Prezadas leitoras, caros leitores —

Na próxima quarta-feira se comemora o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. É uma data de festas coloridas em muitos lugares do mundo, mas também de luta contra o preconceito, a violência e a opressão, em particular contra o T dessa longa sigla, as pessoas transgênero. Mesmo em países democráticos como os EUA e o Reino Unido, o antagonismo a essa comunidade se tornou uma bandeira de conservadores.

Mas há dentro desse grupo pessoas em uma situação ainda mais frágil: as crianças. A identidade de gênero entre menores, inclusive pré-púberes, não pode ser empurrada para o armário e apresenta desafios para famílias, profissionais de saúde, educação e direito e até para governos. E é sobre essa questão igualmente espinhosa e urgente que a Edição de Sábado do Meio vai se debruçar.

Vamos falar também de uma praga (até o momento) insolúvel, a ação de cambistas, cada vez mais sofisticada e danosa para o público. E ainda, como um brasileiro sem experiência em programação usou os recursos da inteligência artificial para criar um Jesus virtual, numa fórmula que está rendendo evangelização e lucro.

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— Os Editores.

Lula, e desta vez também Haddad, sobem o tom contra o BC

Pressão total, mas não só do governo. Esse é o cenário que o Banco Central enfrenta após manter a Selic em 13,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) não deu nem sinal de quando começará a cortar os juros. Devido à melhora da inflação, analistas esperavam ao menos essa sinalização. O presidente Lula também. Em Roma, antes de ir para Paris, ele voltou a criticar os juros, dizendo que a taxa é irracional e que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, joga contra o país. “Não é o governo que está brigando com o BC, quem está brigando com o BC é a sociedade brasileira”, disse, citando a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a decisão de “descompasso”. Segundo ele, é o quarto comunicado “muito ruim” e que “contrata um problema para o futuro”. “Às vezes, ele corrige na ata, mas há um descompasso entre o que está acontecendo no Brasil, com o dólar, com a curva de juros, a atividade econômica”, afirmou na capital francesa. Nas últimas semanas, a cobrança extrapolou o governo. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou que “não há no Brasil nenhuma atividade econômica que possa pagar os juros tão elevados”. E a empresária Luiza Trajano disse ter ligado “mais de 20 vezes para Campos Neto”. Essa pressão deve aumentar. Fabio Kanczuk, ex-diretor do BC, disse que o Copom foi muito mais duro do que o esperado. “A mediana das pessoas estava esperando alguma sinalização de que haveria um movimento para baixo em agosto, mas (o BC) não deu sinal nenhum.” (Estadão)

Pois é... O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC Henrique Meirelles considerou a decisão do Copom certa. Ele explicou que o BC tem modelos para prever a inflação, o que tem permitido aperfeiçoar o modelo para precisão em suas previsões. “O importante é que o BC está dando segurança nas projeções inflacionárias.” (Valor)

Em outra frente que pode ajudar a economia, o relator da reforma tributária na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou ontem a proposta para mudar a cobrança dos impostos sobre o consumo. Estão no texto o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual para bens e serviços, com tributação federal e estadual/municipal, e a mudança na cobrança tributária da origem para o destino. (Poder360)

Vinícius Torres Freire: “O BC ainda está sub judice. Depende do que vai fazer, em especial a partir de setembro. Até lá, não haverá mudança relevante alguma, com Selic estável ou caindo a esmola de 0,25 ponto ou 0,5 ponto percentual. Aprovar enfim o dito ‘arcabouço fiscal’, cobrar mais impostos para conseguir um déficit limitado a 0,5% do PIB, aprovar uma reforma tributária boa, isso fará diferença.” (Folha)

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Acusado de abuso de poder político, conduta vedada, desordem informacional e uso indevido dos meios de comunicação, Jair Bolsonaro começou a ser julgado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral. Por quase duas horas, o ministro Benedito Gonçalves leu seu relatório sobre o caso, que se refere à reunião com embaixadores, em julho, quando Bolsonaro fez ataques infundados ao sistema eleitoral. Walber Agra, advogado do PDT, partido autor da ação, tentou ligar a reunião aos ataques de 8 de janeiro. O histórico de declarações do ex-presidente foi chamado de “obsessão golpista”. Já Tarcísio Vieira de Carvalho, que defende Bolsonaro e seu vice de chapa, general Walter Braga Netto, disse que o bolsonarismo não está em julgamento e tentou desmontar essa correlação. Mas reconheceu o “tom inadequado, ácido” do ex-presidente. Também questionou a inclusão da “minuta do golpe” no processo, por ser um fato posterior à ação. O Ministério Público Eleitoral considerou que o abuso de poder foi demonstrado e defendeu a inelegibilidade. O vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet, disse que o evento com os embaixadores foi “deformado” em uma “manobra eleitoreira” e o discurso de Bolsonaro ultrapassou a liberdade de expressão, tentando “manipular” informações, sem provas. A sessão foi suspensa e será retomada no dia 27. (Estadão)

