Prezadas leitoras, caros leitores —

A tragédia gaúcha mostra como estamos despreparados para lidar com fenômenos climáticos extremos. Na Edição de Sábado, olhamos para o que acontece no Rio Grande do Sul, para entender como deve ser uma cidade adaptada à realidade do aquecimento global e como a inovação tecnológica pode ser usada já neste momento crítico.

Maria Eugênia Bofill, analista de redes sociais do Meio, está em Porto Alegre e traz também um relato de como tem sido viver na cidade na última semana.

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— Os Editores

Governo consegue vitórias parciais no Congresso

Em sinal de trégua no embate entre Executivo e Legislativo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao lado do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um acordo para reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores da economia. Ponto de tensão desde o fim do ano passado, a desoneração substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha por uma taxação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Segundo Haddad, a desoneração será mantida neste ano e, a partir de 2025, haverá a retomada gradual da cobrança, com alíquota de 5%, que aumentará cinco pontos percentuais por ano, até chegar a 20% em 2028. No ano passado, o Congresso aprovou a prorrogação da desoneração até 2027, mas o texto foi vetado por Lula. O veto foi derrubado e, em resposta, o governo editou uma medida provisória revogando a legislação, que acabou caducando. Com isso, a Advocacia-Geral da União recorreu ao Supremo Tribunal Federal e o ministro Cristiano Zanin suspendeu a lei por decisão monocrática, que está parada no plenário devido a um pedido de vista. Pacheco recorreu da decisão. (CNN Brasil)

O acordo sobre a reoneração será entregue ao STF, que deverá homologar a proposta até o dia 20. O governo vai entrar com um pedido de remodulação da liminar na Corte. “A Fazenda vai ter que encontrar uma compensação para isso, de acordo com a lei de responsabilidade”, disse Haddad. (Globo)

Mais cedo, também apaziguando a relação entre os Poderes, após meses de disputa, houve a devolução às mãos de deputados e senadores de R$ 3,6 bilhões em emendas de comissão. Graças a um acordo costurado com líderes partidários da Câmara e do Senado, o Congresso derrubou parcialmente o veto de Lula ao trecho da Lei Orçamentária Anual que suspendeu o envio de R$ 5,6 bilhões nesse tipo de emenda, retomando R$ 4,2 bilhões. O líder do governo, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) explicou que os R$ 600 milhões adicionais são para ajustar “vetos indevidos”. Na Câmara, a derrubada foi aprovada por 371 votos a 21. No Senado, o placar foi 61 a 1. (g1)

O Congresso também decidiu adiar a votação do veto à lei das “saidinhas”. A manutenção do veto de Lula era uma das prioridades do governo na sessão de ontem. Já a oposição temia a volta de dispositivos da Lei de Segurança Nacional, como o que pune “comunicação enganosa em massa”. Devido ao impasse, Pacheco sugeriu o adiamento dos dois temas. E se comprometeu a convocar uma nova sessão do Congresso para o próximo dia 28. No acordo firmado ontem, também ficou acertado que mais de dez vetos seriam retirados de pauta. (Folha)

Vera Rosa: “A sessão do Congresso para analisar vetos presidenciais mostrou que o governo ainda está desarticulado na política. Embora o Planalto tenha conseguido adiar a votação do veto ao projeto de lei que proíbe a saída temporária de presos e ao cronograma para pagamento de emendas parlamentares, ficou evidente a fragilidade das negociações. E assim, de adiamento em adiamento de votações, o governo ganha tempo. Pode evitar derrotas, mas não se sabe por quanto tempo”. (Estadão)

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou formalmente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), as denúncias contra os suspeitos de tramar e ordenar o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018. Foram denunciados os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão; o delegado Rivaldo Barbosa; Robson Calixto da Fonseca, que foi assessor de Domingos; e o PM Ronald Alves de Paula, apontado como ex-chefe de uma milícia carioca. Além da delação do ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, a PGR baseou a denúncia em outros depoimentos, em dados de movimentação de veículos, monitoramento de telefones e triangulação de sinais de telefonia. (g1)

