Decisão que liberou Alckmin vai liberar Haddad

A nova interpretação surgida nos tribunais superiores, de que processos por caixa dois não devem ser julgados nas cortes comuns e sim nas eleitorais, vai além de Alckmin. Pelo menos 20 dos 84 envolvidos nas delações da Odebrecht se enquadram aí. Os nomes incluem o do ex-prefeito Fernando Haddad (possível candidato do PT) e do presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Como a legislação eleitoral foi criada para cassar mandatos mais do que punir com prisão, sua pena máxima é de cinco anos e, assim, os crimes prescrevem bem antes, em no máximo 12 anos. Seis, para quem tem mais de 70. Foram já poupados, por conta, José Serra, Roberto Freire e Marta Suplicy (por crimes cometidos nos tempos de PT). (Globo)

A decisão de investigar Geraldo Alckmin por crime de caixa dois e não corrupção e lavagem de dinheiro foi do vice-procurador-geral Luciano Maia. A diferença, segundo ele, é que a Odebrecht não apontou nenhum favor prestado por Alckmin, tampouco pediu favor específico, em troca dos R$ 10,3 milhões dados sem declarar. Maia afirma, também, que a Lava Jato pode investigar o tucano se tiver indícios de corrupção. Basta pedir ao TRE-SP os dados do inquérito. (Globo)

Luciano Mariz Maia é primo de José Agripino Maia, senador do DEM. Em 2006, Agripino era um dos cotados para a vice na chapa de Alckmin, lembra Bernardo Mello Franco. (Globo)

Aliás... O caso de Alckmin, que andava lentamente no STJ, teve resolução rápida. Ele renunciou ao governo na sexta, a Lava Jato paulista pediu acesso às investigações, Luciano Maia sugeriu encaminhar ao TRE-SP e o STJ na quarta já havia decidido. Em sigilo, o governador já havia prestado depoimento. (Folha)

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Por 7 votos a 4, o Supremo compreendeu que não há ilegalidade nem excesso de duração na prisão preventiva do ex-ministro Antonio Palocci. Já condenado a 12 anos e 2 meses na primeira instância, ele aguardará recurso na prisão.

Não foi votado, porém, o caso mais delicado. Em prisão domiciliar concedida pelo ministro Dias Toffoli, o deputado afastado Paulo Maluf continua em casa ao menos até a próxima quarta. Condenado pelo próprio STF a 7 anos, 9 meses e 10 dias por lavagem de dinheiro, a pena começou a ser executada em regime fechado pelo ministro Edson Fachin. O STF terá de decidir se, sozinho, um ministro pode derrubar a decisão de outro ministro.

PT e Planalto combinam o jogo para interceder, no Supremo, para segurar a prisão em segunda instância. Uma das metas é virar o voto de Alexandre de Moraes, nomeado por Temer mas que manifesta-se abertamente em favor de a pena começar sua execução. O presidente se arrepende da nomeação — mas mudar o voto de Moraes parece difícil. Ainda assim, as ações são coordenadas. (Estadão)

A diretoria do BNDES tinha plena consciência de que o dinheiro posto nas campeãs nacionais durante os governos Lula e Dilma seguiu critérios torpes. A Polícia Federal tem nas mãos as conversas por WhatsApp de um dos ex-diretores do banco, Sergio Földes Guimarães. Pouco após a economista Maria Silvia Marques assumir a presidência da instituição, Földes manifestou preocupação a um colega. “Não sei qual será a posição dela frente às investigações do TCU”, escreveu. “Será que vai proteger a galera? O caso da JBS é escandaloso. Precificar opção por fluxo de caixa é indefensável.” Os trechos foram obtidos pelo repórter Aguirre Talento, da Época. O executivo se referia aos generosos critérios definidos pelo BNDES para colocar dinheiro nas empresas escolhidas pelo governo para crescer. No caso específico, R$ 1 bilhão na JBS, em 2008, baseando-se em cálculos que o TCU questiona. O inquérito deverá ficar pronto em alguns meses.

Editorial do New York Times: “Quando a rede anticorrupção arrasta o líder mais popular de um país, a Justiça é servida, mas a democracia é testada. Esta é a situação enfrentada pelo Brasil, onde Luiz Inácio Lula da Silva se entregou à polícia para cumprir pena por corrupção e lavagem de dinheiro. A Lava Jato é responsável por um duro golpe contra a corrupção no maior país da América do Sul, mas desestabilizou o sistema político, ajudou a levar a economia a uma recessão e deixou milhares desempregados. Como o Brasil lida com o momento é cautelosamente observado por outras nações em que a corrupção também é profundamente enraizada. Por mais dolorosa que seja a queda de um líder carismático, e por mais exaustos que os brasileiros estejam com o caos político, este não é o momento de desistir. A história mostra que a guerra contra a corrupção dura anos, mas também que sucessos incrementais fazem com que as regras mudem. Juízes como Sérgio Moro, que com coragem liderou a Operação Lava Jato, provam que o Brasil tem instituições e meios para enfrentar até os mais poderosos — e os mais populares — dos malfeitores. Há seis meses até as eleições. Deveriam ser gastos na busca de um líder que mantenha os ganhos conquistados contra a corrupção e não ameace a democracia.”

