Prezadas leitoras, caros leitores —

E o eleitor jovem? Após a convocação feita pela estrela pop Anitta, que trouxe no rastro toda sorte de influenciadores, aumentou um quê o número de adolescentes de 16 e 17 anos que tiraram o título para votar nas eleições presidenciais de outubro. Ao todo, 850 mil jovens emitiram o documento, de acordo com o TSE.

Ainda assim, é o equivalente a dois terços do total de inscritos em 2020. É a menor participação jovem em eleições desde a democratização.

Este é um voto que surpreende, o do eleitor de 16 e 17. Para ele, ir à urna não é obrigação. O senso comum sugere, portanto, que os mais educados, os de famílias com maior renda, seriam possivelmente os mais interessados em participar do processo democrático.

Não são.

O voto mobiliza mais os jovens do Norte e Nordeste do que os de Centro-Oeste, Sudeste e Sul. As mulheres jovens votam mais do que os homens. E quanto menor o IDH-Educação, maior a proporção de eleitores. É isto que descobriu um grupo de cientistas políticos da Universidade Federal do Pará ao se debruçar sobre os índices em três eleições distintas, cada qual numa década diferente.

Mas será que compreendemos por que, justamente num ponto de profunda crise da democracia, justamente os mais jovens dentre nós se descolaram das eleições? De seu próprio futuro?

Este é o tema do Meio de Sábado, mas não é tudo. Outro assunto que fala diretamente aos jovens é a educação, que esta semana teve mais uma troca de ministro. Meio conversou com uma das mais respeitadas especialistas brasileiras no assunto e ouviu que nenhum dos titulares no ministério nesse governo encarava seu papel de coordenar as políticas de educação.

Das escolas para as galerias de arte. Uma apelação na Justiça dos Estados Unidos traz um novo capítulo para o debate sobre o uso de direitos autorais. Qual o limite para um artista ao aproveitar uma obra original para a criação de um novo trabalho?

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Os Editores —

Doria desiste de desistir; Moro acaba desistindo

A dita “terceira via” foi abalada ontem por dois movimentos inesperados e que, segundo analistas, podem fortalecer a polarização entre os líderes nas pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL): o vaivém do governador paulista João Doria (PSDB) e a desistência do ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil). O dia começou com a notícia de que Doria, diante do movimento no partido em torno do agora ex-governador gaúcho Eduardo Leite, abriria mão de concorrer a presidência e continuaria no governo paulista. A notícia parecia implodir a candidatura ao governo de seu vice, o também tucano Rodrigo Garcia, que montou sua estratégia e suas alianças para concorrer já no Palácio dos Bandeirantes, sem ser contaminado pela alta rejeição do atual ocupante. (Folha)

Os tucanos fizeram então uma reunião onde, conta Guilherme Amado, Doria anunciou seus termos: queria um apoio explícito da legenda, diante da ameaça de Leite, que renunciou ao governo gaúcho. Bruno Araújo, presidente do partido, divulgou uma carta dizendo que as prévias seriam respeitadas. “O governador tem a legenda para disputar a presidência. E não há nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido”. (Metrópoles)

Com o documento, Doria desistiu da desistência e reconheceu que seu movimento foi um “vaivém planejado”. À tarde, renunciou ao governo num evento em tom de comício e confirmou sua candidatura. (Folha)

Malu Gaspar: “Um cacique tucano resumiu assim a situação: ‘Doria agiu como terrorista. Se abraçou ao PSDB com uma bomba amarrada ao corpo e ameaçou explodir tudo.’ Ao final do dia, parecia evidente que a carta de Araújo não será suficiente para impedir que Doria comece a ser abandonado no dia seguinte a sua saída do governo. Na visão desses tucanos, o que eles fizeram ontem foi desarmar a bomba. De agora em diante, vão começar a trabalhar para se livrar do terrorista.” (Globo)

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Estacionado nas pesquisas e com alta rejeição, o ex-ministro Sérgio Moro anunciou ontem que estava trocando o Podemos pelo União Brasil e que abria mão “neste momento” da candidatura a presidente. Em nota, o novo partido disse que Moro deve disputar uma vaga na Câmara por São Paulo “com a expectativa de ser um dos deputados mais votados da história do país”. Segundo o ex-juiz, ele desistiu da disputa ao Planalto para “facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”. O União Brasil trabalha para ter uma chapa com o MDB e o PSDB. (Poder360)

Moro bem que tentou uma manobra para ficar no Podemos, conta Guilherme Amado: convencer Álvaro Dias, mentor de sua entrada no partido, a ceder-lhe a única vaga na disputa para o Senado pelo Paraná. Diante da negativa, pediu o boné. (Metrópoles)

