Prezadas leitoras, caros leitores —
Marina Silva incomoda. E incomoda muita gente. Não apenas a bancada ruralista, mas a ala desenvolvimentista do governo, ansiosa por destravar projetos ambientalmente polêmicos, como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Na Edição de Sábado, exclusiva para assinantes premium, vamos ver como a ministra do Meio Ambiente aprendeu que sua força em Brasília está justamente no desconforto que provoca.
E não é tudo. Vamos mostrar como grandes empresas de capital aberto estão fugindo da bolsa de valores. E conversar com Fausto Fawcett, lenda do underground carioca que segue produzindo e descascando os radicalismos de direita e de esquerda.
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Crise do IOF faz Motta dar ultimato ao governo

O embate entre o Congresso e o Ministério da Fazenda em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) subiu de tom nesta quinta-feira, após uma reunião entre o titular da pasta, Fernando Haddad, e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Em entrevista coletiva, Motta afirmou que o presidente Lula precisa entrar nas discussões e apresentar alternativas ao aumento do imposto para não forçar a Câmara a suspender a decisão tomada pelo Executivo na última semana. O presidente da Câmara disse ainda que deu um prazo de dez dias para que o governo apresente justificativas sobre a necessidade de elevar o IOF. De acordo com ele, também ficou acordado que nesse mesmo prazo o Executivo apresentará um plano concreto para reduzir os gastos públicos. (CNN Brasil)
Haddad informou a Motta e a Alcolumbre que não existem alternativas viáveis ao aumento do IOF no curto prazo. No encontro, o ministro da Fazenda afirmou que não trabalha com a hipótese de revogar a medida e que, sem ela, o funcionamento da máquina pública ficaria em situação delicada. Haddad disse ainda que as alternativas exigidas pelo Congresso só poderiam ser apresentadas a partir de 2026. (UOL)
O encontro com os líderes do Parlamento aconteceu na casa do presidente do Senado, já no final da noite de quarta-feira. O clima da reunião, que durou duas horas, foi tenso, e Haddad pediu bom senso aos parlamentares. Motta e Alcolumbre disseram ao ministro que a decisão de aumentar o IOF caiu muito mal no Congresso e que o clima entre os parlamentares era de revogar, por decreto legislativo, o aumento do imposto. (Globo)
Roberto Quiroga: “A previsão do decreto de IOF sobre as operações de risco sacado é inconstitucional, pois tais operações não estão previstas em lei e, se realizadas sem coobrigação, não são operações de crédito, já que não se constitui um negócio jurídico, no qual há uma prestação presente contra uma prestação futura. Mais uma vez, o governo no afã de arrecadar, ultrapassou os limites que o Texto Constitucional estipulou.” (Folha)
Vera Magalhães: “Não se trata só de teimosia a insistência de Fernando Haddad em manter o decreto de aumento do IOF sobre várias operações. O ministro está sem munição para manter de pé o arcabouço fiscal aprovado há menos de dois anos. Ninguém arrisca dizer o que acontecerá, já que, retirada a receita imediata do aumento do IOF, o arcabouço fiscal não fica de pé.” (Globo)
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), depõe hoje no STF como testemunha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, no processo que apura as responsabilidades na trama golpista após as eleições de 2022. A expectativa gira em torno de como o ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro irá se posicionar diante dos diversos ataques antidemocráticos realizados pelo ex-presidente. Tarcísio costuma afirmar a aliados que nunca identificou intenção golpista nas manifestações de Bolsonaro durante as eleições de 2022. (Folha)
Já o ex-advogado-geral da União Bruno Bianco confirmou em depoimento ao STF que Jair Bolsonaro o procurou após as eleições de 2022 para saber se seria possível reverter o resultado eleitoral. Bianco disse que o ex-presidente, acompanhado dos comandantes das Forças Armadas e do ministro da Defesa, perguntou se havia algum problema jurídico no resultado. De acordo com Bianco, ele respondeu que as eleições haviam transcorrido de forma “transparente”. (Estadão)
Assim como o homem
Marcelo Martinez
A novela em torno do tarifaço de Donald Trump ganhou mais um novo e confuso capítulo. Horas depois de a Corte de Comércio Internacional dos Estados Unidos suspender as tarifas impostas por Trump, um tribunal federal de apelações suspendeu a decisão, fazendo com que, na prática, o tarifaço voltasse a valer. A suspensão aumenta a incerteza em torno das tarifas, que são um dos pilares da política econômica de Trump. De acordo com a corte de apelações, agora o Executivo e a Corte de Comércio Internacional têm até o início de junho para apresentar por escrito os argumentos que justificam suas posições. A decisão da Corte Internacional estava baseada na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional. De acordo com os juízes, esta lei não dava poderes a Trump para elevar as tarifas como fez. (CNN)
