Prezadas leitoras, caros leitores —
Testes genéticos preditivos, quando feitos com acompanhamento profissional, podem salvar vidas. Antecipar tratamentos. Mas uma aflição decorre da busca por esse tipo de mapeamento, independentemente do resultado: o receio de ser vítima de discriminação genética.
Na era da informação, dados com esse nível de sensibilidade podem ser usados para, entre outras maldades, evitar que a seguradora tenha de cobrir despesas. Ou que um banco conceda um empréstimo de longo prazo. Ou, simplesmente, para constranger o dono daquele genoma mapeado. É sobre esse risco, mas também sobre os benefícios desse tipo de teste, que a Edição de Sábado vai tratar, em reportagem da jornalista Mônica Manir, que também é doutora em bioética.
E, por falar em ética, que fim leva a maioria dos processos abertos pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara? O que define seu andamento é, claro, a política. Luciana Lima dá um panorama da atuação do órgão. Para fechar, Pedro Doria vai falar de sua conexão emocional com Indiana Jones.
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Centrão leva o Turismo e quer mais
Agora é oficial: o Ministério do Turismo vai ser comandado por Celso Sabino (UB-PA). Depois de mais de um mês de negociação, a confirmação foi feita após reunião entre Lula, Sabino e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “O presidente convidou Sabino para o Ministério do Turismo, convite esse que foi aceito pelo deputado. A nomeação sairá no Diário Oficial da União nos próximos dias”, informou o governo em nota. A mudança faz parte das negociações com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de quem Sabino é aliado, para ampliar a base do governo e melhorar a articulação no Congresso. (g1)
A ministra demissionária Daniela Carneiro (UB-RJ) foi convidada por Lula para assumir a vice-liderança do governo na Câmara. Ela e o marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos-RJ), foram essenciais nas eleições, fazendo campanha para o presidente na Baixada Fluminense. (Veja)
O Centrão também quer o Ministério do Esporte, onde alocaria o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Mas Lula insiste na permanência de Ana Moser. Interlocutores afirmam que ele prefere uma triangulação, conta Camila Bomfim. Aparecida Gonçalves sairia do Ministério das Mulheres, que receberia uma mulher que já está no governo: Ester Dwek (Gestão e Inovação dos Serviços Públicos) ou Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). E a vaga aberta seria oferecida ao Centrão. O martelo só deve ser batido em agosto. (g1)
Lula também não quer abrir mão do Ministério do Desenvolvimento Social, que tem um orçamento de R$ 273 milhões e é responsável pelo Bolsa Família. “Esse ministério, é um ministério meu. Esse ministério não sai. A Saúde não sai. Não é o partido que quer vir para o governo que pede ministério. É o governo que oferece o ministério”, afirmou. (R7)
Se a Saúde não sai, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) fica ligada à pasta. Foi o que afirmou ontem o deputado Danilo Forte (UB-CE). Ele disse que um presidente interino será escolhido, e uma comissão técnica provisória será estabelecida para apresentar um novo organograma para a Funasa, cobiçada para indicação a cargos de segundo escalão e direcionamento de verbas para redutos eleitorais. (Poder360).
