Diretor da PF tenta proteger Temer e vira alvo, no Carnaval

O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, aproveitou-se do Carnaval para dar à Reuters uma entrevista exclusiva. “Os indícios são muito frágeis de que houve influência”, falou. Tratava da investigação sobre pagamento de propinas pela empresa Rodrimar no decreto que prorrogava concessões nos portos, do ano passado. Um dos principais investigados: o presidente Michel Temer. De acordo com Segovia, a tendência seria recomendar o arquivamento do inquérito.

Era um balão de ensaio para passar em branco no meio da folia. Não aconteceu. “É sempre temerário que a direção-geral emita opiniões pessoais sobre investigações nas quais não está diretamente envolvida”, fez escrever em nota pública a Associação dos Peritos Criminais Federais. A maior pancada, porém, veio do ministro Luís Roberto Barroso, que responde pelo inquérito no Supremo. “Tal conduta, se confirmada, é manifestamente imprópria”, falou a respeito da entrevista. “Pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal.” Segóvia deve se explicar a Barroso hoje.

O Planalto está preocupado. Para o inquérito, o delegado Cleyber Malta Lopes pediu, nas últimas semanas, depoimentos do ex-executivo da JBS Ricardo Saud, do ex-presidente da empresa Joesley Batista e do coronel aposentado João Batista Lima, muito ligado ao presidente. O velho policial militar tem conseguido evitar este depoimento. Mas a PF insiste. Além disso, o delegado começou a fuçar outro inquérito, arquivado, que tem foco em propinas no Porto de Santos que envolvem Temer. Segundo a repórter Andréia Sadi, o presidente discute retirar o delegado do caso desde a posse de Segovia. Ainda não conseguiu.

Dentro da corporação, delegados pressionam pela renúncia de Segovia, informa o Painel. (Folha)

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Ainda não está claro se Luciano Huck será candidato à presidência. Mas já pode sentir o gosto de ser político: as pontas soltas de sua vida começam a ser tornadas públicas. O blog petista Tijolaço publicou, e a Folha de S. Paulo confirmou, que o apresentador recebeu do BNDES um empréstimo subsidiado de R$ 17,7 milhões para comprar o jatinho que usa para viajar pelo país para filmagens.

Não custa dizer: O Programa de Sustentação do Investimento, que beneficiou o apresentador, foi pulverizado. Até dezembro último, mais de um milhão de empresas conseguiram dinheiro através dele. No caso de Huck, celebrado em 2013, o empréstimo foi aprovado durante o governo Dilma, com a intenção de facilitar a vida de clientes da Embraer e fortalecer a companhia aérea brasileira.

Mas... A história do BNDES não é o único movimento de desconstrução da candidatura Huck em curso.

Vinicius Torres Freire: “Qual o sentido dessa tentativa de FHC de dissolver o que resta da política partidária, lançando perfume ácido em seu próprio partido? As respostas são óbvias, mas nem todas desinteressantes. Primeiro, acredita-se que Huck tenha mais chance de vitória. Segundo, FHC e seu círculo da elite econômica mais ilustrada e discreta gostariam mesmo de dissolver a política partidária que está aí. Multiplicaram-se essas ONGs de formação e patrocínio de quadros políticos novos liberais e centro-direitistas. Lançarão dezenas de candidatos ao Congresso. Têm traços do tucanato original, diferente desse que ficou com a carantonha de MDB, do que essa elite tem nojinho (FHC não disse que Huck é a cara do PSDB por acaso). Não deixam de ser movimentos sociais, nome que sempre foi colado a associações de esquerda e populares. Não perfazem um partido, sem o que não se vai longe em política. Huck não tem grupo político, sem o que também não se faz um partido. Ainda assim, reconheça-se que há gente, de cima a baixo, procurando enfiar cunhas na política que está aí. Quanto à eficácia ou qualidade da investida, é história para outro dia.” (Folha)

