BC eleva a Selic a 10,75%; Fed reduz juros em 0,5 ponto nos EUA

A chamada Superquarta, com decisão sobre os juros nos Estados Unidos e no Brasil, levou as políticas monetárias dos dois países para caminhos diferentes. Enquanto o Federal Reserve fez o primeiro corte desde março de 2020, quando começou a pandemia da Covid-19, o Banco Central brasileiro elevou a Selic pela primeira vez desde agosto de 2022, marcando também a primeira alta do atual governo Lula. O corte americano foi de 0,50 ponto percentual, acima do esperado por parte do mercado, deixando a taxa entre 4,75% e 5%. Aqui, a taxa básica de juros subiu 0,25 p.p., a 10,75% ao ano. (Meio)

Foi uma decisão unânime do Comitê de Política Monetária, em linha com a expectativa do mercado. E encerrou uma série de duas reuniões consecutivas em que o BC manteve a Selic inalterada, após um ciclo de flexibilização iniciado em agosto de 2023 que fez a taxa cair de 13,75% para 10,50%. O comitê destacou em comunicado o ambiente externo desafiador, citando “o momento de inflexão do ciclo econômico nos EUA”, e apontou que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado dinamismo maior que o esperado e que os dados de inflação ficaram acima da meta nas divulgações recentes. Em relação aos próximos passos, não descartou novas altas, afirmando que o ritmo e a magnitude total do ciclo serão ditados pelo compromisso de convergência da inflação à meta. (Meio)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, evitou comentar a decisão, mas disse que não se surpreendeu. E afirmou que, como de hábito, só vai se pronunciar após ler a ata do Copom, na próxima terça-feira. (Globo)

Já a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto, do Fed, foi baseada nos sinais de convergência da inflação à meta de 2% e de estabilidade do mercado de trabalho. Os juros americanos estavam no maior patamar em 23 anos. A decisão, no entanto, não foi unânime. Sobre novos cortes, o Fed disse que avaliará os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos. (Yahoo Finance)

Para o presidente do Fed, Jerome Powell, a “abordagem paciente ao longo do ano passado rendeu dividendos”. “Fizemos um bom e forte começo, e isso é um sinal de nossa confiança. A inflação está caindo”, disse. Mas ainda é preciso decidir quanto e quão rápido reduzir as taxas de juros nos próximos meses e anos. “Vamos levar isso reunião a reunião.” (New York Times)

Beatriz Bulla: “Se antes o maior risco nos Estados Unidos era a inflação, agora há temor de uma recessão, termo que vem aparecendo com frequência na imprensa americana. O que está por trás da necessidade de subir juros no Brasil, no entanto, é a descrença quanto a um crescimento estrutural e sólido da economia. Sem o governo ajudar no lado fiscal, resta ao BC o instrumento dos juros para segurar a inflação. Essa parte, no entanto, tende a ser minimizada pelos políticos, ou creditada pelo PT como um mero mau humor do mercado”. (Estadão)

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O Supremo Tribunal Federal cobrou explicações à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre a falha que permitiu o acesso de brasileiros à rede social X, bloqueada no país desde 30 de agosto. Usuários conseguiram acessar a plataforma, apesar da suspensão por ordem do ministro Alexandre de Moraes, com multa de R$ 50 mil por dia de descumprimento, inclusive para aqueles que o fizessem com o uso de VPNs. (Estadão e Folha)

O acesso foi possível após uma mudança no registro de servidores do X, que passou a usar um sistema que funciona como um escudo de proteção de seus próprios servidores. A Cloudflare é uma das empresas contratadas. Ao distribuir o tráfego do X por novas rotas, a rede social não usa mais seus endereços de IP, mas os da Cloudflare, dificultando o bloqueio. Em nota, a rede de Elon Musk disse que o retorno foi inadvertido e espera que o serviço “fique inacessível novamente em breve”. (Globo)

A Cloudflare informou ter isolado o tráfego do X para que seu bloqueio não prejudique outros usuários de seus serviços. Com a apoio da empresa, a Anatel notificou 20 mil operadoras para reforçar a suspensão da rede de Musk. (UOL)

