Polícia Federal chega perto de Lira

Na investigação sobre desvios que podem chegar a R$ 8 milhões em contratos de kits escolares de robótica, a Polícia Federal encontrou documentos com registros de pagamentos atrelados ao nome “Arthur”. Um deles, que estava com Luciano Cavalcante, auxiliar direto do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), lista R$ 834 mil em valores pagos entre dezembro de 2022 e março de 2023, com ao menos 30 desembolsos, totalizando R$ 650 mil, para “Arthur”. Com Wanderson de Jesus, motorista de Cavalcante, os policiais apreenderam um livro-caixa, com saldos, repasses, destinatários e datas. As anotações, referentes a abril e maio deste ano, foram escritas à mão e estavam em um carro. O nome “Arthur” aparece 11 vezes em gastos totais de cerca de R$ 265 mil. O motorista afirmou à PF que os pagamentos foram feitos a pedido de Cavalcante, que seria o proprietário do veículo onde as anotações foram encontradas. Com a descoberta, a PF encaminhou a investigação para o Supremo Tribunal Federal (STF). A assessoria de imprensa do deputado afirmou que “toda movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, tem origem nos seus ganhos como agropecuarista e da remuneração como deputado federal”. (Folha e piauí)

Uma enteada, três primos e seis aliados políticos de Lira ocupam postos-chave da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Os salários de todos na empresa, chamada em Brasília de “estatal do Lira”, somam R$ 128 mil, sendo o menor de R$ 5.933,59 e o maior de R$ 25.705,66. A CBTU, que administra os trens urbanos em cinco capitais, tem orçamento de R$ 1,3 bilhão e está fora dos holofotes das principais estatais. Lira e a empresa não se pronunciaram sobre a informação. (Estadão)

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Não foi por falta de aviso. Entre julho de 2021 e agosto de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro recebeu ao menos 31 sinalizações de que a Justiça Eleitoral consideraria a propagação de fake news sobre as urnas eletrônicas como um ataque à democracia, passível de punição. O ex-presidente estava ciente desse risco – que inclui a inelegibilidade —, quando fez a reunião com embaixadores em julho passado e criticou o sistema eleitoral sem fundamentos. Por isso, está sendo julgado agora no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O levantamento foi feito pelo Globo com base em declarações e decisões judiciais. (Globo)

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apontado por analistas como o nome mais forte para ocupar o lugar que será deixado por Bolsonaro na extrema direita, caso o ex-presidente seja considerado inelegível por oito anos pelo TSE. (Congresso em Foco)

Me dá um dinheiro aí. Apesar de Bolsonaro somar ganhos mensais de mais de R$ 86 mil como presidente de honra do PL, militar reformado e deputado aposentado, desde sexta-feira, seu Pix circula nas redes sociais com o objetivo de arrecadar recursos para pagar multas cobradas pela Justiça. (Folha)

Trinta e seis horas de tensão, expondo rachaduras e fraquezas russas, deixaram o mundo em alerta no fim de semana. Na sexta-feira, Yevgeny Prigozhin, líder do grupo mercenário Wagner, que tem cerca de 40 mil homens lutando na Ucrânia ao lado das tropas de Moscou, acusou os militares russos de atacarem os acampamentos de seus combatentes. Em resposta, ameaçou enviar todo o batalhão para atacar o Ministério da Defesa da Rússia. Putin ficou exposto como nunca. Ele se referiu ao motim como uma traição e afirmou que quaisquer ações que quebrem a união são uma “facada nas costas do país e do povo”. Cerca de 24 horas depois, para evitar um banho de sangue em uma guerra civil, um acordo foi negociado entre o chefe do Grupo Wagner e Putin, com mediação do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko. As tropas mercenárias chegaram a 200 quilômetros de Moscou, entrando em Rostov, Voronej e Lipetsk, mas regressaram para a Ucrânia. Como parte do acordo, o líder mercenário – que ficará exilado em Belarus – e seus homens não enfrentarão processos criminais pela rebelião. Além disso, os homens que não participaram do motim poderão se unir ao Exército russo caso queiram. Esse episódio foi um sinal de que a permanência de Putin no poder parece não ser mais inquestionável. Ontem, sem fazer menção à crise, ele reiterou sua confiança em vencer na Ucrânia. (CNN)