Pouco antes do início da sessão, Bolsonaro disse que não gosta de falar no “se”, mas que, na sua idade, não “vai se iludir”. Afirmou que gostaria de se manter “100% ativo” na política e que perder seus direitos políticos “seria uma afronta”. Quanto a uma reportagem do Financial Times sobre orientações do governo americano para admissão imediata do resultado das urnas, ele insinuou uma possível interferência da gestão de Joe Biden e disse que vai estudar melhor o assunto. (Folha)

Pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem indica que 47% defendem que Bolsonaro fique inelegível, enquanto 43% querem o contrário. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, há um empate técnico. Ou seja, o cenário eleitoral de divisão segue no país. (Poder360)

Vera Magalhães: “A despeito de declarações protocolares em redes sociais, poucos dos nomeados ou eleitos graças a Bolsonaro lamentarão sua retirada da cena política.” (Globo)

Condenado a cerca de nove anos de prisão por armar uma bomba encontrada em um caminhão nas imediações do aeroporto de Brasília em dezembro, George Washington Oliveira foi ouvido ontem na CPMI do 8 de Janeiro. Mas, na maioria das perguntas, recorreu ao direito de ficar em silêncio. Após uma hora, afirmou que se considera um “patriota”, que “armas não matam” e que havia infiltrados entre os grupos que questionavam o resultado das eleições, mas sem citar nomes. Devido ao silêncio do preso, o deputado Rubens Junior (PT-MA) disse que vai pedir a quebra do sigilo fiscal e telemático de suas empresas e de seus parentes para descobrir quem financiou sua viagem a Brasília. (Globo)

Mais um bate-boca. Desta vez, entre o deputado Rogério Correia (PT-MG) e o senador Jorge Seif (PL-SC). Durante o interrogatório, Correia disse que “todos os bolsonaristas” haviam abandonado George Washington. Mas foi interrompido por Seif: “Ele está falando por todo mundo. Ele não ouviu isso de mim.” Correia retrucou e disse que não dava a palavra ao senador e o mandou calar a boca. Na discussão, o senador retrucou “cala boca é o c...”. (Estadão)

O Comitê de Supervisão da Meta, holding que inclui Instagram, Facebook e WhatsApp, afirmou em comunicado que errou ao manter no ar um vídeo com incentivos a ataques golpistas poucos dias antes do 8 de Janeiro. Publicado em 3 de janeiro, nas horas seguintes, o vídeo foi denunciado sete vezes por incitar violência. Sete moderadores da Meta analisaram o conteúdo, mas não identificaram violação das políticas da empresa. O vídeo só foi retirado do ar em 20 de janeiro. (g1)

Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Gonçalves Dias disse à CPI do DF sobre o 8 de Janeiro que não houve tempo para transição e que comandava “praticamente a equipe antiga”. Disse também que não teve acesso ao relatório da Abin antes dos ataques e que o material enviado ao Congresso foi manipulado. (UOL)

A inevitabilidade da inelegibilidade

Tony de Marco & Spacca

Bolsonaro-Martelado

Viver

A Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmou ontem a morte de todos os passageiros do submersível desaparecido no domingo, que visitava o Titanic no fundo do Oceano Atlântico. Os destroços encontrados pelas equipes de busca indicam que houve uma perda catastrófica da pressão na cabine, onde estavam os cinco ocupantes. Em 2018, líderes da indústria de submersíveis já haviam demonstrado preocupação sobre a “abordagem experimental” da OceanGate, empresa proprietária da cápsula que implodiu e não tinha aval de nenhum órgão certificador. (CNN Brasil)

