viver

Após uma inédita campanha de cientistas contra o tráfico internacional de fósseis, o dinossauro brasileiro Ubirajara jubatus será devolvido ao Brasil neste domingo, depois de ter sido levado irregularmente para a Alemanha na década de 1990. O exemplar será trazido pela ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, o que é considerado um sinal de prestígio para o ato da repatriação. A disputa entre os países começou em 2020, quando paleontólogos da Alemanha, México e Reino Unido publicaram um artigo na revista científica Cretaceous Research, descrevendo o espécime levado sem a autorização do governo brasileiro. (Folha e Galileu)

Mais de 3,6 milhões de vacinas contra o tipo mais grave de meningite poderão ser descartadas pelo Ministério da Saúde por perderem a validade até 31 de agosto. As doses, com valor estimado em R$ 173,7 milhões, foram adquiridas entre 2021 e 2022, mas não foram distribuídas aos municípios por falta de procura. A cobertura vacinal para essa doença está em 51,48% do país, muito abaixo da meta de 95% estipulada pela pasta. Nos últimos dois anos, o país registrou mais de 6 mil casos e 700 mortes. Segundo o ministério, outras 442.320 vacinas adquiridas em 2020 devem ser incineradas porque venceram em abril. (Globo)

Um levantamento feito pelo Todos Pela Educação com base em dados do IBGE de 2012 a 2022 mostra que o percentual de jovens negros no Ensino Médio com a idade certa para essa etapa é

Cultura

Chegou hoje às plataformas But Here We Are (Spotify e YouTube), primeiro álbum do Foo Fighters desde a morte, no ano passado, do baterista Taylor Hawkins. Na gravação, as baquetas ficaram a cargo do vocalista e líder Dave Grohl, que tocava o instrumento no Nirvana. Segundo a banda, o álbum “uma resposta brutalmente honesta e emocionalmente crua a tudo o que o Foo Fighters suportou no ano passado”. (g1)

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Três letras de Rita Lee passaram quase cinco décadas nos arquivos da censura federal, mas nem tudo ficou esquecido. Segundo o pesquisador Beto Feitosa, a artista aproveitou quatro versos da inédita Disfarce na letra de Melodia Inacabada (Spotify), que só foi gravada uma vez, em 1978, pela atriz e cantora Marília Barbosa. Apresentada à censura em 1975, a canção original, diz o pesquisador, refletia uma Rita predominantemente roqueira, enquanto Melodia Inacabada já mostrava sua transição para cantora “adulta” da fase com Roberto de Carvalho. (Estadão)

Na próxima segunda-feira completa-se um ano do assassinato do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira por pescadores ilegais no Vale do Javari (AM). Para que o crime não seja esquecido, estreou hoje na Globoplay o documentário Vale dos Isolados: o Assassinato de Bruno e Dom, dirigido e apresentado pela repórter Sônia Bridi. Além de apresentar o conflito provocado pela presença de criminosos na terra indígena, a produção mostra com exclusividade as imagens de um celular encontrado na mata, trazendo a última foto da dupla e um flagrante deles sendo ameaçados pelo pescador Pelado, que os mataria. (Globo)

Cotidiano Digital

E a Amazon concordou em pagar US$ 30,8 milhões (cerca de R$ 156,8 milhões) para encerrar dois processos da Comissão Federal de Comércio (FTC) dos Estados Unidos relacionados à invasão de privacidade por seus dispositivos inteligentes, a Alexa e a câmera de campainha Ring. Entre as alegações, a FTC acusou a gigante do e-commerce de espionagem de mais de 80 mulheres e coleta de dados de menores de 13 anos sem autorização. Ainda de acordo com a FTC, cerca de 30 mil funcionários tiveram acesso aos dados de crianças para refinar o algoritmo de reconhecimento de voz da Amazon, a inteligência artificia por trás da Alexa. (Globo e Estadão)

A Meta anunciou ontem os novos óculos de realidade mista Meta Quest 3. O dispositivo com 128 GB de armazenamento será lançado entre setembro e outubro nos Estados Unidos por US$ 499,99 (cerca de R$ 2.522). Uma opção com mais memória interna também estará disponível, confirmou a dona do Facebook em comunicado. O novo equipamento também suporta os mais de 500 jogos já disponíveis para o Quest 2, além de aplicativos. Com o lançamento do Quest 3, a Meta está reduzindo o preço do Quest 2 para US$ 299,99 (cerca de R$ 1.510). (g1)

Telegram, TikTok e WhatsApp estão entre as 27 empresas sob investigação na Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). As três são alvos de processos envolvendo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com o objetivo de analisar se estão atuando em conformidade com a legislação. A investigação do WhatsApp está ligada à mudança dos termos de uso anunciada em 2021. Na ocasião, havia temor de que o app compartilhasse dados com o Facebook e o Instagram. Já o Telegram e o TikTok estão sendo investigados sobre como tratam os dados de cidadãos brasileiros, principalmente de crianças e adolescentes. (Estadão)

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