O embate entre os mercenários do Wagner e o Exército russo já era esperado, segundo analistas. Só não se sabia quando. A pressão aumentou neste mês, quando a Duma, a Câmara Baixa do Parlamento russo, aprovou uma lei para devolver ao Estado o monopólio da violência, obrigando todos os combatentes a se submeterem à hierarquia do Ministério da Defesa. A Duma também aprovou norma para contratar delinquentes que estejam cumprindo suas penas para lutar na linha de frente. Com isso, o Grupo Wagner não poderia mais formar um exército privado de mercenários. (Globo)

“Acredito que não vimos o ato final”, afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken. Segundo ele, as tensões que desencadearam a rebelião vêm aumentando há meses e a turbulência pode afetar as capacidades militares de Moscou na Ucrânia. “Observamos mais rachaduras surgirem na fachada russa. É muito cedo para dizer exatamente para onde vão e quando chegarão lá. Mas, certamente, temos todo tipo de novas questões que Putin terá de abordar nas próximas semanas e meses.” Já a China afirmou que o assunto é interno da Rússia e defendeu a estabilidade. “Como vizinho amigável e parceiro estratégico abrangente de coordenação para a nova era, a China apoia Moscou na manutenção da estabilidade nacional e na conquista do desenvolvimento e da prosperidade.” (G1 e Folha)

Para ler com calma. Desde que assumiu o poder, Putin nunca se mostrou tão fraco quanto agora, escreve David Remnick, editor da New Yorker e autor de um livro sobre o país. Há um ano meio, prometia tomar Kiev em questão de dias. Após dezenas de milhares de feridos e várias cidades em ruínas, ele não pode mais se concentrar apenas em sua aventura na Ucrânia. Foi forçado a proteger sua própria capital contra mercenários. (The New Yorker)

Subindo o tom

Marcelo Martinez
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Viver

Nos últimos 15 anos, ao menos 2.044 pessoas tiveram algum membro amputado por armas e explosivos no Brasil, segundo levantamento do jornal O Globo com base em dados do Ministério da Saúde. A Bahia é o estado com mais amputações registradas pela pasta, com 244 casos, seguida por Rio de Janeiro (202), Pará (198) e São Paulo (196). O número de brasileiros mutilados é maior do que o de militares dos Estados Unidos durante um período de tempo semelhante. Entre janeiro de 2001 e outubro de 2017, 1.705 soldados americanos perderam algum membro durante combates em guerras como as do Iraque e do Afeganistão. (Globo)

O Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) autorizou profissionais da área a prescrever produtos fitoterápicos à base de canabidiol (CBD), substância encontrada na maconha. Mas a permissão vale apenas para biomédicos que sejam especializados e habilitados em acupuntura. O texto ressalta que o uso do produto “deve seguir critérios para dosagens, levando em consideração as necessidades específicas de cada paciente”. A resolução entrou em vigor na última sexta-feira, quando foi publicada no Diário Oficial da União. Médicos, dentistas, nutricionistas e fisioterapeutas já têm permissão para receitar produtos que contenham CBD. (Globo)

Pesquisadores e representantes da Abin, Ministério dos Povos Indígenas, Ministério Público e Polícia Civil do Pará informaram que a presença de facções criminosas em comunidades indígenas e quilombolas na região da Amazônia tem aumentado nos últimos anos. Segundo especialistas, os principais crimes cometidos são extração de produtos florestais, mineração, caça e pesca ilegais, grilagem de terras, tráfico de drogas, além de ameaças e homicídio contra lideranças locais. Entre os principais interesses das facções pelas comunidades estão a utilização dos territórios como rotas alternativas para fugir de fiscalizações e a instalação de estruturas ilícitas. (g1)

