Dificilmente chegaremos à meta zero, diz Lula sobre déficit fiscal

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não considera ser necessário ter uma meta fiscal zero em 2024 se isso for às custas de um “corte de bilhões” em obras governamentais. Essa meta foi anunciada pela equipe econômica. “Tudo que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai fazer. O que eu posso te dizer é que ela não precisa ser zero. O país não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para este país”, disse Lula.

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O compromisso do déficit zero, feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, constou na proposta do novo arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso em substituição ao teto de gastos. De acordo com a nova regra, o resultado primário (receita menos despesas) para o próximo ano pode variar em 0,25 ponto percentual. Isso significa que essa conta pode chegar a um superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) ou déficit na mesma magnitude. Haddad, por sua vez, defendeu que é necessário perseguir o objetivo de não se gastar mais do que se arrecada.

Em um café com jornalistas, Lula não poupou críticas ao mercado, que exige o cumprimento de uma meta que, em sua opinião, não é factível. “Eu acho que muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida”, disse Lula. “Eu sei da disposição do Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição. Já vou dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero. Até porque eu não quero fazer corte de investimentos de obras. Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que que é? De 0,25% o que é? Nada. Absolutamente nada. Vamos tomar a decisão correta e vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil”, disse o presidente.

Lula disse ainda que 2024 será um ano difícil na economia mundial e tem conversado com o ministro Haddad no sentido de conter os efeitos de uma onda pessimista na economia do país. “Nós sabemos que o ano que vem se apresenta como um ano difícil por conta da queda dos investimentos da China, da queda do crescimento da China, do aumento de juros na taxa de juros americana.” Em reunião com Haddad na manhã desta sexta-feira, o presidente cobrou um “checkupzinho” na economia para evitar impactos internos de turbulências internacionais. “Eu estava dizendo agora há pouco em uma conversa com o Haddad que a gente, quando está no governo, é por isso que inventaram o check-up, é pra gente evitar que a doença se prolifere. Então, nós temos consciência do que está acontecendo na economia mundial e nós temos que atuar agora para evitar que aconteça o que pode acontecer. É como a gente faz – e vocês certamente fazem – um ‘check-upzinho’ todo ano, a cada dois anos, para evitar que sejam pegos de surpresa por uma doença que já não tenha mais cura.”

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