Cerca de 100 mil palestinos, segundo números da ONU, já deixaram Rafah, no sul da Faixa de Gaza, diante da ameaça de um ataque de Israel. A cidade é a maior da região e serviu de refúgio para ao menos 1 milhão de desalojados pelos bombardeios israelenses em outras áreas palestinas. Organizações humanitárias alertam que não há instalações capazes de oferecer condições mínimas de sobrevivência para quem deixa Rafah. (Guardian)

Frente à decisão do presidente americano Joe Biden de não fornecer bombas pesadas ao país caso a invasão de Rafah se confirme, o premiê Benjamin Netanyahu disse que se Israel “tiver que ficar sozinho, nós ficaremos sozinhos” e falou em “lutar com as unhas”. Cada vez mais distante do governo dos EUA, ele  disse que não aceitará qualquer acordo se não puder fazer operação contra o Hamas. (Times of Israel)

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Viver

O governo federal anunciou ontem um pacote de medidas econômicas para mitigar o estrago provocado pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Entre outros pontos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, listou a antecipação dos pagamentos do Bolsa Família e do vale gás e da restituição do Imposto de Renda para os moradores do estado. Há também medidas para o estado e seus municípios, como aval da União para operações de crédito e aporte a fundos de bancos públicos; para empresas, como aumento do prazo para recolhimento de impostos e descontos em juros em empréstimos; e para produtores rurais. Segundo Haddad, as medidas devem injetar R$ 50 bilhões no estado. (g1)

Só para reconstruir o que foi destruído, o estado vai precisar de ao menos R$ 19 bilhões, segundo o governador Eduardo Leite (PSDB). “Insisto: o efeito das enchentes e a extensão da tragédia são devastadores”, afirmou no X. O desastre ambiental afetou a distribuição de combustíveis, água potável, energia e telecomunicações. (Globo)

Leite vem sendo alvo de críticas de cientistas e ambientalistas por ter alterado quase 500 normas ambientais em 2019, seu primeiro ano de governo, na esteira do afrouxamento da proteção ambiental no governo Bolsonaro. Ele diz que as mudanças deixaram a “legislação aplicável, priorizando a proteção ambiental, a segurança jurídica e o desenvolvimento responsável”, mas entidades ligadas ao meio ambiente afirmam que não houve debate sério com especialistas. Leite também flexibilizou a construção de barragens e reservatórios. (Folha)

Pesquisa divulgada ontem pela Genial/Quaest mostra que 70% dos entrevistados creem que a calamidade poderia ter sido evitada ou mitigada, enquanto 30% creem que não havia como impedi-la. O governo estadual teve, para 68%, responsabilidade alta, seguido das prefeituras (64%) e do governo federal (59%). Para 64%, as mudanças climáticas tiveram influência total sobre as chuvas e enchentes; 30% acham que o impacto foi grande, mas parcial; 5% que houve impacto, mas pequeno, e 1% não vê relação entre os dois fatos. (Meio)

Pela primeira vez desde sábado, o nível do Guaíba ficou abaixo dos 5 metros em Porto Alegre, baixando para 4,93 metros. Mas segue bem acima dos 3 metros da cota de inundação. Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS alertam para a possibilidade de um repique no nível do Guaíba, fazendo com que ele retorne aos 5 metros por conta das chuvas previstas para o fim de semana.(g1)

E a água que escoou do Guaíba começou a chegar a outras cidades banhadas pela Lagoa dos Patos. Segundo a prefeitura de Rio Grande, a cerca de 300 km de Porto Alegre, a lagoa subiu 1 metro na região. Em Pelotas, a elevação chegou a 2 metros. (UOL)

Afinal, o Guaíba é um rio ou um lago? Entenda. (g1)

O desastre já matou 107 pessoas, deixou 754 feridos e outros 134 desaparecidos, segundo levantamento da Defesa Civil. Há 1.742.969 pessoas afetadas em 431 dos 497 municípios, deixando 327.105 desalojadas e 68.519 em abrigos. O governo divulgou uma lista com os nomes de mortos e desaparecidos. (g1)

As vítimas da tragédia têm nomes, rostos e histórias. Conheça algumas delas. (CNN Brasil)

Meio em vídeo. Em meio à tragédia generalizada no Rio Grande do Sul, um evento em particular fez o país prender a respiração: o resgate do cavalo Caramelo, ilhado no telhado de uma casa. Mariliz Pereira Jorge comenta o caso e sua repercussão na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

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As enchentes estão ligadas as mudanças climáticas?*

Tony de Marco

*Números da pesquisa Genial/Quaest.

