Brasil contesta tarifaço de Trump e prepara defesa do Pix

Um dia após enviar uma dura carta aos Estados Unidos em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump, autoridades brasileiras agora preparam uma estratégia de defesa para o sistema de pagamentos Pix, novo alvo de Washington. A ideia do governo é reiterar que o Pix é uma operação consolidada no país e que não será modificada por interferência externa. O Pix é um dos alvos da investigação comercial anunciada pelos Estados Unidos na terça-feira. Segundo os americanos, o sistema de pagamentos brasileiro poderia ser enquadrado como uma prática desleal em relação a outros métodos de cobrança eletrônica. A resposta às acusações contra o Pix deve seguir o mesmo tom da carta enviada na noite de terça-feira ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer. Assinada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira, a nota afirma que o Brasil “manifesta sua indignação” com o tarifaço de Trump. (Folha)
O Pix se tornou alvo do governo americano justamente por seu sucesso. Lançado em 2020, o modelo de pagamentos rapidamente se popularizou no Brasil. Só no ano passado, movimentou R$ 26,4 trilhões em transferências no país. Sem cobrar tarifas, o sistema afetou a receita de bancos, operadoras de cartões de crédito e modelos de pagamento digital como Google Pay e Apple Pay. No relatório preliminar do Escritório do Representante de Comércio dos EUA, o Pix aparece como uma ameaça desleal aos negócios de empresas americanas. Neste ano, um modelo similar de pagamentos da Indonésia também entrou na mira dos americanos. (Globo)
A investigação lista uma série de “atos, políticas e práticas” do governo brasileiro que poderiam onerar ou restringir o comércio dos EUA. Entre elas estão barreiras não tarifárias, desmatamento na Amazônia e concessões de subsídios a diferentes setores da economia. Os americanos chegam a citar a Rua 25 de Março, em São Paulo, como exemplo de que o Brasil não respeita o direito à propriedade intelectual. (Estadão)
Mesmo com as reiteradas manifestações do Brasil para buscar uma saída negociada às tarifas impostas por Trump, o governo brasileiro ainda não obteve sinalização de que os Estados Unidos estejam abertos a um acordo. Diplomatas afirmam, em caráter reservado, que o silêncio americano pode ser explicado pela ausência de diretrizes claras da Casa Branca sobre como tratar o tema. Ontem, Trump voltou a dar um tom político ao tarifaço ao defender mais uma vez o ex-presidente Jair Bolsonaro. (g1)
Após semanas de embates por causa do aumento do IOF, Congresso e governo selaram a paz — ao menos no que diz respeito ao tarifaço americano. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defenderam a soberania nacional e colocaram o Congresso à disposição do Executivo na batalha comercial que se avizinha. Os dois se reuniram com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera os esforços para encontrar uma solução negociada com os Estados Unidos. Alckmin foi informado de que um grupo de senadores embarcará para Washington no fim do mês para dialogar com parlamentares americanos sobre o tema. (Valor)
Meio em vídeo. Algumas coisas interessantes aconteceram nas últimas horas. Uma é que o governo americano abriu oficialmente uma investigação a respeito do Brasil. Outra é que, enfim, caiu a ficha da família Bolsonaro de que eles deram um tiro no pé. Está todo mundo desesperado tentando controlar Eduardo Bolsonaro. E, nessa, agora quem está correndo atrás do Planalto é o Congresso. Nada como um dia após o outro. A opinião de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)
E a novela do IOF, enfim, teve seu capítulo final assinado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Após governo e Congresso não chegarem a um acordo, Moraes decidiu que o decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras é válido, mas vetou a vigência do tributo sobre o “risco sacado” – uma espécie de operação de crédito para antecipação do fluxo de caixa usada no comércio. O ministro aceitou os argumentos do governo e decidiu que não houve desvio de finalidade no aumento do IOF, como alegava o Congresso, que acabou derrubando o decreto. (CNN Brasil)