Conseguir as vitórias econômicas na Câmara não foi nada fácil. O governo teve de ceder. E muito. Apesar disso, Lula elogiou a relação com o Congresso e disse viver a “melhor fase” com o Legislativo. “O país voltou à sua normalidade. A relação com o congresso nacional, ela vive o melhor momento das últimas décadas.” (Metrópoles)
O ex-deputado federal Jean Wyllys ganhou um cargo no governo Lula. Nesse caso, com o aval da primeira-dama Janja. Ele vai trabalhar na área de planejamento de comunicação, diretamente ligado ao ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta. (Estadão)
A Caixa é outro alvo do Centrão. E Lula tem demonstrado que não está satisfeito com o desempenho de Rita Serrano à frente do banco. O nome já mencionado para substituí-la é o do mineiro Gilberto Occhi, que presidiu a instituição de 2016 a 2018, no governo de Michel Temer (MDB). Rita reclamou das condições em que achou a instituição. “Encontramos o banco desmantelado, preparado para privatizar suas principais operações e uma política de medo e assédio colocada dentro do banco, como no país.” (Poder360)
A Petrobras também estava no caminho da privatização, segundo Adolfo Sachsida, que entre 2019 e 2022, atuou no então Ministério da Economia e comandou o de Minas e Energia de maio a dezembro passado. “Nós iríamos privatizar a Petrobras se o presidente Bolsonaro ganhasse a eleição. Embora muita gente não acreditasse que isso fosse possível, a privatização da Petrobras estava sendo preparada pelo governo. Nós iríamos trazer, no espaço de um ano e meio, muita competição aos setores de petróleo e gás no Brasil.” (Estadão)
“Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas.” A afirmação foi feita anteontem pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante congresso da União Nacional dos Estudantes. E gerou muita polêmica. Aliados do ex-presidente Bolsonaro falaram em pedir o impeachment do magistrado. Ontem, o STF divulgou uma nota dizendo que, “como se extrai claramente do contexto”, a fala de Barroso “referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”. (Folha)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebeu várias ligações com reclamações. Ele classificou a afirmação de “inadequada e inoportuna”, criticou a presença de Barroso no evento e disse que a declaração pode motivar pedidos de suspeição em julgamentos de Bolsonaro ou pessoas de seu grupo político. “Espero que haja por parte do ministro Luís Roberto Barroso uma reflexão em relação a isso, eventualmente uma retratação no alto de sua cadeira de ministro do STF e prestes a assumir a presidência da Suprema Corte [em outubro].” (Estadão)
O recado foi entendido. Após a repercussão, Barroso afirmou em nota que se referia “ao extremismo golpista”. “Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas.” Ele também ligou para Pacheco e reconheceu que sua fala foi “equivocada”, cometendo um “ato falho”. (UOL e g1)
Viver
Principal adoçante de refrigerantes “zero açúcar”, o aspartame foi adicionado à lista de substâncias “possivelmente cancerígenas” da Organização Mundial de Saúde (OMS). A decisão foi tomada devido a “limitadas evidências de câncer em humanos”. Há dois meses, o órgão já havia desaconselhado a substituição de açúcar por adoçantes não nutritivos para controle de peso. Como não há consenso científico sobre esse tipo de adoçante, a Anvisa é quem deve avaliar a recomendação da OMS para regulamentar o acesso a esses produtos no Brasil. (Folha)
Um estudo publicado pela revista Nature mostra que o rover Perseverance, lançado pela Nasa, encontrou moléculas orgânicas na Cratera Jazero, em Marte. De acordo com os cientistas, esses materiais podem ter se formado por interações entre água e poeira ou sido depositados por meteoros. As descobertas sugerem que o planeta pode ter sido mais ativo do que se imaginava inicialmente. O rover localizou as moléculas nos dez alvos que observou no fundo da cratera, podendo oferecer pistas importantes sobre a possibilidade de o astro abrigar alguma forma de vida. (Exame)
A passagem de um ciclone extratropical pelas regiões Sul e Sudeste deixou dois mortos ontem. Em Rio Grande, no Sul do estado gaúcho, um homem de 68 anos morreu em casa, atingida por uma árvore durante as rajadas de vento que chegaram a 140km/h. Mais de 825 mil residências ficaram sem energia, além de 261 pessoas desabrigadas e 343 desalojadas. Em São Paulo, uma mulher de 80 anos morreu devido a uma descarga elétrica durante uma ventania em Itanhaém, no litoral paulista. Por conta dos ventos, a travessia de balsas entre Santos e Guarujá teve de ser paralisada e as atividades no Porto de Santos, interrompidas. (Folha e g1)