O presidente Lula afirmou que seu governo será duro contra os desmatadores da Amazônia para realizar atividades do agronegócio. “Vamos ser muito duros contra toda e qualquer pessoa que quiser derrubar uma árvore para plantar soja, milho ou criar gado”, disse, durante discurso, em Paris. Ele também se comprometeu a cobrar uma doação de US$ 100 bilhões anuais para financiamento climático prometida pelos países ricos às nações em desenvolvimento, que nunca foi cumprida. (Estadão)

A Câmara Municipal de Guajará-Mirim (RO) aprovou a primeira lei no Brasil a reconhecer os direitos legais de um rio. Segundo texto aprovado, o rio Laje, chamado pelos indígenas de Komi-Memen, fica reconhecido como “ente vivo e sujeito de direitos”, incluindo todos os seres que vivam ou se inter-relacionam com ele. O Laje é um rio amazônico que deságua no Madeira e alimenta o rio Amazonas. (Folha)

Meio em vídeo. Neymar recebeu uma onda de apoio, mais de 10 milhões de likes. Não é bonito como a sociedade acolhe homens que traem? Há sempre um rosário de desculpas para a traição masculina. E a culpa, acredite, ela sempre recai sobre a mulher. Mas quando a mulher é quem trai, o que acontece? É o que indaga Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

Cultura

Como se não bastassem sete prêmios Jabuti na estante, a escritora Marina Colasanti, de 85 anos, foi anunciada ontem pela Academia Brasileira de Letras como vencedora da edição 2023 do prêmio Machado de Assis, o mais importante da ABL. Nascida de família italiana na Eritreia e vivendo no Brasil desde os dez anos, Marina já publicou mais de 60 livros em gêneros que incluem poesia, conto, crônica e infanto-juvenil, além de ter atuado como jornalista e tradutora. Mais antigo prêmio literário do Brasil, o Machado de Assis é concedido pela ABL desde 1941. (Globo)

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A Academia de Hollywood, responsável pelo Oscar, decidiu dificultar a vida das plataformas de streaming e produtoras independentes a partir de 2025. A instituição alterou as regras na premiação de melhor filme e passou a exigir que os longas fiquem e cartaz por ao menos sete dias em 10 das 50 maiores cidades do país até 45 dias após o lançamento. Pelo critério atual, é necessário o lançamento em apenas uma grande cidade. As plataformas faziam lançamentos restritos para poderem concorrer ao prêmio e já jogavam os filmes em seus serviços para assinantes. O objetivo da academia com a mudança é fazer com que o público volte a frequentar as salas de cinema. (Estadão)

Para ler com calma. Dois gênios únicos e saudosos na música brasileira, Elis Regina e Tom Jobim vivem hoje na memória dos fãs e nas canções que deixaram. Aliás, também nas imagens, como mostra o documentário Só Tinha de Ser com Você, dirigido por Roberto de Oliveira, que retrata o encontro desses gigantes para a gravação do álbum Elis & Tom (Spotify), em 1974. Às filmagens da época são acrescidos depoimentos de quem conviveu com a dupla e testemunhou aquele momento único da MPB. (Folha)

Cotidiano Digital

Começou ontem em um tribunal federal dos Estados Unidos a primeira de cinco audiências sobre a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. O caso avalia o negócio de US$ 68,7 bilhões depois que a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) defendeu uma liminar para bloquear a fusão, alegando prejuízos à concorrência. Ao final do julgamento, a FTC pode ou não conseguir a liminar. De acordo com a Microsoft, se conseguir, a transação pode ser impedida, uma vez que o prazo para concluir a compra seria perdido e a empresa seria obrigada a renegociar seus termos com a Blizzard, o que provavelmente acabaria em uma desistência do acordo. Após as audiências, que terminam no dia 29, a decisão sobre a concessão da liminar deve acontecer na primeira semana de julho. (CNN e iG)

A Amazon anunciou ontem o investimento de US$ 100 milhões em um centro de inovação em IA generativa. O projeto vai conectar especialistas em IA e aprendizado de máquina da empresa com clientes de diversas indústrias. O objetivo é ajudá-los a visualizar, projetar e lançar novos produtos, serviços e processos com a tecnologia. (Estadão)

Meio em vídeo. Treinador de algoritmos de inteligência artificial. Já imaginou aprender essa profissão e garantir seu futuro na tecnologia? São os novos tempos modernos de Charlie Chaplin aparecendo. Pedro Doria e Cora Rónai falam sobre mercado de trabalho e as ameaças da IA. (YouTube)

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