O presidente Lula confirmou as expectativas e vetou o projeto de lei do Congresso que aumentava o número de deputados federais de 513 para 531. Lula aguardou até o fim do prazo legal para tomar a decisão. O veto presidencial deve ser derrubado pelo Congresso, e o governo já espera reações negativas do Legislativo, que precisará assumir sozinho a medida, considerada extremamente impopular. (Metrópoles)
A Câmara aprovou na madrugada desta quinta-feira, por 267 votos a 116, o projeto que afrouxa as normas de licenciamento ambiental, numa séria derrota para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Entre outras mudanças, as novas regras dispensam o licenciamento para ampliação de estradas e de obras consideradas estratégicas pelo governo, o que pode abrir caminho para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. O texto vai agora para sanção do presidente Lula. (g1)
Mas o governo também recebeu boas notícias da Câmara dos Deputados. A comissão especial que analisa o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil aprovou o relatório final do deputado Arthur Lira (PP-AL). Em seu parecer, Lira manteve a taxação de 10% sobre os super-ricos e ampliou a faixa com direito à isenção parcial. (CNN Brasil)
Pesquisa de intenção de votos (íntegra) divulgada pela Genial/Quaest na manhã desta quinta-feira mostra que, para 58% dos entrevistados, o presidente Lula não deveria sair candidato, contra 38% que defendem sua candidatura. Apesar disso, ele lidera todos os cenários de primeiro turno apresentados na pesquisa estimulada. Nos cenários de um eventual segundo turno, Lula aparece em empate técnico no limite da margem de dois pontos com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), 41% a 37%. Contra Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, Lula venceria por 43% a 37%. Contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, 43% a 36%. Contra os governadores do Paraná, Ratinho Júnior, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ambos do PSD, Lula venceria por 41% a 36%. Contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), 43% a 33%. E contra os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Minas, Romeu Zema (Novo), 42% a 33%. (Meio)
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Viver
O Brasil registrou uma queda de 78% nos casos de dengue nos seis primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2024. Foram 1,2 milhão de casos confirmados até junho, contra 5,6 milhões no primeiro semestre do ano passado. Especialistas explicam que a queda está relacionada com o recorde de infecções de 2024, aumentando os anticorpos da população e diminuindo as contaminações pelo vírus. Apesar da redução, o número atual de casos é motivo de alarme, pois o país já tem 1.437 mortes confirmadas este ano e o coeficiente de incidência chega a 695,8 por 100 mil habitantes, sendo considerada epidêmica pela OMS quando o índice ultrapassa 300. (Folha)
Astrônomos identificaram, pela primeira vez, o momento em que planetas começam a se formar ao redor de uma estrela jovem. As descobertas publicadas na revista Nature mostram a imagem dos primeiros grãos de material rochoso se solidificando em torno da estrela HOPS-315, localizada na constelação de Órion, a 1.300 anos-luz da Terra, que tem menos de 100 mil anos. Utilizando os telescópios ALMA e James Webb, os cientistas conseguiram encontrar um disco de gás e poeira onde começam a surgir os primeiros minerais condensados dos futuros planetas. (g1)
O Parlamento português aprovou nesta quarta-feira um pacote de medidas que endurece a política migratória, podendo impactar milhares de brasileiros que vivem no país. Com o apoio da coalizão de governo Aliança Democrática e do partido de ultradireita Chega, o texto foi aprovado em tempo recorde e segue para sanção do presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Entre as principais mudanças, estão a restrição de vistos de trabalho a imigrantes altamente qualificados e o fim do direito que os brasileiros tinham de regularizar sua situação após chegar em Portugal. (UOL)
Panelinha no Meio. Muito sabor e muita leveza. Isso é o que nos entrega essa combinação de salmão no vapor com pimentão chamuscado, dois preparos diferentes que se completam.