Jair Bolsonaro (PL) aproveitou a brecha para fazer sua primeira postagem após o bloqueio do X. “Parabenizo a todos pela pressão que faz as engrenagens circularem na defesa da democracia no Brasil”, escreveu, chamando a decisão do STF de “censura prévia” e “grave violação de direitos fundamentais”. (Globo)

O episódio, é claro, rendeu vários memes na internet. (Poder360)

A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) no debate do último domingo na TV Cultura teve um resultado pior para o agredido que para o agressor, aponta pesquisa divulgada ontem pela Quaest. O ex-coach, que estava na segunda posição, com 23%, caiu para a terceira, com 20%. Já o apresentador passou de 8% para 10%. As duas variações estão dentro da margem de erro de três pontos percentuais. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) manteve os 24% do levantamento anterior, mas agora está em empate técnico com Guilherme Boulos (PSOL), que passou de 21% para 23% e assumiu a segunda posição. Tabata Amaral (PSB) recuou de 8% para 7%, e Maria Helena (Novo) ficou com os mesmos 2%. (g1)

Meio em vídeo. Talvez, apenas talvez, Pablo Marçal tenha errado na dose da própria fórmula e empacado. Hoje, dos três embolados na disputa pelo segundo turno paulistano, é o que tem menos chances de chegar lá. Assista a Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

Um dia após a explosão coordenada de centenas de pagers pertencentes a membros do Hezbollah, que mataram 12 pessoas e feriram 2.800 no Líbano, walkie-talkies usados pelo grupo xiita explodiram, matando ao menos 20 pessoas e ferindo 450 em várias cidades do país. O ataque de terça-feira foi atribuído por Beirute a Israel, que não se manifestou sobre a acusação. Uma fonte sênior de segurança disse que as explosões foram “pequenas em tamanho” e semelhantes às da véspera. (Guardian)

Apesar de não reconhecer oficialmente os ataques via pagers e walkie-talkies do Hezbollah, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou ontem que uma “nova era” no esforço de guerra está começando. De forma tácita, admitiu o papel de seu país na operação e disse que o centro de gravidade da guerra está se movendo para o Norte. “O Exército de Israel traz excelentes conquistas, junto com o Shin Bet, junto com o Mossad, todos os corpos e todas as estruturas, e os resultados são resultados muito impressionantes.” (CNN)

Candidato de oposição à presidência da Venezuela, Edmundo González Urrutia afirmou ontem em vídeo que o regime de Nicolás Maduro o submeteu a coação, chantagem e pressão para assinar um documento reconhecendo a vitória do atual presidente e deixar o país. Ele disse que recebeu um ultimato de chavistas na embaixada espanhola em Caracas, onde estava abrigado. Depois disso, pediu asilo político à Espanha, onde está atualmente. González, que no vídeo se define como “presidente eleito”, disse que o documento que assinou “está viciado e tem nulidade absoluta, devido a um grave vício no consentimento”. Já o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, rebateu e o chamou de mentiroso. (g1)

O país está literalmente pegando fogo e é preciso fazer algo a respeito. Quer entender seu papel nessa luta? Então participe do curso Crise Climática: A História do Século 21. O economista e ambientalista Sergio Besserman vai mostrar as causas, consequências e caminhos possíveis para lidar com a crise. Assinantes Premium do Meio tem 20% de desconto, então aproveite e faça sua assinatura.

Viver

A temperatura média do planeta vai aumentar 3ºC até o fim deste século, caso os países não cumpram as metas de combate às mudanças climáticas. É o que prevê o relatório Unidos na Ciência, produzido por agências da ONU, organizações meteorológicas e instituições científicas. “Estamos soando o alerta vermelho para o planeta”, afirmou a secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial. Para evitar que o planeta passe pelos piores efeitos das mudanças do clima, a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, em 2015, é limitar o aumento da temperatura a 1,5°C frente à média pré-industrial. Mas as emissões de gases do efeito estufa estão em níveis recordes, elevando o calor e aumentando o desafio. (Jornal Nacional)

Anfitrião da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP29), que ocorrerá entre 11 e 22 de novembro, o Azerbaijão deixou a transição dos combustíveis fósseis fora da lista de prioridades, ignorando o pacto histórico firmado por quase 200 países na COP28, no ano passado, em Dubai. (Folha)

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Panelinha no Meio. Numa cozinha séria, sobra é ingrediente. Aquele arroz na geladeira vira uma massa com clara de ovo e parmesão para receber um recheio de queijo de minas e abobrinha. Eis que temos uma quiche de arroz.

