Analistas veem arcabouço fiscal perto do ‘tiro de misericórdia’
Concebido como substituto do teto de gastos, o arcabouço fiscal perdeu a credibilidade e, na avaliação de analistas, está em vias de receber um “tiro de misericórdia”. Esse golpe final é o avanço rápido das despesas obrigatórias, como folha de pagamento e previdência. Segundo os especialistas, para fazer frente a estes gastos mantendo o que prevê o arcabouço, o governo precisa cortar entre R$ 15 bilhões e R$ 30 bilhões, e não há qualquer indicação de que o Executivo esteja disposto a fazê-lo. Além disso, o rigor nas contas primárias caiu em descrédito com a mudança nas metas fiscais para o próximo ano. “Se o coração do arcabouço é o limite de gastos, qualquer alteração dele seria um tiro de misericórdia na regra fiscal. Tanto faz se a mudança for elevar os limites de crescimento da despesa ou excluir mais alguma despesa, qualquer criação artificial de espaço deve ser vista como o fim da regra”, diz o economista da ASA Investments Jeferson Bittencourt, que foi secretário do Tesouro Nacional em 2021. (Estadão)