Painel: “Auxiliares diretos do presidente Jair Bolsonaro (PL) se animaram com a desistência de Moro. Um ministro palaciano acredita que a saída do ex-ministro cria condições para Bolsonaro ultrapassar o ex-presidente Lula (PT) ainda no primeiro turno. Segundo avalia esse auxiliar do presidente, caso Moro opte por concorrer à Câmara, seria natural que esses votos migrassem para Bolsonaro.” (Folha)

Eliane Cantanhede: “A quinta-feira foi mesmo como o diabo gosta, mas, soma daqui, diminui dali, as únicas novidades são que Moro está em busca de 'novos caminhos' e que a redução da distância entre Bolsonaro e Lula gera uma sensação de urgência. O centro, ou terceira via, depende do PSDB, mas o que é o PSDB, quem representa o PSDB e qual será o candidato do PSDB? Ninguém sabe.” (Estadão)

Meio em vídeo. O dia começou com o ex-governador paulista João Doria fora da corrida para o Planalto e o ex-juiz Sérgio Moro dentro. E terminou com Doria dentro e Moro fora. Se você está confuso, não está sozinho. Vamos buscar entender no Ponto de Partida. (YouTube)

O Ministério Público Federal entrou com uma ação ontem para obrigar o governo federal a retirar dos registros a ordem do dia publicada pelo Ministério da Defesa enaltecendo o golpe de 1964. O texto, assinado pelo agora ex-ministro Walter Braga Netto e pelos comandantes das três Armas, afirma que a derrubada do presidente João Goulart foi um “marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”. Segundo o MPF, a defesa, homenagem ou apologia ao golpe viola os fundamentos da República. (Poder360)

Enquanto isso... Braga Netto deixou ontem o Ministério da Defesa e é cotado para ser candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi substituído na Pasta pelo agora ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Outros nove ministros foram exonerados para concorrer às eleições, a maioria substituída por funcionários das Pastas. (g1)

O presidente Jair Bolsonaro não citou nomes, mas voltou a atacar o STF, especialmente o ministro Alexandre de Moraes. Na cerimônia de troca de ministros no dia do aniversário do golpe de 1964, ele reclamou de “uns poucos” que atrapalham. “Se não tem ideias, cala a boca. Bota a sua toga e fica aí, sem encher o saco dos outros. Um ministro que não tem o que fazer, deve ser um desocupado, fica o tempo todo me processando”, reclamou. (Globo)

Sob ameaça de bloqueio de bens e multa diária de R$ 15 mil, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) foi ontem à superintendência da Polícia Federal em Brasília recolocar a tornozeleira eletrônica. A ordem partiu do ministro do STF Alexandre Moraes, a pedido da PRG. No próximo dia 20, Silveira será julgado pelo Supremo por incitar atos antidemocráticos e ameaçar os próprios ministros da Corte. (g1)

A Cruz Vermelha enviou ontem um comboio de ônibus para tentar retirar civis da cidade ucraniana de Mariupol, praticamente devastada por ataques russos. Eles se somam a outros 45 veículos mandados pelo governo da Ucrânia, que acusa a Rússia de reter os ônibus com refugiados. Os russos, porém, têm sinalizado que permitirão a entrada de ajuda para os civis. No meio do caminho entre a Península da Crimeia e as províncias rebeldes do Donbas, Mariupol é crucial para a estratégia russa de controlar o Leste da Ucrânia, daí a violência do cerco à cidade. (New York Times)

E o Oscar vai para...

Spacca

MEIO spacca will reduz

Cultura

Confira os destaques da agenda cultural.

Ao longo do mês, o SescTV exibe uma programação especial para o Abril Indígena, começando com as sessões do Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena, que abre amanhã, às 22h, com o documentário Educação Escolar Indígena.

O trompetista venezuelano Pacho Flores interpreta hoje com a Osesp dois concertos para o instrumento escritos por compositores separados por quase três séculos: o tcheco Jan Neruda (1708-1780) e o porto-riquenho Roberto Sierra (1953), cujo Salseando faz sua estreia latino-americana.

Combinando as referências literárias de Fernando Pessoa, Clarice Lispector e Albert Camus com a linguagem da videoarte, a Indelicada Cia. Teatral, de Goiânia, estreia hoje o espetáculo digital Infinitivo.

Para ver a agenda completa, clique aqui, e, para outras dicas de cultura, assine a newsletter da Bravo!.