Cultura

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, usou suas redes ontem para postar: “Habemus, Bruno Mars”. Apesar de a mensagem dar a entender que os shows do cantor estão confirmados na Cidade Maravilhosa, não houve menção sobre datas pelo político ou pela Live Nation, que disse não ter informação oficial. A produtora suspendeu ontem a venda de ingressos para a apresentação extra do dia 5 de outubro, após Paes ter negado autorização para o evento. O motivo é a data do espetáculo, que antecede as eleições municipais. A prefeitura chegou a enviar uma notificação judicial à Live Nation, exigindo o cancelamento da divulgação dos shows dos dias 4 e 5. (Globo)

A pirataria e a internet formam, para o mal, uma das mais eficientes parcerias de que se tem notícia. No ano passado, sites e plataformas de download ilegal de conteúdo receberam 230 bilhões de visitas, e o Brasil ocupa a 13ª posição entre os países com mais acessos a plataformas piratas, representando 2,1% do tráfego mundial. Entre os programas de TV e streaming, o gênero mais pirateado são os animes, desenhos animados japoneses que são há décadas uma febre mundial. Oito dos dez títulos mais pirateados são desse tipo, embora o primeiro colocado seja a série The Last of Us, da HBO, inspirada em videogame homônimo. (g1)

A Warner Bros. vai lançar um novo live action de O Senhor dos Anéis em 2026, com foco em Gollum, vivido por Andy Serkis, que também vai dirigir a obra. O diretor da trilogia original, Peter Jackson, e as roteiristas Fran Walsh e Philippa Boyens estão produzindo o filme. O projeto está em fase inicial e deve relatar histórias ainda não contadas do universo de J.R.R. Tolkien, com título provisório de O Senhor dos Anéis: A Caçada a Gollum. Antes, em 13 de dezembro, a animação O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim será lançada com o enredo se passando 200 anos antes de O Hobbit. (Variety)

Cotidiano Digital

Um estudo da Sophos, empresa britânica de software de segurança, apontou que 83% das 75 empresas atacadas por ransomwares no Brasil em 2023 pagaram resgate para reaver suas informações. A pesquisa entrevistou mais de 5 mil líderes de segurança em 14 países. Criados para sequestrar dados, os softwares de ransomware ganharam notoriedade nos últimos anos no país após ataques a grandes empresas como Grupo Fleury e Renner. O valor médio pago aos criminosos foi de US$ 1,22 milhão. A média global ficou em US$ 3,96 milhões. (InfoMoney)

O TikTok anunciou ontem que vai começar a identificar vídeos gerados por inteligência artificial em sua plataforma. As imagens passarão a ser rotuladas com uma marca d’água, mesmo que o conteúdo tenha sido produzido em outra plataforma. A ferramenta utilizada é liderada pela Adobe e já foi adotada por outras companhias, como a OpenAI, dona de modelos de IA como ChatGPT. O TikTok faz parte de um grupo de 20 empresas que assinaram um acordo para combater informações falsas. (CNN Brasil)

Meio em vídeo. Você sabe qual o processador da sua TV? E sabe como a IA vai melhorar a experiência de assistir TV? Cora Rónai acaba de voltar de uma conferência sobre as novas televisões e explica como isso acontecerá. (YouTube)

Essa é a capa da nossa Edição de Sábado, nossa revista semanal com artigos aprofundados sobre os temas mais importantes do momento. Assine hoje e leia amanhã, bem cedinho.

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