Cultura

Morreu na sexta-feira, na Califórnia, aos 86 anos, o ator americano Frederic Forrest. Indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por sua atuação em A Rosa (1979), ficou conhecido como Jay “Chef” Hicks em Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola. Forrest se especializou em artes teatrais e em estudos de televisão e rádio na Texas Christian University. Em seguida, partiu para Nova York, onde estudou com o ator e professor Sanford Meisner e, mais tarde, integrou o Lee Strasberg’s Actors Studio. Com uma extensa filmografia, incluindo A Conversação (1974) e Um Dia de Fúria (1993), seu último trabalho no cinema foi no remake de A Grande Ilusão (2006), estrelado por Sean Penn, Jude Law e Kate Winslet, e dirigido por Steve Zaillian. O ator morreu em casa em decorrência de “uma longa doença”. (Estadão)

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Para ler com calma. Em 4 de dezembro de 1948, George Orwell relutou em entregar os originais de 1984 para os editores da Secker & Warburg, em Londres. Ele não estava satisfeito, acreditava que o livro, que descreveu como “abominável” e “horroroso”, faturaria apenas umas 500 libras. Setenta e quatro anos depois de seu lançamento, em 8 de junho de 1949, o romance distópico segue na lista dos mais vendidos, com mais de 100 milhões de exemplares em 65 idiomas. Especialistas explicam o motivo da relevância, atualidade e sucesso do livro. (BBC Brasil)

A Bienal do Livro do Rio acontece entre 1° e 10 de setembro e vai contar com a americana K.L. Walther, autora de Uma Tempestade de Verão. Inspirada nas músicas de Taylor Swift, a obra foi disputada por quatro editoras no Brasil e a Rocco levou a melhor. Sucesso entre os fãs da cantora assim que foi lançado nos Estados Unidos, em 2021, o livro chegou aqui em 28 de abril, ficou na lista dos mais vendidos e já foi reimpresso duas vezes. Amanhã, ela lança nos EUA seu segundo romance What Happens After Midnight (O Que Acontece Depois da Meia-noite), também influenciado pelas músicas da estrela pop. O terceiro está em produção, repleto de referências a Cardigan, August e Betty, do disco Folklore, de 2020. (Globo)

Cotidiano Digital

Nos últimos dias, Elon Musk “desafiou” Mark Zuckerberg para briga, física mesmo, em resposta a um tuíte sobre o plano da Meta de criar o Threads, que seria um aplicativo rival do Twitter. A disputa, que pode não passar de brincadeira, despertou o interesse do presidente do UFC, Dana White. Em entrevista ao TMZ Live, White disse ter conversado com os dois e que eles estão levando a sério o possível confronto. Para o jornal americano Washington Post, o aceite do dono da Meta ao desafio não passa de uma tentativa de atrair holofotes e se “se tornar legal novamente” entre os grandes líderes de tecnologia, no que o veículo chamou de “Elonização”, uma referência ao seu rival, Elon Musk. (g1 e The Washington Post)

Em março, a organização da E3, maior feira de games do mundo, anunciou o cancelamento da edição deste ano, que aconteceria neste mês nos EUA. Agora, novas informações indicam que as próximas edições também podem ser canceladas. Um documento divulgado pela Comissão de Turismo da cidade de Los Angeles, na Califórnia, indicou o possível cancelamento das edições presenciais de 2024 e 2025 do evento. A E3 2022 já havia sido cancelada por conta da pandemia de covid-19. O deste ano veio após uma sucessão de problemas na organização e a desistência de grandes empresas como Nintendo, Sony e Microsoft. (Gizmodo)

A Meta, dona do Facebook e do Instagram, vai bloquear o acesso a notícias no Canadá após lei que obriga empresas de tecnologia a pagarem veículos de comunicação pelo conteúdo compartilhado em suas plataformas. A Lei de Notícias Online no Canadá determina que as grandes plataformas compensem os editores de notícias pelo conteúdo publicado em seus sites. Desde 2008, mais de 450 sites de notícias fecharam no Canadá. O governo canadense diz que o projeto é necessário “para aumentar a justiça no mercado canadense de notícias digitais”. Outras empresas de tecnologia, como o Google, também estão testando limitar o acesso a notícias. (g1 e BBC News)

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