A ministra Cármen Lúcia assume hoje a presidência da República. Temer viajará para Lima, no Peru, onde ocorre a 8ª Cúpula das Américas, da OEA. Como não podem assumir o cargo por conta das regras de desincompatibilização, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vai para o Panamá e, o do Senado, Eunício Oliveira, para o Japão.

STJ dá imunidade e Alckmin escapa do paredão mais uma vez

Tony de Marco

 
Campo-de-forca

Cultura

Uma coprodução de Brasil e Uruguai, falado em espanhol, Severina (trailer) é uma história de amor aos livros dirigida por Felipe Hirsch, e no qual um livreiro se apaixona por uma moça que, dia após dia, rouba livros em sua loja. Já Aos Teus Olhos (trailer), de Carolina Jabor, põe Daniel de Oliveira como o popular professor de natação que um dia se vê acusado de ter beijado na boca um de seus alunos, pré-adolescente. Um drama para os tempos da internet. E tem pipoca: Rampage, Destruição Total (trailer), põe Dwayne Johnson no papel de um primatologista que tem relação pessoal com um gorila que, vítima de manipulação genética, torna-se gigante e perigoso. Veja outras estreias.

Em São Paulo, a SP-Arte, aberta até domingo, leva ao Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, mais de 130 galerias do Brasil e do mundo, além de programação paralela e uma série de performances. O IMS tem três novas exposições: São Paulo, fora de alcance, com fotos de Mauro Restiffe, e a videoinstalação Îles flottantes, de Douglas Gordon, abrem amanhã. Na terça, é vez da individual do fotógrafo malinês Seydou Keïta. E no Sesc Consolação, Denise Stoklos dirige e atua na peça Extinção, baseada no romance de Thomas Bernhard.

No Rio, a quadra da Portela recebe amanhã show de Paulinho da Viola e Marisa Monte no lançamento do Por Telas, projeto de inclusão social através do cinema. A cantora Tulipa Ruiz e o pianista Vitor Araújo estão entre os nomes do Festival Admirável Música Nova, que acontece hoje e amanhã no CCBB. E na Caixa Cultural, Luciana Lyra escreve e dirige Obscena, monólogo que estreia hoje baseado em Hilda Hilst.

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E a imagem de um jovem em chamas na Venezuela ganhou o prêmio de foto do ano. O estudante Víctor Salazar teve suas roupas incendiadas após a explosão do tanque de gasolina de uma moto durante um protesto em Caracas em maio de 2017. A imagem foi imortalizada pelo fotógrafo da AFP Ronaldo Schemidt.

Aos fãs de Jessica Jones, uma boa notícia: a série da Marvel foi renovada para a sua terceira temporada na Netflix. Só não sabemos ainda quando ela deve estrear.

Viver

A maior parte do seu corpo não é humana. Pois é. As células humanas constituem apenas 43% da contagem total de células do corpo. O resto são micro-organismos. Seria ingênuo pensar que carregamos tanto material microbiano sem que ele interaja ou tenha algum efeito em nossos corpos. E é justamente entender essa parte escondida em nós, o microbioma, que está transformando a compreensão de doenças que vão desde alergias até o mal de Parkinson, levando pesquisadores a novos tratamentos inovadores.

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O Brasil está liderando em Londres, no encontro da Organização Marítima Internacional, uma campanha para impedir que seja assinado um acordo de emissão zero de carbono nos mares. A IMO diz que é possível reduzir a emissão de CO2 de 70% a 100%, até 2050, se forem usados navios movidos a energia limpa. O Brasil acha a meta irrealista e defende uma proposta de redução de 50%. Segundo o Globo, países conhecidos por serem grandes poluidores, como China, Índia e Arábia Saudita endossaram a proposta brasileira, além do Chile, Argentina e Peru, países que geralmente não se pronunciam nos encontros.

A BBC explica a oposição. Nações como o Brasil, Chile, Argentina e Panamá acreditam que a meta prejudicaria duramente as economias de países em desenvolvimento, que dependem do transporte marítimo para exportar produtos primários, como aço, minério e soja. Por isso, eles defendem metas diferenciadas para países mais pobres, que historicamente tiveram menos responsabilidade no aquecimento global.

Você já imaginou um game com os ídolos da arquitetura mundial? Pois então... o pessoal da 44 Arquitetura, sim. Veja o Architecture Fighters.

Galeria: O New York Times fotografou dezenas de estudantes sequestradas pelo Boko Haram. Sobreviventes, elas falam sobre a vida que levam hoje.

Cotidiano Digital

Usuários do Gmail na web começarão a perceber, nas próximas semanas, mudanças na interface do sistema. Ele ficará mais parecido com a versão para Android e ganhará recursos como o Smart Reply, já presente no app Inbox, pelo qual um sistema de inteligência artificial já pré-escreve respostas que podem ser utilizadas.

Em vídeo: 11 momentos esquisitos da sabatina de Mark Zuckerberg.

Veterano observador do Vale, Dave Winer observa um ponto a respeito do Facebook: não é só o Facebook. Através do Android, do sistema de buscas, do Gmail ou do Chrome, o Google tem bancos de dados equivalentes aos da rede social a respeito de todos os usuários. Apesar de posar como protetora da privacidade, por conta do iPhone a Apple também sabe muito sobre seus usuários. E todos na indústria de tecnologia sabem de outra coisa. Que a maior parte das pessoas que usam as traquitanas digitais não têm ideia de como seus dados são explorados.

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