Os organizadores do prêmio Framboesa de Ouro, considerado o antioscar, anunciaram ontem o cancelamento da categoria Pior Performance de Bruce Willis em 2021, em respeito ao anúncio de que o ator, de 67 anos, está se aposentando após um diagnóstico de afasia. “Se a condição médica de alguém é um fator em sua tomada de decisão e/ou seu desempenho, reconhecemos que não é apropriado dar-lhe um Razzie (apelido do prêmio)”, disseram os John J. B. Wilson e Mo Murphy criadores da “premiação” aos piores do cinema. Willis havia ganhado uma categoria só para si ao estrelar no ano passado cinco filmes considerados muito ruins. (Rolling Stone)

A estrela adolescente Olivia Rodrigo, de 19 anos, tem grandes chances de sair da cerimônia de entrega dos Grammy, no próximo domingo, como a terceira artista a ganhar as quatro categorias mais importantes. Com o disco Sour e o single drivers license, ela concorre a Melhor Artista Revelação, Álbum do Ano, Gravação do Ano e Canção do Ano. Até hoje esse feito só foi alcançado por Christopher Cross em 1981, com o álbum e o single Sailing, e Billie Eilish, em 2020, com o single Bad Guy e o álbum When We All Fall Asleep, Where Do We Go?. Pode haver alguma disputa em Álbum do Ano, mas a ex-atriz da Disney é tida como barbada nas demais. (UOL)

Viver

A Justiça Federal do Acre concedeu liminar a uma ação do MPF suspendendo uma portaria da Secretaria Especial de Cultura que proibia a utilização da chamada “linguagem neutra” em projetos financiados com recursos da Lei Rouanet. O uso desse linguajar, com palavras como “amigues” e “todxs”, busca incluir pessoas transexuais, travestis, não-binárias ou intersexuais. Embora tenha sido concedida no Acre, a liminar vale para todo o país. (g1)

Para ler com calma. Com sete décadas de magistério, a linguista Maria Helena de Moura Neves, de 91 anos, é categórica: o termo “linguagem neutra” é equivocado. “Na verdade, esse movimento visa a inclusão, sem discriminações, de todos os grupos da sociedade, tratando-se, pois, da proposta de uma ‘linguagem inclusiva’, ou ‘língua inclusiva’, o que é extremamente louvável”, diz a educadora. (Folha)

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Uma equipe de quase 100 cientistas do Consórcio Tlomere-to-Telomere (T2T) anunciou um feito notável: o sequenciamento completo do genoma humano. Foram quase vinte anos desde que, em 2003, foram sequenciados 92% dos nossos genes, mas os 8% restantes se mostraram um enorme desafio, devido a sua complexidade. A conclusão do trabalho acrescentou 400 milhões de letras ao DNA previamente sequenciado – valor de um cromossomo inteiro. “Eles contêm genes de resposta imune que nos ajudam a nos adaptar e sobreviver a infecções, pragas e vírus”, disse Evan Eichler, pesquisador do Howard Hughes Medical Institute da Universidade de Washington e líder da pesquisa. (CNN Brasil)

Pierre ainda nem nasceu e já é motivo de ação na Justiça. Sua mãe, Regiane Gabarra, vive uma relação estável a três com o casal Marcel Mira e Priscila Machado e eles querem que os três nomes constem da certidão de nascimento do menino. Eles não são os únicos nessa situação. A lei brasileira e os tribunais superiores não reconhecem as relações poliamorosas como famílias, e a medida que permitia o reconhecimento de maternidade ou paternidade socioafetiva foi revogada, levando essas pessoas aos tribunais. “O Estado tem que se adequar às pessoas, e não as pessoas se adequarem ao Estado. Queremos criar nossos filhos com dignidade”, diz o bombeiro Douglas Queiroz, também integrante de um “trisal” prestes a ter um filho. (Globo)

Cotidiano Digital

A Blue Origin, empresa de turismo espacial do bilionário Jeff Bezos, realizou ontem sua quarta missão tripulada e a primeira de 2022. A NS-20 ocorreu dois dias depois do planejado por conta da previsão de ventos fortes no local da decolagem, no oeste do estado do Texas, Estados Unidos. Com o foguete New Shepard, o lançamento ocorreu pouco antes das 11h (horário de Brasília) e durou cerca de 10 minutos. Neste voo, a empresa liderada por Jeff Bezos enviou uma equipe de seis pessoas ao espaço, que puderam aproveitar de três a quatro minutos fora da atmosfera logo acima da linha de Kárman, que é conhecida como o “limite” do espaço internacionalmente reconhecido. (Época Negócios)

O novo recurso do Instagram permite enviar trechos de músicas por Direct. Com a novidade lançada ontem, será possível copiar o link de uma música em serviços de streaming e compartilhar um trecho de 30 segundos. O recurso funciona integrado à Apple Music e Amazon Music, enquanto a integração com o Spotify deve acontecer em breve. (g1)

E a Electronic Entertainment Expo (E3), maior feira de games do mundo, teve sua edição 2022 cancelada, informou ontem a ESA, organizadora do evento. A E3 presencial já tinha sido cancelada em janeiro por causa da pandemia de covid-19 e seria realizada em formato digital. Agora, porém, a organização confirmou que não haverá E3 em 2022 em nenhum formato. Segundo a ESA, o retorno da feira de games deve acontecer em 2023 nos formatos presencial e online. (Terra)

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