Meio em vídeo. Você acha que uma mulher deve ser presa porque fez um aborto? O Tribunal Superior de Justiça trancou uma ação penal contra uma mulher denunciada pelo médico que a atendeu com complicações provocadas pelo procedimento. Ele chamou a polícia, foi testemunha no processo e enviou o prontuário médico que serviu de prova na investigação. Quando o país discutirá o tema sem hipocrisia e sem essa sanha vingativa contra as mulheres? Veja o que diz Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)
Cultura
E Hollywood parou. O Sindicato dos Atores de Audiovisual (SAG, na sigla em inglês) decretou ontem uma greve por tempo indeterminado, após fracassarem as tentativas de acordo com os representantes dos estúdios, TVs e plataformas. É a primeira vez desde 1960 que atores e roteiristas cruzam os braços ao mesmo tempo. Ao anunciar a greve, a presidente do SAG, Fran Drescher, estrela da série The Nanny, ressaltou que tecnologias como inteligência artificial e streaming mudaram o modelo de negócio do cinema e da TV, sem que os contratos dos artistas refletissem essas mudanças. Ela também criticou o fato de estúdios alegarem falta de dinheiro enquanto pagam centenas de milhões em salários e bônus a seus executivos. Já o CEO da Disney, Bob Iger, disse que os atores não estão sendo realistas em suas reivindicações. (Variety)
Um dos primeiros movimentos da greve aconteceu ontem na première de Oppenheimer (trailer) em Londres. O elenco, encabeçado por Cillian Murphy e Emily Blunt, já havia passado pelo tapete vermelho quando chegou a notícia da greve. Todos os atores se levantaram e deixaram a sala de exibição. Premières e eventos de divulgação estão entre as atividades vetadas pelo movimento dos artistas. (CNN)
Ontem foi o “Dia Mundial do Rock”, que, a despeito do nome, só existe no Brasil. Mas a verdade é que o estilo por aqui deixou de mobilizar o grande público. O levantamento semanal do Spotify Charts no país mostrou que, entre os 100 artistas e grupos mais ouvidos na plataforma, somente dois, Charlie Brown Jr. (50º colocado) e Coldplay (80º), tocavam rock. Funk e sertanejo ocupam praticamente toda a lista de mais ouvidos. (Estadão)
Ser esfaqueado quase até a morte é certamente traumatizante. O escritor indo-britânico Salman Rushdie disse estar tendo “sonhos malucos” desde agosto do ano passado, quando foi atacado por um americano simpatizante da ditadura islâmica do Irã. “Tenho um terapeuta muito bom que tem muito trabalho a fazer”, disse o autor, de 76 anos, que perdeu um olho e os movimentos de uma das mãos devido aos ferimentos. Ele admitiu que voltou a andar com seguranças nos EUA e disse não ter certeza se deseja ficar frente a frente com o agressor no tribunal. (Globo)
Cotidiano Digital
O Bard, ferramenta de inteligência artificial (IA) do Google, foi lançado ontem no Brasil. O serviço, semelhante ao ChatGPT, e disponível em 40 idiomas, é gratuito e chega ao país após lançamento nos EUA e no Reino Unido. O Bard é capaz de criar roteiros turísticos, dá dicas de como começar uma atividade, escreve textos em vários formatos e também pode incluir fotos em suas respostas. (g1)
E um ex-chefe de recursos humanos do Twitter acusou Elon Musk de não pagar cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,4 bilhões) em indenizações por demissão a ex-funcionários da empresa. A alegação consta em ação coletiva. Segundo a acusação, Musk sabia do plano de indenização antes de demitir funcionários, mas recusou diante do “custo”. (Estadão)
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) elaborou uma proposta de Política Nacional de Segurança Cibernética que prevê a criação de uma agência de cibersegurança. Para financiar o projeto, com custo anual de quase R$ 600 milhões, o órgão ligado à Presidência quer cobrar dos usuários uma taxa pelo uso da internet. A “taxa de cibersegurança”, chamada TCiber, corresponderia a 1,5% do valor pago pelos internautas para ter acesso à rede. A proposta também inclui uma cobrança de 10% sobre o registro de domínios. O texto já foi apresentado aos ministérios da Justiça, da Fazenda, do Planejamento, de Ciência e Tecnologia e de Gestão. Agora, passará pelo crivo jurídico da Casa Civil e, depois, do presidente Lula. À Folha, o ministro do GSI, general Marco Antonio Amaro dos Santos, disse que a política já vem sendo estudada há algum tempo. “Estamos, logicamente, refinando. Esperamos que, neste ano, ainda seja apresentado ao Congresso.” (Folha)
O projeto teve repercussão negativa. Ontem, o governo divulgou que não vai taxar usuários da internet para arcar com a criação da agência. O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, foi às redes sociais dizer que “não há nenhuma possibilidade de taxação” ou “qualquer iniciativa desse tipo. (CNN Brasil)