Gasto com pessoal limita investimentos em municípios do Nordeste, aponta estudo
Um levantamento do Centro de Estudos para Desenvolvimento do Nordeste do FGV Ibre/NE revelou que os municípios da região enfrentam um alto grau de rigidez orçamentária devido ao elevado gasto público com pessoal. Os dados da Secretaria do Tesouro Nacional mostram que o Nordeste destina historicamente a maior parcela de seus orçamentos para o pagamento de servidores ativos, inativos e pensionistas. Enquanto em outras regiões do país houve uma redução nesses gastos entre 2017 e 2021, no Nordeste o percentual permaneceu estável, caindo apenas em 2022, após a pandemia. Como consequência, os municípios nordestinos foram os que menos investiram em projetos de longo prazo: em 2023, destinaram, em média, menos de 8% de seus orçamentos para investimentos públicos, enquanto nas demais regiões esse índice superou os 10%. Para os pesquisadores, a falta de espaço fiscal nos municípios nordestinos tem duas causas principais. A primeira é estrutural, com a baixa arrecadação de tributos devido à informalidade elevada na economia local. A segunda é política: o uso da máquina pública para garantir empregos e consolidar poder por grupos políticos. Segundo o levantamento, municípios com alta dependência da folha de pagamento enfrentam mais dificuldades para responder a crises, como períodos de seca no sertão nordestino. (Valor)