As ‘startups’ da política devem lançar até 500 candidatos a deputado nesta eleição. (Folha)

Elio Gaspari: “FHC buscou o ‘novo’ na telinha por diversos motivos, mas acima de todos está o desejo de ganhar a eleição. Se ele conhece virtudes além das ‘boas intenções’ de Huck, não as revelou. Não se pode responsabilizar FHC pela ruína do PSDB, mas ele foi parte dela. Quando saiu do PMDB, acompanhando Mário Covas e Franco Montoro para livrar-se das práticas que o haviam contaminado, buscava algo novo e foi bem-sucedido. O tucanato envelheceu, em vários sentidos. Indo buscar o ‘novo’ na telinha, FHC e os articuladores da candidatura de Huck atestam o fracasso de suas práticas políticas.” (Globo ou Folha)

O discurso público petista é de que Dilma Rousseff sofreu um Golpe de Estado, em 2016. No privado, porém, o PT está lhe fechando as portas para concorrer ao Senado. Ao menos por enquanto, a ex-presidente ainda não conseguiu encontrar onde consiga se candidatar. Ninguém quer sua impopularidade no palanque, informa Andrei Meireles.

Quase dois milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos dois anos, segundo o Wall Street Journal. A maioria para a Colômbia. O número deve aumentar. O Planalto deve publicar uma MP, esta semana, para regulamentar a entrada dos refugiados.

A Polícia Federal israelense vai indiciar o premiê Benjamin Netanyahu por receber propinas em troca de favores no exercício do cargo. Em um dos casos, o suborno veio na forma de presentes que totalizam US$ 280 mil de um empresário israelense-americano para o qual buscava isenção fiscal. Noutro, pediu uma cobertura jornalística mais branda ao dono do principal diário do país, Yedioth Ahronoth, a quem prometeu atrapalhar um jornal rival. Netanyahu nega as acusações. Não é a primeira vez que Israel processa um primeiro-ministro por corrupção — Ehud Olmert chegou a pegar 17 meses de prisão —, mas nunca ocorreu com um governante durante o mandato.

Cultura

Em 2018, o Carnaval carioca não foi de pão e circo. Política pura. A Paraíso de Tuiuti, com o enredo Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?criticou as condições de trabalho no país. Da escravidão nos navios negreiros aos dias atuais, atacou o governo pela reforma trabalhista aprovada no ano passado. Em uma das alas, tratou como ‘manifestoches’ quem vestiu de verde amarelo pelo impeachment. No carro de encerramento, pôs Michel Temer de vampiro com faixa presidencial.

O prefeito carioca Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal, tampouco foi poupado. Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco, tema da Mangueira, pôs o alcaide como boneco de Judas. “Prefeito, pecado é não brincar o Carnaval”, nos dizeres. A Beija Flor também trouxe vampiros, desta vez representando os Três Poderes. Seu enredo: Monstro é aquele que não sabe amar, os filhos abandonados da pátria que os pariu. A escola falou sobre a corrupção, abandono infantil e intolerância.

A escola campeã do Carnaval 2018 do Rio de Janeiro será conhecida hoje. A apuração começa às 15h30 e será transmitida pela TV Globo. Os carnavalescos mais vitoriosos no Rio, Rosa Magalhães e Alexandre Louzada, têm juntos 13 títulos e defendem as atuais campeãs, Portela e Mocidade.

Galeria: os desfiles no Sambódromo do Rio.

A política feminista também teve presença forte nas ruas cariocas. A tatuagem temporária ‘não é não’ pode ser vista por toda parte.

E os seios naturais de Bruna Marquezine serviram a um debate sobre objetificação.

