Lula se desculpa com Nísia por tê-la mandado “falar grosso”

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Em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (8/4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou se desculpar perante a ministra da Saúde, Nísia Trindade, por tê-la mandado “falar grosso” e impor a sua autoridade na pasta. A recomendação de Lula ocorreu durante a reunião ministerial no início de março. Nesta reunião, ao relatar dificuldades da pasta, a ministra chegou a chorar.

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“Outro dia, em uma reunião dos ministérios, eu disse para Nísia que ela tinha que falar grosso na questão na saúde. Estava aquele problema dos hospitais do Rio de Janeiro. E a Nísia respondeu o seguinte: ‘Presidente, eu não posso falar grosso porque eu sou mulher, eu falo manso'”, contou o presidente.

“Se é um homem falando, ele certamente ia falar grosso. E ia dar a impressão que estava falando de coisas que são inexequíveis, que são impossíveis de serem feitas. Eu acho que a Nísia, falando manso do jeito que ela falou, eu posso até achar, Nísia, que as pessoas podem até alguém não gostar de você, mas eu duvido que tenha alguém que não acredite em cada palavra que você fala”, disse Lula.

“Porque, não apenas pelo fato de ser mulher, mas também, mas é porque o seu jeito delicado de falar, sem rompante, sem tentar passar entusiasmo além daquilo que é o necessário, você consegue falar com a alma e com a consciência das pessoas”, ressaltou o presidente, que se vacinou contra a gripe, durante o evento.

 

Relação com o Congresso

A entrevista coletiva tem uma clara intenção de fortalecer a ministra, cuja posição é alvo de cobiça de partidos do Centrão. A Saúde é uma das pastas com maior orçamento da Esplanada e uma das principais áreas de emendas parlamentares.

Nesta segunda-feira, ao lado de Lula, Nísia anunciou medidas de gestão de programas da pasta que precisarão de investimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para reduzir o tempo de atendimento de tratamentos especializados. Entre as medidas estão a instalação do Telessaúde. De acordo com a ministra, a meta é que cada paciente seja atendido no máximo em 30 dias e, em caso de câncer, ele tenha o tratamento iniciado em 60 dias.

Nísia, ao ser questionada pelo Meio sobre a relação com o Congresso e a dificuldade enfrentada pela pasta de direcionar as emendas dos deputados e senadores para políticas estruturantes do governo, ela procurou ter uma postura mais aberta à política. Embora tenha sinalizado que a impositividade das emendas não é o ideal, mas que é uma situação que “está posta”, Nísia disse que pretende continuar ampliando seu diálogos com parlamentares.

“Creio que é possível encontrar pontos de convergência nesse sentido porque a realidade das emendas impositivas já se estabeleceu, é uma realidade, se trata de fazer com que todos os recursos que venham para o SUS sejam melhor direcionados”, observou. “Acredito que isso é possível com conversa. Acredito que por parte dos parlamentares também vem muita sugestão positiva”.

Ao ser vacinado contra a gripe, Lula fez questão de se diferenciar do seu antencessor, Jair Bolsonaro, e incentivar os imunizantes.

Sem citar o nome do ex-presidente, ele criticou as posturas negacionistas, dizendo que  a vacina não transforma ninguém em “jacaré”, lembrando as declarações de Bolsonaro sobe a vacina contra Covid.

“Eu vou tomar vacina para incentivar o povo brasileiro a tomar vacina outra vez. Com a vacina, a gente não vira jacaré, a gente não vira o que a gente não quer. Vacina a gente evita pegar doenças que podem matar as pessoas”, disse.”Eu vou tomar a minha vacina aqui para incentivar todas as pessoas brasileiras, homens e mulheres, adolescentes e crianças que precisar, não ter medo de tomar vacina, porque a vacina é uma garantia de que você vai estar prevenido de doenças que podem te levar a morrer”, reforçou Lula.

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