Em meio ao caos tarifário, Trump se encontrou com o presidente do Banco Central dos Estados Unidos (Fed), Jerome Powell, pela primeira vez neste mandato. Crítico recorrente da política econômica do Fed, Trump disse a Powell que ele está cometendo um grande erro por não reduzir as taxas de juros nos Estados Unidos de forma mais agressiva. O encontro ocorreu por meia hora no Salão Oval da Casa Branca. Ao final, o Fed emitiu uma nota afirmando que as decisões do Banco Central são tomadas de "maneira cuidadosa, objetiva e apartidária". (Wall Street Journal)
Israel aprovou a maior expansão de assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada desde os Acordos de Oslo, há mais de 30 anos. A decisão do gabinete de segurança inclui a criação de 22 novos assentamentos, inclusive em áreas das quais o país havia se retirado anteriormente. Segundo os ministros Israel Katz (Defesa) e Bezalel Smotrich (Finanças), todos os novos assentamentos têm objetivo estratégico de reforçar o controle israelense sobre o território, impedir a criação de um Estado palestino e garantir áreas para expansão nas próximas décadas. A Autoridade Palestina denunciou a decisão como uma “escalada perigosa” e um “desafio ao direito internacional”. (CNN)
O governo americano afirmou que Israel aceitou uma nova proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo temporário com o Hamas. A iniciativa foi articulada pelo enviado especial do presidente Donald Trump, Steve Witkoff, que se disse otimista com a chance de interromper o conflito e avançar na libertação de reféns. De acordo com a secretária de imprensa do governo americano Karoline Leavitt, Israel “apoiou e endossou” o plano. O Hamas reagiu com cautela e informou que ainda estuda o texto antes de responder oficialmente. (AP)
Viver
A Fifa publicou nesta quinta-feira a nova versão de seu Código Disciplinar que endurece penas em casos de racismo. O artigo 15 determina que qualquer atleta ou participante do evento possa indicar ter sido vítima de racismo para que o árbitro possa parar, suspender ou, se persistirem as ofensas, encerrar a partida. O documento também revisa as multas aplicadas para clubes e associações, que vão de 20 mil francos suíços (R$ 137 mil) e restrição do público a 5 milhões de francos suíços (R$ 34 milhões). Em casos de reincidência, o código prevê penas que vão da implementação de um plano de prevenção até a dedução de pontos e expulsão do torneio ou rebaixamento. (ge)
A Justiça da Argentina anulou o julgamento dos profissionais de saúde acusados de negligência pela morte do ex-jogador Diego Maradona. A suspensão ocorreu após uma das juízas ter supostamente participado de um documentário sobre a morte do atleta, o que a magistrada nega. Sete profissionais que estavam sendo julgados respondiam por homicídio simples com dolo eventual. (g1)
Após 175 anos desde que um de seus professores forçou pessoas escravizadas a posar para retratos na tentativa de provar uma teoria racista, a universidade Harvard fez um acordo com uma suposta descendente e cederá as imagens para um museu dedicado à memória da escravidão. Os registros são considerados os primeiros de pessoas escravizadas. Os daguerreótipos (precursores das fotografias) foram capturados no inverno de 1850 na Carolina do Sul por Louis Agassiz, que pretendia sustentar a teoria do poligenismo, segundo a qual africanos e afro-americanos são inferiores aos brancos e que era usada para justificar tanto a escravidão quanto a segregação. (UOL)
Meio em vídeo. No De Tédio a Gente Não Morre, Mariliz Pereira Jorge analisa o que pode estar por trás da separação de Virginia Fonseca do cantor Zé Felipe: uma possível manobra para reorganizar patrimônio, driblar investigações e desviar o foco da opinião pública, após ser alvo da CPI das Bets. Confira. (YouTube)
Cultura
Fim de semana de muita música e arte no Rio e em São Paulo. O Museu de Arte do Rio (MAR) abre suas portas de graça no sábado para a inauguração da mostra Nossa Vida Bantu. Já a Casa Firjan traz Trabalhadores, primeira exposição de Sebastião Salgado após a sua morte no último dia 23. E em Ipanema rola no fim de semana o Vivo na Praia, com shows de Monobloco e Jorge Aragão. Em São Paulo, o parque Ibirapuera recebe o festival Popload, com Norah Jones, St Vincent e Kim Gordon. Na Mercado Livre Arena Pacaembu, a feira de arte ArPa chega à sua quarta edição e, no sábado, a Pina Contemporânea abre Pop Brasil, a maior exposição do ano, com 250 obras de mais de 100 artistas. Leia todas as sugestões no site do Meio.