A outra marca do carnaval no Rio foi a criminalidade. A polícia não teve a capacidade de conter assaltos, neste ano muito violentos. Só em Ipanema foram três arrastões em 24 horas. Em desespero, o porta-voz da PM pediu aos foliões que não levassem joias ou tirassem fotos com os celulares para evitar roubos. O prefeito estava na Europa e, o governador, descansando no interior do estado. (Globo)

Em São Paulo, a Acadêmicos do Tatuapé levou o bicampeonato com um enredo em homenagem ao estado do Maranhão. Outras três escolas somaram os mesmos 270 pontos da campeã — Mocidade Alegre, Mancha Verde e Tom Maior —, perderam no desempate. (Folha)

O carnaval de 2018 marcou o teste da avenida 23 de Maio como centro da folia dos blocos paulistanos. No domingo, 1,2 milhão de pessoas tomaram a pista que liga a zona sul ao centro da cidade. Segundo a prefeitura, a cidade recebeu 8 milhões de foliões para os dias de festa.

Galeria: os destaques dos blocos de São Paulo. (Estadão)

Galeria: no Recife, o Galo da Madrugada, o maior bloco do mundo, completou 40 anos.

E o repórter do El País Pablo Léon escreve sobre o carnaval de Salvador visto por um estrangeiro.

Viver

O japonês Noriaki Kasai, de 45 anos, se tornou o mais ‘olímpico’ de todos atletas dos Jogos de Inverno. Ao terminar em vigésimo primeiro na prova de salto com esqui, completou sua oitava participação, feito inédito na história da competição.

E as Coreias fizeram história no esporte durante os Jogos. A seleção feminina de hóquei reuniu jogadoras norte e sul-coreanas pela primeira vez na história. A equipe perdeu as duas partidas que jogou, contra as equipes de Suíça e Suécia, mas o resultado ficou em segundo plano. (Estadão)

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E depois do lançamento do foguete Falcon Heavy à Marte, um projeto privado europeu vai levar astronautas voluntários a simular uma viagem ao planeta vermelho no deserto de Omã. Assista.

Uma nova escola na Índia quer ensinar crianças a serem felizes. Elas poderão decidir o que querem aprender. O horário de um dia pode começar com meditação ou basquete e seguir com uma aula de programação para o lançador de foguete de um colega, um seminário de literatura indiana, almoço com amigos e uma tarde trabalhando em um novo negócio em uma incubadora. O campus foi inspirado em diversos estudos, como um de Harvard que rastreou pessoas nos últimos 80 anos e descobriu que relacionamentos fortes são fundamentais para uma vida feliz. “Queremos cultivar crianças felizes, pessoas compassivas, que vão sair para o mundo e fazer algo de bom”, afirma a arquiteta responsável pelo projeto.

Cotidiano Digital

Para ler com calma. No início da campanha presidencial americana de 2016, o Facebook foi acusado de manipular as notícias que destacava em prol da esquerda. Meses depois, os executivos da empresa começaram a ver notícias falsas beneficiando Donald Trump crescendo em número de likes, compartilhamentos, leitura. Cogitaram interferir — decidiram não fazê-lo. Era para evitar que a acusação ressurgisse, mas havia outras razões. Seus bônus financeiros estavam atrelados a maior engajamento. Além disso, a lei americana afirma que uma empresa online não é responsável pelo conteúdo posto por seus usuários. Desde que nunca mexa nele. Melhor não começar. Mais de um ano depois, quando foram rever suas decisões, perceberam que haviam criado um monstro. A Wired mergulha, em sua nova edição, nos últimos dois anos do Facebook. Longa e detalhada reportagem.

A Apple, que até o ano passado investia em títulos de dívida de empresas, começou a suspender suas compras. Os analistas estão de olho. E o impacto será grande no mercado — afinal, são US$ 157 bilhões, de um total de US$ 285 bilhões, gastos nos empréstimos para outros. O objetivo é liquidar boa parte destes papéis para trazer o dinheiro de volta aos EUA, até 2020, aproveitando-se do pacote fiscal do governo Trump, que incentiva repatriação. Aí, a Apple sairá às compras. Deve acompanha-la a Alphabet (Google) e Oracle.

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