Cultura

Cancelado nos Estados Unidos, Woody Allen tem feito da capital francesa base e cenário de seus últimos filmes. É o caso do sombrio (para os padrões do cineasta) Golpe de Sorte em Paris, destaque nas estreias de hoje. Demi Moore estrela A Substância, assustadora crítica ao etarismo e aos padrões de beleza. Uma inspirada leva de filmes brasileiros completa com louvor o pacote. Confira todas as estreias e veja os trailers no site do Meio.

Pela primeira vez, cinco dos seis escritores indicados ao Booker Prize de 2024 são mulheres. Um dos prêmios literários mais prestigiados do mundo, a homenagem é conferida a romances publicados no Reino Unido e na Irlanda. Samantha Harvey, concorre com Orbital, que acompanha seis astronautas na Estação Espacial Internacional. Rachel Kushner foi selecionada por Creation Lake, em que uma agente secreta se infiltra em uma comunidade de ecoativistas radicais na França. Yael van der Wouden aborda os impactos da Segunda Guerra em uma província rural holandesa em The Safekeep. Já Anne Michaels reflete sobre as cicatrizes da guerra em Held. Também compete Charlotte Wood com Stone Yard Devocional, protagonizado por uma mulher de meia-idade visitada por um personagem que a faz reviver o passado. A premiação acontece em 12 de novembro. (Globo)

Meio em vídeo. No Conversas com o Meio, um papo entre o ex-apresentador da MTV e crítico musical Fabio Massari e o editor Guilherme Werneck. Na pauta, o livro 84, O Álbum Inglês, seu sexto lançamento, e também sua trajetória musical, que o tornou referência em bandas diferenciadas e músicas estranhas para várias gerações. Confira! (YouTube)

Cotidiano Digital

Anunciado em julho, o Galaxy Ring, anel inteligente da Samsung, chegou ao mercado brasileiro ontem com o início da pré-venda, que vai até 18 de outubro. O dispositivo será vendido em lojas físicas e no site oficial por R$ 3.499 em preto, prata e dourado. Pesando entre 2,3 e 3 gramas, está disponível em nove tamanhos diferentes — o cliente poderá fazer a medição nas lojas físicas. Para compra online, será necessário encomendar um kit medidor por R$ 99, que será abatido do preço do anel. Entre as funcionalidades, estão a detecção automática de caminhadas e corridas, ciclo menstrual, dados sobre sono, além do comando de ações no telefone, como desativar alarme ou fazer uma foto. O Galaxy Ring funciona apenas com celulares e relógios da marca. (g1)

Em importante vitória para o Google, o Tribunal-Geral da União Europeia anulou uma multa antitruste de US$ 1,7 bilhão aplicada em 2019. Na época, entendeu-se que a big tech violou regras de concorrência ao utilizar cláusulas abusivas em contratos de anúncios entre 2006 e 2016. A Corte considerou agora que a Comissão Europeia não considerou todas as situações relevantes ao avaliar as práticas da empresa. O Google, no entanto, segue sob investigação pelo bloco em relação a seu papel dominante no setor de publicidade. (TechCrunch)

Contra o mau uso de IA, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, assinou uma série de leis para regular a tecnologia no estado. Três são focadas em controlar o uso de deepfakes de IA que possam interferir em eleições, exigindo que grandes plataformas removam ou rotulem esse conteúdo. Novas regras também foram aplicadas à indústria de entretenimento. Duas leis, apoiadas pelo sindicato de atores, proíbem estúdios de Hollywood de criar réplicas digitais de atores sem consentimento. (TechCrunch)

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