O advogado e escritor José Roberto de Castro Neves foi eleito nesta quinta-feira para a cadeira 26 da Academia Brasileira de Letras. Por 27 votos a 7, ele superou o editor e escritor Rodrigo Lacerda para ocupar a vaga deixada pelo advogado e escritor Marcos Vilaça, morto em março. Doutor em Direito pela Uerj e mestre pela Universidade de Cambridge, Castro Neves é professor de Direito Civil da PUC-Rio desde 1996, além de ser membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. Como escritor, ele tem se destacado por aproximar o público leigo do meio jurídico ao unir o conhecimento técnico e um amplo horizonte cultural. Prova disso são títulos como Medida por Medida: O Direito em Shakespeare. (Globo)
Confirmada para se apresentar no festival The Town em 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, a banda Green Day anunciou mais duas datas de apresentações no Brasil. A turnê The Saviors desembarca no Rio de Janeiro no dia 9 do mesmo mês, no Estádio Nilton Santos, e na Ligga Arena, em Curitiba, no dia 12. A pré-venda de ingressos para clientes Santander será em 2 e 3 de junho na plataforma Livepass, enquanto a venda para o público geral começa a partir de 4 de junho. (Folha)
Cotidiano Digital
A chinesa DeepSeek anunciou a atualização do seu modelo de inteligência artificial, o R1. A nova versão, chamada R1-0528, tem melhor desempenho em matemática, programação e lógica e menos alucinações. Segundo a própria empresa, o modelo agora se aproxima de nomes como o3, da OpenAI, e Gemini 2.5 Pro, do Google. Lançado em janeiro, o R1 original já havia surpreendido o setor por rivalizar com modelos americanos custando bem menos. Desde então, a empresa virou símbolo do avanço da IA na China e seu fundador, Liang Wenfeng, chegou a se reunir com o presidente Xi Jinping, em fevereiro. (Bloomberg)
O jornal New York Times anunciou um acordo plurianual com a Amazon para licenciar seu conteúdo editorial, que será utilizado em produtos como Alexa e no treinamento de modelos de inteligência artificial da empresa. O contrato inclui também materiais de The Athletic e NYT Cooking, marcando mais um capítulo da movimentação dos grandes grupos de mídia diante do avanço das IAs generativas. Um ano após processar Microsoft e OpenAI por uso indevido de seu acervo, o Times agora se junta a veículos como Vox Media e News Corp, que já fecharam acordos comerciais semelhantes. A CEO Meredith Kopit Levien afirmou que o contrato reforça o princípio de que “vale a pena pagar por jornalismo de alta qualidade”. (The Verge)
Meio em vídeo. No programa Pedro+Cora, Pedro Doria e Cora Rónai conversam sobre a previsão do pesquisador de inteligência artificial e fundador da Anthropic, Dario Amodei, acerca da onda de desemprego para os próximos cinco anos. Segundo ele, 50% dos empregos iniciais em escritório deixarão de existir antes de 2030. No entanto, prevê-se um crescimento do PIB mundial. Empresas mais enxutas produzirão mais, empregando menos, aprofundando a desigualdade de renda global. (YouTube)
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