Alta no frete e diesel ameaçam impacto das medidas contra inflação de alimentos
A tentativa do governo de conter a inflação dos alimentos com o corte de impostos de importação pode esbarrar em um problema logístico. Com a colheita recorde de soja deste ano, os caminhoneiros estão priorizando o escoamento do grão, elevando o custo do frete e dificultando o transporte de outras safras, como milho e arroz. A escassez de caminhões já afetou até a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Uma das transportadoras contratadas pelo governo suspendeu a entrega de 500 toneladas de milho por falta de veículos e pelo alto custo do transporte. O preço do frete, impulsionado pelo reajuste do diesel, já subiu entre 30% e 40% em algumas regiões, segundo Paulo Bertolini, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho. Além da falta de caminhões, o Brasil sofre com a ausência de estruturas de armazenamento. Enquanto nos Estados Unidos mais da metade das fazendas têm silos próprios, aqui essa realidade chega a apenas 15%. Para especialistas do setor, medidas paliativas, como a isenção de impostos, não resolvem o problema. A solução definitiva passa por investimentos em infraestrutura, especialmente em ferrovias e hidrovias, que são mais eficientes para o transporte de grãos. Além disso, uma pesquisa recente da NTC&Logística apontou que 93% das empresas enfrentam dificuldades para contratar caminhoneiros. (Folha)