Cultura
Cazuza, que morreu em 1990 em decorrência de complicações da Aids, foi um furacão de talento e criatividade que varreu o cenário musical brasileiro nos anos 1980 e não deixou que a doença domasse seu trabalho. Esse período de saúde declinante e criatividade em profusão é retratado no documentário Cazuza: Boas Novas, destaque estre as estreias desta quinta-feira. Há ainda o mais recente filme do genial cineasta nonagenário Costa-Gavras, dramas franceses e brasileiros e, claro, blockbusters sanguinolentos. Confira todas as estreias e veja os trailers no site do Meio.
O Festival de Gramado vai homenagear Rodrigo Santoro com o Kikito de Cristal na 53ª edição, que acontece entre os dias 13 e 23 de agosto, na Serra Gaúcha. Ele está no elenco de O Último Azul, longa de Gabriel Mascaro que vai abrir o festival. A atriz Marcélia Cartaxo, de A Hora da Estrela e Macabéa, receberá o troféu Oscarito. Já a produtora Mariza Leão, de Meu Nome Não É Johnny, levará o troféu Eduardo Abelin. A organização anunciou o lançamento da série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente, de Marcelo Gomes e Carol Minêm, que será exibido no evento. A produção acompanha um grupo de comissários de bordo durante o começo da crise da Aids no Brasil, nos anos 1980. (Folha)
A Netflix divulgou nesta quarta-feira o trailer da quinta e última temporada de Stranger Things. Millie Bobby Brown, Finn Wolfhard, Noah Schnapp, Caleb McLaughlin, Gaten Matarazzo e toda a turma voltam ao elenco da produção criada pelos irmãos Duffer para continuar a saga, após Vecna deixar Max em coma e espalhar o Mundo Invertido em Hawkins. Todos vão precisar se unir pela última vez para destruir o inimigo definitivamente. A temporada final será lançada em três partes: a primeira estreia em 26 de novembro, a segunda em 25 de dezembro e a final em 31 de dezembro. (Variety)
Cotidiano Digital
O Google agora permite que todos nos Estados Unidos liguem para empresas locais usando IA. O recurso disponível na pesquisa permite que o usuário obtenha informações sobre preços ou disponibilidade sem precisar falar ao telefone. A novidade está disponível apenas para alguns tipos de empresas, como tosadores de animais, lavanderias e oficinas mecânicas. Ao pesquisar por estes serviços, o Google exibe o prompt “permitir que a IA verifique os preços” abaixo do perfil da empresa. Também será perguntado ao usuário quando precisará do serviço e como deseja receber atualizações, como por e-mail ou mensagem de texto. Proprietários de empresas podem optar por não receber chamadas de IA nas configurações de perfil do Google. (The Verge)
A OpenAI planeja ficar com uma parte dos valores das vendas de produtos online feitas diretamente pelo ChatGPT. Segundo fontes ouvidas pelo Financial Times, a gigante de IA pretende integrar um sistema de checkout no chatbot para que os usuários concluam transações dentro da plataforma, recebendo uma comissão pelas vendas. A nova fonte de recursos seria uma maneira de ganhar dinheiro com os usuários da versão gratuita. A iniciativa da OpenAI também seria mais uma ameaça ao modelo de negócios do Google, que já enfrenta a concorrência de chatbots de IA para quem pretende realizar pesquisas e descobrir produtos. (Financial Times)
Para ler com calma. Pesquisadores de segurança de IA de empresas como OpenAI e Anthropic estão se manifestando contra a cultura de segurança considerada “imprudente” e “completamente irresponsável” na startup de IA de Elon Musk, a xAI. As críticas ocorrem após os escândalos envolvendo o Grok, chatbot de IA da empresa, que proferiu comentários antissemitas. Boaz Barak, um professor de ciência da computação afastado de Harvard para trabalhar na OpenAI, disse que engenheiros da xAI “pegam os piores problemas que temos atualmente como dependências emocionais e tentam amplificá-los”. (TechCrunch)
No Meio Político, exclusivo para assinantes premium, o professor Wilson Gomes analisa como a nova tarifa de 50% anunciada por Trump contra o Brasil escancara um movimento mais profundo: o uso de políticas de Estado para fins pessoais e o avanço silencioso da erosão democrática. Leia aqui.